quinta-feira, 27 de outubro de 2016

«Investigate Europe»: Desmitificar é preciso


Nove jornalistas europeus de diferentes nacionalidades constituíram, em julho passado, o Investigate Europe, uma plataforma editorial que vale a pena acompanhar. Trata-se de uma rede transfronteiriça de jornalismo de investigação que se propõe cruzar dados e verificar factos, por forma a confrontar muitas das narrativas hegemónicas da crise, da austeridade e das opções políticas dos países. Para nesses termos desmontar mitos e ideias feitas, os enviesamentos e as perceções infundadas a que essas narrativas dão lugar, numa ampla difusão nas televisões, rádios e na imprensa escrita.

Sabemos, desde o início da crise financeira, que a colonização do espaço público de debate pela narrativa dos «sacrifícios» e do «ajustamento», da «austeridade expansionista» e das «gorduras do Estado» foi decisiva para transmutar os efeitos nefastos da desregulação do sistema bancário e financeiro num problema de dívidas soberanas, apontando de caminho o dedo ao Estado, à social-democracia e às políticas keynesianas, como sendo os grandes responsáveis pela crise. Do «viver acima das possibilidades» ao «erro das políticas de investimento público e de redistribuição», das sacrossantas «reformas estruturais» ao mito dos «países preguiçosos» do sul e à necessidade de criar mercados e «flexibilizar» as relações laborais.

De facto, se «o mundo dos nossos dias não se circunscreve às fronteiras nacionais, os jornalistas também não se devem aí confinar», defendem os nove autores do Investigate Europe. Tanto mais quanto, acrescentam, «os factos e as análises que demonstram a interdependência» entre países, economias e sociedades tendem a rarear na comunicação social, à escala europeia. Razão pela qual, referem ainda, a constituição de redes de jornalistas de diferentes países permite recolher e decifrar a informação e os dados necessários à desconstrução de mitos, ideias feitas e falsas narrativas. O Investigate Europe pretende ser uma dessas redes e o seu surgimento é pois uma excelente notícia, desde logo para o pluralismo, no debate político-económico.

12 comentários:

Jose disse...

«excelente notícia, desde logo para o pluralismo, ...»

Sem dúvida, e não só.
Muito há a esperar de quem possa vir a demonstrar que a dívida pública infinitamente crescente é o caminho da salvação dos povos europeus e que o contributo da dívida privada ainda levará esses povos a mais altos patamares de progresso e sustentabilidade.

Anónimo disse...

Algo na notícia preocupa o sujeito das 20 e 30. E muito
Que vai logo direitinho para a questão da dívida, chegando até a convocar a privada. Para ver se foge do tema certamente. E do que é aqui denunciado.

A pergunta impõe-se: quando este sujeito tentava minimizar o rombo do BPN, que como se sabe está a ser pago pelo erário publico, estava necessariamente a fazer o quê?
A elevar os povos a mais altos patamares de progresso e sustentabilidade?

9 de Janeiro de 2013 ás 14:43
"9 de Janeiro de 2013 ás 14:43
Fico preocupadíssimo!!!!
Devendo o país 190.000 milhões, parece que há uma 1.600 milhões que mudaram de sítio nas contas".
Dizia o sujeito, referindo-se às previsões iniciais do saque do BPN. (O que é ainda mais admirável é esta afirmação sobre os "1 600 milhões que (apenas) mudaram de sítio".

Ou quando dizia isto.
"o BPN é nada comparado com o despesismo do Estado, supostamente realizado em benefício de todos. E à luz de uma tal suposição que a todos é exigido o pagamento".
Estaria a incrementar a dívida pública a partir da dívida de quem?

Ou isto, subscrevendo na íntegra a socialização dos prejuízos dos bancos:
"Quanto aos erros, seria interessante conhecê-los.
Eu sei de um, e bem grande: atentar no alarido dos esquerdalhos e não ter financiado suficientemente os bancos em crise quando havia dinheiro para isso".

