sexta-feira, 28 de março de 2008

Socialismo

Gosto desta formulação de Vincenç Navarro: «O socialismo não é uma etapa final, mas sim um processo que se constrói e destrói quotidianamente no desenvolvimento das políticas públicas». Vale a pena ler este seu artigo, em castelhano, sobre os princípios que devem orientar políticas públicas que se querem ancoradas à esquerda.

5 comentários:

Anónimo disse...

Mas desde quando é que politicas públicas são sinónimo de socialismo? Vai uma grande confusão dentro das cabeças de alguma esquerda. João com todo o respeito mas afirme-se social-democrata, em vez de andar a baralhar definições e conceitos.


Militante

João Dias disse...

Acho que é mesmo uma questão de português.

"sobre os princípios que devem orientar políticas públicas que se querem ancoradas à esquerda."

Ou seja, as políticas públicas não são intrinsecamente de esquerda, agora o objectivo é "ancorá-las" ao movimento "lato" socialista. Repare que é lógico e óbvio (ainda não li o artigo) que a esquerda, defensora do Estado enquanto agente público regulador, queira as suas políticas representadas nesse mesmo orgão, porque as políticas públicas feitas pelo neo/liberalismo desacreditam muitas vezes o Estado. Logicamente que uma política pública não é intrinsecamente de esquerda, é antes uma decisão que afecta o domínio das relações públicas, por exemplo, juntar o dinheiro dos contribuintes para depois concessionar obras a empresas privadas sem concurso e com graves prejuízos para o "interesse público"...é, geralmente, uma política pública de agenda neo/liberal que desacreditada o Estado.

O socialismo propõe-se mudar essas políticas no sentido de, assim, acreditar o Estado, se o conseguir então consegue dois sucessos, a salvaguarda de um Estado presente e a implementação prática das suas políticas públicas.

João Dias disse...

Também já li o artigo, e se das palavras de João Rodrigues não se pode tirar a ideia de que políticas públicas e socialismo são indissociáveis, também do artigo essa conclusão não é possível.

"Ni que decir tiene que existe una gran diversidad de políticas públicas desarrolladas por gobiernos socialdemócratas. Ahora bien, dentro de ellas hay que señalar algunas que significan claramente una ruptura con los principios socialdemócratas, adoptando principios pertenecientes a las tradiciones cristianodemócratas o liberales. "

"El socialismo no es una etapa final sino un proceso que se está construyendo o destruyendo en bases diarias en el desarrollo de las políticas públicas."

Repare-se que o que é dito é que o socialismo constrói-se nas políticas públicas, ou seja, o socialismo não vencerá apenas pelo debate público, este constrói-se porque há resultados nas social-democracias escandinavas e destrói-se porque há uma terceira via pseudo-social-democrata que tem políticas que perpetuam as desigualdades. Em Portugal, por exemplo, temos os dois maiores partidos com nomenclaturas que indicariam que as suas políticas seriam de cariz social-democrata, no entanto, apesar da patente do nome não têm o projecto político consistente com essa nomenclatura. Em termos públicos, isto é mau, porque um partido que se diz social democrata e que não pratica essas mesmas políticas pode criar na população a ideia de que na realidade são as políticas da social-democracia que estão erradas, quando na realidade nem sequer estiveram em prática.

Apesar de não concordar na integra com o artigo, não corroboro que haja alguma confusão ou uma associação abusiva entre socialismo e políticas públicas.

Anónimo disse...

Penso que a etiquetagem dos partidos políticos, estabelecida no século passado, tem condicionado de alguma forma a orientação do sentido de voto dos cidadãos. Há alguma confusão nisto.

As características da social-democracia expressas por Vincenç Navarro, têm na generalidade, a aprovação de um largo espectro de cidadãos espalhados por têm-se afastado da essência da social-democracia. O grosso de uma população mais velha sente-se desconfiada e insegura, o mesmo se passa com uma grande fatia de uma geração mais nova (que nem mileurista será!).
Os eleitos são muito poucos: os filhos das famílias e dos lobbies.
A par da garantia dos direitos e do exercício da cidadania, é no Estado que reside a chave-mestra da social-democracia: a redistribuição dos recursos.

Anónimo disse...

Lapso. Eis o que deveria ter saído:



Penso que a etiquetagem dos partidos políticos, estabelecida no século passado, tem condicionado de alguma forma a orientação do sentido de voto dos cidadãos. Há alguma confusão nisto.

As características da social-democracia expressas por Vincenç Navarro, têm na generalidade, a aprovação de um largo espectro de cidadãos espalhados por tantas “gavetas”: sociais-democratas, socialistas, bloquistas e comunistas. No entanto, algum preconceito inculcado, condicionará a opção mais íntima de cada um.

Há uma única certeza, no entanto: os partidos que têm constituído o bloco central (de interesses) e dominado a vida política, têm-se afastado da essência da social-democracia. O grosso de uma população mais velha sente-se desconfiada e insegura, o mesmo se passa com uma grande fatia de uma geração mais nova (que nem mileurista será!).
Os eleitos são muito poucos: os filhos das famílias e dos lobbies.
A par da garantia dos direitos e do exercício da cidadania, é no Estado que reside a chave-mestra da social-democracia: a redistribuição dos recursos.