BSS pergunta: «ainda vamos a tempo de salvar o SNS»? Haja vontade política, combate intelectual e mobilização popular. Vamos sempre a tempo. Até porque todos sabemos quais são as alternativas e o que elas implicam: aumento do desperdício, da desigualdade e da exclusão no acesso. Olhem para os EUA. A esgotada terceira via, por seu lado, procurou introduzir uma retórica mercantil e de escolha individual, separando crescentemente o financiamento e a provisão. Isto não passa de um custoso logro ideológico: neste sector o esforço para construir políticamente mercados rima com desperdício, elevados custos de monitorização ou aumento da burocracia para controlar os comportamentos predatórios das empresas privadas, num contexto onde o paciente, que supostamente escolhe, está quase sempre numa situação vulnerável devido à assimetria de informação, parte das múltiplas falhas de mercado a que este este sector é tão atreito.
Definitivamente, a esquerda tem de ter muito mais confiança e ser muito mais assertiva na defesa da provisão pública universal. A socialização da provisão dos cuidados de saúde é uma das grandes heranças do século XX, comum à tradição comunista e social-democrata, a manter e a acarinhar. Isto não deve impedir, muito pelo contrário, a busca de soluções institucionais que melhorem a eficiência do sistema e promovam um maior envolvimento dos profissionais e dos utentes. Nada de mais. Inovações na margem. Nesta esfera da vida temos de estar sempre além e aquém do cânone capitalista. Funciona.
2 comentários:
Vi ontem o Sicko de Michael Moore. Já vi o que é uma terceira via para a saúde. Todos deviam ver.
preferível estar além do cânone. em qualquer caso. sem terceiras vias...
abraços
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