terça-feira, 28 de agosto de 2018

Vale mesmo tudo?


1. Depois de ver uma «onda de reclamações» em 20 queixas de pais, por falta de vagas no pré-escolar e no 1º ciclo, a jornalista Clara Viana decide dar nota de um «estudo» do Observador Cetelem para concluir, sem pestanejar, que a «maioria das famílias vai dispensar manuais gratuitos». Realizado por uma empresa de crédito ao consumo, o dito «estudo» é basicamente um amontoado de enviesamentos (como assinalou Bárbara Reis num texto de leitura imprescindível), tornando impossível qualquer encontro com a realidade. De facto, ao contrário das conclusões a que a Cetelem chega («97% [dos inquiridos] prefere adquirir livros novos»), «mais de 90% das famílias» elegíveis tem optado por «receber os manuais oferecidos pelo ministério da Educação» (como lembra Bárbara Reis).

2. Depois de fazer eco, sem pestanejar, de um dos «furos» mais repugnantes da história do jornalismo português, o Semanário Sol chama a destaque de capa, no passado sábado, um alegado «mistério» que envolveria a casa de férias de João Galamba, arrendada ao Estado pela mãe (falecida há poucas semanas), através de concurso público. O que falta de matéria jornalística sobeja, em falta de tudo, à dita «notícia»: da mais elementar sensibilidade e razoabilidade ao mais básico critério editorial, digno desse nome.

3. Que uma empresa de crédito ao consumo amanhe um «inquérito» em linha com os seus interesses, mesmo que em contra-mão com a realidade, entende-se. Que uma jornalista reproduza, sem qualquer espírito crítico, os resultados desse inquérito, já se entende menos. Mas o que é mesmo difícil de entender, tanto no caso da «dispensa de manuais» como do «mistério da casa» do Semanário Sol, é como é que este tipo de «notícias» ou «reportagens» passa incólume pelo crivo da direção de um jornal. Será que passou realmente a valer tudo, mesmo tudo?

25 comentários:

Anónimo disse...

Resposta à última pergunta: ao tempo.

Vítor disse...

Ai ainda não tinham dado conta? Espero que esta pergunta seja tão retórica quanto a que faz no fim do post. Jornalixo, manipulação social, pasquinagem. Qualquer dia, nem para limpar montras servem...

Jose disse...

A prática sempre vai colhendo seguidores.
Vejamos o caso do fim da austeridade, do enorme potencial do crescimento pelo consumo, do brilhantismo de crescer a despesa a par do bombar consumista.

Vale tudo!

Pedro disse...

Mas quem ainda não percebeu que o Observador é um pasquim dos mais reles ?

Aquilo nem para papel higiénico.

Unknown disse...

De facto, praticamente toda a comunicação social prima por uma indecorosa postura que às vezes fico pasmado. Pasmado pelo atrevimento, pela mentira, pela meia-verdade, pela calúnia, pela desfaçatez...
Tanta vez, inacreditável pouca vergonha com que tratam (gozam) a inteligência dos leitores, dos ouvintes ou telespectadores.
É no tablóide mas, muito mais sofisticado, no jornal de referência. Na imprensa privada e, claro, na pública (veja, a título de exemplo, a RTP3 - uma verdadeira estação do Observador.

Anónimo disse...

Este post tem, para além de outras, uma virtude.

Além do apontar a trampa que é a Comunicação Social, e do papel imprescindível que ela desempenha em defesa das classes possidentes, objectiva casos concretos, um dos quais já por muitos esquecido.

A memória é um bem inestimável. Por isso a tentativa de alguns rasurarem o passado, num exercício de "lava-mais-branco", de molde a poder-se apresentar depois a velha trampa, como se de produto novo se tratasse

Também não é por nada que, em resposta a este post, um comentador profundamente empenhado na manipulação informativa (ou não andasse a espalhar tretas do género "só o estado andou a satisfazer uma "esquerdalhada imprudente"), tente abafar o denunciado neste post

Quem o faz mostra que está tão profundamente ressabiado com a queda daquele Passos que ainda se manifesta desta forma pungente pelo Diabo...sem ter a coragem de o invocar.

E temos direito ao "fim da austeridade,... enorme potencial do crescimento ... consumo.. brilhantismo ... ...a despesa ... bombar...consumista"

Pensa ele que "vale tudo".

E trata-o de o invocar, com o ponto de exclamação da ordem para mostrar a pseudo-indignação própria de quem anda a vender gato por lebre

Anónimo disse...

Há dias, nos USA, parece ter havido um movimento dos média apoiado no slogan "não somos o inimigo". Pois. Mas com "amigos" destes quem é que ainda precisa de inimigos ?

MRocha

Jose disse...

O Gaio sempre cuida de tudo conspurcar.

