quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Estamos fritos?

O Negócios continha na segunda-feira várias análises sobre o que se julga saber acerca das ideias de Centeno para “a Europa” (felizmente, e ao contrário do que se depreende da manchete, há muito mais Europa para lá da desta prisão monetária). De todas as informações neste domínio, a novidade, que me pareceu tão relevante como outra coisa qualquer, é que o chamado Presidente do chamado Eurogrupo, de origem algarvia, gosta de cozinhar choquinhos fritos com tinta; um petisco, realmente.

Entretanto, e num plano talvez mais relevante, aproveito para relembrar que a tragédia da esquerda grega foi achar que as relações internacionais num quadro euro-imperialista eram uma espécie de debate entre parceiros em que vencia o melhor argumento. A farsa de parte da esquerda portuguesa é continuar a achar no fundo isso, somando-lhe agora a ilusão de que Centeno é um Cristiano Ronaldo das finanças que joga pelo nosso lado lá fora, como já afiançou Rui Tavares. A metáfora futebolística é de Schauble, lembre-se, e serve bem os propósitos ordoliberais alemães de nos fazer jogar pelas suas regras formais e informais, favorecendo os que estão sempre dispostos a fazê-lo.

No fundo, e mudando de metáfora, acho bastante mais adequada a fórmula de Pacheco Pereira, que tanto incomodou a sabedoria convencional: “será o mesmo que passar a ter como ministro das Finanças um general do exército inimigo”. Este realismo contrasta também com uma parte da esquerda portuguesa, que no fundo já só consegue pensar nos, e com os, termos do adversário. Assim também se explica a hegemonia do neoliberalismo nas suas várias versões, incluindo a de Centeno. Na boa lógica do Eurogrupo, que Varoufakis acabou por descrever de maneira brutalmente clara depois do golpe europeu e da rendição grega, esta terá força na medida em que estiver alinhada com Merkel e agora com Macron.

A informalidade do Eurogrupo serve o directório das grandes potências. A formalidade das restantes instituições europeias serve as regras políticas que de forma explícita expandem as forças de mercado à custa da soberania democrática de Estados nacionais desprovidos de instrumentos decentes de política, o que é pior para as periferias, claro. Felizmente por cá, como João Ferreira indica, há quem se rebele contra esta máquina bem montada pelos de cima. E não por acaso, são os mesmos que avisaram a tempo para as consequências da economia política de Maastricht para os de baixo. Se este tipo de posição tiver força, talvez não estejamos ainda fritos.

32 comentários:

olivsol4@gmail.com disse...

Para estas posições fantasma são escolhidos os fantoches mais fraquitos, pois estes são mais dóceis e submissos, cumprindo assim cegamente as ordens das centrais de comando dos bastidores sem causar problemas. No caso deste Centeno, além de possuir os atributos atrás citados, não possui também nem vergonha nem respeito por si próprio, o que se revela na expressão sabuja e obscena do aperto de mão ao holandês que ainda há pouco tempo proferiu insinuações idiotas, ordinárias e insultuosas sobre o comportamento social dos políticos do Sul da Europa.
Mas a sabujice também é bem paga.....

Jose disse...

«à custa da soberania democrática de Estados nacionais desprovidos de instrumentos (decentes) de política»
Mas não será isso que significa desde o primeiro momento uma qualquer União?

Quanto à decência dos instrumentos, há que os alinhar com a indecência das políticas.

Fizeram da UE um maná e da dívida o principal instrumento de crescimento da economia - e querem mais!
Fizeram das pensões um fardo que em 2030 será de 15% do PIB - e querem mais!
Fizeram dos salários, instrumentos de justiça social, desprezando os meios de acréscimo à produtividade - e querem mais!

E, aparentemente, em alternativa a tudo isso, querem uma qualquer autarcia que se imporá aos credores em juros, reestruturações de dívida e relações comerciais de benefício.
Quanto às prováveis consequências para os indígenas...é segredo, mas 'socialismo' é a palavra-passe que os faz sentirem-se novos Messias numa questão de fé!


Anónimo disse...

Um excelente post de João Rodrigues, na sequência aliás dum trajecto coerente e lúcido que o tem caracterizado.