Mas quanto ao direito aos lucros da banca, independentemente da forma coo se processavam os "negócios" afirmava:
"Se não sabes que o papel dos bancos é pedirem emprestado (endividarem-se) para emprestar (ficarem credores) lucrando no processo, sabes pouco".

Quais serão os qualificativos para isto? Para além da preocupação patente em que não se investigue o que este post desafia a investigar?

A memória é mesmo uma coisa lixada.

Jose disse...

O BPN foi o espelho de um regime de saloios deslumbrados com o dinheiro, e para quem dívida é sinal de iniciativa, arrojo, caminho de futuro.
E se o Estado Guterro/Socrático contribuiu pelo exemplo para esse caldo, nem por isso deixou de permanecer, agora na versão restritiva de só dever aplicar-se ao Estado e pela mão de esquerdalhos.
Nesta nova versão, aos privados compete entregar a nota e assistir às maravilhas da governança geringonçosa.

Anónimo disse...

Apanhado com as calças na mão, que faz aquele que aqui anda a carpir por uma dívida que foi alimentada pelos seus amigos banqueiros e pelos seus parceiros ideológicos?

Em relação à acusação da sua posição face à socialização dos prejuízos da banca e ao encher do bolso da mesma com os lucros obtidos pelos processos típicos desta, cala-se. Diz nada. Niente. Mutismo absoluto. Silêncio atroador, venerado, obrigado, cúmplice e conivente.

Apaga desta forma tão ternurenta, mas tão marcadamente de classe com muita falta de classe, a responsabilidade da banca e do Capital. A dívida é agora silenciada.

Mas há mais

Anónimo disse...

Perante o confronto com as suas próprias palavras, quando tentava minimizar o rombo do BPN ( que como se sabe está a ser pago pelo erário publico), o que faz este mesmo tipo?

Para além de mais uma vez se calar perante aquele seu tão estremecedor e revelador "1.600 milhões que mudaram de sítio nas contas" ( apenas mudaram de sítio, atente-se), tenta justificar a situação mercê duma declaração ao estilo de D. Maria:
"saloios deslumbrados com o dinheiro, e para quem dívida é sinal de iniciativa, arrojo, caminho de futuro".

A mistura perfeita entre a conivência e a compreensão com o mais desmedida sem vergonha.
Coitados. Os banqueiros ( metade da direcção laranja na altura e uma mão-cheia de amigos e governantes de cavaco) são apenas "saloios" "deslumbrados com o dinheiro", mas cheios de "iniciativa", "arrojo" até, quiçá, "futuro".

Onde estão agora as lágrimas amargas perante a dívida e os impropérios perante os tipos que andaram a gastar de mais e as ameaças de confisco do país perante os credores que defende e representa?

Os seus amigos de classe são apenas gente com as qualidades típicas do capitalismo ( iniciativa,arrojo, futuro ) e não passam de "saloios"..
Eis o capitalismo explicado desta forma imbecil por um que pensa que quem o lê é também imbecil.

Anónimo disse...

Mas a desfaçatez continua.
Ei-lo a atirar contra o Estado guterro/socrático, "esquecendo" duas coisas fundamentais:
Que vivemos num estado capitalista, em que quem manda é o Capital E que o contributo para a presente situação teve a contribuição particularmente forte, relevante, marcada, dos governos que não quer falar. O BPN foi um banco laranja,Cavaco era o primeiro-ministro e neste mesmo cargo encontrámos Santana Lopes e Durão Barroso ( que traiu a. própria UE, vendendo-se à Goldman-Sachs enquanto tinha o cargo que tinha).
E a pérola no topo do bolo, Passos Coelho e Portas, dois particulares agentes a soldo do Capital com especial carinho para o alemão

Anónimo disse...

A referência à "geringonça" é apenas a marca de classe dum que assumidamente serve a sua classe, em estilo duplo de "servidor público" e de "perito"

Ainda não digeriu nem a vassourada nem os resultados eleitorais. A marca da direita pesporrenta e anti-democrática também passa por aqui

Anónimo disse...

