O gráfico ao lado mostra as previsões sistematicamente (e consistentemente) erradas do BCE sobre a evolução da inflação na zona euro. John Kenneth Galbraith não se enganou quando disse que "a única função das previsões económicas é fazer a astrologia parecer respeitável".
No entanto, o problema não se resume a meros erros de previsão: a necessidade de controlar a inflação serve para justificar uma atuação mais contida do banco central. Mas a política expansionista que o BCE apenas adotou como último recurso (a oposição de Merkel e do governo alemão impediu que o fizesse mais cedo) foi a única forma de atenuar os danos do colapso financeiro de 2007-08 e conter o pânico na zona euro, ainda que se trate de uma resposta incompleta que alimenta novas bolhas especulativas.
Além disso, as previsões alarmistas sobre o nível de preços costumam ser usadas pelos economistas convencionais como um dos fundamentos para as políticas de austeridade que devastaram a periferia europeia depois da crise. Seria mais acertado ter alguma inflação e crescimento dos salários para recuperar a procura na zona euro, mas as instituições europeias preferem a recessão - a crise é a mais eficaz forma de manutenção e reforço do seu poder. Restam dúvidas sobre a atuação política de um banco central que se supõe e se apresenta como independente?
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
6 comentários:
Haaa, os famosos "Hockey Sticks" do ECB...
Consta que estão a treinar para um campeonato (de Hockey) com os do IMF/FMI.
Artistas da bola e do patim.
LOL
S.T.
Prefere que não se façam previsões de todo? Se alguém prevê 1,6% e lhe sai 1,2% como na figura, eu diria que a coisa não está nada mal. Pelo menos esta Economia é falsificável. Arrisca prever alguma coisa, nem que o tiro lhe saia ao lado...
Depois, com inflação tão baixa, os erros relativos são sempre enormes...
Há quem prefira antes agitar as mãos e gritar muitas vezes 'Economia Política!'... Olhando para o desastre venezuelano, por exemplo, eu digo logo, tragam-me já as grilhetas de Bruxelas...
Vocês blogger´s de economia têm de perceber que a devastação não foi na periferia da zona euro, foi por toda a Europa e contínua.
A ausência de inflação, significa deflação e se vocês (blogger´s de economia) reflectirem tudo tem sido feito para retirar riqueza e posses aos pequenos investidores, proprietários ou trabalhadores, a "crise" foi só a 1ª etapa...
É interessante verificar como a perspectiva defendida por Jaime Santos se esboroa por todo o lado. Como diz Adam Tooze, se os erros são consistentes, isto é sistemáticos, só quem fôr parvo é que pode acreditar que são cometidos em boa-fé. Teríamos de acreditar que o ECB está recheado de estúpidos que repetem ad aeternum o mesmo erro. Não proferiremos tal insulto! ;)
A invocação da Venezuela releva mais uma vez da parvoeira de tentar empurrar para um radicalismo que não existe no texto do post original. As grilhetas de Bruxelas são só mais uma vez a repetição ad nauseam do credo neoliberal-europeísta.
Mas os tempos mudam. E assistem-se a rendições intelectuais de personalidades ligadas à esquerda-fake ou esquerda neoliberal.
E a importância de tais rendições intelectuais é legitimarem a abordagem de uma esquerda firme nos seus valores mas frequentemente descrita como "radical" pelos compadres do Sr Jaime Santos.
Hoje trago-vos uma dessas sonantes rendições intelectuais. Nada mais nada menos do que Brad DeLong economista da University of California-Berkeley e figura proeminente da ala direita do pensamento económico do Democratic Party nos USA.
https://www.vox.com/policy-and-politics/2019/3/4/18246381/democrats-clinton-sanders-left-brad-delong
A crítica de DeLong incide na chamada "batalha do centro", segundo a qual para se ganhar eleições é necessário apoiar políticas que sejam uma espécie de mediana das posições entre a esquerda e a direita.
Se tivermos tempo faremos a tradução de algumas parágrafos mais significativos, mas todo o artigo mereceria ser traduzido por um esforço cooperativo como o adoptado pelo site francês "Les Crises".
S.T.
Se se aceitar o disparate que a política económica deve ser neutra politicamente poderá então dizer-se que um banco central pode ser 'independente' politicamente.
Juntar palavras não é necessariamente pensamento.
Jaime Santos quer fazer-nos passar por tontos e parvos.
José quer fazer-se passar por dotado. Em inteligência claro, porque isso de pensamento só mesmo através dos seus ajuntamentos de palavras
Eis o panorama oferecido por aqueles que se juntam à esquina a tocar a concertina e a dançar a dança do neoliberalismo tosco
Uma tristeza confrangedora.
Enviar um comentário