O artigo de José Crespo de Carvalho no Observador (ia dizer «where else?», mas há mais imprensa que publicaria o texto de bom grado), bem podia ter sido escrito por «um gajo de Alfama». Mas não, sai da pena de um professor catedrático, presidente do INDEG - ISCTE Executive Education (transitando da NOVA SBE), especialista na formação de executivos.
Dedicado ao impacto que a vinda de refugiados ucranianos terá no mercado de trabalho em Portugal, o texto está recheado de falsas perceções de senso comum, sobejando em precoceito e em clichés de mesa de café o que lhe falta em factos e conhecimento. Como se não bastasse, revela ainda total insensibilidade para com a condição dos que chegam vindos da guerra (encarados como mera mão-de-obra), dispensando-se José Crespo de qualquer referência à prioridade humanitária do seu acolhimento (apesar de, curiosamente, ser co-fundador da «We Help Ukraine», sabe-se lá, portanto, com que motivações).
O que desperta o interesse do catedrático é mesmo essa «nova força de trabalho» que está a chegar, 30 mil ucranianos que «trabalham mais e reclamam menos» do que os que cá estão («ninguém espere que sejam trabalhadores das nove às cinco», adverte Crespo), e que por isso podem, ao trazer um «mindset diferente daquele a que estamos habituados, (...) mudar o perfil do trabalho» no nosso país. Ou seja, todo um quadro mental que denota, nas entrelinhas, a defesa de muitas horas de trabalho (em nome de uma ideia obsoleta de «produtividade»), baixos salários (em nome de uma noção falhada de «competitividade») e poucas reivindicações (a bem de uma capciosa «paz social»). Um mimo.
José Crespo ainda não percebeu, por exemplo, que em Portugal se trabalha muito. Antes da pandemia, em 2019, o nosso país ocupava o 4º lugar, no conjunto dos 28 da UE, em termos de horas anuais por trabalhador, sendo apenas precedido pela Grécia, República Checa e Polónia. Mas quando se tem uma noção serôdia e ideologicamente enviesada de produtividade, como aquela que é dada pela Pordata (que interpreta este indicador como reflexo direto do «desempenho» dos trabalhadores), não há de facto muito a fazer.
Dedicado ao impacto que a vinda de refugiados ucranianos terá no mercado de trabalho em Portugal, o texto está recheado de falsas perceções de senso comum, sobejando em precoceito e em clichés de mesa de café o que lhe falta em factos e conhecimento. Como se não bastasse, revela ainda total insensibilidade para com a condição dos que chegam vindos da guerra (encarados como mera mão-de-obra), dispensando-se José Crespo de qualquer referência à prioridade humanitária do seu acolhimento (apesar de, curiosamente, ser co-fundador da «We Help Ukraine», sabe-se lá, portanto, com que motivações).
O que desperta o interesse do catedrático é mesmo essa «nova força de trabalho» que está a chegar, 30 mil ucranianos que «trabalham mais e reclamam menos» do que os que cá estão («ninguém espere que sejam trabalhadores das nove às cinco», adverte Crespo), e que por isso podem, ao trazer um «mindset diferente daquele a que estamos habituados, (...) mudar o perfil do trabalho» no nosso país. Ou seja, todo um quadro mental que denota, nas entrelinhas, a defesa de muitas horas de trabalho (em nome de uma ideia obsoleta de «produtividade»), baixos salários (em nome de uma noção falhada de «competitividade») e poucas reivindicações (a bem de uma capciosa «paz social»). Um mimo.
José Crespo ainda não percebeu, por exemplo, que em Portugal se trabalha muito. Antes da pandemia, em 2019, o nosso país ocupava o 4º lugar, no conjunto dos 28 da UE, em termos de horas anuais por trabalhador, sendo apenas precedido pela Grécia, República Checa e Polónia. Mas quando se tem uma noção serôdia e ideologicamente enviesada de produtividade, como aquela que é dada pela Pordata (que interpreta este indicador como reflexo direto do «desempenho» dos trabalhadores), não há de facto muito a fazer.
7 comentários:
José Crespo de Carvalho, outro esclavagista, como o Raul Martins, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal, que quer criar fluxos de imigração de mão-de-obra o mais barata e obediente possível.
José Crespo de Carvalho é apenas mais um malandro a chamar "malandro" ao trabalhador português, claro que tem espaço na "comunicação social", claro que o Partido "Socialista" o serve.
E depois ainda perguntam por que este país está no estado que está...
Mas que grande nojo que senti agora...
Este acho que dá para publicar: estou a ver este indivíduo a dizer que o holocausto foi uma maneira de ajudar os judeus... Parece me esse tipo de gente ..
Mas não percebo a admiração por ele ser professor onde é! São escolas de negócios... Não de humanidade, hombridade ou moral. Business as usual. Senti tanto nojo que tive de ir tomar banho! Ele só tem razão quando diz que o ódio é um combustível... Eu pelo menos fiquei com muita energia nos intestinos depois de ler isto. Falando em combustível, como o gasóleo tá caro pode ser que os ucranianos queiram puxar os carros de trela...
Uma coisa tão abjeta que só dá vontade de sair de Portugal.
Antes de mais acho que este senhor pensa que em vez de Ucranianos vai chegar um rebanho de carneiros "de faca nos dentes" e que vão trabalhar todo o trabalho que há para trabalhar em Portugal. Depois sobre a parte dos trabalhadores portugueses ele esquece-se que para poder debitar o seu lixo neste tipo de jornais online, está a cavalgar em cima de milhares de pessoas a ganhar o ordenado mínimo, que trabalham para as empresas de telecomunicações dia e noite e que gastam o seu coiro sem tempo para a família e poder educar os seus filhos, de forma a serem pessoas conscientes para levar Portugal para a frente no futuro, só para levar esse tal ordenado mínimo para casa. Pessoas essas sem contrato coletivo de trabalho, que entram para cumprir uma função e acabam a cumprir umas 20 com responsabilidade cada vez maior e sem que isso se reflita no seu bolso. Pessoas essas obrigadas a adiar a sua vida a vida inteira... Acho que este senhor sabe bem que se nos habituarmos ao cheiro da putrefação, facilmente nos vamos habituar a viver nela...
O cavalheiro esquece que a única coisa de que o autóctone precisa para se pirar é do BI. Importa talvez recordar que todos os estrangeiros a residir em Portugal juntos não chegam para compensar os que se piraram desde os tempos da Troika. Tendo o nível de vida mais baixo da Europa Ocidental, Portugal pura e simplesmente não é atractivo para estrangeiros. Até os refugiados sírios se puseram a andar e os ucranianos vão fazer igual.
E o comportamento dos Media? São a Voz do Dono e sem filtros...
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