( Quanto ao BPN, dos tais com "iniciativa, arrojo e sinal de futuro"

Sete mil milhões de euros... fala-se já em 9 mil milhões de euros... enterrados para proveito próprio dos senhores do Capital.

A dívida sustentada por tais monstros.. e depois os defensores de tais monstros ainda insultam quem se revolta contra o corte de pensões, salários e empregos...)

Jose disse...

A acrobacia verbal privilegia, como a palavre sugere, contrariar em extremo a 'gravidade' do tema e atira palavras ao ar.

O BPN foi nacionalizado, foi recusado o plano Cadilhe, dizem ter a Caixa tratado de aí limpar umas contas suas, em tudo uma plena demonstração das virtualidades das intervenções do Estado.

Um Estado e uma banca povoado de saloios em rotação de prebendas e favores, conjuntamente a endividarem-se e a especializados em penhoras.

Anónimo disse...

Acrobacia verbal?

Contrariar a gravidade do tema?

Mas,mas,mas.... quem contraria a gravidade do tema não é aquele que andou por aí a tentar desculpabilizar o BPN?
Pelas suas próprias palavras registadas e esfregadas na sua frente? Não se atrevendo a desmenti-las mas tentando atirar poeira para o ar, agora escondido atrás de Cadilhe e de "uns dizem que" próprio de alcoviteiras cobardes?

Que este tipo não fuja. Que os tenha no sítio.O que está primeiro em causa é a sua obscena tentativa de desculpabilizar o BPN. A dívida privada a transformar-se em dívida pública. Dos comentários que fez em que transparece a conivência com o processo fraudulento. Tem a lata de dizer isto "1.600 milhões que mudaram de sítio nas contas" ( apenas mudaram de sítio, atente-se).
E agora vem falar na nacionalização ( quem nacionalizou os prejuízos já agora?) e no Cadilhe?

A marca da aldrabice aí em toda a sua extensão... Foi para isso que o educaram?

Anónimo disse...

Mas infelizmente há mais.

O que este sujeito está atentar fazer é uma coisa sinistra. Esta a tentar dar o dito pelo não dito. A aldrabar. A mistificar o debate e a esconder as pulhices que andou a espalhar. Esconde-as debaixo de qualquer coisa. Mas a memória é uma coisa lixada e ele tem horror em ver-se assim desmascarado só pela sua imagem no espelho.

Em relação à acusação da sua posição face à socialização dos prejuízos da banca e ao encher do bolso da mesma com os lucros obtidos pelos processos típicos desta, cala-se. Diz nada. Niente. Mutismo absoluto. Silêncio atroador, venerado, obrigado, cúmplice e conivente.

E agora vem falar na nacionalização do BPN e nas virtualidades das intervenções do estado quando à frente do estado estava o seu amigo, Cavaco Silva, que presto arrancou a caneta do bolso para proteger os da sua igualha?

Anónimo disse...

Eis o que o sujeito disse, subscrevendo a socialização dos prejuízos dos bancos:

"Quanto aos erros, seria interessante conhecê-los.
Eu sei de um, e bem grande: atentar no alarido dos esquerdalhos e não ter financiado suficientemente os bancos em crise quando havia dinheiro para isso".
1 de Março de 2016 às 07:59

Mas quanto ao direito aos lucros da banca, independentemente da forma como se processavam os "negócios" afirmava:
"Se não sabes que o papel dos bancos é pedirem emprestado (endividarem-se) para emprestar (ficarem credores) lucrando no processo, sabes pouco".
6/1/14 às 18:14

Tão curioso reparar nas datas de tais pronunciamentos a favor dos banqueiros e dos trafulhas.

E agora vem com a estória dos saloios em rotação de prebendas e favores a endividarem-se e em penhoras?
Repare-se bem como até nisto é desonesto. Desapareceram os "iniciativa,arrojo, futuro" com que pintava os tais saloios, após a acusação da desfaçatez de tal procedimento. Tenta emendar a mão, mas nem sequer tem coragem para repetir o que disse. Fica-se pelo triste espectáculo aí em cima transcrito e foge.

"Isto" é o espelho da mediocridade da nossa direita salazarenta