sábado, 9 de dezembro de 2017

Sem soberania monetária não há desenvolvimento


Uma intervenção de 2014 que continua actual.

Tendo em conta o tema da intervenção, aproveito para responder, sucintamente, às perguntas mais frequentes sobre a saída do euro, uma súmula que tenho vindo a divulgar no Facebook:

Dúvidas sobre a saída do euro
a) Contratos entre residentes
Todos os contratos realizados ao abrigo da legislação nacional são convertidos na nova moeda. Isto inclui depósitos bancários e contratos de crédito realizados pelos privados junto dos bancos residentes em Portugal.
b) Dívida pública emitida pelo Estado
Os títulos de dívida são convertidos na nova moeda caso tenham sido emitidos ao abrigo da legislação nacional (Lex Monetae - ver no Financial Times um artigo de Gilles Thieffry sobre a Grécia). O Banco de Portugal é retirado do sistema do euro por decreto do governo.
c) Dívida privada externa
Deveria manter-se em euros para não prejudicar as relações comerciais. O acréscimo nas dívidas resultante da desvalorização deve ser tratado segundo o tipo de empresa (Petrogral, EDP e outras, suportam o encargo porque também têm activos no estrangeiro que se valorizam; as médias empresas são apoiadas pelo Estado nesse diferencial).
d) Salários de funcionários e investimento público
Estão garantidos porque o défice orçamental é financiado pela emissão na nova moeda de títulos de dívida que os bancos estão interessados em comprar, ou por emissão monetária sem juros.
e) Pensões
Estão garantidas porque as pensões pagas em cada mês são financiadas pelos descontos efectuados mensalmente, o que não é problema com desemprego baixo. Se necessário, um défice do orçamento da segurança social é sempre coberto por uma transferência do orçamento do Estado. Tal como os salários, as pensões serão indexadas à inflação.
f) Financiamento das importações de bens essenciais
Não é problema sério porque as contas externas estão perto do equilíbrio. Ainda assim, para ter uma reserva de segurança em divisas, não será difícil obter crédito comercial externo contra garantia em ouro, ou outras contrapartidas, até que a desvalorização (acompanhada de outras políticas) consolide o equilíbrio da balança corrente. O ADB (Banco Asiático de Desenvolvimento) pode ser uma alternativa ao FMI.
g) Nacionalização dos bancos
Para garantir que o controlo dos movimentos de capitais não fica nas mãos dos actuais banqueiros, e também porque há bancos que ficam falidos com dívidas ao exterior em euros, o sistema bancário será recapitalizado e nacionalizado. Mais tarde, encontrar-se-á uma fórmula institucional que impeça os governos de partidarizarem as administrações dos bancos. O crédito voltará a ser controlado pelo Banco de Portugal.
h) Espanha e Argentina
Uma saída de Portugal do euro obrigaria a Espanha a fazer o mesmo para não perder mercados. Aliás, quando um país sair, outros irão atrás, tal como aconteceu na Europa dos anos 30 com o padrão-ouro. Ao contrário do que alguns afirmam para assustar as pessoas, a Argentina foi conduzida à bancarrota pelas políticas neoliberais, incluindo a decisão de fixar uma paridade irreversível com o dólar. A recuperação começou logo no segundo trimestre após a desvalorização do peso. A crise mais recente é outra história e confirma a ideia de que a saída do euro é uma condição necessária para o desenvolvimento do país, mas não é suficiente.
i) Moeda comum
Após a saída do euro, para os países que queiram participar, é possível organizar uma zona de “moeda comum” (moeda bancária para as relações com o exterior da zona), com câmbio ajustável periodicamente face à evolução das respectivas balanças externas. As moedas nacionais ficariam protegidas da especulação financeira internacional.

112 comentários:

Anónimo disse...

Excelente sistematização. Não me parece que existam riscos significativos em qualquer das alíneas e muito menos no conjunto de todas.

Anónimo disse...

Uma excelente súmula de questões para o debate sobre a permanência ou saída do euro mas, não tardará a aparecer por aqui o euro-deslumbrado e euro-dependente JS a dizer que isto não chega para levantar a questão e o debate, que é preciso apresentar já o programa e com gráficos (de barras, de pontos, etc e tal) e notas de rodapé porque se não acaba-se já a discussão e quem manda é a Alemanha que ela é que sabe criar as condições que interessam aos moço-euro, e ainda levamos com as invectivas e impropérios.

Rui disse...

Muito bom. Um óptimo ponto de partida para lançar o debate!
Pena que por enquanto apareça apenas no Facebook e no blog em vez da primeira página do negócios, do Eco e do suplemento de economia do Expresso.



Jaime Santos disse...

Concordo que é um excelente resumo por onde começar o debate. E como tal, aqui vão algumas questões:

- Está contabilizado o custo para as empresas e para o Estado do financiamento daquelas que não forem capazes de se auto-financiar (e quantas grosso modo ficariam em risco de falência)?

Está assegurado que, como aconteceu por exemplo no caso da Argentina, não há riscos de litigância internacional relativamente a bens que o Estado Português possua e que estão à guarda de outros países (a generalidade da reserva de ouro está, creio no Reino Unido e nos USA e a reserva petrolífera está, creio, na Alemanha)? Se bem me lembro, a Argentina foi processada em jurisdição britânica.

Está assim tão certo de que uma saída do Euro não ocasionaria, por exemplo por via de falências internas ou de represálias externas, uma penúria no mercado interno (o Jorge Bateira assume que uma coisa muda e tudo o resto permanece igual, o que convenhamos é uma hipótese bastante otimista) que levaria a uma inflação largamente superior aquela que se deveria à desvalorização da nova moeda em relação ao Euro (determinada, grosso modo, pelo peso das importações no PIB)?

Está assim tão certo que seria possível utilizar as reservas de ouro como garantia em empréstimos de moeda forte (a quem concretamente recorreríamos), quando as regras internacionais normalmente não permitem que se toque nessas reservas?

Qual é o risco de um embargo económico por parte da Espanha (ou outras represálias)? Imagino que não ficariam muito satisfeitos de serem obrigados a desvalorizar a sua moeda como aqui anuncia alegremente.

Em quanto aumentaria a dívida pública por via de medidas como o financiamento às empresas ou outras?

Realizou alguma simulação do seu modelo económico para determinar as bandas possíveis para a queda do PIB, inflação e outras variáveis económicas?

Importa-se de nos facultar os seus números? Obrigado.

Anónimo disse...

Algumas perguntas singelas ao Jaime Santos:

-Está contabilizado o custo para os portugueses, para as pequenas empresas, para o Estado, pela continuação e agravamento da situação de dependência monetária, económica, política, social face a uma UE que representa os grandes interesses do centro europeu?

-Está assegurado que no futuro não há riscos de litigância internacional relativamente a bens que o Estado Português possua e que sejam confiscados segundo as regras dos tratados que nos amarraram aos ditames de Bruxelas?

-Está assim tão certo que a permanência no Euro não ocasionaria, por exemplo por via de falências internas uma penúria no mercado interno e uma ruptura das condições sociais de um número cada vez maior de portugueses?

-Está assim tão certo que não seria possível utilizar as reservas de ouro como garantia em empréstimos de moeda forte (a quem concretamente recorreríamos está escrito com todas as letras no texto)?

-Está assim tão certo que as regras internacionais não permitem que se toque nas reservas de ouro?

-Qual é o risco de um embargo económico por parte da Espanha (ou outras represálias? Talvez mesmo a invasão de Portugal, deixando as mãos livres à Catalunha para avançar de modo decisivo na independência.
Está mesmo certo que o putativo embargo espanhol não durava o tempo em que durasse a não percepção de perda de mercados para o exterior? Ficaria muito triste se deixasse de ir ao Corte Inglês e à Zara, mesmo que transitoriamente? Ficaria ofendido se a nossa industria têxtil recuperasse um pouco mais?

-Em quanto aumentará a dívida pública mantendo-se a situação como está,por via de medidas estranguladoras da nossa economia? Sem possibilidades de nos desenvolvermos, amarrados a um euro que nos delapida e sangra?

-Realizou alguma simulação deste modelo económico em que somos sugados pelo euro, para determinar as bandas possíveis para a queda do PIB, inflação, desemprego, cortes sociais, privatizações, e outras variáveis económicas que ocorrerão no futuro?

Al disse...

Jaime santos, as suas questoes sobre embargo economico e represalias sao reveladoras da falencia do projeto neoliberal da UE. Se isso e' o que resta para sustentar o euro, nao ha muito a discutir a nao ser criar condiçoes para tirar dai o pais.

Anónimo disse...

Mais uma vez se agita o espantalho das desvalorizações de moeda, neste caso em relação a Espanha, que ficaria supostamente muito perturbada se tal sucedesse, a ponto de, imagine-se fazerem um embargo a Portugal.

Por que não metem de uma vez por todas na cabeça que uma moeda livremente flutuante estabelece o seu equilibrio cambial no mercado internacional de divisas?
Muita confusão me faz que pretensos mas muito falsos liberais neguem as virtudes dos mercados, neste caso monetários.

A variação de cotação de uma moeda, ao espelhar a procura e a oferta dessa divisa é a forma mais simples e eficaz de criar um equilíbrio económico saudável com os parceiros comerciais de qualquer país.
É aquilo que se chama um estabilizador automático.

As anomalias como o Euro em que utilizamos uma moeda sobreavaliada em relação à fraqueza da nossa economia é que distorcem o mercado e roubam competitividade às nossas empresas exportadoras.

Para Espanha e Itália o problema coloca-se exactamente da mesma maneira, apenas de maneira menos premente que para Portugal porque as suas RER (Real Exchange Rate) não estão tão desfasadas do valor do Euro.

Como é óbvio, qualquer país com dificuldades na sua balança comercial procurará desvalorizar a sua moeda porque é a forma mais simples de conquistar competitividade para as suas indústrias exportadoras.

Portanto a desvalorização não é um drama. É um instrumento normal de politica económica e já seria tempo de parar com as cretinices a esse respeito.

Anónimo disse...

"Não passa! E a saída do Euro não passou!"

Este seria um fantástico poema de Ary, a celebrar a Alegria na União dos Povos da Europa!

Taxa de inflação em Portugal desde 1978 até agora, dados da Pordata. O algodão, ou melhor, os números, não enganam.

O limbo é exatamente a partir de 2002, quando o Euro impediu que os demagogos e irresponsáveis de Portugal imprimissem moeda para "suprir as necessidades do povo". Como não puderam imprimir moeda, imprimiram dívida através de obrigações, o que na prática ainda foi pior pois é paga com juros.

Mas foram os governantes portugueses que contraíram a dívida, ninguém nos obrigou a endividarmo-nos. Que raio! A opção foi nossa. A Holanda tem 60% de dívida pública. A Alemanha 60%, a Irlanda 72%, Austria 82%, etc. Contrair dívida é sempre uma opção de mútuo acordo.

Debater política monetária com neo-marxistas, é como explicar Estratigrafia a Testemunhas de Jeová, é uma terefa inglória. Assim como a Terra tem cerca de 4,5 mil milhões de anos pois as rochas não enganam, todos os números históricos da inflação (empobrecimento) demonstram que a esquerda não tem razão na matéria do Euro. Mas que fazer? É uma questão de dogma e não de Razão!

Anónimo disse...

"Por que não metem de uma vez por todas na cabeça que uma moeda livremente flutuante estabelece o seu equilibrio cambial no mercado internacional de divisas?"

A sério? Mas a esquerda ainda acredita no Pai Natal? Desvalorização do bolívar venezuelano que ronda os 1000 por cento ao ano, sem qualquer tipo de "equilibrio cambial no mercado internacional de divisas"! Numa economia de divisas com valor livre - agora até os neo-marxistas evocam os benefícios do liberalismo no mercado de dividas - o valor da divisa depende diretamente apenas da capacidade económica e competitividade do país em causa.

Como não temos a indústria alemã, os únicos benefícios do Escudo seriam a desvalorização cambial e o empobrecimento das famílias e trabalhadores para tornar o trabalho mais competitivo lá fora, aumentando as exportações.

"As anomalias como o Euro em que utilizamos uma moeda sobreavaliada em relação à fraqueza da nossa economia é que distorcem o mercado e roubam competitividade às nossas empresas exportadoras."

Maravilhas do neo-marxismo, pelo menos aqui um neo-marxista sério quando escreve, raridadade hoje em dia. Ou seja, ao se desvalorizar o trabalho, ao se desvalorizar os salários, ao se desvalorizar as pensões, o estado alivia a carga da despesa pública através da inflação e as empresas ficam mais competitivas lá fora. Os patrões agradecem o Escudo! A esquerdalhada critica Passos por desvalorizar salários e pensões nominalmente, mas já não se cheteia com desvalorização real e disfarçada.

"Portanto a desvalorização não é um drama."
Claro que não, não há dramas! Na Venezuela chega aos 1000% ao ano a inflação, e já andam a invadir o zoo de Caracas para caçar animais para comida. Não acredita? Pois eu também não acreditava, mas consta que é verdade. Quando o povo já come os animais do zoo, pode ver que não há qualquer drama na desvalorização cambial.

Debater Economia com neo-marxistas é como debater Geologia com Jeovás! É uma questão de dogma! É uma tarefa inútil!

Anónimo disse...

Ou seja, o Escudo permite um "empoprecimento virtuoso"!

Seja intelectualmente honesto e admita que as virtudes da moeda própria para uma economia como a de Portugal são o empobrecimento. E não use eufemismos. A grande virtude económica da moeda própria em Portugal é o empobrecimento em relação ao exterior, diminuindo o défice da balança de pagamentos. E se quer ter um debate sério, seja intelectualmente honesto e admita-o sem usar eufemismos.

Anónimo disse...

Tem graça mas li um comentário muito semelhante ao do anónimo das 20 e 12 num outro post, "A Crato o que é de Crato" de Nuno Serra, mas escrito por volta das 14 e 02

Acontece que o comentário destoava fortemente pelo local onde se encontrava e a isso foi chamada a atenção do sujeito.

Foi tresladado o comentário agora para aqui, com algumas correcções feitas à pressa e sem um qualquer justificativo ou um pedido de desculpas pela trapalhada

É certo que estará tão ocupado a multiplicar-se em variados e múltiplos nicks que até se atrapalha nos posts e nos locais de escrita.
Mas ao menos podia ter a decência de esclarecer as coisas e os seus enganos.

O estilo não engana. Enganos vários, trapalhadas múltiplas, falta de verticalidade.

Anónimo disse...

Mas há mais perplexidades.

A que propósito citar Ary e expor um fragmento da treta que este nunca escreveu?

Cite-se:
"Não passa! E a saída do Euro não passou!"
Este seria um fantástico poema de Ary, a celebrar a Alegria na União dos Povos da Europa!"

Seria? Mas não é? Então para que inventar estas coisas? Porque colocar na boca de outros coisas que os difamam e que contrariam tudo o que foram ao longo da vida?