Quando para os representantes do Estado, a verdade deixa de ser um valor em si, e se inventa ser politicamente razoável, democraticamente natural, partidariamente justificável, ideologicamente dialéctico, mentir descarada e repetidamente, só pode acabar necessariamente num vale tudo.
O Cuco, agora promovido a Gaio é disso, ao seu nível, um vivo exemplo.

E mais uma vez, se em 2016 os geringonços tivessem executado o seu orçamento sem receitas extraordinárias e abundantes cativações, veríamos o Diabo a assombra-los.
E terem o descaramento de se orgulharem de não ter alterado o orçamento, anunciaram com a maior sem-vergonha a regra da era Geringonça: mentir quanto baste para manter o poder.

António Pedro Pereira disse...

Sobre um tal dito José:
Trata-se do consultor financeiro do Closer Group, de seu nome João Pires da Cruz, também escrevinhador do novo Caneiro de Alcântara conhecido por Observador (criado pelo capataz do capital, inventor de escutas a Belém e verificador, in loco, da existência das armas de destruição maciça no Iraque, o conhecido jornaleiro José Manuel Fernandes).
Nesse pasquim da direita fundamentalista, trauliteira e fanática, cuja única vantagem é ser digital, não poluindo, por isso, fisicamente o planeta, só polui as mentes, o verdadeiro João Pires da Cruz escreveu, há dias, este mimo contra as mulheres: https://observador.pt/opiniao/dizem-as-estatisticas/
Nele tenta mostrar que não há desigualdade salarial entre homens e mulheres (servindo-se da estatística «à la mode» Pires da Cruz).
Este cromo é, verdadeiramente, imbatível no seu afã de vigiar o LdB e manter sempre bem frescos na nossa memória os valores por que se bate: os dos fortes contra os fracos, da especulação financeira contra o trabalho.
E o olharapo é de uma persistência a toda a prova, há anos que vigia diariamente, comentando, praticamente, todos os posts, alguns mais do que uma vez.
Só quem vive principescamente à conta de quem trabalha tem disponibilidade para levar tão longe a defesa da sua ideologia e interesses, não deixando por mãos alheias a defesa da honra do seu convento (dos especuladores financeiros).
Não fosse isto, seria de se louvar a persistência do olharapo.

Paulo Marques disse...

"Vejamos o caso do fim da austeridade, do enorme potencial do crescimento pelo consumo, do brilhantismo de crescer a despesa a par do bombar consumista."

É a receita directa de Berlim, com passagem por Bruxelas. E por acaso, a dívida privada baixou, ao contrário do que fez o seu querido e injustiçado líder. Não que mude grande coisa, mas sempre muda no sentido certo, ao contrário do querido líder.

Anónimo disse...

Sublinhe-se o esforço de um aí em cima para desviar o que se denuncia neste post

Do choradinho sobre o Estado ao orçamento cativado. Tudo lhe serve desde que não se fale da trampa duma comunicação social de trampa

A coisa estará tão preta que invoca de novo o diabo?

Naaaa. A coisa é mais simples do que isso.

Perante o desafio da falta de coragem para invocar o Diabo, jose enche-se de brios e repete, agora com voz de falsete e sem a companhia de Passos, o fadinho do Diabo

Dupla gargalhada:

De como basta agitar as águas para se confirmar o sentir profundo destas coisas. Vale sempre a pena o devido e metafórico puxão de orelhas

E de como o discurso de Passos ainda tem cópias que o seguem...numa manifestação que Passos mereceu e merece quem desta forma o apoia. E quem o apoia mereceu e merece Passos que, montado no Diabo, deu uma queda dos diabos

Jose disse...

A dívida aumenta? Aumenta.
Aumenta o produto consumindo mais? Aumenta.
A percentagem da dívida sobre o produto pode por isso diminuir? Pode.
Então pode dizer-se que a dívida diminui. Pode, se fores treteiro geringonço.

Anónimo disse...

Já agora tem muito que se lhe diga esta estória que um sujeito aí em cima fala quanto aos "representantes do estado" e a "verdade deixa de ser um valor em si, blablabla e se inventa ser politicamente razoável, blablabla e democraticamente natural, blablabla e partidariamente justificável, blablabla e ideologicamente dialéctico, blablabla e mentir descarada e repetidamente blablabla.

Toda esta treta tem como objectivo esconder a anedota extremista ( só pode) de quem andou por aí a dizer que "o estado andou a satisfazer uma "esquerdalhada imprudente", esquecendo-se de nomear os representantes do dito estado, como por exemplo Cavaco, Durão, Santana,Portas ou Passos.

