A revista alemã SPIEGEL diz-nos que na Irlanda as pessoas estão furiosas com o funcionamento dos seus bancos, em particular com o insolvente Anglo Irish Bank que teve de ser nacionalizado. O seu anterior presidente foi forçado a demitir-se no ano passado após se ter sabido que retirou 87 milhões de euros do banco a título de empréstimo pessoal.
Na Irlanda o desemprego disparou e o Primeiro Ministro já preveniu que a economia poderá cair cerca de 10% até 2010. O governo enfrenta grandes dificuldades financeiras e prepara-se para fazer um corte na despesa pública, incluindo uma redução de 7% nos vencimentos dos funcionários, agravando assim a recessão.
Entretanto, o partido Fianna Fail (12 anos no governo) tem sido acusado de não ter preparado o “Tigre Celta” para esta crise.
Evidentemente, a acusação não faz sentido. A Irlanda nunca poderia estar preparada para esta crise porque o seu modelo de crescimento era um sub-produto do modelo de crescimento dos EUA nas últimas décadas: bolha do imobiliário, consumo induzido pelo crédito com forte crescimento dos serviços, exportações dependentes de empresas de capital estrangeiro, sobretudo norte-americano. A Irlanda só podia estar no coração desta crise.
E a UE não tem outra saída: vai ter de acudir à Irlanda à revelia do Tratado. Os detalhes da manobra já estão em discussão.
Em Outubro do ano passado já era evidente que a crise nos vai obrigar a infringir várias cláusulas do Tratado da UE, a sua constituição económica neoliberal. Depois ... virá a reconfiguração da zona euro, provavelmente com geometria variável, no âmbito de um novo Tratado. Nestas coisas o que tem de ser tem (mesmo) muita força!
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1 comentário:
eu gostava de saber onde andam os defensores do modelo irlandês, tanto nos azucrinaram porque se não cresciamos era porque não eramos competitivos, como a irlanda, mas agora deixaram de falar...
Borges, Botton, mas também o próprio Sampaio...!
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