Porque esta mistela assim produzida mostra três coisas, pelo menos:
- que não há qualquer pudor em aldrabar e em fazer citações que não existem para servir propósitos escuros
- que, e ainda mais grave do que isso, não há qualquer escrúpulo em insultar a memória alheia.
- que a ignorância fazendo-se passar por erudição é uma coisa muito má. E deixa estas coisas num estado lastimável. Borreguices que ficam coladas à pele de quem sistematicamente as usa

Anónimo disse...

Ary era frontal. Chamava o nome aos bois. O seu poema "Objecto" começava assim:

"Há que dizer-se das coisas
o somenos que elas são.
Se for um copo é um copo
se for um cão é um cão.
Mas quando o copo se parte
e quando o cão faz ão ão?
Então o copo é um caco
e um cão não passa dum cão."
...

e terminava

"Assim se chamam as coisas
pelos nomes que elas são".

Ary era frontal. Sem papas na língua. O que diria de quem metesse a martelo estas palavras tão idiotas como desonestas na sua própria boca?

"Não passa!E a saída do Euro não passou!"

O "seria um fantástico poema de Ary, a celebrar a Alegria na União dos Povos da Europa!" é assim um pequeno vómito.

Denunciador de processos e de uma hipocrisia acima do que é tolerado.

E quem diz estas borregadas é o mesmo que vem falar em ser "intelectualmente honesto"?

Este tipo é uma fraude. E um aldrabão. Está ao nível de Passos Coelho. Um neoliberal da treta, desprezível e ...

Anónimo disse...

Vamos vendo que a "mistela" de Pimentel Ferreira continua:

"O limbo é exatamente a partir de 2002, quando o Euro impediu que os demagogos e irresponsáveis de Portugal imprimissem moeda para "suprir as necessidades do povo".

Já lá vamos ao estado de limbo e ao ano de 2002. Importa aqui sublinhar esta linguagem boçal.
"suprir as necessidades do povo".

Repare-se na sugestão de enjoadinho como se fala assim no "povo". E nas suas necessidades.

Necessidades era coisa só mesmo para a trupe para quem Passos Coelho governava...

Anónimo disse...

"O algodão, ou melhor, os números, não enganam"

Já lá vamos às pantominices neoliberais sobre a inflação.Cansa ter que desmontar os mantras destas coisas repetidamente. Talvez seja por isso que Pimentel Ferreira aparece aqui clandestinamente.

Vamos a 2002:

"Até 2002, o PNB alemão era inferior ao PIB alemão, o que significava que uma parcela da riqueza criada na Alemanha ia beneficiar os habitantes de outros países. A partir da criação da Zona Euro em 2002, a situação inverte-se rapidamente: o PNB alemão passa a ser superior ao PIB alemão, ou seja, superior ao valor da riqueza criada na Alemanha. Isto significa que uma parcela da riqueza criada em outros países é transferida para a Alemanha indo beneficiar os habitantes deste país. Só no período 2003-2015 estima-se que a riqueza criada em outros países que foi transferida para Alemanha, indo beneficiar os seus habitantes, atingiu 677.945 milhões €, ou seja, o correspondente a 3,8 vezes o PIB português.

Na Grécia e em Portugal aconteceu precisamente o contrário como mostram os dados da Comissão Europeia. Na Grécia até 2001, o PNB grego (a riqueza que o país dispunha anualmente) era superior ao PIB (o que era produzido no pais). No entanto, a partir de 2002, com a criação da Zona Euro, começa a verificar-se precisamente o contrário. Uma parcela da riqueza criada na Grécia é transferida para o exterior indo beneficiar os habitantes dos outros países. Em Portugal aconteceu o mesmo mas logo após a entrada para a União Europeia em 1996.

Como revelam os dados da Comissão Europeia, se consideramos o período que vai desde a criação da Zona do Euro (2002-2015) a riqueza criada na Grécia que foi transferida para o exterior, indo beneficiar os habitantes de outros países, já atinge 48.760 milhões €.

Em Portugal tal situação começou poucos anos depois de entrar para a União Europeia. Em 1995, o PNB português, ou seja, a riqueza que o país dispôs nesse ano ainda era superior ao PIB, ou seja, à riqueza criada nesse ano em Portugal, em 353 milhões €. A partir de 1996, o PIB passou a ser superior ao PNB, ou seja, uma parte crescente da riqueza criada em Portugal começou a ser transferida para o exterior indo beneficiar os habitantes de outros países. No período 1996-2015, o valor do PIB deste período (20 anos) é superior ao valor do PNB deste período em 70.751 milhões €. Tal é o montante de riqueza líquida criada em Portugal que foi transferida para o exterior indo beneficiar os habitantes de outros países, incluindo os da Alemanha. E como mostram também os dados após a entrada de Portugal na Zona Euro em 2002, a transferência da riqueza criada em Portugal para outros países aumentou ainda mais (só no período da "troika" e do governo PSD/CDS a transferência liquida de riqueza para o exterior que foi beneficiar os habitantes de outros países atingiu 20.807 milhões €).

Os números não enganam. Nem os exercícios de malabarista de circo a falar no algodão.

Anónimo disse...

Num artigo de Eugénio Rosa publicado em Fevereiro de 2015 :O mito de que é a Alemanha que financia a União Europeia
"provamos, utilizando dados da própria Comissão Europeia, como a Alemanha beneficiou com a criação da União Europeia e, nomeadamente, da zona euro. Para isso, mostramos como de uma situação deficitária, em que a Alemanha se encontrava antes da Zona Euro, em que tinha de transferir uma parte da sua riqueza para outros países, ficando com menos do que aquela que produzia, passou para uma situação altamente vantajosa, em que se apropria de uma parcela importante da riqueza criada em outros países, nomeadamente nos da União Europeia, acabando por ficar com uma riqueza muito superior à que produz, o que contribui para o seu nível de desenvolvimento e bem-estar. Neste estudo, como tínhamos prometido, vamos analisar os mecanismos utilizados pela Alemanha para alcançar essa situação vantajosa.

Para compreender isso, é preciso ter presente que a Alemanha, contribuindo apenas com 27,14% para o " Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira " , que é responsável pelo apoio aos países da U.E. em dificuldades; e com apenas 17,99% do capital do BCE, e somente com 13% do capital do FMI, no entanto, devido à submissão/vassalagem dos governos e dos " opinion-makers" que dominam os media dos países da União Europeia está a conseguir alcançar, utilizando os mecanismos financeiros subtis, aquilo que não conseguiu com as armas e guerras mas que sempre ambicionou, que é o de impor a sua vontade e domínio a toda Europa, tirando disso elevadas vantagens. A sra. Merkel, à semelhança de Ricardo Salgado, quer ser a "dona de tudo isto" , que é a União Europeia".

Anónimo disse...

2002 é assim um ano extremamente importante.

Tão importante que Pimentel aparece por aqui com a bandeira da inflação na mão e a gritar pelos "demagogos e irresponsáveis" de Portugal mais a taxa de inflação. Como que a sublinhar que o euro é uma grande coisa, uma espécie de "Alegria na União dos Povos da Europa" na sua escrita tonta, e que o mel jorrará lá do alto de Bruxelas.

E que o Euro salvou Portugal porque "impediu que os demagogos e irresponsáveis de Portugal imprimissem moeda para "suprir as necessidades do povo"."

Já vimos quem lucrou com o euro.

Mas sigamos por momentos o raciocínio de pimentel . O polícia bom que era a UE impediu que criássemos moeda. Uma coisa boa , segundo a óptica deste tipo. Mas depois o que vemos no argumentário do mesmo Pimentel?
"imprimiram dívida através de obrigações, o que na prática ainda foi pior pois é paga com juros."

Sem o querer, de forma deliciosamente trapalhona, desemboca o próprio neoliberal na conclusão que se tivéssemos continuado a imprimir moeda teria sido melhor, já que não teríamos imprimido dívida através de obrigações a serem pagas por juros.

Ver o Pimentel a argumentar contra o Pimentel dá algum gozo, confessemos

Anónimo disse...

Continua Pimentel

"Mas foram os governantes portugueses que contraíram a dívida, ninguém nos obrigou a endividarmo-nos. Que raio!"

Que raio. Que raio precisamente

Que raio de demagogia barata é a apresentada por este tipo já que foram os governantes portugueses que nos enredaram na armadilha do Euro. Foram os governantes portugueses que ao serviço de uma agenda neoliberal, ao serviço de grandes interesses económicos nos meteram na camisa de forças que é o euro.

E quem foram estes governantes? O bloco central de interesses, com o PP a servir de submarino. Bloco central de interesses decididamente ao serviço dos interesses privados e onde cambeia toda a tralha neoliberal.

Anónimo disse...

Pensar-se-ia que a referência aos "demagogos e irresponsáveis" tivesse sido dirigida a quem permitiu o Euro no nosso país sem qualquer escrutínio.

Até porque "contrair dívida é sempre uma opção de mútuo acordo".

Ora não houve mutuo acordo válido no primeiro caso. E o segundo caso é simplesmente uma fraude.

Quando a divida pública dispara também para cobrir a dívida privada, quem é que dá o seu acordo a tais manigâncias? Quando se socializam os prejuízos privados onde está a opção de mútuo acordo entre quem contraiu a dívida e quem a vai pagar?

Mas a questão é mais funda que esta.

Anónimo disse...

Uma nota de aviso: não adianta Pimentel fazer uso das fitas costumeiras.

Para dar um cariz de autenticidade e de veracidade aos seus mantras neoliberais Pimentel avança com umas coisas como estratigrafia mais as testemunhas de jeová a que junta a idade da terra.

Como se, para fazer passar as suas aldrabices e os seus mantras, as suas convicções ideológicas e a sua "razão" precisasse de as colar com factos concretos e reais.

Ó Pimentel!

Francamente. Vossemecê acha mesmo que por aqui somos todos tontinhos? E que nos ofuscamos perante tais exercícios circenses, sem notarmos que tal tentativa de dar foros de ciência ao que diz é apenas uma espécie de travesti argumentário a ver se passa por aquilo que não é?

Com as devidas distâncias na comparação e sem arrastar de forma nenhuma o Pimentel para os exemplos a seguir dados, é como se um ladrão ou um proxeneta deixasse de o ser só porque aparece de braço dado com o respeitável professor lá da terra.

Unabomber disse...

Algumas questões PARA o amigo J.Bateira:

a) Contratos entre residentes
- Quanto é que os depositantes vão perder com a conversão na nova moeda? E qual a "nova" taxa de Juro dos emprestimos à habitação?

b) Dívida pública emitida pelo Estado
- O que acontece com os títulos de dívida que não foram emitidos ao abrigo da legislação nacional?

c) Dívida privada externa
- Onde é que depois o Estado vai buscar euros (divisas) para apoiar as médias empresas?
- Os activos que a Galp, EDP e outras no estrangeiro continuam a ter o mesmo valor em Euros, as receitas que essas empresas irão ter em novos escudos é que representam menos euros: não é assim amigo Bateira? - Será que as receitas dos activos externos dessas empresas cobrem o serviço da divida externa dessas empresas?

d, e) Salários de funcionários e investimento público e pensões
- Quais vão ser as perdas do poder de compra dos funcionários e pensionistas com a desvalorização do novo escudo?

f) Financiamento das importações de bens essenciais
- Com o fim da austeridade e o crescimento acentuada da procura e do investimento, financiados pelo novo escudo, será que as contas externas permanecerão em equilíbrio?
- Em quantos anos, dos ultimos 100, Portugal teve uma balança comercial equilibrada?
- Com a saida unilateral do euro é garantido que Portugal fica acesso ao mercado unico?
- No caso de ficar sem acesso ao mercado unico, será possível aumentar, ao até manter, o volume das n/exportações?

g) Nacionalização dos bancos
- Onde é que depois o Estado vai buscar euros para os bancos (nacionalizados) pagarem os financiamentos no exterior?

h) Espanha e Argentina?
- E uma saida do euro, não "obriga" Portugal a perder mercados?
- A Argentina pertenceu ao Euro?

i) Moeda comum
- Se não for possível organizar uma nova zona de “moeda comum”, será que o novo escudo não fica desprotegido da especulação financeira internacional?

Anónimo disse...

Sim Senhor!
Parabéns aos LdB pelos trolls que por cá têm!
Não são muito desafiadores intelectualmente mas são aguerridos!
São naturais ou são só de peluche para dar mais interesse e decorar o Blog?

Boa! agora defender o mercado livre de divisas é neo-marxismo...
GENIAL! LOL
Essas cabecinhas andam realmente confusas.(Ou desesperadas...)
Quando direitolas são contra o livre jogo dos mercados cambiais que são o Santo-dos-Santos do capitalismo global chegámos às raias do absurdo.
Idem para as comparações com a Venezuela que são completamente descabeladas.

Em que é que o país empobrece com uma desvalorização?
No curto prazo aumentam os bens importados, o que incomoda imenso as classes possidentes normalmente ávidas consumidoras de produtos importados, mas a vantagem de vender mais ao estrangeiro e assim equilibrar a balança de de pagamentos rápidamente suplanta largamente as "agruras" dos consumidores endinheirados. Ao exportar mais há mais procura dessa divisa e a moeda em questão revaloriza-se, e isto de forma sustentada porque assente em riqueza criada.
Por isso os mercados de divisas são um dos mais importantes estabilizadores automáticos.

Basta comparar a forma como um país como a Islândia que ainda possuia moeda própria enfrentou uma crise bancária muito mais severa que a nossa e que já tapou o "gap" de crescimento, isto é recuperou da crise, e a destruição de valor inglória e inútil que geraram os governos Passos, e que ainda estamos longe de superar.
Portanto, uma economia muito mais pequena que a nossa, mas dotada de soberamia monetária e gente com mais cabeça nos sítios certos enfrentou com muito mais sucesso uma crise muito mais profunda.
Ver artigo no FT: " Boom, bust and boom again: Iceland’s economy in charts"

https://www.ft.com/content/26270ef4-0a35-11e7-97d1-5e720a26771b
O artigo tem aliás comparações com Portugal e outros países afectados pela crise.

Usar uma moeda sobreavaliada apenas beneficia os consumidores. A curto prazo pode ser uma alegria como a que se seguiu à introdução do Euro em que se consumiu à tripa forra, mas teve como consequência a perda de competitividade das nossas empresas, o que foi desastroso.
O mecanismo é fácil de perceber, por isso escusam de fingir ignorância.

A competitividade obtida por "desvalorização interna" é muito mais danosa para a economia interna porque ao desvalorizar o trabalho diminui brutalmente a procura interna. Além disso gera-se deflação que como deve saber é ruinosa para as empresas visto que, desvalorizando os stocks de matérias primas e dos produtos manufacturados reduz-lhes drásticamente a rentabilidade. Se juntarmos a isso a quebra de procura criada pelo desemprego e baixa do poder de compra temos a receita perfeita para a destruição do tecido produtivo e consequente desemprego.

