terça-feira, 5 de maio de 2020

A Alemanha é mais igual do que nós

Um tribunal nacional dá instruções sobre política económica a uma autoridade monetária internacional "independente" (BCE), com a ameaça explícita de desobediência. É assim, meus amigos: a Alemanha faz regras. Cumpri-las é para os países do sul...

Está tudo errado: um tribunal a pronunciar-se sobre política monetária, um banco central que depende de tudo menos das instituições democráticas e uma zona monetária paralisada por bizarrias várias como a proibição do financiamento directo de Estados e financiamento monetário.

E assim ficamos: os cidadãos dos Estados democráticos da Europa olham para as manobras de magistrados e tecnocratas para saber se o "seu" Banco Central pode fazer alguma coisa para minorar a crise. Vai haver um acordo, claro. Não será é nem suficiente, "nem proporcional".

Entretanto, a monstruosidade económica dá lugar à lata monstruosa. Vítor Constâncio considera "ridícula" a distinção entre política monetária e política económica. Tem razão. E tem graça. Nunca o ouvi contestar a independência do BCE, consagração máxima da ridícula distinção.

A Alemanha não prescinde da soberania das suas instituições democráticas em nome das diretivas das instituições europeias. Tudo bem, mas também não mandam diretivas aos outros. Sem resposta europeia, não há cá regras europeias. Cumpramos a nossa Constituição, para variar.

13 comentários:

PauloRodrigues disse...

Os últimos episódios da charada euro-landia são de um desconchavo tal, que começa a parecer evidente que a única via possível para o euro será a sua dissolução.
Varoufakis expõs nas Euro-Leaks toda a "matéria em decomposição" onde assenta o euro.
O "pilar" mais importante do euro-grupo é a INFORMALIDADE.
Fazem-se reuniões, mas não são lavradas atas, pelo que ninguém é responsável por nada do que ali se diz e faz.
Agora, um tribunal do PRIMEIRO FRUGAL vai de dar ordens a uma entidade supranacional.
Pergunta-se: com base em quê?
Nas leis do tio patinhas?

Geringonço disse...

Para cumprir a nossa constituição Portugal precisa de ter moeda própria.

Perguntem ao Primeiro Ministro e líder do partido mais responsável pela integração de Portugal nesta "Europa" doentia e cruel se está disposto a reaver soberania monetária...


A "Europa" "faz parte do ADN do PS" - António Costa


Pois é, mais uma década perdida, mais miséria...

olivsol4@gmail.com disse...

Creio que a maioria dos europeus ainda não se apercebeu de que a Alemanha foi a grande vencedora da II Guerra Mundial.

Abraham Chevrolet disse...

Caro Olivsol:
A grande vencedora da Guerra 39-45 ainda não precisou da UE para nada,além de lhe vender o que esta precisa. E é saudável que não se metam com ela: tem o hábito histórico de,quando molestada,só parar em Paris... Vá lá, o José decidiu ficar por Berlim,a pedido dos seus "aliados".

claudio disse...

da WWII nao direi, mas da guerra fria é bem possivel... aliás foi tudo em cascata: muro, unificacao, maastrich, euro, lisboa

Anónimo disse...

Imagine-se o Tribunal Constitucional cá do Bairro, nos termos de tal Lei, a por em causa -e a não sancionar- os repetidos pedidos de empréstimo contraídos pelos Governos e que constituiem hoje a insolúvel(!) dívida soberana.
Sem uma coerente, mesmo possível, oposição parlamentar (visto que os deputados da maioria são nomeados pelo partido/governo), um Tribunal -também por cá- deveria ter poder, legal, de controlar e restringir, a ocorrência de um deficite na República.
Quanto à dita "União Europeia", ECB e tal, isso é coisa de líricos.

Abraham Chevrolet disse...

Claudio: A vencedora da WW-II está tão debilitada que, ela já no seu leito de morte e ainda lhe apontais o que tendes mais à mão...
Mesmo assim,guardai a lixívia,para uma doença!

Anónimo disse...

Paulorodrigues a tentar pontificar.

Costuma vir mesmo a correr,para se chegar à frente, de sotaina e de breviário numa mão. A outra é invisível. Traz os mercado

Assume-se assim desta forma um pouco...isso mesmo. E o que sobra é esta mediocridade:

- a euro-landia (?) e o desconchavo
- pelo que o único caminho é a dissolução ( Este tipo era o que queria ficar em cima da ponte, a olhar para a esquerda e a direita com aquele ar de enjoadinho queixoso)
- lembrar que Varoufakis e ainda a "matéria em decomposição"
- pensar que o "pilar" mais importante é a INFORMALIDADE
- falta o primeiro frugal e as leituras do tio Patinhas

O que faz um tipo para fazer o que acha que tem que fazer?
Lá na Holanda e por cá, onde oscila entre as cotadas e as caixas de comentários do bas fond de extrema-direita

Anónimo disse...

Mas paulorodrigues regressa pelas 16 h, sob anonimato,que é onde o pimentel ferreira se sente bem

Reconhece-se logo pela sua identificação holandesa. E pela pseudo-certeza como emite as suas sentenças.

Que,com o devido respeito, não passam de autênticas cagadas:

"os deputados da maioria são nomeados pelo partido/governo"

É ou não de pimentel ferreira?


Mas há mais preciosidades:

Este arremessar bronco contra a Constituição: "Imagine-se o Tribunal Constitucional cá do Bairro a por em causa -e a não sancionar- os repetidos pedidos de empréstimo contraídos pelos Governos e que constituiem hoje a insolúvel(!) dívida soberana"

Não parece o ajudante de campo do Passos Coelho,acantonado agora no Observador?

