terça-feira, 25 de novembro de 2008

Clintonomics

Obama parece determinado a restabelecer a administração Clinton na Casa Branca. Depois da escolha de Hillary Clinton para o departamento de Estado, as anunciadas nomeações para as pastas económicas são preocupantes. Timothy Greithner, presidente da Federal Reserve em Nova Iorque, será o secretário de estado do tesouro, enquanto Lawrence Summers, secretário do tesouro durante a presidência Clinton, será o principal assessor para a política económica. Ambos foram discípulos de Robert Rubin,, também ele secretário do tesouro durante consulado Clinton e actual executivo do pré-falido CityBank. O que uniu todos estes economistas foi a receita para a actual crise financeira: liberalização e desregulamentação financeira, liberalização comercial e obsessão com orçamentos equilibrados. Greithner é mesmo um dos principais responsáveis das actuais trapalhadas no salvamento de diferentes instituições financeiras como a AIG, Bears and Stearns e…do Citybank. Estas nomeações só podem, por isso, ser recebidas com pessimismo pela esquerda.

Será que Obama irá, assim, continuar o trabalho da administração Bush na tentativa de mudar qualquer coisa para que tudo fique na mesma? Não necessariamente. Como tem sido exaustivamente relatado neste blogue, economistas como Lawrence Summers têm revisto radicalmente as suas posições no que toca aos défices públicos, à desigualdade e mesmo à regulação financeira. Este excelente artigo mostra o esforço titânico com que estes estes economistas, com Rubin à cabeça, tentam reabilitar-se, defendendo posições completamente opostas às assumidas durante a década de noventa. Jared Bernstein, do Economy Policy Institute, um dos conselheiros mais progressistas da campanha de Obama, conta ao New York Times como numa reunião conjunta com Summers, assinalou que as posições do último se estavam a aproximar das do EPI. A resposta foi: "as circunstâncias mudaram". Esperemos que tenham mudado o suficiente.

5 comentários:

Anónimo disse...

Parece que todo aquele entusiasmo de alguma esquerda com Obama era claramente precipitado.
Na melhor das hipóteses Obama estará um pouco menos à direita que Bush ou McCain.
Para quem não sabe, nos EUA vigora um sistema "bipartidário de partido único". As eleições servem só para enganar e divertir o povo.

Filipe Melo Sousa disse...

É um pouco estranho como todos os banqueiros se "lembraram" de ser maus gestores, e todos ao mesmo tempo, ou seja de há uns seis meses para cá. Não terá sido antes da conjuntura? Assim aquela conjuntura forçada pela mão regulamentadora? A mesma mão que se quer agora "libertadora".

Os bancos centrais praticam a Blitzkrieg: entram a matar com a regulamentação, espatifam os bancos, colhem os cacos, nacionalizam, e auto-intitulam-se "libertadores".

Os meus amigos andaram há um ano revoltados com os lucros excessivos dos bancos. Pois, problema resolvido, vivemos agora no melhor dos mundos, certo?

Anónimo disse...

Então e o que dizer da renovação Gates no Departamento da Defesa ?

Unknown disse...

Não tive grandes ilusões sobre a eleição de Obama...
Mas, depois de tanta promessa de mudança, estas escolhas como que cheiram a esturro. Ainda gostava de saber o que os obamaníacos pensam delas...

Luís Oliveira Martins disse...

Duvido que B. Obama prossiga as políticas ultraliberais de Bush e Cª. Mas também estou convencido que não vai governar de acordo com os objectivos da esquerda tradicional, nomeamente a europeia. Vamos ter (provavelmente) um "centrismo pragmático", com um algumas medidas mais progressistas.
B. Obama, não obstante os discursos poéticos e inspiradores, é essencialmente um pragmático. Por isso, numa altura em que os mercados financeiros estão (ultra)nervosos, nomeou técnicos reconhecidos, que de alguma forma tranquilizam os agentes económicos.