Mas isso, claro está, não preocupou nada os credores alemẽs que até tiveram o bónus de se livraram de empresas concorrentes nos países periféricos. Foi aliás uma grande golpada que atingiu sobretudo a Itália que já tinha uma base industrial importante e tinha muitas empresas concorrentes directas de empresas alemãs.

José M. Sousa disse...

https://www.mckinsey.com/global-themes/employment-and-growth/debt-and-not-much-deleveraging

O anónimo das 20.12 talvez queira confrontar os seus números, nomeadamente em relação à Holanda, com o relatório da Mckinsey de 2015 acima ( quadro da pág. 106). E, já agora, para completar a análise, compreender alguma coisa sobre Contabilidade Nacional:

http://archive.economonitor.com/blog/2012/05/why-cant-people-understand-national-accounting/?utm_source=contactology&utm_medium=email&utm_campaign=EconoMonitor%20Highlights%3A%20Future%20of%20Europe%2C%20Lessons%20from%20History%2C%20India%27s%20Trajectory

« Any person’s, any household’s, any business’s, any group’s, any government’s debt is someone else’s asset. Any person’s, any household’s, any business’s, any group’s, any government’s deficit is someone else’s surplus. Again, it’s basic accounting.»

«The same is true for national accounts. At the end of any accounting period, then, the sum of the sectoral financial balances must net to zero. The government balance – the private balance – capital account balance = 0. The government balance = the private balance + the capital account balance.»

Anónimo disse...

Ora se não é o caríssimo Unabomber.

Aquele que mal ouve falar em saída do euro fica logo perturbado e começa a fazer assim estes testes de resposta única.

E ainda por cima se comporta da forma como se comporta.

http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2017/10/discutindo-as-alternativas.html

Anónimo disse...

Unabomber

"Aquele "para" o amigo J Bateira assim em letras maiúsculas significa precisamente o quê?

Que não quer ver desmontado por outros o seu questionário?
Que não quer por exemplo ver exposto o ridículo da pergunta sobre se a Argentina pertenceu ao euro?

Não, não pertenceu ao euro.

É que a Argentina foi aqui focada não pela sua eventual ligação ao euro mas por motivos que obrigam a engolir as patranhas sobre medos e coisas afins. Sobre o medo exactamente da banca-rota com que andam por aí a apregoar.Banca-rota determinada exactamente pelas "políticas neoliberais, incluindo a decisão de fixar uma paridade irreversível com o dólar". E colocar em causa o argumento do "medo" faz cair metade do argumentário dos euro uberalles

Vejamos o texto original:

"Espanha e Argentina Uma saída de Portugal do euro obrigaria a Espanha a fazer o mesmo para não perder mercados. Aliás, quando um país sair, outros irão atrás, tal como aconteceu na Europa dos anos 30 com o padrão-ouro. Ao contrário do que alguns afirmam para assustar as pessoas, a Argentina foi conduzida à bancarrota pelas políticas neoliberais, incluindo a decisão de fixar uma paridade irreversível com o dólar. A recuperação começou logo no segundo trimestre após a desvalorização do peso. A crise mais recente é outra história e confirma a ideia de que a saída do euro é uma condição necessária para o desenvolvimento do país, mas não é suficiente".

E confirma mesmo a história que a saída do euro é condição necessária mas não suficiente

Anónimo disse...

Mais medos agitados desta forma um

"!d, e) Salários de funcionários e investimento público e pensões
- Quais vão ser as perdas do poder de compra dos funcionários e pensionistas com a desvalorização do novo escudo?"

A resposta está dada ai mais acima.O poder de comprar mercedes aos alemães pode estar em risco. Mas falamos de quem quando falamos em poder de compra?

E qual foi o poder de compra perdido durante os anos de chumbo da governança neoliberal pura e dura? Ao serviço do euro, da troika, da revanche e do neoliberalismo?

E porque não perguntar qual será o poder de compra perdido se os pafistas voltarem ao poder? Ou se a troika voltar a mandar para proteger exactamente quem se viu na necessidade de proteger?

Anónimo disse...

Um excelente, muito excelente comentário do anónimo das 9 e 13.

Parabéns

Anónimo disse...

"O € não nos obriga a ter contas certas. A ideologia radical da direita Neoliberal e Ordoliberal é que nos obrigam a ir além do que é recomendável para um país como Portugal, que precisa de mais investimento público para resolver problemas estruturais que diminuem o potencial de crescimento.

Países €peus sem €, e com contas equilibradas: Dinamarca, Suécia, Islândia, Noruega, Polónia, Checa.
Para Portugal chegar ao nível destas economias, precisa de ter a política económica e monetária que estas economias tiveram quando estavam a crescer: mais défice, mais investimento público, mais Estado. Sem isso, seremos o "Bangladesh" do €.

O € serve para proteger os emprestadores de dinheiro, ao garantir que a prioridade é a inflação baixa, em vez de garantir o pleno emprego, como acontecia antes.

O € protege a banca do núcleo Europeu, ao facilitar as transferências da periferia para o núcleo do €, e impôr ajudas públicas, seguidas de privatização barata que favorece grandes bancos Europeus. A Itália está a sofrer com isto, e voltou a ter CDS a 5 anos (Credit Default Swaps) pior que Portugal, devido a um banco regional que falhou capitalização.

O € é o projeto ideológico de quem defende a concentração e abomina a distribuição. Com o €, diminuiu a soberania dos estados e impõe "reformas estruturais", que são diminuição de direitos dos trabalhadores. Foram tão radicais, que agora nem 2% de inflação se alcança, tal é a taxa real de desemprego e subutilização no €, e de tal forma baixou o poder de compra, que em 2015 foi igual a 1998!

O € é a arma financeira que a Alemanha usa para subjugar outros estados, conquistando o que não conseguiu pela guerra. A Alemanha está a usar uma moeda fraca (para a sua economia) para ganhar competitividade nas exportações (que com o Marco não teria) e assim poupar à custa dos outros, como a periferia onde está Portugal, pois esta perde competitividade com a moeda demasiado forte (para as respetivas economias) que que degrada o saldo externo.

O € impede-nos de nos protegermos de ataques externos. A UE pratica Protecionismo em relação ao exterior, mas o € (e várias regras da UE) impedem os Estados pequenos de se protegerem dos Estados predadores dentro da "união". Isto não tem nada a ver com "abrir a economia", ou captar investimento. Tem só ver com as empresas do núcleo a comer quota de mercado que devia ser das empresa nacionais da periferia. Em vez de uma PT portuguesa e sustentável, temos uma Altice francesa e predadora... Em vez de termos uma banca forte e nacional, andamos a dar dinheiro ao Santander espanhol... Em vez de produzirmos os nossos automóveis, importamos, e os palermas batem palmas à Auto€pa, como se fosse compensação suficiente...

O único objetivo bom do €, que era subtituir o dólar como principal
moeda mundial, falhou a toda a linha. O BCE teve de intervir como nunca um banco central interveio, e mesmo assim foi por pouco que não houve implosão da moeda única. Chegaram mesmo a falar do "helicóptero do dinheiro", ou seja, imprimir mais moeda para dar às pessoas para ver se a economia recuperava. Daqui para a frente, veremos os resultados dos estímulos, que foram tão além do razoável que já toda a gente especula sobre a data do rebentamento da bolha especulativa originada pelo excesso de liquidez, que em vez de resultar em mais investimento, resultou em acumulação e ainda maior financeirização.

E finalmente, o € é um atentado à democracia, pois os seus tratados e leis não são aprovados democraticamente pelos diferentes povos, mas sim aprovados às escondidas e sem discussão pública pelos partidos do sistema. Eu nunca aceitei a perda de soberania nem sequer votei para aderir ao €. Os partidos do sistema fizeram-no sem qualquer processo democrático. Espero que um dia um partido anti-€ chegue ao poder e faça o mesmo: saia do € sem fazer referendo - será sinónimo de justiça, e devolverá o futuro ao país!"

Anónimo disse...

«“Crise” e “economia” actualmente não são usadas como conceitos, mas como palavras de ordem, que servem para impor e para fazer com que se aceitem medidas e restrições que as pessoas não têm motivo algum para aceitar. ”Crise” hoje em dia significa simplesmente “você deve obedecer!”. Creio que seja evidente para todos que a chamada “crise” já dura decénios e nada mais é senão o modo normal como funciona o capitalismo em nosso tempo. E se trata de um funcionamento que nada tem de racional.

Para entendermos o que está acontecendo, é preciso tomar ao pé da letra a ideia de Walter Benjamin, segundo o qual o capitalismo é, realmente, uma religião, e a mais feroz, implacável e irracional religião que jamais existiu, porque não conhece nem redenção nem trégua. Ela celebra um culto ininterrupto cuja liturgia é o trabalho e cujo objecto é o dinheiro. Deus não morreu, ele se tornou Dinheiro. O Banco – com os seus cinzentos funcionários e especialistas – assumiu o lugar da Igreja e dos seus padres e, governando o crédito (até mesmo o crédito dos Estados, que docilmente abdicaram de sua soberania), manipula e gere a fé – a escassa, incerta confiança – que o nosso tempo ainda traz consigo. Além disso, o facto de o capitalismo ser hoje uma religião, nada o mostra melhor do que o título de um grande jornal nacional (italiano) de alguns dias atrás: “salvar o euro a qualquer preço”. Isso mesmo, “salvar” é um termo religioso, mas o que significa “a qualquer preço”? Até ao preço de “sacrificar” vidas humanas? Só numa perspectiva religiosa (ou melhor, pseudo-religiosa) podem ser feitas afirmações tão evidentemente absurdas e desumanas.»

Giorgio Agamben [Entrevista]

Anónimo disse...

Para desmontar de vez o mito de que a desvalorização cambial e o aumento dos preços dos produtos importados nos tornam mais pobrezinhos, para além de reforçar o acima exposto sobre a melhoria de competitividade das empresas exportadoras nacionais, há ainda uma outra abordagem que Jacques Sapir fez ontem no seu blog, e que reza assim em francês no original:

"On dira, assurément, que si vous augmentez vos salaires de 10% et que vous dépréciez d’autant votre monnaie, les effets s’annulent. En fait, ce n’est pas le cas. Plus de 50% de la consommation des ménages se fait en bien et services qui sont produits en France. La dépréciation de 10% ne porte que sur l’autre part de la consommation, soit un peu moins de 50%. Donc, si l’on accroît le SMIC de 10% et que l’on laisse la monnaie se déprécier de 10%, le pouvoir d’achat n’enregistrera une hausse que de 5%. Les salariés payés au SMIC, et les autres dont les salaires sont en réalité indexés sur le SMIC, voire influencés par le SMIC, verront leur pouvoir d’achat augmenter de 10%-5%=5% !"

Link: https://www.les-crises.fr/russeurope-en-exil-le-smic-les-economistes-et-leuro-par-jacques-sapir/

Ou seja, traduzindo "à la va-vite":
"Dir-se-á seguramente que se se aumentar os salários em 10% e se desvalorizar na mesma percentagem a vossa moeda os efeitos se anulam. De facto não é assim. Mais de 50% dos consumos das familias faz-se em bens e serviços produzidos em França. A desvalorização de 10% só incide sobre a parte importada dos consumos. Logo, se se aumentar o salário mínimo em 10% o poder de compra só registará um aumento de 5%. Os assalariados pagos com Salário Mínimo e todos os outros indexados ao Salário Mínimo ou influenciados por eleverão o seu poder de compra aumentar de 10%-5%=5% !"

Ou seja, bastam pequenos aumentos de salários para compensar a parte importada dos consumos para se manter o poder de compra dos assalariados, (já para não falar em aumentar o poder de compra) o que destrói o mito do post que abaixo se reproduz.

" Anónimo Anónimo disse...

Ou seja, o Escudo permite um "empoprecimento virtuoso"!

Seja intelectualmente honesto e admita que as virtudes da moeda própria para uma economia como a de Portugal são o empobrecimento. E não use eufemismos. A grande virtude económica da moeda própria em Portugal é o empobrecimento em relação ao exterior, diminuindo o défice da balança de pagamentos. E se quer ter um debate sério, seja intelectualmente honesto e admita-o sem usar eufemismos.

10 de dezembro de 2017 às 20:33"

E mais... Sendo intelectualmente honesto direi que é do interesse quer de patrões quer de empregados tais desvalorizações para recuperar a competitividade perdida.

Unabomber disse...

Amigo anónimo:

Obviamente que para o J.Bateira, significa que é dirigido ao J.Bateira.

E, certamente que o J.Bateira não precisa da ajuda de "anónimos" para "desmontar" o meu "questionário."

José M. Sousa disse...

Acho que as interrogações do Unabomber são legítimas. Algumas respostas podem ser encontradas neste livro dos Prof. Ferreira do Amaral e Francisco Louçã:
A Solução - Novo Escudo - O que Fazer no Dia Seguinte à Saída de Portugal do Euro
https://www.wook.pt/livro/a-solucao-novo-escudo-joao-ferreira-do-amaral/15877039

Anónimo disse...

Jacques Sapir dá respostas a muitas dessas questões no seu blog antigo entretanto encerrado.
Os seus textos mais recentes podem ser encontrados no "Les Crises"
https://www.les-crises.fr/
Embora focadas no caso concreto de França muitas dessas respostas são aplicáveis tal qual ao caso português.

Une sortie de l’Euro
http://russeurope.hypotheses.org/5754

A l’intention des français inquiets d’une sortie de l’Euro et qui n’ont aucune raison de l’être
https://russeurope.hypotheses.org/5848

Textos em francês, evidentemente.

Anónimo disse...

"Por isso os mercados de divisas são um dos mais importantes estabilizadores automáticos."

"estabilizadores automáticos". Você parece um neoliberal. Mais um eufemismo para empobrecimento.

O Jacques Sapir aplica esse contexto numa clássica querela económica e comercial franco-alemã, onde a França de facto tem indústria suficiente para produção nacional. E Portugal? Basta pensarmos no SNS, onde quase todo o equipamento médico é importado de fornecedores internacionais. Não, não se trata de "Mercedez da Alemanha", vai de coisas tão simples como telemóveis feitos na Coreia para as pessoas comunicarem no dia-a-dia, até medicamentos e equipamento médico.

Economia para marxistas e Geologia para Jeovás: Dogma! Mas espera, não era Marx Alemão!? Estou confuso com tanta germanofobia.

Anónimo disse...

"On dira, assurément, que si vous augmentez vos salaires de 10% et que vous dépréciez d’autant votre monnaie, les effets s’annulent. En fait, ce n’est pas le cas. Plus de 50% de la consommation des ménages se fait en bien et services qui sont produits en France. La dépréciation de 10% ne porte que sur l’autre part de la consommation, soit un peu moins de 50%. Donc, si l’on accroît le SMIC de 10% et que l’on laisse la monnaie se déprécier de 10%, le pouvoir d’achat n’enregistrera une hausse que de 5%. Les salariés payés au SMIC, et les autres dont les salaires sont en réalité indexés sur le SMIC, voire influencés par le SMIC, verront leur pouvoir d’achat augmenter de 10%-5%=5% !"

