quinta-feira, 21 de maio de 2020

O SNS não fecha a porta

«O Serviço Nacional de Saúde não fecha a porta. E muitos privados puderam fazê-lo. Puderam exercer o mecanismo do lay-off. Os vales cirúrgicos, que puderam continuar a ser emitidos - e para os quais teria sido tão útil que o setor privado e social continuasse a garantir resposta - não tiveram utilização por duas ordens de razões. A primeira é porque as pessoas naturalmente tiveram receio e não os quiseram utilizar. A segunda é porque muitos convencionados, e poderemos fornecer-lhe a lista nominativa, disseram que queriam suspender as suas convenções. Disseram que não estavam lá, que não podiam. Que não era o momento, que também tinham medo. Que não estavam disponíveis para prestar serviços. E portanto isso fica agarrado à pele e não desaparece.»

Resposta da ministra Marta Temido (ver aqui, a partir dos 5' e 37'') à deputada Ana Rita Bessa (CDS-PP), que quis saber porque é que o Estado não recorreu mais aos privados da saúde no contexto da pandemia. Como se estes tivessem dado sinais, nos últimos meses (uma história ainda por sistematizar com o devido detalhe), de que se pode contar com eles quando as coisas se complicam.

Sabemos bem que a ideia de um «sistema único de saúde», que indiferencie prestadores públicos e privados (cabendo ao Estado financiar estes últimos), é um velho sonho da direita. Mas se há noção que a pandemia veio reforçar é a de que estamos perante dois universos que priorizam objetivos claramente distintos - vidas salvas e lucros gerados - como bem aqui assinalou o Ricardo Paes Mamede. Ou, como constatava recentemente Amílcar Correia, sublinhando a importância do Estado Social, que «a calamidade seria outra, bem pior, na ausência de um serviço público de saúde decente e de um regime de Segurança Social capaz de responder aos casos mais extremos de necessidade».

15 comentários:

Anónimo disse...

Se tudo continuar a correr como até aqui, vamos em breve ter uma nova troika (as taxas euribor estão a aumentar, mesmo com lagarde a dizer que vai continuar com o QE).
Ainda falta privatizar a CGD e não devem faltar por aí fundos abutres à procura do NOVO NOVO BANCO.
Vamos ter austeridade e, provavelmente, cortes de salários, como de 2010 em diante.
Incluíndo os trabalhadores da saúde, a quem foi pedido tudo, incluíndo a vida, se fosse preciso.
E vamos ter o segundo surto, não se sabe bem quando, que pode ser bem mais virulento que este.
Entretanto, as vacas sagradas da UE continuam a achar que gerir bem os sistemas de saúde é reduzir o número de camas desocupadas (e o pessoal necessário para o efeito), pois o manual dos ordoliberais diz que isso está correto, pois assim sobra espaço para cortar impostos aos 1% (o mesmo manual que diz que a taxa de desemprego resulta dos trabalhadores resolverem despedir-se para irem para a praia apanhar sol).
Com a maior crise da história do capitalismo a rolar pelo monte abaixo, estamos a construir a tempestade perfeita.

Jose disse...

Não só não seria tecnicamente possível como não seria conveniente do ponto de vista da saúde pública que todo o estabelecimento de saúde cuidasse de casos de empestamento.
Nem julgo que tal tenha sido proposto, com a necessária valorização de serviço.
Também não ouvi falar que o privado tivesse capacidade disponível para suprir a quebra de serviços do SNS derivada da reafectação dos seus meios.

De tudo isso resulta, com a maior probabilidade, tratar-se de mais uma tirada de chiquisse-esperta esquerdalha de valorização desproporcionada do público, ou não fosse isso o ganha-pão da ministra e que bem serve a ideologia aqui vertida.

Tavisto disse...

O problema é que o "empestamento" tanto pode chegar ao Público como ao Privado. Percebe-se o que leva alguns a procurar dividir os serviços de saúde em sujos (SNS) e limpos (privados). Como se tal fosse possível! Minimizar riscos é algo que todos têm de fazer, anular riscos só cabe mesmo em cabecinhas tontas.

JE disse...