E também no que a Mário Centeno diz respeito, na sequência doutras reflexões oportunas e desmistificadoras doutros ladrões..

Por isso o LdB continua a ser uma voz corajosa no panorama da economia política. Por isso se saúda a sua frontalidade e verticalidade, sempre do lado certo da barricada

Anónimo disse...

Porque é de lados de barricada que se deve falar

Sobretudo entre os que exploram e entre os que são explorados. E aqui compreende-se e justifica-se o porfiado esforço em prol da sua classe dum fulano que se assina com o nickname de Jose.

O que é no entanto confrangedor observar, para além da propaganda ideológica aos seus, é a mediocridade de certa forma surpreendente ( ou talvez não) dos seus "argumentos" cansativos de tão repetidos,papagueando até à exaustão aquela fatia de mantras neoliberais com que nos andaram a azucrinar anos a fio.

Enquanto pregavam e salmodeavam o processo austeritário. Com a pesporrência revanchista que se adivinha

Anónimo disse...

Vejamos:

«à custa da soberania democrática de Estados nacionais desprovidos de instrumentos (decentes) de política»

À custa mesmo.

Mas o que tem jose a dizer?

"Mas não será isso que significa desde o primeiro momento uma qualquer União?"

Não, não significa nada disso. Se um antigo patrioteiro, rendido anteriormente ao colonialismo abjecto, se converteu num vende-pátrias vulgar, não pode agora querer fazer passar tais tretas com este desplante como o faz.

A soberania não reside nem em elites iluminadas, nem em maiorias conjunturais, nem em grandes patrões ressabiados. Ainda para mais quando nem sequer foi por algum momento consultado o povo português.

Mas a forma de fazer passar "uma qualquer união" como fonte de ilegitimidade democrática sobre a "soberania democrática de estados nacionais" diz quase tudo sobre a "qualidade" de tais gentes

Com um outro grande pormenor. É que uma "qualquer união" não se converte automaticamente na "globalização" anti-democrática pretendida. Desde um "União de Leiria" por exemplo, às "Uniões de Facto" temos toda uma panóplia e todos os gradientes conferidos pela palavra "união"

Não. Para infelicidade do jose, o seu argumento fundado na famigerada União Nacional ainda não passa

Anónimo disse...

Mas jose continua com a sua publicidade_
"Quanto à decência dos instrumentos, há que os alinhar com a indecência das políticas."

E depois vemos um lodaçal. Um lodaçal de aldrabices, de tretas, de slogans publicitários e de falcatruas.

(Indecência política começou logo por se ter retirado soberania aos estados nacionais. Sob a batuta da pandilha que nos governava)

Mas vejamos. Quando este fulano fala em Maná da UE refere-se ao que foi pago para a destruição do nosso tecido produtivo? Com as consequências hoje de todos conhecidas?

Refere-se se calhar ao maná que os fundos sociais europeus constituíram para patrões, suas associações, certos sindicatos colaboradores com o patronato?

Refere-se ao maná que constituiu para o centro da Europa ( e do capital) que viu transferir para si a riqueza produzida na periferia?

Refere-se ao maná que levou a que os mais ricos ficassem ainda mais ricos e que a distribuição da riqueza se tornasse ainda mais desigual?

Anónimo disse...

O que é um "ordoliberal"? Um neologismo inventado pelos "intelectuais de esquerda"?

Anónimo disse...

"Fizeram da UE um maná e da dívida o principal instrumento de crescimento da economia - e querem mais!"

Este tipo quer mas é vender mais tretas

"No início da crise financeira (2007/08), a dívida soberana portuguesa rondava os 72% do PIB, atingindo em 2010, com os impactos na economia e no resgate da banca, cerca de 96% do PIB. Quando a maioria de direita chega ao poder, determinada a aplicar o Memorando de Entendimento e a «ir além da troika», a dívida pública continuou a aumentar, passando de 111% do PIB em 2011 para atingir, no final de 2014, o patamar dos 130%. Isto é, uma diferença de cerca de quinze pontos percentuais acima do valor previsto pela troika para esse mesmo ano, e que resulta de uma evolução negativa das duas parcelas de cálculo: o aumento da dívida em valores absolutos (de cerca de 196 mil milhões de euros em 2011 para 226 mil milhões em 2014) e a queda do produto, em resultado das políticas de austeridade".