Isso é na França, certo? Já na Venezuela o governo aumenta os salários em 50% mas a inflação é 1000%, mesmo para os produtos de primeira necessidade.

Anónimo disse...

Pobre joão pimentel ferreira

Deve ser difícil ver-se constrangido a levantar assim o espantalho da Venezuela.

E tanto rancor...tanta impotência ( argumentativa, entenda-se).

Anónimo disse...

Haaa, que bom!
Quando eu tiver um blogue também tenho que arranjar dois ou três trolls de peluche assim!
LOL

Começando com o caso da Venezuela, apenas para dizer que não é exemplo de coisa nenhuma. Portanto dizer que a Venezuela é socialista, klingon, hobit ou surrealista para mim não quer dizer nada.
Hoje em dia as regras de bom governo de qualquer banco central comunista, socialista ou capitalista são conhecidas. Podem haver governadores de banco central mais ou menos competentes, mas os príncipios de funcionamento de um banco central são complexos mas em grande parte conhecidos e ensinados nas boas escolas de economia.
Alguns governadores gozam de uma muito alta reputação, como por exemplo Mark Carney do BoE, Elvira Nabiullina do Bank of Russia, Janett Yellen do FED e o anterior gov. do BoE Sir Mervyn King.
Portanto é como os treinadores de futebol: Há os craques, os da primeira divisão e por aí abaixo.

Quanto aos estabilizadores automáticos, neste caso específico a taxa de cambio, parece que já todos os leitores perceberam que é dos mais eficazes instrumentos para regular a balança de pagamentos de um país e portanto é inútil continuar a agitar espantalhos de empobrecimento.
Para quem queira uma curta súmula sobre taxas de cambio flutuantes pode ver esta página em inglês:
https://www.tutor2u.net/economics/reference/exchange-rates-floating-currencies

Chamo só a atenção sobre uma pequena frase, básica:
"Countries locked into a single currency system such as the Euro do not have the same freedom to manage interest rates to meet their key macroeconomic aims. This has become obvious as one of the limitations of being inside the Euro during the ongoing crisis."

Esta pequena frase encerra no entanto uma das mais poderosas razões da chamada crise das dívidas. É que o BCE ao estabelecer uma mesma taxa de juro directora para países tão díspares como a Alemanha e Portugal estava a semear as causas do gigantesco afluxo de capital que nos anos pré-crise inundou os mercados dos países periféricos e a correspondente inflação que minou a competitividade das empresas periféricas em relação ao "centro".

Sem possibilidade de mexer na taxa de câmbio nem possibilidade de fixar uma taxa de juro directora adequada às necessidades de cada país, a EMU era e ainda é uma bomba relógio de economias divergentes desprovidas de instrumentos de controle. E isto é fundamental que se compreenda.

Entre economia e marxismo não vejo nenhuma incompatibilidade de maior. No entanto nada do que expus acima é especificamente marxista, apenas economia de boas e reputadas fontes.

Entre o ordoliberalismo que infecta o pensamento e interesses alemães e a estabilidade e sustentabilidade da UE, aí sim, vejo uma ENNOOOORRRRME incompatibilidade.

Quanto às importações de que fala de forma tão dramática, têm que ser compensadas com outras exportações de bens e serviços.

E como é óbvio, dentro de uma área monetária em que Portugal não pode estabelecer nem taxas de juro, nem taxas de cambio, não é possivel estabelecer uma politica industrial de substituição de bens importados nem temos condições para criar clusters de alto valor acrescentado como precisaríamos como pão para a boca.
Ficaremos reduzidos à condição de colónia de férias da Europa.

Anónimo disse...

A propósito de Sir Mervyn King, insuspeito de marxismo e imaculadamente "capitalista" leiam este artigo do Telegraph:
http://www.telegraph.co.uk/business/2016/02/28/mervyn-king-the-eurozone-is-doomed/

Excertos:
"Germany and the rest of the eurozone must “face up” to the fact that uncompetitive countries in the south can only prosper again if the bloc is broken up, Lord King argues.

Europe’s biggest economy faces the “terrible choice” of writing a blank cheque to support the bloc “at great and unending cost to its taxpayers” or calling “a halt to the monetary union project”, he says."

"“The counter-argument – that exit from the euro area would lead to chaos, falls in living standards and continuing uncertainty about the survival of the currency union – has real weight,” Lord King says."

“But... leaving the euro area may be the only way to plot a route back to economic growth and full employment. “The long-term benefits outweigh the short-term costs.”
(Ênfase minha)

"He also calls for the International Monetary Fund to lead a debt-relief programme in which countries can restructure their debts in a fair way.

While this could slow growth and reduce spending as creditors adjust to the reality that debts will never be repaid, this is “inevitable” he says."

Portanto a renegociação da dívida não é uma coisa de "esquerdalhos". É o caminho sensato para tornar a transição para um pós-euro o menos agitada possível, o que só é possível com uma saída negociada por gente responsável de um lado e de outro que compreeenda que o divórcio é a melhor solução e que há dívidas que nunca poderão ser pagas.

Anónimo disse...

Muito bom os comentários do anónimo das 21 e 16.

Se não fizer um blog, deve intervir mais noutros. Incluindo este

Anónimo disse...

"Quanto aos estabilizadores automáticos, neste caso específico a taxa de cambio, parece que já todos os leitores perceberam que é dos mais eficazes instrumentos para regular a balança de pagamentos de um país e portanto é inútil continuar a agitar espantalhos de empobrecimento."

Mais uma vez engana-se, engana-se, engana-se! E não se grafa cambio (forma verbal do verbo cambiar), mas câmbio, visto ser uma palavra proparoxítona. Ah, e não precisa de pesquisar no Google, eu sei que não sabe, proparoxítona significa esdrúxula, tal como a sua "análise". Eles usam corretores ortográficos, e depois dá nisto!

E mais uma vez eu não nego que a soberania monetária não traga vantagens económicas ao potencial de crescimento. O que me deixa profundamente indignado é a falta de honestidade intelectual da esquerdalhada. Àquilo que você denomina de "instrumentos para regular a balança de pagamentos" chama-se empobrecimento externo. E não me venha com lenga-lenga eufemística neoliberal, tal como denominar de "políticas de ajustamento" os cortes de salários e pensões. E não, não são só "Mercedes" para os endinheirados tal como referia algures um energúmeno, vai de coisas como telemóveis, máquinas de barbear, autocarros da CARRIS, comboios da CP, aviões da TAP, equipamento médico, medicamentos dos hospitais, lâmpadas, frigoríficos, máquinas de lavar roupa e toda essa série de luxos extravagantes apenas acessíveis aos capitalistas.

Eu quero ler um neomarxista a ser intelectualmente honesto: através da inflação, desvalorizamos os salários e as pensões, provocando o empobrecimento em relação ao exterior, isso aumenta a competitividade das empresas beneficiando o patronato que exporta, e isso provoca um potencial de crescimento que o Euro e as regras do Tratado Orçamental não permitem.

Quando eu ler um neomarxista a dizê-lo, faço-lhe uma vénia dada a manifesta honestidade intelectual. Até lá, o que berrarem Catarinas, Mortáguas, Louçãs e Jerónimos, é lixo auditivo no qual regurgito dado o vómito intelectual que me provocam.

Anónimo disse...

Comparações com a Dinamarca que não está no Euro? A sério!? E porque não comparar com a Holanda que está? Ou porque não comparar com a Albânia que não está? Esquerdalhos e agiotas são duas faces da mesma moeda: desonestidade intelectual maximizada para levar a cabo as suas "deiedades e ideologias"!

Anónimo disse...

"Deve ser difícil ver-se constrangido a levantar assim o espantalho da Venezuela. "

Não precisa comparar com a Venezuela. Basta ver os efeitos da inflação na Alemanha nos anos 1920, ou o que fez o FMI das duas primeiras vezes que veio a Portugal para aumentar a "competitividade" da economia nacional. Inflação em Portugal em 1984: 28%. Mas nesse ano os sindicatos foram super felizes para casa, e não houve gritaria nas ruas, pois na concertação social conseguiram para esse ano um aumento de salários de 10%, uma "vitória dos trabalhadores" como teria dito o Arménio Carlos de então! Fantástico Melga os benefícios dos "estabilizadores automáticos". Damos com uma mão ao proletariado no início do ano, tiramos a triplicar com a outro no final do ano. O povo nem sente e fica super feliz com mais notas no bolso. Os "estabilizadores automáticos" fazem o resto!

José M. Sousa disse...

O anónimo das 10.25 raciocina como se os euros com que compramos máquinas de barbear, equipamento médico, etc., etc. nos fossem dados! Os Euros que temos que obter para pagar as nossas importações adquiri-mo-los no exterior (o banco emissor situa-se na Alemanha); isso não é muito diferente do que seria se tivéssemos moeda própria. Teríamos que adquirir (via exportações, remessas de emigrantes, etc.) divisas para pagar as nossas importações, com a vantagem de ter controlo sobre a nossa economia (com capacidade de maior controle sobre importações e de estimulo das exportações). Considerar que este instrumento de política económica é coisa de esquerdalhos é de uma ignorância sem limite, apesar dos requintes linguísticos.

Anónimo disse...

Ora vamos lá então responder aos trolls de peluche do blog :)

Quando cito Mervyn King é para demonstrar, se tal ainda fosse necessário, que as propostas de renegociação da dívida e de uma saída negociada da EMU (Euro) são tão óbvias que até um credenciado e insuspeito ex-governador de banco central "capitalista" afirma que seriam a melhor solução.

Quanto ao "empobrecimento externo" parece-me óbvio que num mercado onde os países são avaliados pelo seu desempenho económico chorar pela baixa da cotação é perfeitamente estúpido e de nada serve. Urge sim tomar medidas correctivas que melhorem a nossa posição externa.

Note-se como por exemplo a Alemanha ao usar uma moeda subavaliada ou artificialmente desvalorizada em relação ao potencial da sua economia estaria a receber "menos do que devia" pelas suas exportações e a "empobrecer externamente" porque compraria "mais caro" os produtos que importa.
Já ouviu algum alemão queixar-se?
Empobrecer assim como a Alemanha também eu quero.

A Maria vai à praça comprar couves. Devido à seca as couves estão mais caras. Como precisava das couves para a sopa comprou na mesma.
Empobreceu?
Deve é ir para casa dizer ao Manel que se despache a tirar o curso de manobrador para arranjar um emprego melhor.

Tal como estúpido é tentar diabolizar o patronato que exporta porque se o patronato exportar isso melhora a balança de pagamentos, cria empregos e distribui parte dos proventos pelos assalariados. Como essa distribuição entre patrão e empregado é feita é já outro filme.
O resto da frase "beneficiando o patronato que exporta, e isso provoca um potencial de crescimento que o Euro e as regras do Tratado Orçamental não permitem." é para mim um mistério insondável.

Também um troll neoliberal que fala em "lenga-lenga eufemística neoliberal" é um claro sinal de desatino que como alguns outros comentadores já disseram só pode ser atribuido ao vinho.

Ainda em relação à inflação basta lembrar como nos tempos em que era a dois dígitos em Portugal tanto assalariado pôde comprar casa e agora não.
A regra é simples: A inflação beneficia o devedor e prejudica o credor.
Depois é só ver quais são os países credores e os devedores e ficamos logo a perceber por que é que a Alemanha foge da inflação como o diabo da cruz.
Agora, como é óbvio, inflações há muitas e tudo depende do contexto em que surgem.

José M. Sousa disse...

Comparar a infação em Portugal em 1984 de 28% com a hiperflação na Alemanha nos 20 (convém ler alguma coisa sobre a definição de hiperinflação) é confundir o inconfundível!


Der Spiegel:
«In 1914, at the start of World War I, the dollar was worth 4.20 marks. From then on the German currency steadily declined, and in the fall of 1922 it went into freefall. By November 1923 the dollar was at 4.2 trillion marks.»

«At the height of the crisis, the inflation rate was in the tens of thousands -- per month, that is» Aqui não havia indexação que resistisse...

http://www.spiegel.de/international/germany/millions-billions-trillions-germany-in-the-era-of-hyperinflation-a-641758.html

Anónimo disse...

"Não precisa comparar com a Venezuela. Basta ver os efeitos da inflação na Alemanha nos anos 1920, ou o que fez o FMI das duas primeiras vezes que veio a Portugal para aumentar a "competitividade" da economia nacional."
Então e o Zimbabwe, não se fala no Zimbabwe?
Estão-se a esquecer do Zimbabwe!
Não há colecção de espantalhos económicos sem o Zimbabwe!

Anónimo disse...

"o banco emissor situa-se na Alemanha"

Não interessa onde se situa, é o BCE que emite, e até tem tido uma política monetária bem contrária aos interesses da Alemanha, considerando a quantidade colossal de dívida pública que tem comprado aos países do sul

"Considerar que este instrumento de política económica é coisa de esquerdalhos é de uma ignorância sem limite, apesar dos requintes linguísticos."

Mas você está-me a fazer de idiota? Vá lá ler o que escrevi. O Escudo traria vantagens ao potencial de crescimento. Mas essas vantagens implicam obrigatoriamente o empobrecimento em relação ao exterior. Capiche ou queres um fluxograma?

E sim, um esquerdalho é aquele que na rua berra contra as "políticas de empobrecimento", para no segundo seguinte berrar contra o Euro. Percebe o que é um esquerdalho? É um sofista e demagogo com ideais de esquerda!

Anónimo disse...

Ah, e outra coisa que vos esqueceis. E os cambistas? Esses parasitas financeiros que ganham dinheiro apenas na conversão de moeda? O Euro acabou com esses parasitas do sistema financeiro dentro da Eurozona. Mas para a esquerdalhada isso não conta para nada, é preciso é bater no ceguinho "ordoliberal"

Anónimo disse...

O Sr. José M. Sousa levanta uma questão interessante.
Segundo rezava o Sr Pisany Ferry aquando do lançamento do Euro as balanças de pagamentos intra-EMU deixariam de fazer sentido. A prática é bem diferente:

Não só as balanças de pagamentos continuam a ser importantes como sobretudo todos os fluxos de dinheiro são contabilizados numa coisa chamada saldos Target2.

O exemplo de união que é tantas vezes apontada são os USA. Alguma vez ouviram falar em saldos intra-estados? Não ouviram porque não existem. O orçamento federal encarrega-se de aplanar as desigualdades entre os estados, pelo menos parcialmente.

O que redunda em dizer que a EMU e a UE não são uma verdadeira união. É assim uma espécie de Alemanha e os seus anões com uma administração rasca.

José M. Sousa disse...

