quarta-feira, 15 de julho de 2020

Quem faz o que quer, quem manda?


A jornalista Cristina Ferreira continua a escrever a história do Novo Banco, um caso de predação financeira incentivada publicamente, sugerindo, com cada vez mais força, um padrão: “Até ser nomeado chairman do Novo Banco, Byron Haines liderou um banco detido pelo fundo Cerberus. Foi a este fundo que o banco vendeu 200 imóveis com uma perda de 328 milhões de euros.”

A coisa é de tal ordem que Manuel Carvalho decidiu, por uma vez, começar a olhar para esta forma de economia política tal como ela é, sugerindo que os portugueses, geralmente alvo de tentativas de ofuscação ideológica, “têm todas as razões para começar a suspeitar que são tratados como cidadãos de uma república das bananas onde a alta finança faz o que quer”.

A alta finança faz realmente o que quer em demasiadas esferas. Por falar nisso, a jornalista Fernanda Câncio escreveu, uma vez mais, sobre a tal “faculdade muito pouco pública”: “Direção da faculdade de Economia da Universidade Nova [Nova SBE] implica exclusividade mas Daniel Traça é administrador do Banco Santander, um dos mecenas da escola, tendo auferido 143 mil euros em 2019.”

Perante estas e outras novidades, Jorge Bacelar Gouveia, professor da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa e antigo deputado do PSD, escreveu ontem o seguinte: “Já sabíamos que o poder económico ‘mandava’ no poder político, não obstante a Constituição dizer o contrário no seu art. 80.º. Agora ficámos a saber que o poder económico também ‘manda’ no poder académico!”

A questão central na economia política é hoje cada vez mais clara, também graças ao bom jornalismo em tempos financeiros: quem manda, quem faz o que quer e quem está exposto, submetido, a esse mando, a essa liberdade?

15 comentários:

Jaime Santos disse...

Curiosamente, o bom jornalismo faz-se dentro de um grande grupo privado. Esqueceu-se de dizer isso...

Jose disse...

Dizer que poder económico significa poder é uma banalidade que, porque sustenta o fundamento da liberdade individual, não é tão banal assim.

Os adoradores do Estado, os que se veem dissolvidos no colectivo, têm esse poder como um obstáculo a essa dissolução, onde o poder económico sempre acaba por encontrar quem dele disponha.

Nenhum agente económico tem mais poder que o Estado, que não só legisla como dispõe de forças armadas para impôr as suas leis. Que esse poder seja bem ou mal exercido pelos seus agentes é o domínio da política. É pois de política que se trata e não de demonizar um poder económico sempre condicionado ao poder do Estado.
Aqui reside uma outra funda divisão: deve o Estado limitar os seus poderes, subordinar-se a leis que o impeçam sempre dominar tudo e todos?
Os totalitários divergirão dos que limitam os poderes do Estado.


JE disse...

Pobre Jaime Santos

Não terá um amigo,um conhecido que lhe queira bem? Uma alminha que lhe faça ver as figurinhas que anda a fazer?

Um espelho, ao menos um espelho?


Agora já não vai nem ao mensageiro, nem à mensagem. Vai ao veículo dessa mensagem.

Que lástima.

JE disse...

Na sua pressa de hossanas suspeitas, JS atropela Fernanda Câncio. E ignora que há por aí muito bom jornalismo e jornalista, cujas investigações não conseguem ver a luz do dia. São pura e simplesmente afastados e arredados.

Um dos exemplos escreve neste blog.

( Um segredo, só para JS. Ainda há pessoas com coluna vertebral, que não desistem dos seus propósitos de fazer bem a sua profissão,com honra e dignidade. Mesmo que minoritários e sem obedecerem às ordens do rebanho.

E que obviamente não se submetem a grilhetas)

JE disse...

Mais uma vez a memória de jose desaparece na neblina das coisas fundas e feias.