Sem o querer,Jose definiu a sua própria intervenção:

"uma tirada de chiquisse-esperta"

A lógica é uma coisa curiosa. A filosofia também. O estudo e o conhecimento idem, idem

Vejamos este portento desculpabilizador da canalhice dos grandes potentados da medicina privada (sim,canalhice, pela prioridades assumidas por esses mesmos potentados)

Dirá José:
"Não só não seria tecnicamente possível como não seria conveniente do ponto de vista da saúde pública que todo o estabelecimento de saúde cuidasse de casos de empestamento."

Afinal os tais privados, os tais que disseram que queriam suspender as suas convenções, que disseram que não estavam lá, que não podiam, que não era o momento, que também tinham medo, que não estavam disponíveis para prestar serviços...era, no fundo, todo um engano ledo e cego

A questão é que não era "tecnicamente possível"

Ficámos assim a saber que, para o bolso dos privados,é uma questão técnica a recusa em prestar cuidados de saúde numa situação de pandemia

Há mais.

Mesmo que fosse "tecnicamente possível"..."não seria conveniente sob o ponto de vista da saúde pública"

Ficámos assim a saber que para os privados, na óptica de Jose, o prestar cuidados de saúde pública não é conveniente ...sob o ponto de vista da saúde pública

Para não ser acusado de ter ultrapassado o limite do ridículo admissível Jose ainda tenta absolutizar as suas concepções. Dirá "todo o estabelecimento de saúde"

Ficámos a saber que os "muitos dos privados" que se recusaram a prestar os devidos cuidados de saúde são transformados num "todo" com que se pretende limpar o registo de canalhice de alguns dos grandes grupos. Ficam mais fofinhos se junto com uns tantos, de modesta dimensão e de muito limitada capacidade

Parece que estamos a assistir a um baile de máscaras para debutantes

Os casos de empestamento (?) afinal começam nesta ode branqueadora de Jose

(O muito eufemístico termo "empestamento" para definir a presente condição sanitária só por si é revelador do que se pretende e se quer)

JE disse...

Mas jose está firme no seu propósito de defender os privados interesses na saúde

Dirá:
"Também não ouvi falar que o privado tivesse capacidade disponível para suprir a quebra de serviços do SNS derivada da reafectação dos seus meios"

Falávamos há pouco de lógica. Falamos agora de ilusionismo.

Jose não ouviu falar na "capacidade disponível do privado".

(Pobres privados. Não têm capacidade disponível. Adivinha-se um soluço incontido de Jose por tamanha mágoa)

Ficámos a saber, por intermédio de Jose, que o privado só tem capacidade para "gerar lucros". O "salvar vidas" já ultrapassa as suas competências

Claro que Jose se "esquece" que os privados "queriam suspender as suas convenções. Que disseram que não estavam lá, que não podiam. Que não era o momento, que também tinham medo. Que não estavam disponíveis para prestar serviços"

E também Jose se "esqueceu" da denúncia que muitos privados puderam exercer o mecanismo do lay-off

Essa memória selectiva de Jose....tão selectiva,como branqueadora.

JE disse...

Onde a porca torce o rabo é todavia no acintoso, desproporcionado, malcriado, odioso último parágrafo de Jose

"tratar-se de mais uma tirada de chiquisse-esperta esquerdalha de valorização desproporcionada do público, ou não fosse isso o ganha-pão da ministra e que bem serve a ideologia aqui vertida."

Aqui está expressa toda a raiva sentida por parte deste indivíduo pela enorme resiliência mostrada até aqui pelo Serviço Nacional de Saúde. Público. Para todos

E toda a enorme irritação pela demonstração prática do que é ter a saúde dependente da ganância e da sede de lucro de seres desprovidos de valores éticos e civilizacionais

Raiva e crispação que se torna patente na sua investida contra o SNS:
- "valoralização desproporcionada" dirá, adivinhando-se a frustração que o perturba e o rancor que o desconcerta

- "ganha-pão da ministra e que bem serve a ideologia aqui vertica", dirá numa manifestação da pesporrência de quem nem sequer tem a capacidade discriminativa de verificar que quem merecia que fosse assim interrogado, seria o próprio jose.

Ora se nos colocássemos ao seu nível e o interrogássemos sobre o seu ganha-pão e a ideologia que serve?

Jose disse...

Alguém vem ferido d'asa doutro lado qualquer...

Jose disse...