Você é que precisa de umas lições de história económica. Todos os países hoje considerados ricos utilizaram políticas cambiais muito activas para protegerem os seus mercados internos e apoiando as suas indústrias exportadoras. Você precisa de fluxogramas e muito mais, apesar da arrogância.

José M. Sousa disse...

Comparar 28% de inflação (ao ano!) em Portugal em 1984 com a hiperinflação alemã dos anos 20 é totalmente deslocado e a necessitar de alguma (re)leitura:

Por exemplo: http://www.econlib.org/library/Enc/Hyperinflation.html

«Although the threshold is arbitrary, economists generally reserve the term “hyperinflation” to describe episodes when the monthly inflation rate is greater than 50 percent» 50% ao mês!!!

Quanto à hiperinflação alemã:

http://www.spiegel.de/international/germany/millions-billions-trillions-germany-in-the-era-of-hyperinflation-a-641758.html

« In 1914, at the start of World War I, the dollar was worth 4.20 marks. From then on the German currency steadily declined, and in the fall of 1922 it went into freefall. By November 1923 the dollar was at 4.2 trillion marks»

«At the height of the crisis, the inflation rate was in the tens of thousands -- per month, that is. And this in the era before the invention of the pocket calculator.»

Na Alemanha, a inflação foi de dezenas de milhar por cento ao mês!!!

Anónimo disse...

"Never let a crisis go to waste"
Que é como quem diz, nunca despercices a oportunidade que um troll te dá.

Já que se fala na Republica de Weimar talvez seja útil referir este artigo na Social Europe, que até aborda embora superficialmente o paralelo entre a situação de então e a presente.
European Austerity – Is this 1931 All Over Again?
https://www.socialeurope.eu/european-austerity-is-this-1931-all-over-again

Os paralelos não são displicentes:

Reparações de guerra = Dívidas soberanas
Padrão-Ouro (câmbio fixo) = Euro (câmbio fixo)

Apesar de já datar de 2011 é um artigo que se lê bem. Em inglês, claro.

Anónimo disse...

"A Maria vai à praça comprar couves. Devido à seca as couves estão mais caras. Como precisava das couves para a sopa comprou na mesma."

Sofisma!!!

Uma coisa é a riqueza total do país e a sua produção total, e obviamente que o país não fica mais rico macroeconomicamente ou mais produtivo, apenas por trocar de métrica, ou seja, divisa que mensura a referida riqueza.

Mas as pessoas das classes médias e mais baixas, têm um determinado valor de rendimentos e de ativos mensurados em Euros. Com outra divisa que imediatamente desvalorizaria em relação ao exterior, essas mesmas pessoas ficariam mais pobres.

Quem ganharia com o Escudo seria o patronato, que poderia com a inflação desvalorizar os salários, para tornar os seus produtos mais competitivos no mercado internacional. Capiche?

Anónimo disse...

Esqueça então a inflação alemã, cinja-se a Portugal em 1984.

Ficaram ou não ficaram nesse ano, os pensionistas e assalariados, mais pobres em relação ao exterior?

Anónimo disse...

"O exemplo de união que é tantas vezes apontada são os USA. Alguma vez ouviram falar em saldos intra-estados? Não ouviram porque não existem. O orçamento federal encarrega-se de aplanar as desigualdades entre os estados, pelo menos parcialmente."

Ou seja, a solução para diminuir as desigualdades entre os estados-membros da UE, não é voltar para trás, mas dar mais passos em frente, numa união fiscal e bancária!

Anónimo disse...

"Tal como estúpido é tentar diabolizar o patronato que exporta porque se o patronato exportar isso melhora a balança de pagamentos, cria empregos e distribui parte dos proventos pelos assalariados"

Ora aí está uma frase que até parece saída da boca de Passos Coelho. Assim gosto de ouvir pessoas de esquerda a falar!

Anónimo disse...

"A regra é simples: A inflação beneficia o devedor e prejudica o credor."

Para a maioria das pessoas essa regra não é assim tão simples, porque por exemplo quem tem empréstimo à habitação paga as mensalidades consoante a Euribor. Inflação faz aumentar as taxas de juros, aumentando a Euribor, aumentando as mensalidades dos créditos.

Como pode ver, para a maioria dos portugueses devedores (não para o estado ou para as grandes empresas) a inflação também os prejudica.

Anónimo disse...

O "mais pobres em relação ao exterior" é uma maneira perfeitamente idiota de ver o problema e ao dizer-se que é o patronato que ganha com uma desvalorização cambial é também uma falsidade apenas para tentar confundir o leitor.

A verdade é que quase todos os bancos centrais de quase todos os países procuram enfraquecer ou seja desvalorizar as suas moedas para tornarem as suas indústrias mais competitivas nos mercados internacionais. Ao ponto de o FMI proibir, sob pena de sanções, os países que desvalorizem através de métodos desleais as suas moedas.

A cotação de uma moeda deve pois reflectir a procura que existe no mercado internacional para essa moeda.
Essa procura serve para pagar as mercadorias adquiridas a esse país.
Isso implica que se exporto muito a cotação sobe e se exporto menos que importo a cotação desce.
A riqueza ou pobreza das nações não reside nas cotações, que são consequência, mas sim na capacidade de produzir mercadorias e serviços que sejam atractivas para outros países.
Portanto a história de "empobrecer" com uma desvalorização cambial normal é cretina.

Uma situação anómala é quando um país por meios diversos falseia o valor da sua moeda no mercado cambial.
Foi o caso da China durante muitos anos. Explicação neste video:
https://www.youtube.com/watch?v=Qy1V7tWpTGY

E é ainda o caso da Alemanha que ainda agora é o maior manipulador de moeda do mundo.
Como o fez e faz?
Tudo começou com a adopção do Euro seguida de uma desleal manobra interna em que através de um acordo com os sindicatos manteve a sua inflação interna abaixo da dos seus parceiros no Euro dopando a competitividade das suas empresas através de dumping laboral.
Os efeitos fazem-se sentir até hoje.

Óbviamente aquilo que exponho é uma simplificação e como tal deve ser entendida.
Pode haver casos particulares como o caso de taxas indexadas à Euribor mas apenas se os salários não forem actualizados de acordo com ou acima da inflação como deverá ocorrer em circunstâncias normais. Tentar como o "anónimo" das 13:14 fazer de um caso particular uma regra geral é simplesmente desonesto.

Quanto ao aprofundamento da UE e da união fiscal e bancária seria um erro de proporções catastróficas porque Portugal ficaria sempre na condição de mendigar subsídios e compensações que não cobririam nunca as perdas de competitividade e a destruição do tecido empresarial nacional.

Anónimo disse...

Ainda en relação aos portugueses devedores de créditos à habitação mesmo que indexados à Euribor a deflação é muito mais lesiva que a inflação que como já se viu deve ser acompanhada de aumentos de salários que pelo menos reponham o poder de compra.

Dado que numa situação de deflação aumentam os riscos de desemprego e os salários se contraem, a relação do montante em débito MD sobre o salário MD/S aumenta, tornando muito mais difícil pagar o empréstimo. Já para não falar nos casos em que situações de desemprego atirem com o empréstimo para incumprimento e crédito mal-parado.

Portanto, como se vê, a situação de deflação é muito pior que a de inflação, não só para os devedores mas também para os bancos.

Anónimo disse...

Já que estamos com a mão na massa mais vale explicar ainda mais uma coisinha em relação à compra de casa em regimes inflacionários por oposição a regimes deflacionários.

É que quem compra por 100 numa situação de inflação média de suponhamos 10% anuais, ao fim de dez anos além de ter usufruído de habitação ainda tem uma propriedade com um valor aproximado de 260.

Por isso, em regimes inflacionistas a compra de imobiliário é uma excelente forma de poupança para o pequeno aforrador.

Pelo contrário, um desgraçado que compre uma casa por 100 e que apanhe 10 anos de deflação nem que seja a 1% anual acaba com uma propriedade a valer pouco mais de 90.
Isto para já não falar na dificuldade crescente em pagá-la devido às reduções de salário com que entretanto apanhou.

Desta forma se demonstra porque é um mau negócio fazer investimentos em situação recessiva/deflacionária.
Corolário: A governação Passos Coelho, ao vender a patranha da austeridade expansionária e ao criar uma situação de deflação foi uma inominável c_g_da em três actos.

Lowlander disse...

Caro anonimo das 20:16, tiro-lhe o chapeu. Devia assinar os seus comentarios com um psudonimo qualquer para facilitar a comunicacao.

José M. Sousa disse...

O Anónimo das 20.16 tem toda a razão. Os episódios de deflação são muito mais temidos e de dificil resolução do que episódios de inflação moderada.

Anónimo disse...

Voltemos ainda ao mito de a inflação beneficiar o patronato por "baixar os salários".
É um facto que ao aumentarem os preços ao consumidor diminui o poder de compra do assalariado.
Por isso é que foi uma conquista social em alguns países europeus a indexação automática dos salários à inflação.
O que pode ter acontecido em 1984 é um caso particular em que uma situação de crise tenha impedido a reposição do poder de compra.

Vejamos agora o efeito da inflação no património.
Já vimos que uma propriedade em geral se valoriza com a inflação. Da mesma forma, as empresas e todos os activos como stocks de matérias primas e produtos manufacturados. E por isso uma inflação moderada é o melhor ambiente de negócios para uma empresa bem gerida.
O grande problema são sempre os activos liquidos, ou seja dinheiro não investido parqueado em depósitos bancários ou metido no colchão. Esse aí, bem como todas as rendas fixas não indexadas à inflação sofre de facto uma desvalorização. No entanto, ao penalizar os aforradores passivos o regime inflacionário tem um efeito virtuoso de premiar quem investe e de punir o rentismo.
S.T.

Anónimo disse...

A sua análise continua repleta de sofismas.

Desmontemo-los:

"A cotação de uma moeda deve pois reflectir a procura que existe no mercado internacional para essa moeda."

Claro, mas está a assumir que o Banco Central não teria soberania de imprimir moeda? Então, há ou não há soberania monetária? Porque motivo não poderia então um banco central imprimir a moeda que lhe aprouver, desvalorizando-a ao ponto que quiser? Então, largamos as "amarras" do Euro, e agora ficamos agarrados às "amarras penais" do FMI?

A cotação da moeda depende não só do que referiu, mas da quantidade de dinheiro em circulação, e ninguém pode impedir um banco central soberano de imprimir moeda e desvalorizá-la.

Anónimo disse...

"A riqueza ou pobreza das nações não reside nas cotações, que são consequência, mas sim na capacidade de produzir mercadorias e serviços que sejam atractivas para outros países."

Viu-me escrever o contrário? Mais uma vez insiste numa premissa que nunca neguei! Obviamente que a riqueza das nações não se mensura pela métrica que é usada, ou seja, divisas para mensurar a referida riqueza.

O que lhe disse, e não apresentou argumentos para refutá-lo, é que os assalariados e pensionistas têm um certo valor de rendimentos fixos e previsíveis, assim como ativos financeiros nos bancos como por exemplo poupanças, que estão cotados em Euros. Converter para uma moeda que desvalorizaria de imediato, significaria o empobrecimento da classe média e proletária, em benefício do patronato que exporta e das contas públicas. De facto, sair do Euro e mudar para um Escudo que deprecie, significa uma transferência de riqueza da classe média para o patronato, em nome de contas externas equilibradas e da competitividade da nossa economia. Não é isso clarividente?

Anónimo disse...

Vamos agora abordar o problema da inflação por outro prisma, aquele que verdadeiramente dói ao capital rentista.

Vamos supor, para simplificar que eu sou um gajo muito rico que sou dono de 10% da riqueza de um certo país.

Suponhamos que o governador do banco central lá do sítio pega no telefone, liga para a sala de impressão da casa da moeda e diz:
---Ó Zé, imprime-me aí X milhões em notas de 20 porque a inflação está muito baixa e precisamos "aumentar a massa monetária".

Eu que até me dou com a plebe vou ao café e ouço dizer que vão ser impressas mais X notas de 20. E aí começo a fazer contas: X milhões são 1% do dinhero que existe em circulação. Ora se eu tinha 10/100 = 0,1 de todo o dinheiro do país logo agora vou passar a ter só 10/101 = 0,099. Ora bolas! Quer dizer que se há mais dinheiro em circulação o meu vale menos. Já estou a ser comido.

Claro que na vida real o "imprimir notas" é feito por outros processos e raramente se refere a pôr a funcionar as rotativas do banco central, mas o efeito é o mesmo.

Há ainda um outro factor irritante para o capitalista rentista. É que o objectivo de todo empresário é alcançar uma boa quota de mercado, ou melhor, se puder ter uma posição dominante ou até o monopólio, tanto melhor, porque aí pode fixar os preços que quiser e ordenhar a vaca como bem entender.
Se houver mais dinheiro em circulação, por exemplo sob a forma de crédito, é mais provável que alguém pense que há dinheiro a ganhar no "meu" sector e crie uma empresa concorrente.
Ora bolas! Já me estão a tentar ir à mala! (Dirá o capitalista monopolista.)

Conclusão: A vida do capitalista rentista é mais dura em regimes moderadamente inflacionários.
S.T.

Anónimo disse...

"deve ser acompanhada de aumentos de salários que pelo menos reponham o poder de compra."

Em que premissas se está a basear que o patronato de livre vontade dará os aumentos de salários para repor o poder de compra? De facto a história demonstra o contrário. Sempre que foi necessário baixar custos salariais o patronato limitou-se a "manter" os salários e a inflação fez o resto na sua depreciação. Todas as suas análises são baseadas na premissa que o patronato aumentaria salários.

Repare por exemplo no valor real do salário mínimo, ou seja, a preços constantes IPC (como sabe o acerto IPC nem diz respeito ao PIB mas aos produtos e bens essenciais), e repare que o SMN real entre 1977 e 1985, ao longo de oito anos, não se alterou. Ao longo desses oito anos não houve qualquer aumento de poder de compra dessas pessoas. Hoje os sindicatos sabem que quando obtêm um aumento salarial de x %, é uma garantia de um aumento real de salário.

Todo o seu argumentário, de facto, é semelhante ao de um neoliberal, com uma pequena nuance na divisa escolhida. Por um lado procura a competitividade da economia baixando salários e rendimentos, por outro, espera que os patrões aumentem salários para repor a perda do poder de compra.

Anónimo disse...

Em relação à habitação, os casos que apresenta estão no domínio da teoria. A valorização do mercado imobiliário desde 2002, ano da entrada no Euro, em que praticamente não houve inflação relevante, foi deveras substancial e muito superior a qualquer inflação. E mesmo já depois da crise e da recessão, os valores patrimoniais do imobiliário já ultrapassaram o nível pré-crise.

Anónimo disse...

"Ou seja, a solução para diminuir as desigualdades entre os estados-membros da UE, não é voltar para trás, mas dar mais passos em frente, numa união fiscal e bancária!"

Isto dito assim até parece fazer sentido. O pior é convencer o dono da UE a passar o cheque.