É que ele já se arrastou com estas tretas idiotas sobre o poder e sobre o Estado. Com os resultados conhecidos

Agora volta ao tema sem corar de vergonha por ver o caminho coberto da merda putrefacta e caracterizadora dum mundo e dos seus mandantes. O caminho dos seus amados terratenentes e pimpolhos relacionados.

Aqui não se sabe se à desfaçatez se associam outras coisas de natureza também comportamental, cognitiva, física, and so on.

Passa também por aqui a ( ausência ) de alguma verticalidade.

Mas isto anda tudo ligado

Ignatz Silva disse...

Estamos, portanto, perante um poder ilegítimo?
Se o poder foi tomado por interesses particulares, a CONSTITUIÇÃO está a ser violada, então o exercício do poder é criminoso?
Se a CONSTITUIÇÃO está a ser violada pelos órgãos que foram legitimamente constituídos, quer por eleição direta (poder legislativo, poder executivo e poder local) quer por nomeação (poder judicial), é possível continuar a falar de legitimidade, depois dos crimes cometidos?
O Estado está de tal forma contaminado, que já não é possível afastar os elementos criminosos?
Oops...

Geringonço disse...

O bom jornalismo é coisa muito rara, seja no privado como no público.

Aliás, a sua raridade é de propósito, se a população tivesse acesso a verdadeiro jornalismo sobre os Bancos, o FMI, a Comissão Europeia, etc. de forma consistente já teria acontecido uma revolução!

Se o jornalismo fosse mesmo jornalismo não teria eu que passar horas e horas a ler artigos sobre finança e economia em blogs de economistas marginalizados...

Portanto, para o inferno com o director do Panfleto Europeísta de Referência Manuel Carvalho, a propaganda encomendada pela qual ele é responsável não é limpa com um artigo muiiiiito tardio.
O mal tem sido é ficarmos à espera que gente como Manuel Carvalho mudem de opinião...
Daqui a nada volta a defender a austeridade e a chamar extremista a quem ousa denunciar a miséria da responsabilidade do "Europeísmo"!

JE disse...

Importa todavia dissecar mais um pouco a hipocrisia e a desfaçatez dum discurso como o de "jose".

Está este acantonado a um discurso da treta. Pernóstico,enrodilhado, com aquele ar doutrinário de moralista falso. Parece que a convivência com os discursos do outro lhe fizeram mal. Ao mesmo tempo faz cera para abafar as cenas repugnantes a que assistimos por parte do Capital.

Diz jose: "Dizer que poder económico significa poder é uma banalidade que, porque sustenta o fundamento da liberdade individual, não é tão banal assim".

Ficamos cientes que o poder económico significa poder. Parece que é uma banalidade. As coisas todavia não acabam aqui. Porque afinal já não é tão banal.

E porquê?

Porque sustenta o fundamento. E o fundamento de quê? Da liberdade individual

Isto é o que se chama de redondilha. Desvia-se do que é óbvio- o poder económico domina o poder político- para a frase feita, tosca e idiota. E imprime-se a ideologia requentada e bolorenta, que na boca do jose ainda assume aspectos mais caricatos

Dizer que o poder económico é o sustento da liberdade individual só mesmo da cabeça de um que, pelo seu poder económico, tem a garantia do sustento da sua liberdade. Individual, claro.

A liberdade trazida pela arreata do poder económico. Ora aí está uma boa máxima para quem detém o poder económico.E se permite dar ao luxo de assumir estas preciosidades, que definem uma classe e a sua porcaria. E do seu direito ao saque e à sua perpetuação.

Que diacho. Ele,jose,mercê do seu poder económico, tem a sua "liberdade individual" garantida

(O caricato da coisa é que jose foi na sua juventude, um adepto fervoroso da perda das liberdades individuais, sob as ordens dum traste caceteiro e cacique. Ou talvez tudo se conjugue, porque também aí se respeitava, e de que maneira, o poder económico)

JE disse...

A coisa continua no domínio do surreal.