(Nuno Serra)


Anónimo disse...

Deixemo-nos de tretas:
"A nossa dívida pública que antes da crise estava ao nível da Alemanha e da média da União Europeia, foi subindo em flecha em consequência das erradas respostas à crise; da passividade e cumplicidade dos grandes Países da UE com os ditos mercados e a recusa do BCE em abrir, pelo menos, uma excepção perante a crise financiando os Estados, como acontece com o Banco do Japão, da Inglaterra ou a FED nos EUA. Mas a dívida cresceu assustadoramente também porque o sistema financeiro com o apoio dos seus governos tem estado a procurar resolver o seu desendividamento e capitalização à custa da vida pública. É a resolução da dívida bancária (privada), à custa do Orçamento de Estado (dívida pública), isto é, dos contribuintes.
É bom lembrar que, se em 2008, a dívida pública portuguesa em percentagem do PIB, estava ao nível da média da União Europeia, já a dívida privada, quer a das sociedades não financeiras, quer financeiras, era muito superior à média da União Europeia. Mas sobre a dívida privada e designadamente do sistema bancário continua a prevalecer o pacto de silêncio."

Anónimo disse...

"a dívida o principal instrumento de crescimento da economia - e querem mais!"

Tretas:

A dívida como principal instrumento de crescimento dos lucros das cotadas

«Dividendos agravam dívida das cotadas», assim titulava o insuspeito Jornal de Negócios, um esclarecedor artigo. «As cotadas nacionais abriram os cordões à bolsa este ano para pagar dividendos. Mas essa maior generosidade foi um dos factores que levaram a um aumento da dívida líquida dos primeiros seis meses do ano. Subiu mais de 8%, aumentando em mais de 2.000 milhões de euros para 26.300 milhões, tendo em conta as 14 empresas do PSI-20 que já prestaram as informações financeiras. (…) Distribuíram cerca de 2.200 milhões de euros, mais 20% que no ano anterior. E isso pesou na evolução da dívida.» A notícia dá depois exemplos: EDP, mais 1.000 milhões de euros; Navigator, mais 100 milhões; EDP Renováveis, mais 355 milhões; REN mais 100 milhões.
Registe-se que a informação não é propriamente uma novidade. Tal já aconteceu em anos anteriores, mesmo quando o país estava sob a ditadura da Troika e do governo PSD/CDS, com trabalhadores e pensionistas a serem roubados nos seus rendimentos.

Pois… parece que as grandes empresas, contrariamente à generalidade das PME e das famílias, não estão a reduzir o seu endividamento! Está a aumentá-lo! E não contraem mais dívidas, para suportar investimento e assim melhorar/modernizar/ampliar a capacidade produtiva nacional! Não é por acaso que a produtividade agregada (valor médio das produtividades dos sectores da actividade privada) se mantém estagnada. Não há investimento privado. Logo, não há novos equipamentos e tecnologias. Não há inovação. Não se melhora a gestão nem a organização do trabalho.

Sim, endividam-se para pagar mais dividendos, mais remuneração aos accionistas, aos donos do capital. Ou seja, pagam um volume de dividendos superior aos lucros arrecadados. Onde aconteceu isso? Com «gestores de topo» e «empresas modelo». Na SONAE CAPITAL: lucros, 18,7 milhões de euros, os accionistas vão receber 25 milhões. Nos CTT: lucros, 62,2 milhões de euros, vão distribuir aos accionistas 72 milhões – deve ser por isso que os serviços postais estão cada vez melhores! Um aumento dos dividendos superior ao aumento dos lucros! Não querem esmolas, aumentos indexados à taxa de inflação ou da evolução do IAS. Não! Mais 20% nos dividendos. Por extenso: vinte por cento!

Anónimo disse...

"Fizeram das pensões um fardo que em 2030 será de 15% do PIB - e querem mais!"

