Seria de esperar que a crise económica e financeira, que trouxe para o debate público o mercado e o Estado, tivesse também favorecido a reflexão sobre o «terceiro sector» – a economia social. Mas isso não parece estar a acontecer. Na origem desse silêncio estarão seguramente razões muito diferentes, umas internas ao próprio sector e outras resultantes da falta de interesse em dar visibilidade política a um modo alternativo de organização da economia e da sociedade.
O «terceiro sector» precisa de identificar as suas próprias fragilidades, não apenas as que decorram das condições específicas de cada uma das suas actividades, mas também as que possam prender-se com a forma como a economia social se relaciona com diferentes estruturas e actores sociais (sindicatos, universidades, etc.). Precisa talvez até de identificar as fragilidades ligadas ao modo como o sector se pensa a si mesmo: quão generalizada será entre os seus membros a noção de que participam num projecto alternativo?
A visibilidade pública será um elemento importante para que a economia social não seja tendencialmente definida pela negativa («sector não-lucrativo», «situado entre o Estado e o mercado») e para o reconhecimento de que até tem uma dimensão importante: na Europa, serão cerca de 248 milhões os membros de uma cooperativa, de uma mutualidade ou de uma associação (cf. Thierry Jeantet, L’Économie sociale, Economica, Paris 2008); em Portugal, o sector cooperativo deverá ser, por si só, responsável por cerca de 5% do PIB (dados do INSCOOP relativos a 2005, confirmados para o ano 2007 por ocasião da primeira feira mundial do sector cooperativo, a ICA Expo 2008).
Numa altura em que são postas em causa as soluções simplistas e exclusivamente orientadas para a extracção do máximo lucro que o capitalismo financeirizado vem impondo globalmente, a economia social deverá participar com os seus pontos de vista na discussão de alternativas ao falido modelo neoliberal.
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