A relação entre o crescimento da desigualdade nos EUA e a recente crise financeira não é um tema que tenha surgido nos últimos dias, dominados pelas extraordinárias planos de salvamento do sistema financeiro. No entanto, não difícil perceber como os mais pobres deste país mantiveram o seu nível de vida graças ao crescente endividamento, uma vez que os seus rendimentos reais estagnaram de há trinta anos a esta parte. Por outro lado os mais ricos, com quantidades recorde de capital acumulado, conseguiram,através dos mercados financeiros, satisfazer esta procura de crédito, o agora famoso subprime, cobrando juros de agiotas. Juntou-se a fome à vontade de comer.
Barbara Ehrenreich escreveu há um ano: “Por incrível que pareça, este pode ser o primeiro caso na história em que os explorados conseguem deitar abaixo um sistema económico injusto, sem passarem pela trabalheira de uma revolução.” De facto, assim foi, quando os mais pobres deixaram de pagar as suas prestações. Contudo, parece cedo para esperar uma melhor distribuição do rendimento através de um desenho mais progressivo do sistema fiscal, de um aumento do salário mínimo e de robustos programas de acção social. Doug Henwood, autor de uma das melhores análises dos mercados financeiros, defendia que tal programa, claramente social-democrata, soa, nos dias que correm, a revolução.
1 comentário:
A desigualdade que me interessa é a diferença entre aquilo que a empresa gasta no meu recibo de ordenado, e o que eu recebo no fim.
Com o resto não me ralo, já é altura de os meninos começarem a fazer por si. Isto é meio país a sustentar a outra metade.
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