Quem fez o quê

"O Tribunal de Contas divulgou, em Set.2016, o seu parecer sobre as Contas do Estado de 2015. E nele há um capítulo dedicado à análise das contas da Segurança Social. Na pág.269, encontra-se o Balanço da Segurança Social referente aos anos de 2013, 2014 e 2015.

Entre 2001 e 2015, as dividas à Segurança Social aumentaram de 831 milhões € para12.404 milhões €, ou seja, 14,9 vezes. Neste período, as dividas aumentaram, em média,771,5 milhões €/ano, o que é um valor enorme. No entanto, o ritmo de aumento variou muito de governo para governo. Foi durante o 1º governo PS de Sócrates, com o ministro Vieira da Silva, que a divida aumentou mais anualmente – 1.158 milhões €/ano – seguindo-se o governo de Passos Coelho/Paulo Portas, com Mota Soares como ministro da Segurança Social, em que o aumento foi de 1.076 milhões €/ano.

A maioria das dividas são de empresas que declaram os descontos à Segurança Social,mas que depois ficam com o dinheiro, mesmo o descontado aos trabalhadores.
Entre 2003 e 2015, a divida dos contribuintes, que são na sua esmagadora maioria empresas, aumentou em 9.643 milhões € (+863,5%), ou seja, em média de 804 milhões€/ano, embora variando muito de governo para governo (o de Passos Coelho foi aquele que mais financiou as empresas à custa da Segurança Social, em média 1.083,5 milhões por ano).

Não cabe nem à Segurança Social nem ao Orçamento do Estado financiar as
empresas. Mas o que é estranho e não se compreende é que perante o aumento enorme da divida das empresas à Segurança Social, que significa objectivamente um enorme financiamento destas pela Segurança Social utilizando também descontos feitos aos trabalhadores, com consequências mais graves para a Segurança Social não se verifique uma reacção idêntica, e nada ou pouco se faça para pôr cobro a esta enorme descapitalização da Segurança Social"

Anónimo disse...

"Apesar da Segurança Social não ter recebido, até ao fim de 2015, 10.760 milhões € de contribuições, sendo 3.506,9 milhões descontos feitos nos salários dos trabalhadores mas que não foram entregues pelas empresas à Segurança Social, estes trabalhadores, quando se reformarem, terão direito a receber a pensão correspondente a todo o tempo que descontaram, incluindo aquele em que os descontos não foram entregues pelas empresas. A Segurança Social é lesada assim duas vezes: actualmente, porque não recebe 10.760 milhões € de contribuições; e depois,quando esses trabalhadores se reformarem pois terá de pagar pensões cujos descontos não recebeu. E ninguém se incomoda e põe cobro a este escândalo."

POR QUE RAZÃO UMA GRANDE PARTE DAS DIVIDAS NÃO SÃO COBRADAS

O meio utilizado para que tal aconteça é não disponibilizar aos serviços que fazem a cobrança das dividas os meios humanos, informáticos e materiais indispensáveis. Segundo o Tribunal de Contas, em 31.12.2015, existiam 2.504.115 processos de divida activos. O governo PDS/CDS desmantelou os serviços de cobrança das dívidas existindo agora apenas 140 trabalhadores, o que dá 17.886 processos por trabalhador, o que é inaceitável. O governo actual nada de significativo ainda fez para alterar a situação a não ser conceder perdões de dividas aos patrões (segundo o Tribunal de Contas já estão constituídas provisões para perdoar 5.300 milhões € de dividas).

Anónimo disse...

De acordo com os dados dos Balanços e Demonstrações de Resultados da Segurança Social constantes dos relatórios do Orçamento de Estado de cada ano, as dividas à Segurança Social aumentaram, desde a entrada da “troika” e do governo PSD/CDS, em 3.957 milhões € pois, entre 2010 e 2013, passaram de 5.963 milhões € para 9.920 milhões €. E desconhece –se que montantes foram abatidos neste valor pelo facto ou de terem prescrito ou porque o governo os ter considerado de pagamento impossível.
No entanto, mesmo em relação aos valores constantes, o governo considerava que uma parcela muito significativa da “Divida Total” seja de “cobrança duvidosa” ou, por outras palavras, que não seja paga. Deixa-se passar o tempo por falta de meios para atuar e depois as empresas devedoras desaparecem.

