terça-feira, 25 de março de 2008

Repressão ou redistribuição?


Segundo o DN, Portugal tem um polícia para cada 227 habitantes. A média europeia é de um para 350. O governo, num contexto de suposta contenção orçamental, prepara-se para formar mais dois mil polícias. Prioridades repressivas sem qualquer justificação. É sempre assim em sociedades demasiado desiguais. O Estado Penal atrofia o Estado Social.

9 comentários:

Filipe Melo Sousa disse...

Obviamente, se os potenciais criminosos forem "apaziguados" com avultadas quantias de dinheiro pagas pelas potenciais vítimas, o crime passa a ser protegido pela lei. É tudo uma questão de ceder à chantagem.

NC disse...

Estado penal?!??!

Você deve viver por cima de uma esquadra. Eu já não vejo um polícia na rua há semanas... Ainda no outro dia houve um senhor maluco que insistia em sentar-se na mesa da esplanada de uma senhora que lá estava calmamente. Não conseguindo demovê-lo, acha que os empregados foram chamar a polícia? Não. Se o fizessem o maluco ainda lá estaria sentado. Chamaram uns gorilas que lá convenceram o sr a sair (sem violência de qualquer espécie). Se há muitos polícias não é a trabalhar concerteza. Não me venha falar de Estado Policial. Só dá vontade de rir.

Anónimo disse...

TArzan,
A segurança absoluta não existe. E seria absurdo tentar camuflar esse facto ao preço exorbitante de um polícia por esquina: nenhum estado pode suportar tal despesa, nem seria desejável que o fizesse. Se Portugal, um dos estados com menores índices de criminalidade da Europa, já tem um nº de polícias per capita superior à média europeia, uma pessoa pergunta-se se não haveria melhores instituições onde investir o dinheiro.

Pedro Sá disse...

Hoje passou-se mesmo. Deu em anarca ?

A existência de polícia significa repressão ???? Que eu saiba a polícia existe para defender a segurança do povo.

João Rodrigues disse...

Tarzan, os números são expressivos. Acha mesmo que o reforço dos efectivos policiais é uma prioridade? A pergunta também é para o Pedro Sá. A afectação dos recursos públicos revela as prioridades de um governo. Só isso. Eu não tenho nada contra a polícia. Nada mesmo. Tenho é contra uma orientação da política pública que acha que os problemas de segurança (entendidos de forma ampla) se resolvem com mais polícia.

NC disse...

João Rodrigues,

o que eu disse é que acho que há falta de polícia a funcionar e como tal qualquer insinuação de que estamos a criar um Estado Policial é anedótica. Não defendo, óbviamente, um estado policial. Mas sou contra o seu oposto, que é a nossa situação actual. O que pode vir a revelar outros perigos como a criação de polícias privadas encapotadas.

João Rodrigues disse...

Não sei se há polícia a funcionar. A questão do Estado penal, formulação de Loic Wacquant (ver link do post), aponta apenas para uma tendência a partir da definição de dois modelos. Concordo que não vivemos (ainda?) num estado policial, mas é preciso estar atento às prioridades. Acho que há uma viragem na orientação do governo nesta área. A questão que coloca tem a ver, em parte, com fenómenos de pânico social associados provavelmente a uma maior guetização social e a uma imprensa demagógica e sensacionalista. A segurança privada está aí. E é um grande negócio. É sempre assim. Quando não resolvemos os problemas socioeconómicos...

Al disse...

diz-se que existe a percepção de insegurança. sem querer avançar em conspirações, a criação artificial dessa percepção terá algo a ver com a gestão da agenda política pelo governo? sou tentado a pensar que sim. e que isso faz parte de uma deriva em direcção ao estado penal. em direcção, sublinho.

Pedro Sá disse...

Uma coisa é dizer que algo não é prioritário. Outra coisa é dizer que isso é uma prioridade repressiva.