Diz Jose:

"Os adoradores do Estado, os que se veem dissolvidos no colectivo, têm esse poder como um obstáculo a essa dissolução, onde o poder económico sempre acaba por encontrar quem dele disponha".

Isto é para rir ou para chorar?

Adorador do Estado? Daquele tipo de adorador do Estado de Salazar? Do estado sanitário de Salazar ou do Estado fascista do mesmo Salazar?

E os adoradores do estado veem-se dissolvidos? O Jose dissolveu-se antes de 74? De forma colectiva? Com quem ? Com a tropa fandanga da Legião,etc e tal?


"Dissolvidos no colectivo". Mais outra máxima que faz jus a Jose. Uma versão mais moderna da teoria dos coitadinhos. Há os da liberdade individual e os que se dissolvem. No colectivo.

Confesse-se que para lá da idiotice senil ou não senil,o que sobra é o despeito de jose por quem não olha só para o seu umbigo e não se pavoneia com um cachucho no dedo

Porque, hélas, ele sabe que se a população fosse de facto informada e se se unisse em torno do essencial, esta corja de que fala o post seria corrida de vez. Dando lugar a um outro modelo de sociedade em que não teríamos que suportar este cheiro infecto dos detentores do poder económico

Os tais terratenentes cantados por jose e de que ele agora não pia nem muge.Prefere fazer estas fitas para ver se escapa entre os pingos da chuva

JE disse...

O "mestre" de jose deixou-lhe todavia marcas profundas

Diz jose:
...têm esse poder como um obstáculo a essa dissolução, onde o poder económico sempre acaba por encontrar quem dele disponha".

Bom. Deixe-se para lá o "obstáculo à dissolução" que de imbecilidades já estamos todos fartos.

Repare-se contudo nesta "confissão" solidária com o poder económico que "sempre acaba por encontrar quem dele disponha"

Uma afirmação perturbadora. Parece uma absolvição aos canalhas que corrompem.A bem de quem dele disponha


As asneiras continuam imperturbáveis.
"Nenhum agente económico tem mais poder que o Estado, que não só legisla como dispõe de forças armadas para impôr as suas leis"

Jose está a fazer exercícios de estilo, com muito pouco estilo. O Estado apresentado assim desta forma de menino de instrução primária. O Estado tem muito poder. Legisla. E tem forças armadas.

O Estado?

Ora bem vamos seguir o trajecto escolático-idiota de jose. Peguemos em Cavaco Silva, um personagem pelo qual jose andou a fazer propaganda eleitoral. Chefe de governo. Representante do Estado. Legislou. E esteve à frente das forças armadas, já que foi presidente da república.

Político encomendado pelo grande poder económico,que até o financiou com dinheiro de sacos azuis. Escarrapachado hoje num jornal nacional ao pé de si

Será preciso um antigo deputado do PSD, escrever o seguinte: “Já sabíamos que o poder económico ‘mandava’ no poder político", para jose engolir em seco, atirar para debaixo do tapete os nomes com que andou de braço dado e fazer estas figuras de evangelista a sacudir a trampa abjecta destes seus companheiros de caminhada,dotados portadores da "liberdade individual" a tal que confere o "poder económico"

A que exercícios da mais pura retórica idiota jose tem que se socorrer para tentar negar o óbvio?

Mas há mais. Quando os elementos mais reacionários, mais chauvinistas e mais imperialistas do capital financeiro veem o seu poder perigar, eles não se coibem de tomar directamente conta do Estado, instituindo uma ditadura abertamente terrorista.

Será por isso que jose se solidarizava com Pinochet e com o seu amigo Milton? Ou são saudades do tempo do "para Angola e em força"?

JE disse...

A farsa continua

Porque assistimos ao impensável. Jose de detergente numa mão e de escova na outra a tentar branquear a canalha a que andou a dar hossanas.