'O SNS não fecha a porta'

Era o que mais faltava!
Faz um orçamento, é bem capaz de me penhorar a casa se não lhe dou o quanto bem entende - se não chegar manda buscar mais - e depois fechava a porta?

JE disse...

Jose atira para detrás das costas as idiotices que andou a dizer e agora, deste jeito mansinho, tenta por outro lado

Volta ao choradinho tão habitual em quem se habituou a viver à custa dos demais, na lenga-lenga sobre os impostos com que se tenta ocultar os rendimentos, os proventos, as rendas e tudo o mais

O neoliberalismo favorece uma forma de Estado de bem-estar empresarial (Corporate Welfare) e para tal Jose nem se importa de fazer estas figuras tão pouco dignas

( mas que está patente neste discursozito de Jose o seu rancorzito pela capacidade do SNS se ter mantido de portas abertas, lá isso ninguém o pode negar)

Jose disse...

Seria ridiculo se não fosse trágico: 'pela capacidade do SNS se ter mantido de portas abertas'

Até quando, ó esquerdalhada, abusarás da nossa paciência?

Anónimo disse...

O estilo ameaçador na última frase de josé vai bem com a de vagabundo encrespado pelo facto do SNS se ter aguentado até agora. De portas abertas

Como diz a ministra, como diz o título da posta.

Ao contrário da privada que meteu o rabinho entre as pernas e nem José conseguiu mais, em sua defesa e da dos seus negócios, do que as idiotices ditas acima

JE disse...

"Pela capacidade do SNS se ter mantido com as portas abertas"

Quem não percebe o alcance da formulação é quem não percebeu o post ou se esqueceu dos dramas verificados em Espanha ou em Itália

Não percebeu ou finge não perceber. Afinal os tais privados, os tais que disseram que queriam suspender as suas convenções, que disseram que não estavam lá, que não podiam, que não era o momento, que também tinham medo, que não estavam disponíveis para prestar serviços...fecharam mesmo portas

Também se percebe a agonia de Jose pelo facto dos exemplos espanhol e italiano não se terem replicado por cá. Porque ao contrário de lá, o SNS manteve as portas abertas.A todos. Nem os mandou morrer em casa, nem os mandou para outros países. Nem assistimos por aqui às situações dramáticas observadas em Itália no pico desta primeira vaga da pandemia

Anónimo disse...

Seria interessante que o autor dissertasse sobre o sistema de saúde da Alemanha, o país europeu que melhor lidou com este problema.

JE disse...

Seria interessante que o "anónimo" se deixasse de idiotices ( é o termo). Chamar aqui a Alemanha como exemplo a seguir, significa exactamente o quê? Que já nos comparamos com a cabeça da UE?

E deixámos para trás coisas como a Bélgica e a Holanda? Portugal que tem indicadores económicos bem piores que os da Holanda, donde vieram aqueles comentários luzidios, quão ofensivos, quanto néscios.

Percebe-se que o joão pimentel ferreira esteja com o SNS atravessado na maçã de Adão...mas isso passa-lhe quando um qualquer idiota holandês repetir alguma piada neocolonial, assim ao jeito dos capatazes neoliberais

Anónimo disse...

A Alemanha tem 101 mortos por milhão de habitantes

Portugal tem 132 mortos por milhão de habitantes
A Suécia tem 409
A Holanda 342
A Bélgica 806
A Espanha 580

A Alemanha tem 42 922 testes por milhão de habitantes
A Holanda tem 18 966 testes por milhão de habitantes
Portugal tem 67 621 testes por milhão de habitantes

De facto Portugal não está nada mal comparado com o resto da Europa. Tem um SNS público e universal. Cuidados de saúde ainda geridos numa boa fatia pelo Estado. Com todos os esforços da trupe neoliberal para que os sistemas de saúde sejam assaltados pelos privados. Que se reforçaram nos últimos dias.

Nada mal, mesmo

Já agora parece que o Vietnam, aquele país que derrotou os EUA, não tiveram até agora nenhuma morte por Covid 19.E estão a ser chamados para ajudar os outros países

Um outro país socialista tem 7 mortos por milhão de habitantes. E também na linha da frente da ajuda internacional

Os países em que a Saúde é vista como um direito fundamental das populações são uma lição para os outros