segunda-feira, 4 de maio de 2020

Combater a poluição ideológica


Luís Marques Mendes é consultor da Abreu Advogados desde 2012, exercendo também o cargo de Presidente do Conselho Estratégico da sociedade e integrando o Grupo Angolan Desk. Antes de integrar a Abreu Advogados, exerceu advocacia durante os anos oitenta, atividade profissional que veio a interromper para exercer, durante duas décadas consecutivas, cargos de natureza política, parlamentar e governativa (...) Já depois de abandonar a vida política, e antes de integrar a Abreu Advogados, foi administrador em várias empresas ligadas ao setor da energia. Atualmente, fora da vida política ativa, é membro do Conselho de Estado designado pelo Presidente da República e comentador de política nacional e internacional num grande canal de televisão português.

É assim que Marques Mendes é apresentado na Abreu Advogados; um facilitador, para usar o termo de um livro importante sobre o grande negócio político da advocacia de negócios.

Este negócio não é defeito, mas sim feitio estrutural de uma certa forma de capitalismo, aquela que emergiu a golpes de engenharias neoliberais e que deixou o país tão vulnerável.

Reparem como a descrição de Marques Mendes é semelhante à de Paulo Portas, outro facilitador lavado pela máquina televisiva em canal aberto. Na Abreu Advogados dizem que Marques Mendes não está activo politicamente, pensando que nascemos ontem. O palco televisivo e a agenda telefónica são dois dos seus activos políticos estratégicos.

Entretanto, os grupos de comunicação social privados querem subsídios do Estado. Usando os termos da economia convencional, dadas as externalidades negativas que geram tantas vezes, sob a forma de poluição ideológica e de lixo editorial, de tantos maus exemplos para a juventude, até deveriam mas é ser especialmente taxados: internalizar as externalidades, diz-se.

Saindo da economia convencional para a economia política: às vezes até dá vontade de ver estes grupos experimentar a pura lógica capitalista que advogam para os de baixo.

O Estado deve reforçar o serviço público, da televisão à rádio, resgatando para a esfera pública um jornal de referência, como o Diário de Notícias, garantindo o pluralismo e a informação de qualidade. Deve apoiar a imprensa, reforçando o poder das redações, onde labutam tantos e tão bons jornalistas, e privilegiando projectos cooperativos, controlados por quem sabe do assunto e quer informar.

Também aqui, não pode haver apoio sem alteração das relações sociais de produção.

9 comentários:

Augusto disse...

Pluralismo....pouco na RTP e na TSF, e quanto ao DN ilusoes....DN, JN ( o mesmo dono), CM, Jornal I, Sol, Publico, Expresso, Sic TVI , todos seguem objectivos muito definidos ,
mas pluralismo ...onde....

Jose disse...

«não pode haver apoio sem alteração das relações sociais de produção»

Mais palavras para quê?

José Manuel Silva disse...


Se a Sonae, a Cofina a Impresa querem meios de comunicação social para darem cobertura à sua ideologia politica, só têm um remédio. Os acio0nistas que subscrevam mais capital para as viabilizar.
Mal andará o Governo se apoiar estes grupos em detrimento de outros, onde a informação é informação e não opinião ideológica, travestiada com outras roupagens

Anónimo disse...

Não sou aficionado, mas tenho uma pena imensa de que o João Rodrigues não se tenha dedicado à tauromaquia: é que, para irritação de muitos "inteligentes", tem mesmo vocação para pegar o touro pelos cornos. Tiro o chapéu e (sem ser aficionado, repito), tenho que gritar a plenos pulmões: _olé, maestro!

PauloRodrigues disse...

Não nos podemos esquecer de outras cartas do baralho, tais como loureiro, coelho, barroso, cravinho, santana, o ás de copas Sócrates e o trunfo de ouros lima.
Se olharmos para o baralho todo, pode ser que consigamos ver através da cortina de fumo.

Anónimo disse...

De facto estou completamente de acordo com esta capacidade de João Rodrigues em pegar o"touro pelos cornos", como referido por alguém aí em cima.

Notável. Tão notável, como a sua escrita depurada e "limpa"

Anónimo disse...

( E é pela classe do texto de João Rodrigues, que o comentário de um tal José, não merece mais do que um sorriso irónico e divertido)

Óscar Pereira disse...

«Saindo da economia convencional para a economia política: às vezes até dá vontade de ver estes grupos experimentar a pura lógica capitalista que advogam para os de baixo.»

Nem mais.


Caro Jose,

«"não pode haver apoio sem alteração das relações sociais de produção." Mais palavras para quê?»

O que esperava? Que fosse o estado a financiar, "pro bono", os meios de comunicação privados? E se sim, porque não aplicar essa lógica também, como escreve João Rodrigues, "para os baixo", i.e. financiando a vida privada do cidadão comum? Ou será que, como escrevia Orwell, somos todos iguais, mas uns são mais iguais do que outros?

Anónimo disse...

Diz paulorodriges que blablabla e mais blablabla

E um ás.

O que vemos por aqui é um "duque", com o valor de um "duque".

E o que estranhamos é que não venha acompanhado de uma citazãozita, daquelas citaçõeszitas com que costuma vir acompanhado, à altura da sua ignorância e da sua desonestidade

De facto conseguimos ver para além da cortina de fumo do paulorodrigues pimentelferreira