segunda-feira, 28 de março de 2011

"Despesismo" e "irresponsabilidade fiscal"...


...significam coisas diferentes quando se dispõe de política monetária autónoma e quando não se dispõe. Isso mesmo fica evidente quando se examina este gráfico, publicado e comentado por P. Krugman no seu blogue, que representa a dívida pública e o défice orçamental de uma série de países em percentagem do PIB. Como assinala Krugman, parece que os EUA e o Reino Unido (e o Japão, que não está representado) deveriam estar perante uma crise da dívida soberana pior que Portugal, não é? Pois sucede que as coisas são diferentes quando se dispõe de moeda própria (e ainda mais se esta for a moeda mundial): nesse caso, o ajustamento faz-se através da depreciação (com aumento da competitividade das exportações e redução da capacidade aquisitiva ao exterior) e não de uma espiral desemprego-contracção-aumento do peso real da dívida-insolvência-ajustamento-desemprego...

16 comentários:

Carlos Albuquerque disse...

A taxa de crescimento do PIB não deveria ser também levada em conta?

Anónimo disse...

Pois claro, pretende comparar a capacidade de crescimento dos dois países com Portugal? E essa capacidade nada tem que ver com o liberalismo que por lá domina... Claro.
Os mesmos valores nominais têm significado diferente em diferentes países. Mas ainda ssim ambos estão a cortsr despesas. na Califórnia e na Florida nem se fala. Na Gra-bretanha é o que se vê.


jorge Rocha

Alexandre Abreu disse...

Caros Carlos Albuquerque e Jorge Rocha:
Obrigado pelos comentários.
Não se trata dos mesmos valores nominais (JR), uma vez que se encontram expressos em percentagem do PIB. Dito isto, têm toda a razão (JR e CA) quando assinalam que diferentes taxas de crescimento do produto, a manterem-se no futuro (pois a taxa de crescimento actual é apenas um indicador imperfeito da taxa de crescimento futura), implicam diferentes evoluções do peso relativo da mesma dívida. Isso mesmo é tido em conta nos mercados primários e secundários de dívida - e eu não o ponho em causa. Pelo contrário, o argumento de Krugman que aqui citei é que recuperar competividade e retomar uma trajectória de crescimento, no contexto da camisa de forças do Euro, é muito mais difícil do que no caso de se dispôr de política monetária e cambial autónoma - e os mercados de dívida também sabem muito bem que assim é, tanto assim que penalizam adicionalmente os países que não dispõem dessa margem de actuação política.
Cumprimentos.

Zuruspa disse...

Näo, Jorge Rocha, como de costume você näo entende nada. COm efeito, parece que é pago para vir aqui desconversar.

A Califórnia é a 7.a economia do Mundo, a maior dos EUA, e continua com um défice enorme em % do PIB (e ainda maior em valor absoluto), mas ninguém lê que "ai o dólar vai acabar" ou "ai os EUA väo cair na penúria, precisam do FMI". E sabe porquê? Porque o Banco Central deles empresta-lhes directamente a uns 2%.

A Portugal, país periférico da Euroländia que conta como 10% da sua economia no máximo, atribuem o caos do Euro. É ridículo.
O BCE näo lhe empresta nada, antes dá o dinheiro aos bancos a 1% e depois estes emprestam a >7%.

O que você vem para aqui abafar é que Portugal e o resto estäo a ser mais uma vítima do "capitalismo de choque", tal como o foram tantos países em dificuldade antes, Chile, Argentina, Líbia, ..., tudo para privatizar e acabar com o Estado Social.

Se o BCE quisesse mesmo ajudar os Estados da zona Euro, emprestava directamente à taxa global da Euroländia (tipo 3%). Mas näo, quer é ajudar os ricos dos bancos. A Reserva Federal quer manter a integridade dos EUA (consequência do clamoroso falhanço dos 25 anos de política Reaganómica) logo ajuda os Estados. A diferença é simples.

Relativamente à Grä-Bretanha, têm também o resultado de 25 anos de Thatchereconomia. E quem adoptar esse modelo falhado terá as mesmas consequências.

Anónimo disse...

Zuruspa, Considera que a Califórnia e a Grécia são amesma coisa? Não há diferença entre um estado soberano e Califórnia? parece-me que o Zuruspa é que não entende noções básicas de política.

Jorge Rocha

Anónimo disse...

Caro alexandre, obrigado pela resposta e desculpe-me o tom provocatório. Não o faço com intenção pessoal, mas de pequena provocação. Tem razão trata-se de percentagem do PIB.
Pessoalmente prefiro uma solução do tipo da que defende Sapir: a zona euro devia cindir-se. Para isso era preciso que caissem muito dogmas. O que é diferente deve ser tratado como diferente.
O que me parece é que amparar o endividamento tendo o céu como limite, não é uma boa opção.


Jorge Rocha

Zuruspa disse...

Rocha, basta ler a sua resposta para ver quem näo entende nada de nada.

No ämbito da moeda única, Califórnia e Grécia estäo no mesmo barco: défice enorme, e näo têm a possibilidade de desvalorizar para manter competitividade. A diferença é só a que juro säo financiadas. A Grécia já só é soberana... nos queijos?

A "näo-notícia" da Califórnia seria o mesmo que a Alemanha entrasse em défice e dívida pública excessivos, e o Mundo continuar a dizer que näo passa nada.

A lógica dos mercados é ir fazendo subir as taxas de juro dos países que entraram em austeridade (i.e., que caem no jogo), para dar a impressäo aos papalvos dos eleitores que "Estäo a ver? Sem esta austeridade que os vossos governos impöe ainda era pior! Näo se revoltem contra os Governos austeritários, ainda ficam pior!!!"

A questäo já é: Ficamos pior, COMO?
Pior é impossível.
E quando a maralha perceber isto, acontece como na Isländia, mandam os bancos à fava e dizem "näo nos emprestam mais dinheiro? Olha, pescamos mais..."

João Carlos Graça disse...

Caro Alexandre
Excelente post! Pequeno, mas direito ao alvo.
Não é que a inflação seja um bem em si mesma, claro, mas ela constitui pelo menos um indicador seguro, em termos gerais, de que os sistemas políticos são minimamente democráticos. Quando não o são, aí sim, e só aí, as elites tornam-se realmente capazes de garantir reajustamentos "à bruta", isto é, via deflação pura e simples... Foi o que fizeram ainda na Europa ocidental de finais do século XIX, por exemplo, mas já não foram capazes de fazer no século XX, precisamente graças ao sufrágio universal.
Dito de outro modo, o tal "colete de forças" do Euro de que fala o "liberal" (no sentido ianque: isto é, o keynesiano) Krugman permitiu às elites europeias iludir ou contornar a chatice do sufrágio universal, numa Eurolândia decididamente livre-de-democracia. Mesmo com governos de "centro-esquerda" ou whatever-colour-you-like, os países tornam-se logo muito mais business-friendly do que estados-nação soberanos com um sufrágio universal verdadeiramente relevante em vigor. Esses outros, Deus sabe porquê, são normalmente induzidos a manter políticas económicas keynesianas de facto, se não de nome (o que não significa que se possa continuar indefinidamente com um duplo défice crescente, nisso de acordo, mas essa é uma outra história, e bem mais longa…)

Anónimo disse...

Quem desejou permanecer no euro foi a Grécia!!!! A porta está aberta. Ora defendem a saída do euro, ora defendem o contrário.

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