domingo, 28 de agosto de 2016

Como é que se diz continuem em inglês?

Quando votei pelo Brexit no dia 23 de Junho, fi-lo por três razões: porque a União Europeia é um projecto falhado; porque a Europa caminha numa direcção que dá mais peso às forças de mercado; e porque queria desafiar o status quo. Seria necessária uma recessão profunda e prolongada para me fazer lamentar tal decisão. Essa perspectiva parece hoje mais remota do que há oito semanas atrás.

Larry Elliot, editor de economia no europeísta The Guardian, é aí uma voz dissonante. O projecto medo, assente na ideia de catástrofe, não tem corrido lá muito bem, a avaliar pelos dados económicos entretanto conhecidos. Ainda é cedo e os dados são poucos, claro, mas o merecido descrédito da economia convencional, já revelado no Brexit, como argumentámos, pode ser aprofundado, sobretudo se a austeridade for superada para evitar males maiores. O Reino Unido tem os instrumentos de política económica de um Estado monetariamente soberano, o que de resto já tinha sido revelado pela evolução cambial e dos juros da dívida, e pode no futuro mobilizar muitos mais fora desta UE. A sua fracturada sociedade bem que precisa de um governo capaz de criar e de usar toda a margem de manobra democrática. É para isso que continuamos a contar com os trabalhistas liderados por Corbyn.

15 comentários:

Jose disse...

«criar e de usar toda a margem de manobra democrática»

Está garantida a estabilidade dos off-shores do Canal e da City!

Anónimo disse...

Esta é a preocupação de herr jose. Os offshores que defende com unhas e dentes e os que os utilizam.

atom disse...

O Brexit é um acontecimento marcante para revitalizar a Europa Ocidental. A História mostra-nos que a Europa Ocidental sempre teve um equilíbrio de poder entre duas ou mais potências dominantes. Vários exemplos: Espanha e Inglaterra, França e Inglaterra, Inglaterra mais França e Alemanha etc. Essas potencias reuniam cada qual um grupo de países com interesses semelhantes em alianças. Na competição entre esses blocos era garantida a soberania dos países mais pequenos. Nos últimos anos a Europa Ocidental está nas mãos de uma única potência… a Alemanha. A Alemanha dividiu os países da Europa Ocidental em satélites e protetorados, sendo que todos os satélites estão em trânsito para ser protetorados. A Alemanha impôs governos não democráticos, na Grécia (um protetorado). Também impôs um governo não democrático na Itália (um satélite em trânsito para protetorado). Esses governos não democráticos são eufemisticamente chamados “governos tecnocráticos”. Tentou forçar governos ao seu gosto nos protetorados de Espanha e Portugal. Á França está na calha para passar de satélite a protetorado. A posição do Reino Unido era antes do Brexit de satélite rebelde mas com o tempo passaria a satélite submisso e depois a protetorado. Na organização governamental alemã o ministro Wolfgang Schäuble ocupa o Ministério das Colonias.
Depois do Brexit, espero que um novo equilíbrio se estabeleça na Europa Ocidental. Primeiro com o sucesso do Reino Unido em agregar à sua volta os países que não pertencem à União Europeia. Depois com o abandono de outros países dessa organização dominada pela Alemanha, cientes que o êxito do Reino Unido pode ser replicado. Isso poderia reequilibrar a Europa Ocidental, moderar a Alemanha e restabelecer a democracia plena. Na atualidade a democracia nos protetorados alemães é apenas formal. O povo pode votar desde que as decisões da votação para nada contem. O que conta é as instruções do ministro Wolfgang Schäuble.

Anónimo disse...

o Brexit foi mais uma das costumadas manobras para ganhar vantagem. Agora o alvo é o Schengen. Entretanto adia-se a saída para as calendas, tenta-se evitar a opinião do Parlamento, e o tempo vai ajudando... É assim que se cozinha o Império...

Anónimo disse...