O carácter extremista de quem acha que somos governados pela esquerda desde o 25 de Abril está aqui patente:

https://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2018/08/apoios-errados-caros-e-promiscuos.html

Tal como não deixa de ser sobremaneira cómico que os dois exemplos citados- o do artigo 35 do CSC e o do reporte de prejuízos (comunicação de prejuízos passados para que possam ser abatidos em parte nos lucros futuros) tenham sido da responsabilidade directa da direita e da sua extrema.

No primeiro caso foi o governo Cavaco que fez a transposição da directiva, que aprovou o código e que suspendeu o artigozinho em causa
No segundo caso foi o governo de Passos /Portas que determinou que o reporte de prejuízos passasse de 5 para 12 anos

Só um tipo ainda mais extremista consegue dizer que o estado sob a direcção de Cavaco ou de Passos/ portas/ cristas/ albuquerque andou a satisfazer uma "esquerdalhada" imprudente blablabla e outras tretas do género


Jose disse...

«Cavaco que fez a transposição da directiva, que aprovou o código e que suspendeu o artigozinho em causa» lá para os idos de 1995?


E a partir daí? Tornaram-no risível!

Anónimo disse...

Ainda não terá percebido este tal jose que o exemplo dado é para espelhar a enorme idiotice que constitui a sua enorme treta do “estado andar a satisfazer a esquerdalhada”?

Exemplo vivo do extremismo saudosista e serôdio que acometem estes viúvos de Salazar?

Quererá este josé que se reponha a enorme aldrabice manipuladora e abjecta que andou a espalhar sobre o motivo da suspensão do art 35 do CSC?

Suspenso pela governança de Cavaco para desgosto das aldrabices abjectas que este josé papagueia?

Anónimo disse...

Ó Pedro, das 16:00 de 28 ago, pode-se gabar de ter feito o comentário mais cretino deste post. Quer dizer, com a eventual exceção do Jose, que nunca leio (nem os que lhe dão troco). Pessoalmente, estou nos antípodas ideológicos do Observador, embora confesse que goste de lhe passar os olhos e de, ocasionalmente, ler algumas reportagens ou comentadores. Até concordo consigo na substância. Mas dizer que nem sequer serve para papel higiénico um jornal online levanta-me a dúvida se o amigo não anda a limpar o cu de modo demasiado virtual...

Jose disse...

«enorme treta do “estado andar a satisfazer a esquerdalhada”?»
1 - havia que capitalizar as empresas públicas; consequência imediata aquilo que a troika obrigou em parte: a plena visibilidade do défice e dívida pública.
2 - As empresas a falirem e o desemprego a crescer na medida da qualidade da economia.
3 . As receitas dos impostos a baixarem; que quanto às dívidas de impostos o Estado não hesita em meter gestores na cadeia ou a assaltar-lhes a casa.

Tudo ao serviço do princípio fundador da esquerdalhada: tapar todo o lixo que possa ofuscar a Mama.

Jose disse...

"o estado andou a satisfazer uma "esquerdalhada imprudente" e por isso se diz que desde 1974 dominam esquerdalhos nos governos, e a corrupção e a dívida estão aí para o garantir.


Até o PAF deixou para tarde e má-hora retirar a mama dos transportes à comunada.

Anónimo disse...

Jose abandona a sua idiotia em torno do art 35.

E tenta corrigir-se, tentando delimitar os estragos do que disse a um determinado horizonte temporal

Não passa:

Jose dixit:"No essencial, o Estado, em vez de regular e zelar que a gestão seja um acto responsável e os planos de negócios sejam uma séria intenção à criação de valor, consente toda a bandalheira; e a troco de satisfazer uma esquerdalhada irresponsável não protege o capital de forma clara e tributa-o por tal forma que leva a que seja mais prudente e rentável financiar prejuízos do que capitalizar as empresas adequadamente."

Não, o estado referido por jose não é o da actualidade. O Estado era o que tinha parido o art 35 e o tinha suspenso, blablabla blablabla - era o primeiro governo de Cavaco

Ora bem

Só um tipo demasiado encostado àquele canalha do salazar ousou dizer em 2012 que éramos governados pela esquerda desde há 38 anos. Esqueceu-se de todo o cotejo de quase-parceiros de ideologia e de coligação. O santo nome de Cavaco,por quem andou a fazer campanha, ou o do seu amigo barroso ou santana ou passos coelho passavam-lhe ao lado como perigosos "esquerdistas"

Só um tipo perfeitamente miserável no seu argumentário em prol dos seus interesses de classe consegue dizer esta pérola:
"Um estado blablabla...seja mais prudente e rentável financiar prejuízos do que capitalizar as empresas adequadamente".

Curiosamente rasura que o "reporte de prejuízos passou de 5 para 12 anos no Governo PSD/CDS."

Só um tipo ainda mais extremista consegue dizer que o estado sob a direcção de Passos/portas/cristas/albuquerque andou a satisfazer uma "esquerdalhada imprudente.

