segunda-feira, 13 de agosto de 2012

OIT versus BCE

O BCE, tal como a Comissão Europeia, só pensa em reduzir os rendimentos do trabalho, assegurando que os salários reais da esmagadora maioria crescem abaixo da evolução da produtividade real, como já aconteceu, por exemplo, nos até há pouco incensados EUA ou na Alemanha, assim alterando a repartição entre trabalho e capital e, também graças à desregulamentação laboral, aumentando as desigualdades salariais. O resultado disto à escala global foi a emergência de modelos nacionais guiados pelas exportações e de modelos guiados pelo endividamento, duas faces de uma mesma desequilibrada moeda que compensou a falta de procura salarial. Bom, agora a insensatez dos gestores deste euro anti-laboral promete agravar cada vez mais a crise. Como assinala a Organização Internacional do Trabalho, uma organização internacional cujo poder é inversamente proporcional à qualidade da sua análise económica, a prescrição do BCE promete prejudicar o crescimento, através de uma espiral de insolvências e de contracção da procura, e logo a criação de emprego: é que se os salários são um custo a conter para fomentar investimento numa certa noção medíocre de competitividade, também são uma fonte de procura tanto mais relevante quanto se sabe que a principal razão para a ausência de investimento está nas fundadas expectativas pessimistas sobre a evolução da procura interna e externa; a primeira destruída pela austeridade nacional e a segunda ameaçada pelo sucesso da prescrição do BCE em cada vez mais países.

4 comentários:

Anónimo disse...

Os salários são e serão encarados como um custo enquanto não forem postos em causa os princípios que norteiam as trocas comerciais neste mundo globalizado, o conceito vigente de competitividade é um dos principiais inimigos de uma qualquer harmonização global, a "vitória" de uns representa a "derrota" dos outros, e isto parece inultrapassável, sem uma resposta clara e abrangente apenas se perpetua o inevitável. O sistema capitalista está repleto de disfunções e contradições, assumir este conceito organizacional como algo capaz de preencher as nossas necessidades faz de nós alguém que não queremos ser.

rui fonseca disse...

A redução dos salários não é, seguramente, a boa medida para aumentar a competitividade.

Mas que medida pode aumentar a competitividade de centenas de milhar de trabalhadores não tecnicamente qualificados?

Muitos desses trabalhadores cairam no desemprego com a falência do "modelo" sustentado pelas actividades do cimento. Um "modelo" que não pode ser (nem deve ser) reconstruido.

Que alternativa?

Importa-se de concretizar?

Mário disse...

devagarinho lá vamos indo no bom caminho

As insolvências de empresas vão aumentar 50% em Portugal ,

na Grécia as insolvências devem crescer 30% e em Espanha 20%.

Portugal destaca-se com um aumento estimado de 50% em 2012, acima do crescimento de 19% registado o ano passado.

....
isto é o tal Setembro negro de 2012 QUE ANDO FALAR HÁ MUITO TEMPO.

50 % de fa...lên...cias....


QUANTOS DESEMPREGADOS SERÃO?


OU estou a ver/ler mal?

http://economico.sapo.pt/noticias/insolvencias-de-empresas-vao-aumentar-50-em-portugal_150194.html

Anónimo disse...

Há salários que podem muito bem baixar. Professores e juizes por exemplo.
Então reformas nem se fala. É a maior injustiça de sempre. Se os que começam a trabalhar agr não vão ter reforma porque é que não se corta alguma coisa nas reformas atuais. Deviam por um limite de 2000 euros as reformas. Se não trabalham porque é que ganham mais de 2000 euros?