"Num regime de pleno emprego permanente, a ameaça de despedimento deixaria de desempenhar o seu papel como medida disciplinar (...) As greves por aumentos salariais e por melhorias nas condições de trabalho criariam tensões políticas (. . .) A 'disciplina nas fábricas' e a 'estabilidade política' são mais apreciadas pelos homens de negócios do que os lucros." Peço desculpa pelo realismo da citação. Onde se lê fábricas, acrescente-se agora escritórios. Apresento o seu autor: Michal Kalecki, um economista polaco que viveu parte da sua vida em Cambridge e que escreveu, em 1943, um influente artigo sobre a economia política do pleno emprego. Antes, já havia antecipado algumas das ideias de Keynes sobre as fontes da instabilidade económica. O resto da minha crónica semanal no i pode ser lido aqui.
Vale a pena ler este artigo de Manuel Esteves no Económico sobre o chamado imposto negativo. Ao contrário da tradição social-democrata, o PS prefere colocar o conjunto da comunidade a apoiar indirectamente os sectores mais reaccionários do patronato com uma proposta, inspirada no imposto negativo de Milton Friedman, de subsídio aos salários de pobreza. Uma ideia que apenas perpetua as relações sociais que dão origem aos baixos salários e que pode bem servir para vender políticamente a estagnação do salário mínimo, contra o que foi acordado na concertação social. Há uma via mais eficaz para combater a pobreza laboral e para, no mesmo processo, mudar a estrutura produtiva: salário mínimo decente em actualização constante, maior centralização das negociações entre sindicatos e patrões, mais poder aos sindicatos, combate a sério à precariedade e aposta na formação.
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6 comentários:
Ainda me hão-de provar que a formação é boa em termos de mobilidade laboral. já fiz várias e conheço quem tenha feito várias e não conheço quem as valorize.
"mudar a estrutura produtiva"
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Deixando de apoiar empresas sem futuro, para que se libertem recursos para criar outras experiências com futuro.
Caro anónimo, isso é o que Galbraith escreve no The Predator State e que custa a perceber aos politicamente correctos.
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A formação só é boa se houver onde a aplicar!
Se for a formação das "novas oportunidades" não é de admirar. Conhece alguém que a tenha feito e tenha reprovado?? Se toda a gente que o faz recebe o diploma não é surpresa que tenha pouca credibilidade
carlo,
por acaso sou formado em engenharia por aquilo que é considerada uma escola de elite embora não trabalhe nessa área. tenho feito formações para licenciados e garanto que as não valorizam. o que dá é conhecer alguém.
"o que dá é conhecer alguém."
principalmente se quiser entrar para a administração pública ou empresas de capitais públicos.
Nos privados, se alguém tiver de facto qualidades e competências e for capaz de as mostrar (e esta parte é muito importante) alguém há-de de oferecer emprego.
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