As continhas feitas por Jacques Sapir demonstram que nenhum governo alemão conseguiria vender aos seus eleitores as transferências necessárias ao reequilibrio da EMU:
Diz Jacques Sapir em http://russeurope.hypotheses.org/5188

"We must therefore calculate the size of transfers that would entail real federalism across the eurozone. The actual total transfers from four leading eurozone countries—Germany, Finland, Austria, and the Netherlands—would likely be in the range of 280 to 300 billion euros. This suggests that Germany would bear 80 to 90 percent of the cost, or at least 248 billion euros per year—9 percent of GDP in the most modest assumption, and as much as 12.7 percent in more extreme estimates."

Isto deixa prever que o governo alemão vai tentar comprar a passividade dos governos de países do Sul e tentar interferir nos seus processos eleitorais para prolongar o mais que puder uma situação que lhe é globalmente favorável.
É nesse contexto que a contratação de Centeno surge como uma maneira de escamotear os custos reais da manutenção do Euro que estão a ver suportados pelos países du Sul. É a solução "baratinha" que eu já tinha referido algures a este propósito.

Para se perceber que os custos do federalismo são incomportáveis (até) para a Alemanha vejam-se as estimativas feitas pelo mesmo Sapir já em 2012:
Le coût du fédéralisme dans la zone Euro
http://russeurope.hypotheses.org/453
Veja-se sobretudo o último quadro, segundo o qual Portugal deveria estar a receber qualquer coisa como 17,27 mil milhões de Euros anuais de transferências "federais".

Aos federalistas europeus só temos que perguntar: ONDE ESTÁ O CHEQUE?
S.T.

Anónimo disse...

"A valorização do mercado imobiliário desde 2002, ano da entrada no Euro, em que praticamente não houve inflação relevante, foi deveras substancial e muito superior a qualquer inflação."

Porque houve um monumental afluxo de capital aos países do Sul que foi canalizado sobretudo para a especulação imobiliária.
A inflação foi contida pela queda dos preços dos produtos de consumo e importações energéticas, fruto da utilização de uma moeda sobreavaliada, que como já vimos baixa o preço dos produtos importados à custa da competitividade dos produtos nacionais.
S.T.

Anónimo disse...

"Converter para uma moeda que desvalorizaria de imediato, significaria o empobrecimento da classe média e proletária"

Temos aqui um problema de referêncial.
Empobrecer em relação a quê? Em relação aos patrões não seria porque o valor das empresas passaria também a ser cotado em Escudos.
Claro que as férias nas Caraíbas pagas em dólares, seriam mais caras mas todas as transações internas manteriam os mesmos preços embora redenominados.
Como quer escamotear o valor real da economia portuguesa?
Os islandeses tiveram esse problema, desvalorizaram e agora a sua moeda já recuperou nos mercados cambiais.

Anónimo disse...

"Claro, mas está a assumir que o Banco Central não teria soberania de imprimir moeda? Então, há ou não há soberania monetária? Porque motivo não poderia então um banco central imprimir a moeda que lhe aprouver, desvalorizando-a ao ponto que quiser? Então, largamos as "amarras" do Euro, e agora ficamos agarrados às "amarras penais" do FMI?"

Não, não estou!
O banco central de um estado soberano pode imprimir a moeda que quiser, a questão é se deve fazê-lo. Isto é, se isso trás algum benefício à economia do país e não cria riscos imoderados.
Estamos a falar de bancos centrais com governadores responsáveis que respondam perante governos democráticos e com um razoável sentido de estado.

A desvalorização no caso de uma saída do Euro seria um assunto delicado de gerir para estabilizar as cotações a seguir ao choque inicial. Não estamos aqui a falar de desvalorizações competitivas que pudessem ser consideradas "manipulação monetária".
No entanto é curioso notar como a flagrante manipulação de moeda que a China fez durante tantos anos não mereceu reparos de ninguém. Talvez porque havia compra de dívida americana, digo eu.

Anónimo disse...

"Hoje os sindicatos sabem que quando obtêm um aumento salarial de x %, é uma garantia de um aumento real de salário."

Claro fica que este é um argumento de um ordoliberal. E as acusações de que a minha posição seria "neoliberal" é apenas atirar poeira para os olhos.

Os aumentos de salários têm sido ridículos, excepto em raras situações em que a relação de forças o impôs.

Os aumentos de salários são tão reais que como já vimos a parte dos salários no produto diminuiu com Centeno. Ver o texto de Bagnai sobre o "Milagre em Lisboa".
Note-se que não estou a julgar Centeno por isso. Provávelmente estes são os equilíbrios políticos possíveis na presente situação.

A "nossa guerra" deve ser outra: Compreender a forma encapotada como o nosso país é espoliado e alinhar argumentos para que deixe de o ser. Sem essa visão critica nada poderá ser alcançado.

Anónimo disse...

É francamente confrangedor ver a ignorância dum sujeito ( Pimentel Ferreira) e o seu método de agir sacudindo as águas desta forma desconexa

Se ao menos aprendesse alguma coisa.

Mas também aqui perpassa a desonestidade intelectual de negar o que disse e de reforçar o que não disse

Anónimo disse...

O agitar o espantalho da perda do poder de compra e apresentar como exemplos o telemóvel comprado na Coreia, para esconder os Mercedes ( mercedez? que idiotice é esta?) que se almejam continuar a comprar, é que é mesmo dum vero neoliberal

O a despropósito vir falar em Geologia e em Jeovás de forma persistentemente dogmática é que é mesmo tentar uma conversa ao lado para esconder o que não sabe.

O espantar-se por Marx ser alemão é que é mesmo o toque de xenofobia que atravessa esta coisa. Já Hitler tinha o mesmo espanto e fez tudo para apagar o marxismo da face da terra

Anónimo disse...

O agitar o papão da Venezuela é uma outra marca da redundância de um discurso que não sai disto para assumidamente não se discutir o que está em foco.

Infelizmente para os que fogem assim para a América do Sul, as suas diatribes quanto à inflação são rapidamente desmontadas.

E ficam aí a ver se deflacionam

Anónimo disse...

"O BCE ao estabelecer uma mesma taxa de juro directora para países tão díspares como a Alemanha e Portugal estava a semear as causas do gigantesco afluxo de capital que nos anos pré-crise inundou os mercados dos países periféricos e a correspondente inflação que minou a competitividade das empresas periféricas em relação ao "centro".

É esta realidade que se debate

E não este disparate tonto com que se tenta fugir e dar uma ao mesmo tempo de "intelectoal". Cita-se:

"E não se grafa cambio (forma verbal do verbo cambiar), mas câmbio, visto ser uma palavra proparoxítona. Ah, e não precisa de pesquisar no Google, eu sei que não sabe, proparoxítona significa esdrúxula, tal como a sua "análise". Eles usam corretores ortográficos, e depois dá nisto!"

O que parece é que a falta de amigos que o aconselhem é que dá nisto

Anónimo disse...

Porque interessa relembrar a essência do que se discute e porque as lições de economia são necessárias mas são todo um mundo, e podem permitem a fuga sempre para diante ( agora é o pretexto do preço da habitação no pós-crise):

"Germany and the rest of the eurozone must “face up” to the fact that uncompetitive countries in the south can only prosper again if the bloc is broken up, Lord King argues.

Europe’s biggest economy faces the “terrible choice” of writing a blank cheque to support the bloc “at great and unending cost to its taxpayers” or calling “a halt to the monetary union project”, he says."

"“The counter-argument – that exit from the euro area would lead to chaos, falls in living standards and continuing uncertainty about the survival of the currency union – has real weight,” Lord King says."

“But... leaving the euro area may be the only way to plot a route back to economic growth and full employment. “The long-term benefits outweigh the short-term costs.”

Sir Mervyn King, insuspeito de marxismo e imaculadamente "capitalista"

Anónimo disse...

Repesquemos assim alguns pontos fortes

"a renegociação da dívida não é uma coisa de "esquerdalhos". É o caminho sensato para tornar a transição para um pós-euro o menos agitada possível, o que só é possível com uma saída negociada por gente responsável de um lado e de outro que compreeenda que o divórcio é a melhor solução e que há dívidas que nunca poderão ser pagas."

Anónimo disse...

Mais uma frase lapidar:
"Quanto aos estabilizadores automáticos, neste caso específico a taxa de cambio, parece que já todos os leitores perceberam que é dos mais eficazes instrumentos para regular a balança de pagamentos de um país e portanto é inútil continuar a agitar espantalhos de empobrecimento."

A isto o que responde o sujeito das 10 e 25?

"Mais uma vez engana-se, engana-se, engana-se! E não se grafa cambio ....bla-bla-bla-bla-bla"

"Esqueceu-se de dizer porque quem disse esta frase está enganado. Parou no corrector automático

Anónimo disse...

As cenas continuam:

"O que me deixa profundamente indignado é a falta de honestidade intelectual da esquerdalhada."

Deixemos para lá o chavão idiota e repetitivo "esquerdalhada". Pela face vê-se que está limitado a este tipo de refrão

Mais uma vez falta a demonstração da afirmação que debita. Confunde argumentos de que discorda com "honestidade intelectual". Parte para o insulto quando está a perder o pé. E quer à viva força que a sua visão das coisas seja a única e que os que o contradizem sejam classificados de "intelectuais desonestos".

Um belo exemplo de desonestidade este aqui apresentado pelo pimentel ferreira. Embora não de intelectual , convenhamos

Anónimo disse...

Infelizmente há mais e pior:

" Até lá, o que berrarem Catarinas, Mortáguas, Louçãs e Jerónimos, é lixo auditivo no qual regurgito dado o vómito intelectual que me provocam"

A grosseria bestial ( de besta) tem destas coisas. Berra assim desta forma acanalhada para esconder o que é. Impotência incluída

Anónimo disse...

Mas a linguagem do pimentel ferreira continua em alta.

"Comparações com a Dinamarca que não está no Euro? A sério!? E porque não comparar com a Holanda que está? Ou porque não comparar com a Albânia que não está? Esquerdalhos e agiotas são duas faces da mesma moeda: desonestidade intelectual maximizada para levar a cabo as suas "deiedades e ideologias"!"

Não, não passa. Nem a canalhice nem a manipulação.

O que alguém disse lá em cima foi isto:
"Países €peus sem €, e com contas equilibradas: Dinamarca, Suécia, Islândia, Noruega, Polónia, Checa."

As comparações foram feitas não apenas com a Dinamarca. Foram feitas com países europeus, com contas equilibradas, fora do euro.

(Sabemos que houve idiotas que tentaram vender-nos a ideia que o euro era a Europa e que a Europa era a UE (a "paz europeia" e outras borregadas)).

Falou-se assim em países da europa,fora do euro, com contas equilibradas.

Como resposta a quem assim falou, surge este vómito por parte deste caluniador de meia-tigela. O que não admira, já que parece que isso lhe é habitual. Afoga-se nos seus próprios produtos orgânicos

Anónimo disse...

Mas para além do insulto gratuito e do seu vómito quase que instituído, João Pimentel Ferreira mente

"o FMI das duas primeiras vezes que veio a Portugal para aumentar a "competitividade" da economia nacional. Inflação em Portugal em 1984: 28%. Mas nesse ano os sindicatos foram super felizes para casa, e não houve gritaria nas ruas, pois na concertação social conseguiram para esse ano um aumento de salários de 10%, uma "vitória dos trabalhadores" como teria dito o Arménio Carlos de então!"

Mente e manipula.

"A concertação social dá os seus primeiros passos em Portugal em 1984, num quadro de profunda crise económica (descida do PIB e do investimento, elevada inflação e desemprego) e de forte conflitualidade social e política, dois anos antes da adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (CEE). É então criado o Conselho Permanente de Concertação Social, por iniciativa do IX Governo Constitucional (o chamado Governo do “Bloco Central” PS/PSD, presidido por Mário Soares), formado na sequência das eleições de 1983 e que pretendeu responder à crise com a aplicação de um plano dito de estabilização do Fundo Monetário Internacional (FMI) fortemente restritivo no plano social e financeiro.

Com a constituição daquele órgão de concertação pretendia o Governo envolver os actores sociais na co-responsabilização pela política adoptada de resposta à crise, estabilizar assim o sistema político e controlar a inflação atra­vés da contenção salarial e da política de rendimentos. Nele acordaram parti­cipar a central sindical UGT (que fora constituída na base do apoio político dos dois partidos do “bloco central”) e as confederações patronais (CIP, CAP e CCP11). A principal central sindical – a CGTP-IN – recusou então participar, por discordar das políticas sociais e dos objectivos subjacentes de comprometer na sua realização as organizações que integrassem a Comissão Permanente de Concertação Social (CPCS).

É aqui de sublinhar que a UGT desempenha neste processo, quanto aos actores sociais, o papel decisivo e legitimador da concertação social. Sem ela, não existiria órgão, porque a sua existência depende da representação e do acordo tripartidos. E os poderes político e económico viam na concertação social um meio necessário para enfraquecer a capacidade de mobilização e resistência social dos trabalhadores às medidas políticas que entendiam necessário tomar e que implicavam também condicionar fortemente a negociação colectiva, desde logo no plano dos salários, em contexto de forte inflação e sendo orientação assumida a contenção salarial como meio principal de controlar aquela. Tal pressupunha condicionar a CGTP, que detinha o domínio da contratação colec­tiva e a representação social maioritária dos trabalhadores."

Anónimo disse...

Vemos assim que:
-Os sindicatos não foram super felizes para casa ( que linguarejar)

-Houve lutas sindicais contra a deterioração do poder de compra e contra o FMI.
(A citada gritaria nas ruas faz lembrar o ódio bovino que estas coisas têm contra os trabalhadores e as suas estruturas sindicais).

-O Arménio Carlos de então! ( assim com o ponto de exclamação histérico) não poderia ter dito nada sobre a " vitória dos trabalhadores" já que a CGTP estava frontalmente contra.

Mente, manipula e aldraba. João Ferreira Pimentel

Anónimo disse...

José M Sousa volta a tentar alguma serenidade no debate, ultrapassando a histeria mentirosa e manipuladora do pimentel Ferreira.

Ao fraseado ultramontano deste:
"E não me venha com lenga-lenga eufemística neoliberal, tal como denominar de "políticas de ajustamento" os cortes de salários e pensões. E não, não são só "Mercedes" para os endinheirados tal como referia algures um energúmeno, vai de coisas como telemóveis, máquinas de barbear, autocarros da CARRIS, comboios da CP, aviões da TAP, equipamento médico, medicamentos dos hospitais, lâmpadas, frigoríficos, máquinas de lavar roupa e toda essa série de luxos extravagantes apenas acessíveis aos capitalistas".
( o "energúmeno" vai de par com o verdadeiro rosto de Pimentel. Mas adiante.)