E continua: "por cá- deveria ter poder, legal, de controlar e restringir, a ocorrência de um deficite na República."
Essa de não deixar que haja qualquer vontade popular a restringir o domínio de Bruxelas é forte. É de neoliberal austeritário a pensar que pode vender as calinadas pafistas desta forma impune

Faz ou não faz lembrar as fitas de Paulo Portas, quando irrevogavelmente tentou deserdar o bastardo?

João Pimentel Ferreira disse...

É uma questão jurídica interessante. Creio prima facie que concordo com o autor do poste. A questão jurídica é saber qual é exatamente a abrangência legal do poder do referido tribunal. Julgo que se prende com a própria constituição alemã, da mesma forma que o tribunal constitucional português vetou uma série de medidas que estavam acordadas entre o governo democraticamente eleito via Parlamento e a troika, considerando demais que os juizes do palácio Raton não são eleitos.

Em relação ao Euro, lembremo-nos que o valor que o salário mínimo real tem em 2017 (€535, acerto IPC, base 2011), é 26 porcento superior ao valor real que tinha em 2002 (€424, acerto IPC, base 2011), data da entrada na moeda única; já o salário mínimo real em 2002 (€424), data da entrada na moeda única, é 21 porcento inferior ao valor real que tinha em 1975 (€535, IPC, base 2011). E qual a diferença entre estes dois períodos? A divisa!

Pedro Ribeiro disse...

Exports are expected to suffer a large decline before foreign markets recover. The decline in imports is expected to remain more contained as the import-rich components of private consumption are not as adversely affected. Thus, the current account surplus, which declined to 7.1 % of GDP in 2019, is expected to come down further to around 6% in 2020, a level last seen 7 years ago, before rebounding in 2021.

in Previsões Primavera 2020 da Comissão Europeia para a Alemanha

Não fora isto trágico, seria de rir à gargalhada. Imagine-se, os alemães vão ver o seu superavit corrente "reduzido" a 6% do seu PIB, o nível mais baixo dos últimos... 6 anos! Um superavit, em larguíssima fatia, obtido relativamente aos parceiros europeus...

Anónimo disse...

João pimentel ferreira resolve aparecer pelo seu próprio pé. Deixa os outros nicks em descanso momentâneo,porque a isso também é obrigado.É necessário fazer destas fitas de prima dona

Do seu último parágrafo não vale a pena falar.

Periodicamente aparece aqui a repetir esta treta. Estão por aí espalhadas em forma de edital estas afirmações, tão taxativas como as missas evangélicas no Brasil

Quem tiver paciência pode ver aqui a repetição deste paleio de euroinómano enfeudado à causa da manipulação e aldrabice

Num deles até aparece com um seu outro nick. O sujeito tem destes descuidos:
http://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2018/02/a-questao-europeia.html

http://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2019/02/o-euro-do-nosso-decontentamento.html

A "sova" foi tal que se tornou patético a forma como.

Adiante

Anónimo disse...

Já quanto ao primeiro parágrafo é todo um tratado:

De pedantice,de ignorância, de manipulação.E de subserviência abjecta

De pedantice, quod erat demonstrandum, para o servir da mesma forma.

De ignorância porque manifestamente é incapaz de compreender o que se lê. Vamos transcrever o original para cortar o passo a idiotices:
"Um tribunal nacional dá instruções sobre política económica a uma autoridade monetária internacional "independente" (BCE), com a ameaça explícita de desobediência. É assim, meus amigos: a Alemanha faz regras. Cumpri-las é para os países do sul..."

Como faz a leitura JPF?

Converte o nosso Tribunal Constitucional de zelador do cumprimento da nossa Constituição, em "tribunal nacional a dar instruções sobre política económica a uma autoridade monetária internacional "independente"?

A ignorância é monstruosa? É. A iliteracia é tramada

Mas a questão não passa apenas pela ignorância. Leva consigo todo um corpo manipulador.

Vejamos. pimentelferreira paulorodrigues estabelece um paralelo entre o nosso TC que administra a justiça em matérias de natureza jurídico-constitucional em Portugal, com as de um tribunal nacional alemão a dar instruções sobre política económica a uma autoridade monetária internacional "independente" (BCE), com a ameaça explícita de desobediência.

Isto não é só ignorância. É manipulação. Ridícula e tonta,divertida e idiota. Mas manipulação

Que se confirma com a comparação que vem a seguir e com o ressabiamento profundo de JPF pelo facto do Tribunal Constitucional português ter vetado algumas medidas inconstitucionais tomadas pelo governo português, chefiado por Passos,o tipo que ia mais longe que a troika, montado na segunda derivada de JPF

JPF ainda tenta invocar os acordos entre o governo e a troika. Demonstrando assim a sua coluna de invertebrado defensor da submissão nacional aos ditâmes de organizações supranacionais, curiosamente não eleitas.Um assumido vende-pátrias, que não gosta que se cumpram cá as decisões do mais alto Tribunal do sistema judicial de Portugal.

Prefere as ordens de Bruxelas,os crimes da troika e os negócios entre esta e os seus ídolos

Consta que os Nazis entraram na Holanda sob aplausos de uma significativa percentagem de holandeses, contrariando os apelos à resistência feitos pelas forças progressistas do país.

Onde estaria JPF se estivesse lá nessa altura?