domingo, 4 de outubro de 2020

Crispações que não caem do céu


«A notícia de que em Fátima estarão cerca de seis mil peregrinos nas comemorações do 13 de outubro surge hoje num clima de muito menor crispação do que aquele que rodeou a realização da Festa do Avante, no início de setembro. E se assim acontece é porque, finalmente, se começa a saber viver com a pandemia do coronavírus» (Miguel Cadete, diretor-adjunto do Expresso).

O diretor-adjunto do Expresso terá razão quando refere que existe hoje uma menor crispação que a que rodeou a Festa do Avante na Atalaia. O problema, de facto, é que essa crispação não caiu propriamente do céu, antes resultando, em grande medida, de uma campanha mediática assanhada e discricionária, que não deixou de passar pelo Expresso e que levaria por exemplo a SIC, na melhor das hipóteses, a não cuidar sequer de verificar a autenticidade de uma capa absurda do New York Times). Basta notar, aliás, no destaque que o evento teve na RTP1, TVI e SIC (ver gráfico), por comparação com notícias sobre a pandemia e notícias de desporto (com o Avante a representar o equivalente a 48% do tempo dispendido pela SIC com notícias sobre a Covid-19 e cerca de 37% no caso da RTP1 e TVI).

5 comentários:

Anónimo disse...

a 1ª página do New York Times não era "absurda", era uma 1ª página falsa. corrija lá isso, ou acrescente -

OakWood disse...

A manipulação social através de órgãos de imprensa está no seu auge e à descarada. Não que na verdade tenha alguma vez sido significativamente diferente. Mas no presente cedeu em toda a linha a qualquer limite ético, nem que fosse só para fingir. Gere polémicas e crispações, gere mentiras e omissões, mistura aldrabices (o velho nome em português para isso das fake news) e insinuações com factos.

O caso das semanas que antecederam a Festa do Avante 2020 só foi simbólico pelo que foi de prolongado e agressivo. Foi a declaração de óbito das há muito moribundas éticas e isenção jornalísticas. Na verdade, eram já dois cadávares, apenas ocultados num qualquer armário, mas dos quais há muito que se sentia o cheiro.

O caso da Festa do Avante 2020 devia ser estudado em profundidade, pelo que foi de exemplar e rico na gestão dos instrumentos de manipulação social: a omissão, a mentira e o sensacionalismo.

Reconheça-se: o Expresso e a SIC estiveram (e estão!) na vanguarda. Como não?!, depois de já se ter demonstrado que é possível vender presidentes como sabonetes?

Entretanto, o mesmo sensacionalismo que usam para denegrir o PCP é a desculpa que lhes serve para promoverem os neo-fachos filhos do PPD e do CDS. Tentam fazer-nos acreditar que é por serem "excêntricos", o que, só de si, já era suficientemente condescendente, mas não conseguem disfarçar o contentamento com que nos relatam as "excentricidades".

Jose disse...

Entre Festa e Devoção haverá alguma distância motivacional.

Para os devotos comunistas isso não será compreensível.

Anónimo disse...

O mercado da mentira continua em alta.

JE disse...

Eu lastimo fazer o papel de mau da fita.

Deixemos o pobre jose com a distância motivacional de devoto compreensível ou incompreensível. O coitado fica-se nesta e aferra-se tanto à idiotice plasmada, que nem repara que nem uma missa ou um responso verte sobre o denunciado no post

Mas o OakWood não foi aquele tipo que veio dizer as mesmas barbaridades do Rangel sobre a contestação na América Latina? Disfarçado de rebolucionário como agora, mas ao estilo do tal ministro holandês?