A isto, José M. Sousa responde com nível e com classe:
"O anónimo das 10.25 raciocina como se os euros com que compramos máquinas de barbear, equipamento médico, etc., etc. nos fossem dados! Os Euros que temos que obter para pagar as nossas importações adquiri-mo-los no exterior (o banco emissor situa-se na Alemanha); isso não é muito diferente do que seria se tivéssemos moeda própria. Teríamos que adquirir (via exportações, remessas de emigrantes, etc.) divisas para pagar as nossas importações, com a vantagem de ter controlo sobre a nossa economia (com capacidade de maior controle sobre importações e de estimulo das exportações). Considerar que este instrumento de política económica é coisa de esquerdalhos é de uma ignorância sem limite, apesar dos requintes linguísticos".


Anónimo disse...

Como responde a isto o João Pimentel Ferreira?

Desta forma primorosa

"o banco emissor situa-se na Alemanha"
Não interessa onde se situa, é o BCE que emite, e até tem tido uma política monetária bem contrária aos interesses da Alemanha"

Não se riam por favor. Os verdadeiros germanófilos, aqueles que gostam mais da política económica da Alemanha do que do património cultural desta, aqueles que gostam mais da Srª Merkel do que de Beethoven ( houve um mentecapto ordoliberal que até disse que Beethoven era neoliberal, pensando que este tinha nascido neste século), aqueles que gostam de citar goebbels para tentar provar que hitler era socialista, às vezes tentam reescrever a história e a realidade.Com o seu quê de cómico

Como se vê na frase transcrita acima.

Um verdadeiro negacionista. Ao serviço da Alemanha
E eu que pensava que na Alemanha pós-nazi, era proibido o negacionismo

(Entretanto o silêncio impotente sobre o desmascarar dos argumentos sobre os os frigoríficos e os produtos médicos...)

Anónimo disse...

"Em que premissas se está a basear que o patronato de livre vontade dará os aumentos de salários para repor o poder de compra?"

Na premissa de que um governo que queira estabilizar a economia após uma saida do Euro terá uma atenção redobrada à manutenção da procura interna e ao equilibrio dos rendimentos do trabalho, sem abrir muito os cordões à bolsa mas também sem asfixiar o consumo interno.

Também na premissa de que os empresários, gozando de uma maior folga nas margens de comercialização não terão tanta necessidade de cortar custos. Sobretudo porque se o banco central seguir um mandato de pleno emprego manterá as taxas de juro baixas até que as pressóes inflacionárias sejam realmente fortes.

Também na premissa de que quando uma empresa tem a carteira de encomendas cheia e as taxas de juro são baixas os empresários terão que ir buscar o outro ingrediente para fazer o bolo, isto é, a mão de obra.

Já agora o meu palpite é que logo após uma saída do Euro as taxas de juro não terão que subir muito. Porquê? Porque naturalmente os fluxos de capitais serão em direcção ao exterior antes da saída e de fora para dentro uma vez estabilizado o câmbio. É que após uma saída do Euro haverá muito dinheiro a ganhar em sectores que até agora estão atrofiados pela sobrevalorização do Euro. E isso atrairá capitais, não só pelas oportunidades mas até pelo câmbio favorável.
S.T.

Anónimo disse...

"Converter para uma moeda que desvalorizaria de imediato, significaria o empobrecimento da classe média e proletária, em benefício do patronato que exporta e das contas públicas. De facto, sair do Euro e mudar para um Escudo que deprecie, significa uma transferência de riqueza da classe média para o patronato, em nome de contas externas equilibradas e da competitividade da nossa economia."

Quando um troll que era ferozmente de direita subitamente fala de "classe média e proletária" com preocupação algo está errado, não é?
(He pá compõe o disfarce!) LOL

Anónimo disse...

Para finalizar, ponho-lhes um dilema prático.

Parece-me útil lerem um artigo de um homem de direita mas que corajosamente escreveu sobre o drama da Grécia. Falo de Ambrose Evans Pritchard, e o dilema é lerem em italiano no Vocidall'Estero de borla ou lerem em Inglês no Telegraph com paywall.

http://vocidallestero.it/2017/12/16/a-e-pritchard-le-opzioni-imperialiste-dellue-non-giovano-alla-gran-bretagna/

http://www.telegraph.co.uk/business/2017/12/06/britain-almost-has-fight-way-eu-colonial-empire/

Excerto:

“La vita in Europa nel 2017 assomiglia sempre di più a come si stava sotto l’amministrazione coloniale. Siamo sottoposti a un’amministrazione invisibile che dà forma al nostro destino fino ai più piccoli dettagli. Non dovremmo essere davvero sorpresi del fatto che stia causando rivolte“, ha detto Van Reybrouck, che si è formato studiando il dominio belga in Congo e la politica olandese nelle Indie orientali.

Gli ultimi regimi coloniali avevano dei “consigli popolari” proprio come oggi esiste un Parlamento europeo, ma il potere sostanziale risiedeva nell’esecutivo imperiale, che agiva “lontano da noi, senza di noi, a nostro nome“, come oggi a Bruxelles. Il miglioramento delle condizioni di vita era fuori questione. Qualsiasi popolo vive nella “rabbia permanente” quando non è padrone in casa propria, ha scritto il leader nazionalista indonesiano Sukarno nel 1930.

Van Reybrouck afferma che il “riflesso coloniale” rappresentava i leader ribelli come dei devianti. Cita un ministro olandese che respinge il movimento di resistenza indonesiano come un tentativo disperato che attirava le caste più basse e meno istruite. Suona familiare? “È la routine: ridurre sempre il problema a poche mele marce che contaminano il resto“, dice Van Reybrouck.

I difensori del progetto potranno ribattere che l’UE è un club di Stati sovrani che hanno firmato volontariamente dei trattati, e ognuno ha un posto al tavolo. Questo è ciò che Platone avrebbe chiamato una “nobile menzogna”. Le sofferenze degli irlandesi nel 2010 o della Grecia nel 2015 hanno messo in luce il vuoto di tale incongruenza, e i drammi patiti dalla Gran Bretagna quest’anno per tirarsi fuori mostrano che l’UE è diversa da qualsiasi altra organizzazione internazionale dei tempi moderni. Bisogna battersi per poter recedere.

Repare-se como Ambrose Evans Pritchard fala claramente numa situação colonial, na demonização dos que se revoltam e na necessidade de se bater para poder sair.

Pax vobiscum
S.T.

Unabomber disse...

Para o S.T.:

"onde é que está o cheque?"
- Desde à adesão à CEE em 1986 Portugal já recebeu em fundos comunitários mais de 80.000 milhões € (corresponde a aprox.50% do PIB).
........
O que será melhor para os adquirentes de casas:
Ter uma taxa de inflação de 10% e pagar ao banco 15%% de juro, ou ter uma inflação de 1% e pagar 2,5% ao banco?
.......
A Alemanha não é o unico pais da Europa com excedente na balança corrente (aprox. 8% do PIB em 2016), há outros:
- Holanda - 8% do PIB
- Suiça - 11% do PIB
- Dinamarca - 8% do PIB
- Suécia - 5% do PIB
A que se devem os excedentes da Suécia, da Dinamarca e da Suiça? Será porque andaram a desvalorizar as suas moedinhas?
...........
Já o Reino Unido tem elevados défices na balança corrente: aprox.4% do PIB desde 2012.
- Será que alguém já perguntou ao Lord King de quanto é o cheque que os paises excedentarios (dentro e fora da Europa) passam ao Reino Unido?
........

(...)"o patronato de livre vontade dará os aumentos de salários para repor o poder de compra?"
- A reposição do poder de compra também inclui a inflação nas importações? - cujo valor anual equivale a aprox. 40% do PIB (aprox. 70.000 milhões de €).
- Será possivel aumentar significativamente a procura interna e o investimento sem provocar um aumento das importações?
.........

Unabomber disse...

Para o ST:

Para quem tem muitas certezas sobre os beneficios das desvalorizações da moedas convém lembrar o que se passou nas crises de 1977/1987 e 1983/1984:

"Recorde-se que nas duas intervenções anteriores do FMI, em que se teve também de DESVALORIZAR muito o escudo para aumentar a competitividade das exportações portuguesas, e assim aumentar as exportações, foram os períodos em que os trabalhadores e pensionistas perderam mais poder de compra.
Entre 1977 e 1979, 1º período de intervenção do FMI, os preços aumentaram 93%, o salário mínimo subiu 87% e a pensão média da Segurança Social aumentou a
penas 58%.
Entre 1982 e 1984, período de 2ª intervenção do FMI, os preços subiram 98%, o salario mínimo nacional aumentou 54%, e a pensão média da Segurança Social subiu 71%.
Nestes dois períodos, a perda de poder de compra acumulada do SMN foi de 27%!!! e da pensão média de 29%!!!!!.
Foi também nestes dois períodos em que a parte dos salários no PIB mais desceu: 1º período: - 13,1% (queda de 6,7 pontos percentuais); 2º período: - 16,9% (redução de 7,4 pontos percentuais).
E tenha-se presente que não se teve de fazer desvalorizações da moeda de 30%".
de Eugenio Rosa

Anónimo disse...

Bem, desta vez mandam a brigada panzer sob a forma do Unabomber :)
Que é isto? Um exame ou quê?

Isto não são perguntas demais nem nada?

Começando pelo princípio...
Como é óbvio não leu o post do Jacques Sapir sobre os custos de uma EMU federal.

Devia ler. É por aqui:
http://russeurope.hypotheses.org/453

Também deveria saber que quando se lida com regiões desfavorecidas não existem soluções mágicas e rápidas. O exemplo da Madeira e a nossa dicotomia litoral / interior são disso um exemplo vivo. O que traz à baila a falta de senso dos nossos dirigentes da altura que foi decidida a adesão ao Euro.

Também deveria saber que os problemas de zonas desfavorecidas até dentro do mesmo país são exacerbadas por partilharem a mesma moeda que não serve eficazmente zonas do país muito diversas a nível de produtividade e capacidade produtiva. No interior de um país a coisa resolve-se "indo trabalhar para Lisboa", desertificando o interior e criando grandes assimetrias na ocupação do território.
Numa "união" essa migração é quase uma forma de genocídio lento dos povos que têm o azar de ocupar territórios menos desenvolvidos.

Apesar disso lembro-me distintamente de ouvir vezes sem conta promessas de que haveria convergência entre as economias mais e as menos desenvolvidas.

A realidade é que desde a adopção do Euro a tendência foi de divergência. Podia-se admitir por auto-racismo que o defeito fosse nosso, português. Mas não, todas as economias do Sul patinaram pelas razões que já foram explanadas. Já toda a gente percebeu que existem defeitos congénitos de concepção do Euro que levam inelutávelmente a essa divergência.

Se se tivesse dado ao trabalho de ler o post de Sapir teria verificado que o montante das transferências necessárias para fazer convergir Portugal no seio do Euro montam a 17 mil milhões de € anuais
Comparado com os 80 mil milhões de € ao longo de 30 anos tem que confessar que os fundos comunitários foram "amendoins". Mas amendoins que ainda por cima serviram para destruir a nossa frota de pesca e outros sectores da ainda incipiente base industrial portuguesa. Sim, porque os fundos foram desenhados para ser de ida e volta, com os subsídios a serem utilizados na compra de produtos dos países do Norte, sobretudo da Alemanha. Portanto na prática os "subsídios" por intermédio das elites compradoras nacionais foram subsidiar as indústrias alemãs. E alguém se convence que a ideia original não era ser assim? Não brinquem comigo!

Portanto sabedor da sovinice alemã pergunto mais uma vez ONDE ESTÁ O CHEQUE? preferindo, é óbvio, uma solução negociada de saída do Euro.
Penso aliás que essa deveria ser a palavra de ordem nacional, ONDE ESTÁ O CHEQUE?
Porque como até o especulador financeiro George Soros reconheceu em entrevista pouco depois do estalar da crise, a Alemanha só pode fazer duas coisas: Ou pagar ou libertar os prisioneiros do Euro.
Mas como é óbvio irá adiar a questão enquanto lho permitirem porque só tem a ganhar com o status quo.

Anónimo disse...

Vejamos sucintamente o caso do UK, embora a maneira primária como a questão foi colocada não augure que aquilo que se explique seja entendido.

O UK tem um problema de chagas auto-infligidas. Como sabem está no poder um governo conservador que insiste numa política altamente destrutiva de austeridade e destruição do sector público completamente desnecessária e uma preocupação com o débito que só faz sentido como forma de concentração da riqueza nas camadas mais endinheiradas da população.

É uma economia extremamente aberta ao comércio exterior que tem sofrido imenso com as deslocalizações e com o "mismanagement" austeritário que apesar das bases económicas muito fortes tem afectado o crescimento e a produtividade.

Como não faz parte da zona Euro e é um país soberano porque haveria de receber transferências?
Tenham dó! Impõe-se um mínimo de lógica.
S.T.

Anónimo disse...

Essa estória de "moedinha" mostra alguma crispação ou irritação. Mas também a sobranceria própria da pedantice

Faz lembrar aquele tipo que falava em "escudinhos" duma forma depreciativa e toleirona enquanto nos tentava vender o Euro uberalles por todos os poros.

Uma espécie de brigada do reumático, com panzers e tudo. Com o primarismo adequado a tais condições

Lowlander disse...

Tiro-lhe o chapeu S.T., outra vez. Volte sempre, que, pela minha parte, e muito benvindo.

Anónimo disse...

"O que será melhor para os adquirentes de casas:
Ter uma taxa de inflação de 10% e pagar ao banco 15%% de juro, ou ter uma inflação de 1% e pagar 2,5% ao banco?"

Isto é um exemplo de um falso dilema porque está a comparar situações de mercado diferentes e sobretudo com margens de intermediação bancária diferentes. Se conseguisse aguentar os primeiros anos de prestações preferia a situação 10%I - 15%J porque teria muito mais garantias de que a minha propriedade e o meu aforro não se desvalorizaria, bem pelo contrário. 10% de inflação é indício de uma economia "a esgalhar" com um dinamismo que auguraria boas oportunidades de negócio e sobretudo a necessidade de investir todos os tostões que se pudessem aforrar.

Note-se bem que nem sempre as valorizações do mercado imobiliário alinham com as taxas de inflação. O imobiliário rege-se por outras tendências que podem e devem ser exploradas pelo negociante astuto. Por exemplo, Seatle, Auckland, a baixa de Toronto e outros locais estão "em brasa" com chineses a comprarem propriedades de alto valor para investirem os proventos dos seus negócios fora da China. De tal maneira que os locais ficam excluídos do mercado, o que já levou as autoridades locais nalguns casos a impor restrições.
S.T.

Aónio Eliphis disse...

Para o S.T. (tenho debatido consigo sobre o assunto)

Todo o seu argumentário fica no campo do teórico. Acredita na benevolência dos patrões para repor a perda do poder de compra (demonstrei-lhe com números que foi exatamente o contrário entre 1977 e 1985), acredita em governadores de bancos centrais responsáveis (Carlos Costa ou Vítor Constâncio?) e considera mesmo que os capitalistas e patronato nacionais têm todos os seus ativos financeiros em Portugal, e que perante uma mudança de divisa não iriam imediatamente colocar os seus ativos em divisas estangeiras, ou que já não têm mesmo as suas fortunas em bancos estrangeiros.

