terça-feira, 1 de março de 2022

Trio polémico


1. Tendo em conta os hábitos do Público, se Carmo Afonso continua a escrever assim arrisca-se a deixar de ser colunista mais cedo do que tarde: “As posições assumidas pelo PCP foram o pretexto para uma manifestação de anticomunismo digna da Guerra Fria, período em que os anticomunistas afirmam que o partido está. O regresso à história está ao virar da esquina”. Carmo Afonso continuará a escrever assim, estou certo. Do que já não estou certo é da necessidade de reinvenção da esquerda: soberanismo anti-imperialista, centrado na economia política, chega e sobra, cuidando de não reduzir a política externa à política interna.

2. Por contraste, Rui Tavares regressa ao Público com a mesma conversa equivocada de sempre: a UE, uma expressão do imperialismo, onde a lógica de classe do capital financeiro do centro europeu e a lógica geopolítica das grandes potências se articulam, seria afinal um obstáculo a um neoimperialismo que iria da Rússia à China. A posição razoável da República Popular deve ser sublinhada neste contexto. A propaganda europeísta está objectivamente ao serviço do ordoliberalismo armado.

3. Destacados académicos, como Rui Bebiano, continuam a insistir na mentira sobre o apoio do PCP à invasão de Putin. O historiador Bebiano, em linha com a falta de rigor sobre Lénine, insiste desta feita numa imaginária grande influência do PCP nas redes sociais, talvez para dar dignidade ao seu anti-comunismo nada frontal, até porque sempre sem nomes.

6 comentários:

Anónimo disse...

João Rodrigues, esta notícia soube há pouco pelos comunistas ucranianos que estão proibidos de existir na Ucrânia do Sr. Zelesky. Os presos comuns foram libertados para lutarem contra os russos, mas os prisioneiros políticos continuam presos.

Há dois modos de ver esta crise: o das mentiras e o das verdades. Neste momento, a verdade não está com os nazis ucranianos de «Aidar» e «Azov» e a Rússia até parece estar a fazer uma boa operação. Está a limpar o lixo que o ocidente fez na Ucrânia, tal como também fez na Síria.

Bom trabalho e resto de bom feriado.

Anónimo disse...

Leu bem o artigo da dra Carmo Afonso? os mais descabelado subjectivismo e antiputinismo primário. Nada disso a tirará das páginas do Público.

Refer&ncia disse...

Quando os membros do batalhão de azov começarem a desembarcar na portela, será tarde para os bebianos deste país perceberem a quem andaram a bater palmas.

Óscar Pereira disse...

É que já não há pachorra para tanta imbecilidade. Sendo certo que o PCP, a meu ver, peca por alguma confusão no modo como exprime as suas ideias (tenho para mim que isso explica, em parte, o desaire eleitoral, mas isso é outra conversa...), o partido apenas se recusou a condenar UNILATERALMENTE a situação, sem olhar para o que se passou antes.

Os Eurófilos/NATÓfilos que lêem este espaço talvez achem engraçado saber que uma das pessoas que concorda com esse modo de ver as coisas, é um tal Jack F. Matlock -- que foi apenas embaixador dos US para a então URSS, durante os anos de Reagan e Bush 41. Vale a pena ler na íntegra, para ver o modo como um insider descreve as sucessivas provocações que o ocidente fez a Putin/Rússia (o texto foi escrito uma semana e pouco antes da invasão). Justifica isso o que se está a passar? Claro que não -- mas mostra o erro que é ter uma visão unilateral das coisas. Como parece, infelizmente, ser o caso de (quase) todas as personagens no nosso espaço mediático...

https://www.defenddemocracy.press/acura-viewpoint-jack-f-matlock-jr-todays-crisis-over-ukraine/

"So far as Ukraine is concerned, U.S. intrusion into its domestic politics was
deep—to the point of seeming to select a prime minister. It also, in effect,
supported an illegal coup d’etat that changed the Ukrainian government in 2014,
a procedure not normally considered consistent with the rule of law or
democratic governance. The violence that still simmers in Ukraine started in
the “pro-Western” west, not in the Donbas where it was a reaction to what was
viewed as the threat of violence against Ukrainians who are ethnic Russian."

(Recorde-se que isto são palavras de um diplomata americano.)

Anónimo disse...

Rui Tavares é o eterno 'bullshitter'. E sempre rodeado do seu séquito de 'bullshitters'. A realidade para eles é o que eles dizem ser. Desta forma temos uma pessoa que trata todo um partido como sua propriedade, nem se dando ao trabalho de pertencer à liderança do partido para pôr e dispor do mesmo à sua bela vontade, sem que isso cause qualquer confusão aos bullshitavaristas.
Se esta União Europeia já esqueceu os princípios da paz para promover a guerra de forma tão descarada, o que faria um União Europeia Federal e unida...

Anónimo disse...

João Rodrigues, apesar de terem censurado os canais RT (na TV e internet) e a Sputnik (na internet), soube hoje, através da Telesur (de um correspondente internacional) que os membros do batalhão Azov (nazis), estão a aproveitar esta operação russa para saquear e roubar o que podem. Por outro lado, aquilo que este batalhão fez em Mariupol - não deixar ninguém sair e matar todos aqueles que o tentassem - está a ser dado como algo que os russos fazem na sua operação, em cada cidade ucraniana.
Os nazis na Ucrânia comportam-se tal como os nazis se comportaram na segunda grande guerra. Os russos prosseguem a sua operação para acabar com estes grupos e, por isso, estou com eles e desejo-lhes a melhor sorte, pois esta tarefa (acabar com o nazismo) é árdua.