Que se cozinhe o império já se sabe como é.
Mas a cozinha deste império da UE a soldo dos maiorais neoliberais e do grande poder económico levou um tiro bem aplicado.
Que o brexit não é nenhuma revolução socialista lá isso não é. De forma nenhuma.
Necessitamos de "um governo capaz de criar e de usar toda a margem de manobra democrática. É para isso que continuamos a contar com os trabalhistas liderados por Corbyn".
E com toda a esquerda da esquerda para se avançar para outro modelo social

Unknown disse...

A UE a zona do mundo onde se vive com mais liberdade. mais segurança, mais apoio social no mundo é um desastre. Se fosse socialista e regido pelas ideias progressistas estilo Venezuela, Syriza... seria ....?

Jaime Santos disse...

Vai uma grande distância entre chamar a atenção para os riscos de uma saída e prever uma catástrofe. Até porque, face ao vazio de ideias dos apoiantes do Brexit relativamente a que modelo de saída o RU deve adotar (modelo norueguês, ou hard Brexit,, e saúda-se a paciência dos países do Continente depois das pressões incompreensíveis imediatamente após o referendo), a instituição que mais tem contribuído para a relativa estabilidade presente tem sido o Banco de Inglaterra, mais a sua detestada independência (para quem é da Esquerda da Esquerda, claro). Quanto a Corbyn, até pode permanecer à frente do Labour, mas as sondagens não lhe parecem de todo favoráveis se for a votos numa eleição geral. Pelo contrário, o mais provável é que o RU saia da EU pela Direita conduzido por May, Johnson, Davis e Fox. Mas uma vitória da Direita em toda a linha é um razoável preço a pagar para conseguir uma vitória (pírrica) contra o detestado neo-liberalismo e a EU, não é, João Rodrigues? A Esquerda da Esquerda engana-se sempre que é preciso identificar o inimigo principal, e os exemplos históricos são legião, ou talvez para ela os inimigos principais seja mesmo o liberalismo e a social-democracia. De facto, talvez não seja defeito e sim feitio. Finalmente, será que o João Rodrigues também defende que no caso português, se sairmos do Euro ou mesmo da EU, andemos a arrastar os pés durante meses ou mesmo anos, como o RU, que nem gente tem presentemente para conduzir as futuras negociações? É que somos bem capazes de não ter esse tempo...

Anónimo disse...

Pois é. O esforço de Jaime Santos para engolir os seus prognósticos de ave agoirenta agora aparecem escondidos atrás duma "catástrofe" condimentada a preceito para ver se esquecemos a sua própria histeria .

Os riscos da saída foram pintados da forma como se sabe.Paralelamente dizia que fora a extrema-direita que ganhara,que quem votara Brexit estava a fazer o seu jogo e outras patacoadas do género. A realidade entrava pelos olhos dentro e objectivamente quem tentava colar os votos do Brexit ao racismo, à xenofobia e à extrema-direita estava a fazer o seu jogo.
Porque estava a tentar mascarar não só a realidade da votação, como estava a tentar ocultar a trampa que é esta europa e o voto de descontentamento que atravessou toda o Brexit

Anónimo disse...

Agora Jaime Santos parece mais comedido, que remédio. Ei-lo a invocar o banco de Inglaterra como pilar pelo não descalabro e outras historietas do género. Estas banalidades assustam.Como se o Banco fosse independente da City e do capital.Como se não nos lembrássemos do seu papel no período pré-eleitoral agindo como chantagista e comportando-se como se comporta a máfia quando vê os seus negócios em jogo.

Jaime Santos achará que temos assim tão má memória? Ou que nos esquecemos dos seus hinos de ódio a Corbyn? Ou que nos esquecemos que o conluio com o inimigo tem um nome e esse nome é traição, como aconteceu com esse outrora ídolo da terceira via, um criminoso reles e sujo de nome Blair?

Jaime Santos pensa que temos má memória de facto. Que o mercadejar de votos justifica tudo, à boa maneira da social-democracia que abandonou o combate e se converteu ao neoliberalismo,compartilhando a gamela dos lugares, dos postos e do poder. Como se um Hollande ou um Valls hoje valessem mais do que um Sarkozy ou outro crápula qualquer. Estão apenas a contribuir para o encher da Srª le Pen e devem ser considerados pelo que são.