É neste contexto que terá de ser também avaliado o comportamento de Passos Coelho e de Mota Soares. O primeiro, quando afirmou que se esqueceu de pagar as contribuições para a Segurança Social apesar de nenhum outro português se poder desculpar dizendo o mesmo, ou seja, que não conhecia a lei, e de só as pagar quando foi apanhado pelo serviços da Segurança Social e mesmo assim, segundo alguns media, não pagando a totalidade do que devia ser pago. E Mota Soares quando afirmou que Passos Coelho “foi vitima de um erro da Administração Pública” culpabilizando assim os funcionários públicos pelo incumprimento de Passos Coelho. Tais comportamentos são certamente mais um incentivo para o aumento da fraude e evasão contributiva (muitos dirão que “os exemplos vêm de cima”) o que tem graves consequências na sustentabilidade da Segurança Social, e no combate à pobreza que alastra na sociedade portuguesa fruto de uma politica que tem destruído a economia, o emprego e o tecido social nacional.

Anónimo disse...

A partir de 2012, a Segurança Social teve de pagar as pensões aos bancários – mais de 500 milhões € por ano – já que os ativos dos fundos de pensões foram transferidos para o Estado, e não para a Segurança Social, para reduzir o défice e pagar dividas tendo, por isso, essa despesa de ser suportada pelo Orçamento do Estado através de transferências

Anónimo disse...

O regime contributivo, que não é financiado pelo Orçamento do Estado mas sim pelas contribuições de empresas e dos trabalhadores, tem sofrido um forte impacto negativo dos efeitos da crise financeira assim como da recessão económica continuada. Entre 2005 e 2007, ou seja, nos dois anos anteriores à crise as receitas de contribuições dos trabalhadores e das empresas para a Segurança Social aumentaram de 10.887,4 milhões € para 12.88,1 milhões €, ou seja, subiram em 12,86% (+1.400,7 milhões € apenas em 2 anos), enquanto entre 2008 e 2014, ou seja, em 6 anos de crise e recessão,as receitas de contribuições passaram de 13.016,4 milhões € para 13.281,2 milhões €,isto é tiveram um crescimento de apenas de 2% (+264,8 milhões € em 6 anos), ou seja,quase 6 vezes menos que nos dois anos anteriores à crise (e entre 2013 e 2014, segundo o Relatório do OE-2014 diminuiu de 13.337,5 milhões € para 13.281,1 milhões €). Por outro lado,entre 2008 e 2014, apesar dos cortes significativos nos direitos dos desempregados ao subsidio de desemprego (mais de 2/3 dos desempregados não recebiam subsidio de desemprego), a despesa com este subsidio passou de 1.779 milhões € para 2.845,5 milhões €, ou seja, aumentou em 60% no período de crise. O facto do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social, que é alimentado principalmente com excedentes do regime contributivo, ter acumulado no período anterior à crise 11.600 milhões €, o correspondente a 12,8 meses de despesas com pensões, também prova que o sistema de Segurança Social e,nomeadamente, o regime contributivo não é insustentável como pretendem fazer crer os seus inimigos. Portanto, são os próprios dados oficiais que mostram que foi a crise económica e financeira associada a uma
politica de austeridade fortemente recessiva que tem agravado as desigualdades e a miséria, a qual empurrou ainda mais o país para a recessão económica, que está a por em causa a sustentabilidade da Segurança Social, e de todas as funções sociais do Estado e, também, do próprio Estado. Mas disto nem Passos nem Poiares Maduro, nem os seus defensores na comunicação social, nem os comentadores habituais dos media, falam

Anónimo disse...

"Fizeram dos salários, instrumentos de justiça "social, desprezando os meios de acréscimo à produtividade - e querem mais!"

Querem mesmo mais. Os vampiros patronais são mesmo assim

Em termos de economia política podemos dizer que uma lei fundamental, válida para todos os sistemas económicos, é a da correspondência entre as relações de produção e o desenvolvimento das forças produtivas. Esta lei traduz-se em capitalismo pela maximização do lucro e em socialismo pela maximização das necessidades sociais.