A culpa é dos "políticos" que não souberam exercer o seu poder. É do domínio da política.E mesmo os corruptores têm essa liberdade porque se não forem apanhados a culpa é dos políticos que não os souberam apanhar

E os offshores e o membro do governo nomeado por Passos Coelho para servir de livre trânsito para as fugas fraudulentas do dinheiro do grande poder económico...tudo isto a culpa assenta nesse mesmo poder político...

Que afinal está a mando do poder económico

E pese este choradinho imbecil de jose em prol da virgindade de acanalhados seres, este tem passado aqui o tempo a defender tal corja.Não só a do grande poder económico e dos seus terratenentes. Como também das suas marionetas, esses tais "políticos" que jose agora tenta sacudir, os tais que dominam o aparelho do estado em nome dos grandes interesses económicos e dos seus próprios interesses

Quem não se lembra dos incentivos de roubo de salários e pensões por parte de Jose? No ir além da troika? Da correspondência epistolar entre jose com o ministro irrevogável?

E em 20 de Outubro de 2011,duas horas antes de Passos Coelho se dirigir ao País para anunciar o roubo dos subsídios de Natal e de férias, o aumento da jornada de trabalho com redução de salários, a subida dos preços por via do IVA e tudo quanto mais foi dito visando o agravamento da exploração, o banqueiro Ricardo Salgado (Banco Espírito Santo) deslocou-se ao edifício onde decorria a reunião do Conselho de Ministros que haveria de decidir tais medidas.

JE disse...

Uma última e angustiante questão para jose

"deve o Estado limitar os seus poderes, subordinar-se a leis que o impeçam sempre dominar tudo e todos?"

Dominar tudo e todos? Como dominou os donos disto tudo?
Como permitiu o saque do país?

A luta de classe é uma proposta com dois sentidos: enquanto os trabalhadores e outras classes exploradas lutam a partir de baixo, as classes dirigentes empenham-se na luta de classes a partir de cima para aumentar os seus lucros, produtividade e poder. Os gestores são um dos veículos destes últimos. As injustiças sociais conduzem ao empobrecimento e degradação das condições de vida do povo e geram lucros escandalosos dos grupos económicos e financeiros com somas fabulosas para os seus accionistas e gestores.

É que isto é o Capitalismo a funcionar, com o lucro como alma mater, e como seu último objectivo. E com a corrupção endémica inevitavelmente associada a tal tipo de sociedade.

Por isso quer jose que as coisas continuem como estão e se possível que o Capital não tenha limites

Uma forma, confessemos que rasca e retorcida, de vir apelar ao domínio da "mão invisível dos mercados". Aquela que produz estas coisas abjectas e sinistras

Uma forma confessemos retorcida em defesa da opacidade dos negócios privados sem quaisquer públicas virtudes ou controlos adequados

Jose publicava em 2014, em plenos anos de chumbo da governança passista, um comentário indignado contra a exigência de transparência ao governante do Estado, Passos Coelho, que era acusado na altura de relações promíscuas entre o estado e o grande poder económico. E fazia-o textualmente nestes termos:

"Esta de exigir toda a transparência de quem gere uma empresa falida e tem que estar a falar para credores e uma Constituição estúpida protegida por funcionários públicos, só mesmo de cretinos esquerdistas!"

Outros tempos, outras transparências, outras protecções de gestores irresponsáveis ou corruptos. E dos "políticos" ali tão à mão

Um totalitário neoliberal ( e não só ) a tentar que não se limite nem os saqueadores nem o seu saque

Albino M. disse...

Juro, abri os coms. na esperança de ver a ‘argúcia’ do Jose.
E n me desiludi. Este gj vai longe...

Isto está tudo ligado disse...

Está está

Anónimo disse...

Com o devido respeito só mesmo o joão pimentel ferreira para dizer aquelas idiotices aí em cima. Como ignatz silva ou ligado ao tudo ligado

Ooops.

Como tal perdeu toda a legitimidade. Caiu o pano.Está demasiado contaminado