sexta-feira, 12 de junho de 2020

A sabedoria convencional continua


Continuação da lista sobre o que se deve dizer, segundo a sabedoria convencional, ou seja, segundo a ofuscação ideológica da realidade na economia política:

Não se diz protecionismo dos mais fortes, diz-se comércio livre.

Não se diz política económica deflacionária ao serviço dos credores, diz-se política económica credível.

Não se diz política económica orientada para o pleno emprego, diz-se populismo macroeconómico. 

Não se diz captura privada de rendas fundiárias, diz-se promoção imobiliária.

Não se diz capitalismo monopolista, diz-se livre concorrência.

Não se diz Estado desenvolvimentista ou empreendedor, diz-se génios que começaram numa garagem.

Não se diz capitalismo monopolista digital e de vigilância, diz-se sociedade digital.

Não se diz uberização das relações laborais, diz-se economia da partilha.

Não se diz desigualdade de classe, diz-se meritocracia.

Não se diz classe operária, diz-se indivíduos sem qualificações.

Não se diz lutas pelos direitos laborais, diz-se defesa de interesses corporativos.

Não se diz interesses políticos capitalistas, diz-se sociedade civil.

Não se diz compra de influência política, diz-se filantropia.

Não se diz aumento da arbitrariedade patronal, diz-se liberdade económica.

Não se diz educação, diz-se capital humano.

Não se diz comunidade, diz-se capital social.

Não se diz impotência política pós-nacional, diz-se cosmopolitismo.

Não se diz democracia limitada, diz-se democracia liberal.

Não se diz democracia plena ou avançada, diz-se democracia iliberal.

Não se diz imperialismo, diz-se internacionalismo liberal.

12 comentários:

Anónimo disse...

Não se diz caloteiro; diz-se investidor.

Anónimo disse...

A adulteração da verdade é altamente destrutiva, não permite o pensamento livre, em ultima análise não permite a evolução nem o progresso, se prestarem atenção aos discursos da gente que não fala irão perceber a incapacidade intelectual que os acompanha.

JE disse...

ahahahah

Mais uma vez excelente

Jose disse...

Não se diz democracia plena ou avançada, diz-se comunismo.

Não se diz imperialismo, diz-se internacionalismo.

Anónimo disse...

Outro
Se prestaram atenção aos discursos da gente que não fala...assim na linguagem gestual ou na expressão das caras dos caras. Tanta capacidade intelectual altamente destrutiva

JE disse...

Já temos visto tipos com mais imaginação e/ou humor.

A idade não perdoa ou o que não perdoa a José é outra coisa?

Henrique Chester disse...

Não se diz fascista, dize-se populista

Semisovereign People at Large disse...

não se diz comunista diz-se investidor chinês

Anónimo disse...

Populista não é o mesmo que um neo-fascista

A.R.A disse...

Brilhante actualização do léxico muito embora apenas faria um reparo:
Não se diz classe operária, diz-se colaborador

JE disse...

A memória é uma coisa lixada.

Mas o pobre joão pimentel ferreira esquece-se da venda ao desbarato do que era nosso e que foi levada muito a peito por um governo e por um tipo que era o "ai Jesus" do semi pimentel ferreira. Até apareceu montado na segunda derivada, para confirmar que Passos era o campeão na luta contra o desemprego, um dos muitos, muitos tesourinhos deprimentes do aldrabão do joão pimentel ferreira.

Foi um crime entregar sectores estratégicos na mão dos estrangeiros e o problema não era se era chinês, francês ou americano, o problema era entregar ao capital estrangeiro. O problema foi vender aquilo que eram ferramentas fundamentais para o nosso crescimento e para o nosso desenvolvimento económico soberano.

Por acaso o semi pimentel ferreira batia as palmas contentinho com estas vendas e com estas negociatas dos passisto/troikistas.Cheirava-lhe a dinheiro fresco para sustentar os "mercados" e as muitas mãos invisíveis

A memória é uma coisa lixada

Porque ainda depois da queda de Passos, o semi JPF ainda proclamava:

"Portugal tem uma economia aberta e de mercado, em algum momento os portugueses ficaram privados de cimento, crédito ou serviços bancários, telecomunicações ou electricidade? Em algum momento houve carência destes produtos ou serviços à população em geral?"

Tentava justificar desta forma a depauperação do país e o saque levado a cabo pelos seus amigos. Nessa altura não falava em "comunista". Apenas procedia como um neoliberal a tentar justificar a drenagem de capitais deste nosso país.

Agora aparece assim aqui, como semi semi. Como inteiro, só mesmo em inteiro aldrabão.

E desonesto por inteiro

www.noticiasdaweb.com.br/rj-da-sorte disse...

Bole posts meus parabéns. ;)
RJ da Sorte