Anónimo disse...

Houve um tempo que a social-democracia dizia que defendia os trabalhadores Hoje em dia aparece como defensora da "classe média" algo que como se sabe não corresponde a nada (no que às relações de produção diz respeito) e que, se observada do ponto de vista do bolso dos cidadãos, aparece como uma fatia cada vez menor devido às políticas neoliberais. Políticas neoliberais que foram perfilhadas e defendidas pelos vendilhões da social-democracia. Com os resultados à vista de todos .

Cheira mal este paternalismo traduzido na "paciência" dos "países do Continente". Independentemente de parecer uma tirada de mau gosto saída da boca dum Alberto João, o que aqui é manifesto é mais uma vez esta espantosa ignorância dos jogos de poder dentro da Europa. Como se os actores em conflito se pautassem pela paciência ou por outras tretas do género e não por outros e maiores interesses, os do poder em si, os do dinheiro, os da dominação e da subjugação.

Anónimo disse...

Os exemplos da traição são legião. A traição aos princípios e aos ideais. À própria soberania nacional é posta em causa e as relações de dependência e de submissão são defendidas por este tipo de pessoas, algo que vai alimentar directamente o filão do fascismo e do racismo. Jaime Santos confunde uma coisa essencial e tal tem que ser dito de caras e e frente. Esquece-se, ou finge esquecer, que aqui não se trata de não se identificar o inimigo principal. Aqui trata-se sim de nos tentarem vender a ideia que não há outra saída que não a de dormir com o inimigo. E isso é simplesmente abjecto.

(A última tirada de Jaime Santos sobre João Rodrigues e sobre o caso português é demasiado ridícula e tola para perdermos tempo com ela. Até chega a ser ofensiva para quem defende esta tese espatafúrdia, que agora volta ao tema da ausência de "gente" para as negociações.Mais uma vez papões como os apresentados não há muito).

Anónimo disse...

Não vem o José para andar de mão dada com o Jaime Santos, mas sem o seu Cristovao.

Tanto se queixa ele das saídas pela direita como preço a pagar pela vitória sobre os neio-liberais, mas não se importa nada de aqui já andar sempre atrelado a tais figuras, os da direita neo-liberal que teme, mas não quer ver vencida.

Anónimo disse...

Já se percebeu há muito que qualquer MOVIMENTO na EU tem de obedecer ESTRITAMENTE as vontades do TIO SAM. Aquela coisa dos Referendos na Grécia e RU não passaram de um aviso simples do Yankee a´ “malta exaltada ca´ do burgo”
Aos europeus calhou a triste sorte de ficarem entalados entre duas superpotências. Eles que já foram potências. Desígnios da história…
Todos ou quase todos os países da EU fazem parte da OTAN que se subordina diretamente ao presidente dos USA, cabeça da Nova Ordem.
Depois de retrospetiva horizontal fiquei com a ideia de que ninguém sai da EU. Fazem só ligeiras “transferências”. de Adelino Silva

Jose disse...

O Brexit vai fazer mais pelo liberalismo económico do que tudo o que vem sendo atribuído a Bruxelas.

Mas para os treteiros, definido o inimigo principal, põem as palas e marram em frente.

Anónimo disse...

Jose dixit após a vitória do Brexit:
-" quando os 'progressistas' vêm no nacionalismo soberanista o rumo regenerador da humanidade estamos conversados".

-"Alguns treteiros já começam a adiar a invocação do artº 50º.
Espero que haja outro artigo que os mande para casa rapidinho.

-"Os progressistas, gente nacionalista por excelência, louvam com entusiasmo o voto da velhada tradicionalista e saudosista".

-"Nas áreas territoriais em que haverá algum conhecimento do que sejam tais políticas( as da união Europeia), perdeu o Brexit."

-"Se os britânicos não forem corridos do parlamento europeu no final da próxima sessão - a Europa está doente.
Se lá ficarem até ao fim do processo a UE provavelmente finou-se."


Este tipo é, também, uma fraude intelectual e de carácter.

"Põem as palas e marram em frente?
Não é mesmo Herr Jose?