(Fonte aqui)
Inflação esta, em grande medida, provocada pela escalada do preço da energia que é o resultado inevitável e, de todo em todo, antecipável da escalada sancionatória planeada por Washington muito antes da invasão Russa da Ucrânia, estratégia esta, acrítica, entusiástica e irresponsavelmente seguida por Bruxelas.
Têm-nos dito que, por imperativos morais, é necessário punir a Rússia e, por isso, substituir o seu petróleo pelo fornecido pela Arábia Saudita, esse bastião da paz e do respeito por uma ideia universal de Bem. E também pelo fornecido pela Venezuela, esse, até ontem, bastião do mal. Já estou a ver Augusto Santos Silva, no seu afã de ser prestável, em contactos com o presidente Guaidó para articular a operação.
Imperativos morais considerados, para lá de Setembro, o BCE "prevê que uma trajectória gradual mas sustentada de novos aumentos das taxas de juro será adequada".
Adicionalmente, Lagarde, anunciando o fim da compra de dívida pública dos Estados que usam o euro, afirmou ainda que taxas mais elevadas não conduzirão a uma "fragmentação" dos custos de financiamento de cada Estado membro. Ou seja, taxas mais elevadas não cavarão um fosso entre os juros pagos pelas diferentes dívidas públicas na zona euro. "Sabemos como conceber e sabemos como utilizar novos instrumentos, se e quando necessário", acrescentou ela. "Já demonstrámos isso no passado; fá-lo-emos novamente".
Os tais mercados, como se vê, parecem ter ficado plenamente convencidos:
De facto, as notícias já davam conta desde o fim do ano passado, da intenção do BCE de conceber a tal ferramenta anti-fragmentação. Ou talvez não. Com sorte, talvez baste anunciá-la, como fez Draghi com o whatever it takes. De facto, não sabemos. O que sabemos é que, numa decisão desta importância para a estabilidade da dívida pública, para a estabilidade económica, política de social da periferia sul da zona euro, o BCE se recusa a comentar publicamente os planos de contingência da instituição para lidar com o assunto. Compreende-se. Calhando, credores alemães e holandeses, e os governos que os servem, eram capazes de não gostar da ideia.
Não esmoreçam, contudo, que esta gente, no caso, Lagarde, quando toma decisões identifica imparcialmente todas as facetas do problema, todos os legítimos interesses em jogo. Por isso a senhora avisa que "os riscos em torno da inflação estão principalmente do lado positivo, apontando os salários mais elevados (...) como fatores que poderiam manter os preços a aumentar rapidamente”.
Nós, em Portugal, como não brincamos em serviço, à cautela, embora apelando com muita força, e não menos propaganda, à subida de salários, já começamos a baixá-los. Exigir ao BCE que defenda a taxa de juro da dívida pública, não. Absterem-se de participar no tresloucado furor militarista, não. Cortar salários, sim. Malta corajosa. Pelo bem e pela pátria ditosa, tudo.
O Financial Times, por seu lado, avisa: “Com a invasão russa da Ucrânia já a fazer subir os preços dos alimentos e dos combustíveis para os consumidores europeus, há receios crescentes entre os economistas de que, se fornecimento de gás russo for cortado, a zona euro possa mergulhar numa recessão”.
Os “economistas” dizem eles, os pândegos, referindo-se a essa entidade una e facilmente inquirível, sempre à distância de um telefonema: "Está lá? Quem fala? São os economistas? O quê? Estão preocupados que os russos fechem a torneira? Que disparate! Bruxelas não teria pensado nisso?!".
Entretanto, a "ex-chanceler alemã Angela Merkel advertiu que isolar a Rússia não é possível a longo prazo, mesmo que o Presidente Vladimir Putin tenha cometido um 'grande erro' ao invadir a Ucrânia". (...) 'Se a Rússia cooperar agora com a China', disse ela, 'não tenho a certeza de que isto acabe bem para nós'".
Quem diria que a democrata-cristã Merkel era afinal uma Putinista dissimulada? Uma toupeira que nunca renegou o comunismo que a viu nascer? Um Neville Chamberlain do nosso tempo? Não sabe ela que o combate é entre o bem e mal e que as razões de Estado estão, neste caso, mas só neste caso, fora da equação? O que interessa se a economia alemã (e, por isso, a europeia) não funciona sem energia russa? Bem nos enganou. Como já haviam feito Papa e Lula. Malandragem sem valores éticos, sem coração.
Por outro lado, bravo e oportuno, Biden diz que a China quer tornar-se o país mais rico e poderoso, mas que isso "não vai acontecer no [seu] turno". Tão clarificador: mesmo filme, diferente cenário.
(clicar na imagem para aceder à fonte)
Mas animem-se. Os novos argumentos dos sinistros personagens do costume asseguram que não seremos tomados pelo tédio: “Um Estado deve ter alguma forma de responder eficazmente com as suas próprias forças nucleares - ou será dominado”. Não se apoquentem demasiado, contudo, que não há razão para isso. Como afirma Colby, a ideia não é guerra atómica mas tão só "sacrificar a paz a fim de a preservar".
6 comentários:
E oa russoa, coitadinhos, não tiveram outro remédio senão invadir e destruir a Ucrânia e ameaçar o mais pobres do mundo de fome e morte!
José não seja burricalho. Antes da guerra não havia fome no mundo?
Produção MUNDIAL De Trigo: Ucrânia : 4% . Como pode ser isso a causa de fome mundial? https://www.yara.pt/nutricao-de-plantas/trigo/producao-mundial/?fbclid=IwAR0PM82821YmmPN8RCsRgO_HnS9o1bIR7TJttEs61niBtk6tFZaZaPCI20s
QUEM MANDA NO MUNDO É O BIDEN E MAIS NADA : EUA autorizam a Venezuela a realizar algumas transações internacionais transações" internacionais relacionadas com a prevenção da Covid-19, entre as quais a compra de tratamentos, através da banca pública venezuelana.
ELES É QUE AUTORIZAM O QUE UM PAÍS SOBERANO PODE OU DEVE FAZER OU NÃO.
Entretanto a esquerda europeia domesticada aceita todas as traições e submete-se ao imperialismo americano- ( Polisários e Kurdos) com o PSOE e Podemos
https://www.noticiasaominuto.com/mundo/2014740/eua-autorizam-a-venezuela-a-realizar-algumas-transacoes-internacionais?fbclid=IwAR3ahD68dTHRrmQwmWo9JOLmdkWZC0vnbaBo62Jmka39IubPFPiypZTJiqg
Hoje dia 12 de junho 2022 - E ele a dar-lhe..... O ex-secretário de Estado dos EUA disse que a necessidade de levar em conta a posição da Rússia
Ex-secretário de Estado dos EUA Kissinger: o Ocidente deve considerar os interesses da Rússia na Ucrânia.
thetimes.co.uk
Henry Kissinger at 99: how to avoid another world war
Henry Kissinger turned 99 on May 27. Born in Germany at the height
https://www.thetimes.co.uk/article/henry-kissinger-at-99-how-to-avoid-another-world-war-lwt6q5vbq
Paz para breve? Ukraine to decide how much territory it trades for peace – NATO
Alliance chief Jens Stoltenberg said that peace comes at a price, but insisted it’s up to Ukraine
https://www.rt.com/news/557057-stoltenberg-ukraine-give-territory/
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