Quando me refiro a empobrecimento, o referencial é o exterior. Mas como sabe importamos coisas que hoje consideramos banais para nos providenciar qualidade de vida, ou até mesmo essenciais como equipamento médico ou comboios da CP.

O debate vai longo, mas há outros mecanismos para equilibrar a balança de pagamentos, usados por Holanda e Dinamarca: fiscalidade. Sabe quais as maiores importações de Portugal em valor monetário? Carros e combustíveis. 1/4 das importações de bens são carros mais combustíveis para os locomover. Aumente-se ainda mais o ISP e a fiscalidade automóvel, como se faz na Holanda, que tem a indústria automóvel alemã mesmo ao lado, e resolve-se logo parte do problema. O IUC que se paga em Portugal por exemplo,1 é ridiculamente baixo, mesmo em paridade poder de compra.

Cumprimentos

Anónimo disse...

"A Alemanha não é o unico pais da Europa com excedente na balança corrente (aprox. 8% do PIB em 2016), há outros:
- Holanda - 8% do PIB
- Suiça - 11% do PIB
- Dinamarca - 8% do PIB
- Suécia - 5% do PIB
A que se devem os excedentes da Suécia, da Dinamarca e da Suiça? Será porque andaram a desvalorizar as suas moedinhas?"

Vejamos...
Todos os países que menciona têm uma base industrial forte, níveis de bem-estar, educação e investimento em R&D altos. Estão portanto numa situação completamente diversa da de Portugal e muito mais próximos da Alemanha.

Tanto é que a Holanda é cúmplice com a Alemanha na extorsão de competitividade aos países do Sul. E como deve saber a Holanda ainda faz uns biscates de paraíso fiscal em parceria com a Irlanda e o Luxemburgo. Portanto a Holanda ao participar no Euro está no mesmo caso da Alemanha.
A Dinamarca tem níveis de desenvolvimento grosso modo comparáveis à Alemanha e mantém um peg ao Euro pelo que se o euro está subavaliado para a Alemanha também a coroa dinamarquesa o está.
A Suiça e a Suécia estão bem e recomendam-se. A Suécia deve ser por exportar tantos Volvos e a Suiça ópbviamente que é por exportar tantos relógios de cuco. Haaa, e chocolates! Não esquecer os chocolates!
S.T.

José M. Sousa disse...

Taxa de Câmbio da Coroa Sueca vs Euro últimos 5 anos: sim, houve desvalorização da coroa sueca:

https://www.bloomberg.com/quote/EURSEK:CUR

https://www.ecb.europa.eu/stats/policy_and_exchange_rates/euro_reference_exchange_rates/html/eurofxref-graph-sek.en.html No pico da crise (2009) teve uma acentuada desvalorização.

A coroa dinamarquesa alternou períodos de valorização com desvalorização:

https://www.ecb.europa.eu/stats/policy_and_exchange_rates/euro_reference_exchange_rates/html/eurofxref-graph-dkk.en.html

Anónimo disse...

Aonio Elphis ou Victor ou joão Pimentel Ferreira ou mais um cento de nicks com que gira e regira a bola à procura de.

Não tem vergonha de dizer uma coisa hoje e outra há meia dúzia de dias?

A benevolência dos patrões agora na boca de um neoliberal que elogiava tanto esse verdadeiro prosélito do patronato , um tal Passos Coelho? Em cuja governação o aonio viu ( caso único) a "aceleração para o emprego e outras tretas, quando foi precisamente nessa governação que o patronato mais benesses teve?

Governação que apoiou até às últimas esse tal governador do banco de Portugal, um tal Carlos Costa, o bombeiro que chega sempre tarde mas que serviu e serve esse projecto neoliberal?

E Constâncio,outro governador do BdP às ordens do BCE que como se sabe serve o que serve?

Até onde vão as tretas e a "argumentação teórica" atribuída aos demais?

E porque carga de água continua a fugir do que se debate e agora parte para outra, sobre a fuga dos capitais para o exterior em caso de mudança de divisa?

Mas quantas vezes já foi aqui debatido que a saída do euro, se é condição necessária, não é contudo suficiente?

Quanto a S.T sinceramente os meus parabéns. Duplos até: pela qualidade dos comentários e pela sua paciência.

Acrescentaria ainda uma terceira qualidade ao reler sobretudo os seus últimos posts. A sua fina ironia

Faço minhas as palavras de Lowlander

Aónio Eliphis disse...

Caro S.T.
Pedia-lhe por favor para que lesse este artigo interessante sobre a temática. Cumprimentos.

Anónimo disse...

Para Aónio Eliphis

Concerteza que me concede que não ignoro que existem outros meios de controle da balança de pagamentos. Só que os mais eficazes estão-nos vedados nesta situação de protectorado, a saber a taxa de juro directora e o ajuste cambial.

E concerteza também não ignora que a maneira de lucrar com uma saída do Euro é exportar os capitais para um país do "centro" antes da redenominação e quando as oscilações cambiais acalmarem após a redenominação reconverter os capitais de Euros para Escudos. Sejamos francos, era o que eu faria se tivesse dinheiro para isso. Portanto não tenho a mínima ilusão quanto à "bondade" do patronato português.

Quanto a governadores, se os ingleses podem contratar um canadiano a minha opinião é que Portugal devia contratar um grego.

E aqui para nós que ninguém nos ouve, bastaria fazer algumas acções de protesto anti-coloniais bem esgalhadas que incomodassem o suficiente as elites alemãs para a questão se resolver.
Se exceptuarmos os parvos que a nossa comunicação social insiste em apresentar como economistas, o conhecimento destes assuntos já vai fazendo caminho junto da generalidade da profissão por essa UE fora.
Portanto é uma questão de tempo até que salte para a mainstream média.

E nessa altura as opiniões públicas europeias não tolerarão este neo-colonialismo rançoso.

Cumprimentos
S.T.

Anónimo disse...

Em intenção de José M. Sousa

Um peg não significa que não haja variações. Significa que a moeda pode variar dentro de uma faixa estabelecida de cotações. Quando a cotação ultrapassa um dos limites estabelecidos o banco central, neste caso o Danmarks Nationalbank intervém no mercado a comprar ou a vender a moeda com que existe o peg para lhe fazer subir ou descer a cotação.

Neste caso o banco da Dinamarca tem tido que comprar Euros usando DKrone, nem que para isso tenha que "imprimi-las". Isto é indício que até em relação ao Euro a DKK está subavaliada, o que explica muito bem os seus excedentes comerciais.

Ver este artigo sobre o peg da DKK:
https://www.bloomberg.com/news/articles/2017-04-06/another-euro-peg-feels-the-heat-as-fixed-currency-regimes-fall
S.T.

Anónimo disse...

Em intenção de Aónio Eliphis

A política fiscal como substituto da politica monetária é um pobre remedeio.

O automóvel dá de comer a muita gente em Portugal, cujos interesses também têm que ser tidos em conta.
Aumentos de combustíveis, além de altamente impopulares têm efeitos não displicentes nos custos das empresas através das contas de transportes.
E se se tapa de um lado os consumidorres fogem por outro.
Aumenta-se só a gasolina? Vendem-se mais carros a gasóleo e aumenta a poluição.
Aumenta-se o gasóleo? Atinge-se em cheio as empresas e a distribuição.
Se mesmo assim a 50 km da fronteira todos vão abastecer a Espanha, qualquer dia uma faixa de 1/4 de Portugal iria abastecer a Espanha e não teria sequer estações de serviço.
Com o IUC e o ISV passa-se mais ou menos a mesma coisa, com particulares a comprarem carrinhas comerciais para fugir à fiscalidade dos ligeiros de passageiros, etc.

Uma pedra pode servir de martelo? Pode... mas não serve em todas as situações e certamente não com a mesma eficácia e produtividade.
S.T.

Aónio Eliphis disse...

Para o S.T.

"E concerteza também não ignoro que a maneira de lucrar com uma saída do Euro é exportar os capitais para um país do "centro" antes da redenominação e quando as oscilações cambiais acalmarem após a redenominação reconverter os capitais de Euros para Escudos."

Ou seja, cá entre nós, admite que uma saída do Euro, significaria uma transferência de riqueza da classe média para o grande capital. Parece-me aliás uma constatação clarividente.

Em relação ao neocolonialismo, devo dizer que a questão já é meramente política, mas discordo. Alinho totalmente que a (extrema) esquerda europeia, quando se opõe ao imperialismo económico-militar dos EUA e da NATO. Sou favorável à saída de Portugal e todos os outros países da UE da NATO. É um colonialismo imposto pela força e pelos serviços de inteligência.

Totalmente diferente do federalismo Europeu. Repare apenas nisto: Portugal representa apenas menos de 3% do PIB da UE, mas o seu voto (oficialmente) vale exatamente o mesmo que os outros estados membros no Conselho: 1 voto. Os seus deputados no Parlamento são apenas proporcionais à população e não ao que os seus contribuintes pagam. Os grandes tratados e convenções apenas avançam com unanimidade, dos governos nacionais democraticamente eleitos. À luz dos tratados não pode haver qualquer estado membro que não seja uma democracia ou que tenha por exemplo a pena capital no seu quadro jurídico.

Percebo que a esquerda tenha um repúdio a imperialismos, repúdio o qual partilho. Mas repare todavia que a União Europeia, sem sequer tendo um exército formal e com uma capacidade bélica combinada substancialmente inferior à dos EUA, é uma construção político-ideológica totalmente diferente das clássicas imposições colonialistas, pois assenta os seus pilares na Paz, na Democracia e na Liberdade (entre as quais de movimento de pessoas).

Cumprimentos

Anónimo disse...

Por favor:

Que disparate vem a ser este?
"Ou seja, cá entre nós, admite que uma saída do Euro, significaria uma transferência de riqueza da classe média para o grande capital. Parece-me aliás uma constatação clarividente."

Mas saberá ler?

Não é possível sinceramente. Fala-se em lucros para alguns da classe média lucrarem com a saída do euro e Aonio transforma-o numa transferência para o grande capital.

Talvez uma segunda leitura...

Anónimo disse...

Quanto às questões sobre a UE, sobre a sua democraticidade, sobre os seus tratados antidemocrático,sobre a sua capacidade bélica inexistente ( o tanas) mais os pilares da paz (viu-se na Jugoslávia, na Líbia, na Síria), mais a democracia ( viu-se na chantagem à Grécia) e a Liberdade ( viu-se e está-se a ver com a limitação das migrações ou com as imposições neocoloniais dos défices e das suas sanções)
...já todos demos para esse peditório.

Incluindo o Aonio e algumas vezes de forma particularmente desagradável

( já agora porque não juntar os parlamentares chineses e os da UE? De forma proporcional, claro. Abolia-se a pena de morte e depois proceder-se-ia à votação dos diversos temas...de forma identicamente proporcional.E via-se o resultado...)

Anónimo disse...

Para o peditório do federalismo europeu, pelas multiplas razões que já apontei em inúmeros posts, tenha paciência, não insista, já dei!

Só pode haver democracia quando existe um demos, e se há coisa que esta crise tenha provado é que a UE é uma construção artificial sem raízes no sentir dos povos. A diabolização que foi feta dos povos do Sul como preguiçosos e inúteis é uma clara evidência de que não existe um sentir comum europeu. Nem nunca haverá!

Façamos o seguinte teste: Acha que um alemão lambda considera a terra grega como parte da sua pátria e o povo grego como fazendo parte "do seu povo"?
Acha que um sindicalista "amarelo" alemão tem alguma consideração sobre os efeitos que a sua traição tem sobre os seus colegas italianos? Acha que são o mesmo povo? Acha que partilham a mesma cultura e se sentem parte da mesma comunidade?

E está redondamente enganado porque o neocolonialismo não é só politico. Tal como o colonialismo original tem uma componente de exploração, de dominação económica, de mercantilismo e de subalternização dos povos que devia envergonhar neocolonizadaores e neocolonizados.

Ainda uma nota prática para quem possa ser levado ao engano pelas suas piedosas mentiras de que "uma saída do Euro, significaria uma transferência de riqueza da classe média para o grande capital":
É muito simples e pode ser feito por qualquer um. As notas de Euro em caso de redenominação mantém o seu valor até serem "carimbadas" como euroescudos. Pelo contrário todos os valores que tiverem no banco serão redenominados automáticamente. Portanto é simples, basta guardar os seus valores em dinheiro liquido e depois negociá-lo no mercado informal. Os gregos fizeram isso, só que a traição de Tsipras, que borregou, trocou-lhes as voltas.

Quanto à exportação prévia de capital por parte de empresários, como os saldos Target2
teriam que sofrer uma renegociação tal como a dívida, acabaria por ser irrelevante.
Já não seria irrelevante se voltassem a entrar no país revalorizados sob a form de investimento, que muita falta cá fariam. Há muitas lições a tirar do exemplo grego. Dos erros e dos sucessos.
S.T.

Anónimo disse...

Parabéns, excelente trabalho. Quanto a,
"... d) Salários de funcionários e investimento público ...".

Deixa de ser atrativo o ser-se funcionários públicos assim que estes começarem a ser pagos com a nova moeda, uma moeda fraca, o "novo-escudo".
Os vencimentos na (mais dinâmica) economia privada começam a ser melhores e mais procurados. Quem exporta recebe em divísas fortes, pode pagar melhor salários.
As consequências sociais nas mais variadas actividades, mesmo na mobilidade social, serão profundas.
E para o Orçamento de Estado não menos.JS

Anónimo disse...

"Deixa de ser atrativo o ser-se funcionários públicos assim que estes começarem a ser pagos com a nova moeda, uma moeda fraca, o "novo-escudo"."

Porquê? Deixam de poder comprar as hortaliças na praça?
Haaa, espera, não porque o preço das hortaliças muda de euros para Neoescudos mas não há razão lógica para subirem.

Atão?
Haaa, prontos devem ser os BMWs que ficam mais caros.

Quem insiste em pensar em termos de tendencias fixas que não se podem corrigir com ajustamentos politicos demonstra que até o seu pensamento já foi tão condicionado pela escravatura que não concebe que possa haver liberdade de acção para um governo verdadeiramente democrático.

Assim Portugal conseguisse exportar tanto que os salários das empresas exportadoras tivessem que subir. Nessa altura ajustar os salários da função pública seria brincadeira de crianças.

Anónimo disse...

O anónimo das 5 e 43 vê-se que não só não percebeu o post nem compreendeu o que se debateu, como não percebe mesmo nada do que é isto de cotações e do pagamento das exportações.

A única mais valia é que teve que reconhecer que o trabalho de Jorge Bateira é excelente.

O resto é a pura atracção pela fracas mais as dinâmicas com a mobilidade social .
E não menos para o orçamento de estado