Não é por nada que o grande patronato quer pagar salários de miséria e que entende que é através destes que consegue a sã gestão empresarial...para tornar permanentes os seus ganhos e o crescimento da sua riqueza

Para Malthus "um salário alto desestimula o trabalhador, o lucro baixo um desalento para os capitalistas".

Veja-se um ror de anos depois seguirem-lhe as pisadas desta forma miserável

Anónimo disse...

Excelente comentário o de Otto Solano.

Anónimo disse...

E mais caro José, tem toda a razão!

Mas o paradoxo mais descarado e sem-vergonha na "esquerda" é mesmo berrar aos sente ventos às segundas, quartas e sextas que o défice não deve contar para nada, que é apenas uma imposição estrangeira, e às terças, quintas e sábados, berrar no sentido contrário que a dívida não tem legitmidade e não deve ser paga, esquecendo-se que o défice que negligenciam, vai diretamente à dívida, que dizem que é ilegítima.

Às segundas, quartas e sextas pede-se mais dinheiro,
Às terças, quintas e sábados "não pagamos"!

E vai assim a "esquerda"! Eternamente sofista e irresponsável!

Anónimo disse...

"O que é um "ordoliberal"? Um neologismo inventado pelos "intelectuais de esquerda"?"
Pois... A falta de cultura económica dos direitolas dá nisto.
Nem sequer lêm o Economist...
https://www.economist.com/news/europe/21650565-german-ordoliberalism-has-had-big-influence-policy-during-euro-crisis-rules-and-order

Anónimo disse...

Como é possível levar a sério este comentário de um "anónimo" das 16 e 04?

Como é possível ler, sem soltar uma gargalhada, este comentário deslocado de alguém que (re)começa nos termos aí em cima postados, um diálogo com o seu amigo e "camarada" Jose?

Como é possível dar credito a alguém que, fazendo-se surdo e cego, ignora desta forma pueril tudo o que se disse sobre a dívida e sobre o défice e faz esta triste figura de amante compenetrado dos credores e dos agiotas? E que subverte desta forma tão deliciosamente neoliberal a origem da dívida e o tremendo contributo dos negócios privados?

Para fazer este pastiche idiota que a tralha neoliberal nos impingiu ( e impinge ) anos a fio?

(Como é possível dar qualquer crédito a alguém que à segunda usa o nick de Aonio Eliphis. À terça utiliza o de Tiago. À quarta traveste-se de Pedro. À quinta perde-se e usa o dum "anónimo".

À sexta queria assinar como João Pimentel Ferreira, mas falta-lhe a coragem para o fazer)

Um tipo assim pode ser classificado de várias formas, que não interessa especificar. Mas a sua vulgata cai na lama vergonhosa dos aldrabões de feira

Anónimo disse...

se o comentador das 02:12 não gosta de agiotas,
não lhes peça dinheiro;
quando o défice é violado
gera-se dívida,
significa pois pedir dinheiro
aos mesmos agiotas
que o comentador das 2:12 não gosta

"Capiche" ou precisa de um fluxograma?

Jose disse...

A minha suspeita de que o Cuco se ocupa de alguma tarefa no LdB vai-se enraizando com base neste seu suposto saber sobre nicks.
E tanto mais suspeito quanto não adere aos boatos que por outras paragens me fazem de um tal Tonibler ou João-não-se-o-quê e outros ainda que não recordo.

Qual seja essa tarefa é-me difícil imaginar.
Pela competência duvido que alguém o aceitasse como controleiro.
Pela iliteracia não me ocorre que tenha funções editoriais.
Talvez funções de limpeza e arquivo possam ser uma possibilidade adaptada à cosquice ingénita.

Anónimo disse...

Para instrução e proveito dos leitores de LdB, que muitos há be bom nível, como se comprova por alguns posts bem fundados e correctos, aqui fica um link para um post do blog do economista Simon Wren-Lewis que é bastante esclarecedor sobre débitos e divida.
https://mainlymacro.blogspot.pt/2017/12/government-debt-phobias-and-possible.html
Boa leitura

Anónimo disse...

