quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Famílias

Na véspera da aprovação de um orçamento rectificativo que confirma a decisão política de se vir a garantir e capitalizar os bancos portugueses, sem quaisquer contrapartidas de incremento do controlo público directo deste sector tão crucial quanto potencialmente disfuncional, na proporção da rédea solta que tem, ficámos a saber que os níveis de insolvência atingiram valores sem precedentes no nosso país. Embora continue a usar o termo “ajuda” para se referir à intervenção externa, a jornalista Ana Rita Faria assinala o essencial quando afirma que isto reflecte “o impacto do desemprego elevado e dos sucessivos pacotes de austeridade, que estão a consumir o rendimento disponível das famílias”.

A conclusão é clara e tem de ser repetida. O Estado não se pode comportar como se fosse uma família em crise, embora tudo nos arranjos do euro conspire para fazer com que isto aconteça, sem sobrecarregar as famílias realmente existentes: serviços públicos enfraquecidos e crescentemente assistencialistas, quando sabemos que é a universalidade que os protege e torna eficazes, desemprego galopante, quebras de rendimentos e logo da poupança, e, finalmente, a tragédia da insolvência num país onde o sector bancário sempre pôde contar com devedores cumpridores, apesar do discurso moralista sobre as famílias irresponsáveis. Agora que, graças à austeridade intrinsecamente recessiva, isto está a deixar de acontecer, a banca por reformar e por taxar pode contar com os aliados políticos de sempre. E ainda há economistas que fingem que a economia não é política…

3 comentários:

gab disse...

Eu diria que, a ocidente, só um queijo da serra...

Força Força Camarada Vasco disse...

há 30 anos metade dos operários das fábricas não utilizava transportes públicos fosse na Covilhã fosse na margem sul...

hoje é meu deus os transportes

cedo ou tarde nesta ou noutra geração

o transporte a gasoil estará condenado

logo subsidiar sistemas condenados à partida é...

sasha grey disse...

mi familia siempre me da una gran bienvenida cada vez que vuelvo a casa
sasha grey