sexta-feira, 25 de março de 2011

O fracasso da austeridade

O governo português acabou de cair na sequência de uma disputa sobre as propostas de austeridade. Os juros da dívida pública irlandesa atingiram os 10% pela primeira vez. E o governo britânico acabou de rever em baixa a sua previsão de crescimento económico e em alta o seu défice.

O que é que estes acontecimentos têm em comum? Todos eles indicam que cortar a despesa, num contexto de desemprego elevado, é um erro. Os defensores da austeridade previram que os cortes da despesa gerariam dividendos rápidos, sob a forma de um aumento da confiança, e que teriam poucos, ou nenhuns, efeitos adversos no crescimento e na criação de emprego; mas estavam errados.

Por isso, é lamentável que por estes dias não se seja considerado sério em Washington, a não ser que se obedeça à mesma doutrina que está a falhar de forma tão catastrófica na Europa.


17 comentários:

Carlos Albuquerque disse...

Mas onde é que está o dinheiro para decidir seja o que for em Portugal? Cada vez que se tropeça em qualquer coisa pública saltam logo milhões em dívidas.

Eduardo disse...

A despesa diminuiu?!?!?! Onde?!?!?!

Anónimo disse...

Em Janeiro a despesa corrente primáaria subiu. A descida deveu-se ao corte dos salários.
O erro intelectual deste tipo é que não distingue situações no espaço e no tempo. Ele está a tratar de uma guerra intelectual que perdeu para reaganomics e não da realidade.

Jorge Rocha

maria povo disse...

Pois! o Homem é Prémio Nobel da Economia. Não percebe nada disto...

quem ouve rádios, tv's, leia jornais e por aí fora, fica com a sensação ("certeza") de que não existem outros caminhos económicos e sociais! e ainda há quem acredite...

sem a denúncia desta tendência dos meios de comunicação, nunca as alternativas chegarão à maioria dos cidadãos!

temos, felizmente este meio de comunicação para ficarmos mais esclarecidos. Mas quantos os vêem? quantos os lêem?

ADORAVA que a alternativa ganhasse estas eleições!!! que chapada... e gostava de ver se o presidente da república empossava um governo de esquerda, mesmo!! da esquerda "radical"... se calhar sería aí que a democracia ia de férias...

estamos em campanha!!!!

Ana disse...

Poucas são as notícias que têm aparecido nos jornais sobre a actual situação da Islândia. Aparentemente têm sido adoptadas algumas medidas de rejeição da austeridade, por parte do novo governo. Têm sido feitos referendos, etc. O FMI não estava lá? Já foi comentada aqui neste blogue?

Nuno disse...

Os irlandeses já praticam o "quem te avisa teu amigo é" quanto a medidas recessivas a coberto da austeridade redentora, tão popular nestes dois países católicos:

" A Bit of friendly advice, Portugal"

http://www.independent.ie/opinion/analysis/bit-of-friendly-advice-portugal-2596178.html

"Olá Portugal, daqui a Irlanda. Sei que não nos conhecemos muito bem mas já corre uma piada por aqui: Qual é a diferença entre Portugal e a Irlanda? 5 letras e 6 meses."

Um aviso bastante àcido

Maquiavel disse...

Näo aparecem notícias da Isländia porque na Isländia a esquerda está no poder, a austeridade foi rejeitada, e os bancos privados näo receberam nada...
Esses berraram, como deveriam berrar os dos outros países, em vez de serem "nacionalizados" (safos da falência com dinheiros públicos).

E por isso mesmo já recuperaram quase tudo o que foi ao ar em 2008.

Näo é isto que se quer no resto da Europa. Quer-se é agrilhoar os povos, e engordar os lucros dos donos dos bancos. Se näo fosse este o objectivo, o BCE financiaria directamente os países necessitados, em vez de dar o dinheiro aos tais bancos a 1%, para eles cobraram dos países a 5, 7, 10% ou mais!

Nuno disse...

@Maquiavel

A Islândia tem pouco mais que a população do Distrito de Viana do Castelo e pode desvalorizar a sua moeda, mas também é verdade que o percurso de Gregos e Irlandeses tornou claro que a austeridade cega é uma estratégia suicida e que este modo de mitigação da dívida não é favorável a (quase) ninguém a longo prazo, sejam cidadãos de países soberanos ou os seus credores.

Maquiavel disse...

4 Nuno (mas pq raio o "@" que quer dizer "at", "em", é usado para dizer "to", "para"):
Veja o PIB per capita da ISländia comparada com o do distrito de Viana do Castelo. Com a agravante de que Viana näo fica numa ilha perdida no meio do mar gelado! :D

A questäo é que a Isländia era apresentada como exemplo do "sucesso neoliberal" até a bolha estoirar espectacularmente, os causadores do desvio neoliberal serem presos, e o país voltar à democracia plena (i.e., näo só política, mas também económica), fazendo frente ao império bancário mundial.
Daí para a frente, parece que despareceram do mapa! Já falta pouco para os pintarem como "Isländia: a Cuba europeia"!!!

Nuno disse...

@Maquiavel

*início da aula de gramática*
"at" usado desta maneira (@) é uma abreviatura para a proposição, como "para". Ex: Estou a falar "para" ti. "This message is aimed AT you".
*fim de aula de gramática*

Dito isto, recomendo que leia o meu comentário sem ser na diagonal.
Eu acho que a solução da Islândia resultou bastante bem para eles mas se vamos aprender com essa experiência e ser racionais acerca disso temos que olhar criticamente para todas as semelhanças e diferenças.

A lição mais importante, julgo eu, é de que renegociar a dívida, embora seja mais complicado para nós do que para os islandeses, é possível e desejável.

maria povo disse...

...então vamos obrigá-los a falarem da Islândia!!!!

vamos pôr a Islândia e o seu sucesso, sem terem de arrear as calcinhas, nos Meios de Comunicação Social "oficiais", sempre que possível!!!

vamos falar da Islândia!!!!!!

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