Na recente apresentação de um livro a defender, de forma velada, a privatização do SNS (lá iremos, num outro post), para pôr o Estado a garantir os lucros do privado, fechando os olhos às práticas de seleção dos doentes que mais lhe conv€nham (despachando os outros para o SNS), Passos Coelho retoma a ladainha das «reformas estruturais», considerando que a da Saúde é ainda «mais prioritária do que a da Segurança Social».
Para que as coisas não pareçam o que são - afinal de contas trata-se novamente de «ir ao pote» - Passos exibe uma profunda indignação com o alegado facto de «a esquerda» estar a «desqualificar desta maneira» o Serviço Nacional de Saúde, contrariando «a direita» que, coitada, está «sempre a tentar salvar a situação e ver se lhe consegue dar sustentabilidade».
Talvez Passos Coelho nunca se tenha apercebido, mas desde 1982 (três anos após a criação do SNS com os votos só da esquerda), apenas o seu Governo, em versão Passos-Portas, inverteu a tendência de investimento no Serviço Nacional de Saúde ao longo dos últimos 40 anos, impondo-lhe cortes na ordem dos 1,3 mil milhões de euros (entre 2011 e 2015), ao mesmo tempo que ia tratando da contratualização com privados. De facto, se a despesa do SNS rondava os 975€ per capita em 2010 (média dos últimos três anos), esse valor cai para 910€ em 2015, recuperando a trajetória de investimento em 2016, para atingir os 1.085€ em 2019. Deve ser a isto que Passos Coelho chama «desqualificação», pela esquerda, do Serviço Nacional de Saúde.
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1 comentário:
Nada melhor e mais empolgante que o 'Tudo a Todos'!
Se o Tudo requer investimento, tribute-se e faça-se.
Se o Tudo requer emprego, tribute-se e faça-se.
Se o Tudo requer capacidade excedentária, tribute-se e faça-se.
Se Todos somos todos, decrete-se e nacionalize-se.
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