Este é dos que se atira para os braços de Bolsonaro. Já o tentou quando andou por aí a usar-lhe o termo "esquerdopata", enamorado pela catalogação do fdp que concorre à presidência no Brasil.

Anónimo disse...

A ira e o rancor de jose versando o Estado, tido como ao serviço dos esquerdalhas e que "não protege o capital de forma clara".

Saudades do tempo em que o capital era protegido pelos esbirros da Pide e pela mão do pervertido salazar?

Mas o estado governado pelo bloco central de interesses,pela direita pura e dura, sob a batuta neoliberal da ordem, tem protegido e bem tais interesses do Capital

É ver a legislação sobre o reporte de prejuízos, alargada pela mão dos amigalhaços do jose. É ver o denunciado todos os dias e que concita a ira do mesmo jose, de que é exemplo por exemploa especulação imobiliária e as rendas a haver.

É ver os insultos soezes deste tipo para com quem teve a honestidade de denunciar as falcatruas dum governo que chegou ao ponto de nomear um governante para facilitar a transferência de dinheiro do BES para offshores. Até terá feito uma série de comentários a elogiar o tal Núncio, homem de mão dos offshores pelos quais se pelava e gabava

E agora temos que aturar este mesmo jose, que destila ódio por quem trabalha, vir esmolar um ainda maior apoio e uma ainda maior protecção para o Capital, que como se sabe se tem apoderado de uma porção cada vez maior da riqueza produzida

Anónimo disse...

Percebe-se assim o ódio contra Abril. Percebe-se também o desgoverno e o desnorte de quem anda a apregoar que estamos a "caminho do socialismo" (só mesmo nos antros de extrema-direita que peroravam sobre salazar e o plano marshall) . Percebe-se a raiva incontida e o ressabiamento contra a tal"geringonça" que ousou correr com aquele perigoso esquerdista de nome passos coelho que governava satisfazendo a esquerdalhada.

O que está escrito é um manancial. Também das saudades de jose pelos tempos em que salazar mandava matar e morrer em África e em que uma série de capitalistas , néscios e barrigudos, engordavam à custa da mão do chamado Estado Novo. Mas negar a protecção ao Capital nos anos que se seguiram a 1975 e agora vir choramingar por "não (se)protege(r) o capital de forma clara e por (não)capitalizar as empresas adequadamente ultrapassa as marcas do admissível

Estamos no reino do desnorte e da má fé. Estamos no reino dos viúvos acres e ressabiados de salazar e de coelho. Estamos no reino também da desonestidade

Anónimo disse...

Basta agitar um pouco as águas e surge jose em todo o seu esplendor ideológico

Ele próprio provavelmente arrependido de se ter revelado assim tanto e tão colado a um negacionismo atroz sobre a natureza dos tempos que vivemos desde Abril de 74. E a uma tão sentida saudade pelos tempos da garra estendida e do cacete em punho

E tenta corrigir a mão. Assim deste jeito manso para ver se não lhe destapam o quintal

Basta de facto agitar um pouco as águas e ver como são perversas e doentias as águas onde se movem estes viúvos sentidos de Salazar.

Classificar como domínio da esquerdalhada é contudo mais do que uma marca ideológica amante do que o é. É também uma tremenda idiotice. A tal ponto que nos podemos interrogar se de tanto gostar da Alemanha, jose não se terá passado para o alemão

Anónimo disse...

Admite-se contudo que haja notoriamente uma impotência levada da breca.

É que o que aí temos é um modelo de sociedade em que a trampa que o atinge também se revela pela corrupção e pela miséria. Corrupção que alastra com o carácter endémico típico do neoliberalismo predador.
É o estrondoso fracasso do modelo societário de jose.
E quando este falha, geralmente o capital monopolista opta pela força e pela forca. Que é onde jose se sente bem

Por agora assistimos a estas cenas um pouco canalhas em que jose chora até pelos seus amigos gestores presos na cadeia (mas são tão poucos) e pelos assaltos às casas que por vezes dão em assassínios (como foi o caso de Duarte Lima)

Jose disse...

As voltas que o Gaio dá até que chega ao seu momento de glória: descreve-me prostrado, derrotado, batido...e sente-se reconfortado, o triste!

Anónimo disse...

Surge nos terrores nocturnos de josé um cuco ou um gaio, não se sabe bem agora qual

Mas admire-se a plumagem de um tão saudoso viúvo, que teima que vivemios governados pela esquerda desde a queda dos seus bons rapazes.

É raro ver alguém assim tão tão

Quanto à auto-comiseração sentida por josé parece que ninguém o refere como prostrado.

Se se sente assim isso é um problema dele.

O que se referenciou foi a cena um pouco canalha em relação aos amigos gestores presos e restante faduncho adjacente