Há óbviamente alguns comentadores que por ignorância ou má-fé fazem questão de não perceber que défices e dívida têm significado e funções diferentes ao longo do ciclo económico e que não são "bons" nem "maus" por si só isolados do contexto.
Claro que os tótós que bebem os discursos ordoliberais só conseguem pensar em termos simplistas: Défice=Mau Superavit=Bom, esquecendo que os ciclos económicos são inevitáveis e apenas necessitam de ser geridos.
Só para chatear os tótós ordoliberais vou afirmar que a dívida é o lubrificante essencial dos mercados finaceiros modernos, e lembrar aos esquecidos que os títulos de dívida pública têm por exemplo a função essencial de serem um instrumento de poupança de alta qualidade que permite aos aforradores usufruirem de um pequeno rendimento fixo mas práticamente isento de riscos e para além disso servirem para contrabalançar outros investimentos em acções que são de natureza mais arriscada e com maior volatilidade.
Vai daí, os títulos de dívida pública são indispensáveis numa carteira de investimento equilibrada e portanto é uma enorme estupidez alinhar pelas teses ordoliberais que tentam restringir a emissão de dívida empurrando o investdor para produtos de mais alto risco e duvidosa rentabilidade.
Para bom entendedor...
Nem vale a pena falar no papel da dívida na regulação dos ciclos económicos, que pode ficar para outro comentário até porque tem muito mais "pano para mangas".
Deixemo-nos portanto de tretas primárias e cretinas de "violações de défice" e quejandas.
Valeu?
É que a grande maioria dos leitores deste blog são gente esclarecida que não come "miolo de enxergão".
(Vá, vão lá googlar isso do "miolo de enxergão"...)

Jose disse...

Para pagar dívidas e resolver deficits de Estado é falar com o Bateira.
Tem ele um projecto de papel pintado que vai substituir dinheiro e resolver todos esses problemas num instante.

Anónimo disse...

João Ferreira Pimentel faz o que pode.

Infelizmente a coragem não é o seu forte.

E à falta dela salta em sua defesa o Jose, seu "camarada" nestas coisas.

Curiosos estes "amores"

Anónimo disse...

Pimentel não tem emenda.

Ele, mais os agiotas, mais as suas violações, mais os seus capiche e os seus fluxogramas.

E a sua proverbial falta de coragem.

Agora que tal pegar num dicionário de inglês ( o alemão aqui não serve) e ir aprender um pouco mais no site aí em cima citado

Já agora poderia aprender como se lêem adequadamente gráficos , tabelas e fluxogramas.
Lembrar-se-á com toda a certeza da tristíssima e bacoca figura que fez sobre os emigrados portugueses no Reino Unido


Anónimo disse...

Quanto ao jose e o seu cuco que o atormenta ( pelos vistos de forma cada vez mais enraizada) de noite e de dia...

É mau. É mesmo um péssimo sintoma. Daqui a pouco estará com delírios paranóicos e a falar em controleiros, na iliteracia, nas ingénitas coscuvilhices.

Mas seria bom que alguém o informasse que isto por aqui ainda não trata da vida pessoal do referido sujeito. E que nem o seu pavloviano socorro para com a fraude aí em cima desmontada serve como álibi.

Pelo que voltamos ao tema que se debate ( não sem antes agradecer, em nome da limpidez do debate, as certeiras intervenções de outros comentadores, desmontando os dogmas neoliberais)

Anónimo disse...

