quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Será que as coisas estão a mudar? III

Uma das fontes da ansiedade neoliberal tem origem no facto de distintos economistas ortodoxos, como Alan Blinder ou Paul Krugman, terem começado, com ampla repercussão pública, a pôr em causa a crença, ainda partilhada por 95% dos economistas, na bondade ilimitada dos processos de liberalização irrestrita das relações económicas internacionais (como é evidente nós fazemos parte dos 5%, o que se calhar faz de nós «populistas»). Podem, de facto, existir muitos perdedores com estes processos de liberalização e estes perdedores podem ter força suficiente, se tudo correr bem, para gerarem contra-movimentos de protecção com os mais variados efeitos. A resposta convencional a isto, diz-se agora, é o reforço do estado-providência. Surpreendente? Talvez não. Parece estar a ganhar força uma nova linha na economia política internacional: a globalização e o estado-providência seriam complementares e reforçar-se-iam mutuamente já que o segundo asseguraria a legitimidade da primeira ao instituir mecanismos que compensariam os perdedores. Assim, a crença na mão invisível do «comércio livre» é salva pela mão visível do Estado. Esta linha parece ser suportada por alguma evidência histórica e tem a grande virtude de acabar de uma vez com todos os determinismos. Afinal temos escolha. A política regressou à economia.

2 comentários:

Pedro Sá disse...

A questão é outra. A questão é que a UE deveria desde já taxar o dumping social, em nome do princípio da igualdade.

Tiago disse...

As coisas parecem mudar em função de se olhar para a América como estando bem ou mal.

Se a América está bem, então o "neoliberalismo" funciona. Se está mal, então não funciona. Isto é uma completa parvoíce, mas parece ser esse o critério.

É claro que o pragmatismo americano não tem limites (isto é um elogio). Enquanto por cá se discute "neoliberalismo teórico" por lá, quando os problemas apertam são para resolver (com intervenção - de uma maneira ou de outra - do estado).

Ler aqui e aqui.

Cursiosamente parece ser "moral hazard" que benificia o pequeno, para variar.