sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Não esquecer a história


«Como escreveu António Arnaut no livro "Salvar o SNS", e passo a citar, "a lei 48/90 visou essecialmente a descaraterização constitucional do SNS e reduzi-lo ao objetivo de um serviço público de índole caritativa para os mais pobres. Ora, num momento em que o SNS está prestes a completar quarenta anos, e deu já tantas provas de fazer parte da nossa identidade como país, importa corrigir aquela descaraterização e aquele reducionismo".
Não tenho dúvidas que esta casa conhece bem o texto da Lei de Bases da Saúde atualmente em vigor. Mas saberão os portugueses, lá em casa, que nela se escreve que "é apoiado o desenvolvimento do setor privado da saúde, em concorrência com o setor público"? E que a política de recursos humanos para a saúde visa "facilitar a mobilidade de profissionais entre o setor público e o setor privado"?
(...) Importa não esquecer a história. Não para remexer nas feridas ou para colher louros, mas para evitar erros. Com a oposição do PSD, CDS e deputados independentes social-democratas, que então declararam lamentar "esta doença infantil da nossa democracia", foram os votos do PS e do PCP que permitiram aprovar, na Assembleia da República, a lei do SNS. Com a oposição do PS e do PCP, foram o PSD e o CDS que, em 1990, aprovaram uma Lei de Bases que o então ministro da Saúde, Dr. Arlindo de Carvalho, apresentou, referindo como tendo o intuito específico de "revogar esse verdadeiro subproduto de um falso romantismo iluminado, que é a lei de Dr. Arnaut". Estou certa, senhores deputados e senhoras deputadas, que esta câmara saberá, agora, colocar-se do lado certo da história.
»

Marta Temido, ministra da Saúde, na discussão das propostas de revisão da Lei de Bases do setor.

5 comentários:

Jose disse...

Sempre me comove a preocupação da esquerdalhada em provisionar a saúde dos ricos enquanto planeiam sacar-lhe a última das rendas.
É uma evolução assinalável desde o tempo dos kulaks.

vitor disse...

Se ainda houvesse um pingo de vergonha na cara nalgumas bancadas daquele hemiciclo e era o momento ideal para algumas alminhas irem tomar um cafézinho. Mas claro que não foi assim. E hoje mesmo já pudemos assistir a mais um episódio de falta de decoro - como lhe chamou o PM. Da parte das mesmas bancadas, Na mesma câmara. Discutia-se no Parlamento a auditoria à CGD.

Pedro disse...

Sei que esta não vai passar a censura, mas é para os próprios.

Queria só perguntar aos responsáveis por um blog que se dizem defensor das liberdades e tal, como coadunam isso com a censura que fazem nas suas próprias caixas de comentários.

Pedro disse...

Obrigado por terem deixado passar esta na vossa censura.

Mas ninguém me responde porque falam falam falam de liberdade de debate e depois censuram as caixas de comentários ?

Mano disse...

Porque palavras de burro não chegam ao Céu.