Palavras certeiras de Jorge Cordeiro

"As razões que abriram caminho à eleição de Centeno são as inversas das que à primeira vista se pode ser levado a supor. Seria ingenuidade admitir que a designação desconsiderará o seu posicionamento face ao que o Euro e a União Económica e Monetária constituem. Centeno é premiado com a Presidência por partilhar em larga medida dos dogmas do Eurogrupo aliás expressas na missiva dirigida nas vésperas da eleição onde refere esse acto como «oportunidade para o levar por diante para construir uma mais equilibrada e robusta economia na zona euro» e «para dar passos para uma mais completa União Económica e Monetária». Mas se na verdade o que guindou o Ministro de Finanças de Portugal foram, como se ouve dizer, os sinais positivos que a economia nacional patenteia então só se pode concluir que na sua origem estarão factores de política que estão nos antípodas das receitas e orientações monetaristas do Eurogrupo. Se pode ser tomada como boa a ideia expressa por Centeno que a «robustez da política em Portugal favorece candidatura ao Eurogrupo», o que dali resultará é o contrário. É um erro de cálculo, uma perigosa ilusão admitir que Centeno convenceria quem até agora o tem convencido, sob ameaças e chantagens diversas sobre o País, dos dogmas orçamentais que impõem uma trajectória para o défice que só pode resultar num conflito sem tréguas com o rumo de reposição e conquista de direitos e de resposta aos problemas estruturais do País. O que por mais certo se terá é o risco de Centeno se pretender revelar credor da confiança dos seus parceiros de grupo para impor cá, em pleno, as conhecidas opções que de lá trouxeram a intensificação do empobrecimento e declínio que se conhece na primeira metade da década. Há já quem esfregue as mãos com o que a sua eleição trará «de mais disciplina orçamental».

Não se ignora nem desmentirá que em Centeno se identificarão elementos diferenciadores. Não teremos os comentários brejeiros sobre Portugal, a ostensiva arrogância na comunicação, a displicência de tratamento e relacionamento seja para com Portugal ou país diverso. Sem desvalorizar elementos de forma, o essencial reside nos conteúdos."

Anónimo disse...

Jose está mais uma vez equivocado.

Agora responde ao lado. Engana-se desta forma prosaica nos debates. A menos que estejamos prestes a ouvir um faduncho piegas sobre o seu próprio papel, pintado ou não, com que tenta resolver os problemas todos, aqueles da permanente transferência da riqueza para quem tem mais e do aumento sempre crescente da taxa de lucro.

Por isso tem estas saudades da troika, de Passos, da austeridade e do uso do cacete.

Anónimo disse...

Mas falamos de Centeno. Aquele cuja designação como Presidente do Eurogrupo "encerra em si uma contradição entre o caminho aberto pela actual fase da vida política nacional, com os seus inegáveis reflexos positivos, e os compromissos associados ao cargo para o qual Mário Centeno acaba de ser designado".

Não nos deixemos assim arrastar nem pelos pesadelos nem pelas tretas do amigo do João Pimentel ( e/ou vice-versa, vá-se lá saber)


Anónimo disse...

Duas achegas para quem queira aprofundar as omoletes sem ovos de Centeno:

Primo:
Num artigo de há já alguns meses Alberto Bagnai titula com o seu humor corrosivo "Miracolo a Lisbona" (Milagre em Lisboa) em que para além de outras considerações sobre as politicas de Centeno demonstra como a quota de salários diminuiu.
http://goofynomics.blogspot.pt/2017/10/miracolo-lisbona.html

Secondo:
E se o hérói esquecido da recuperação das exportações portuguesas afinal fosse Mário Draghi?
Recorde-se que o QE tem tido pouco efeito na taxa de inflação, mas no entanto tem sido eficaz a manipular a cotação do Euro nos mercados cambiais mundiais.
Mas PSCHHIUUU! Não digam nada porque é segredo e redunda em nosso benefício.
Ao manter o Euro artificialmente subavaliado o BCE tem ajudado a Alemanha a vender os seus pechisbeques mais baratos e a aumentar ainda mais os seus já descomunais superavites mas também a tornar as exportações portuguesas minimamente competitivas.
Draghi na realidade ao depreciar artificialmente o Euro tem facilitado a vida aos países cujo diferencial de competitividade em relação à Alemanha impediria normalmente de exportar.
E agora vem outro elemento de consideração politica:
Trump antes de ser eleito prometeu que "acabaria com as manipulações monetárias" referindo-se especificamente à Alemanha e indirectamente à politica do BCE e por conseguinte a Draghi. Ora Trump tem andado silencioso a esse respeito. Para lá de se recusar a cumprimentar Merkel nada mais fez, o que levanta a interessante questão do porquê de tanta "tolerância". Óbviamente os USA estão "a ser pagos" doutra forma e a interrogação do milhão de Euros é "sob que forma"?
E esta? Heeeiinnn?
Quem diria que afinal ainda teríamos que agradecer alguma coisa ao Sr. Trump?
LOL