sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Do «TINA» ao «TIA»: o exemplo português na imprensa britânica


«Quando os bancos mergulharam o mundo ocidental no caos económico, foi-nos dito que apenas os cortes orçamentais permitiriam salvar a economia. Em 2010, quando os conservadores e os liberais constituíram a coligação da austeridade, foi dito ao eleitorado - em tom apocalíptico - que sem o bisturi de George Osborne a Grã-Bretanha seguiria pelo caminho da Grécia. A metáfora, economicamente analfabeta, de comparar o Estado a um orçamento familiar, foi imposta e executada de modo implacável, tornando popular uma falácia ideológica deliberada: se ninguém pode gastar mais quando tem dívidas, por que deveria um país poder fazê-lo?
Mas hoje, graças a Portugal, conhecemos o enorme fracasso da experiência da austeridade aplicada em toda a Europa. O país foi um dos países europeus mais atingidos pela crise económica e, no contexto do resgate da troika, que incluiu o FMI, os credores exigiram medidas severas de austeridade, adotadas com entusiasmo pelo então governo conservador em Lisboa. Serviços e empresas públicas foram privatizados, o IVA aumentou, impôs-se uma sobretaxa aos rendimentos, os salários do setor público, as pensões e benefícios sociais foram reduzidos e o horário de trabalho alargado.
Em dois anos, as despesas na Educação sofreram um corte devastador de 23%, sendo igualmente afetados os serviços de Saúde e Segurança Social. O impacto nas pessoas foi terrível: o desemprego atingiu os 17,5% em 2013, a falência de empresas disparou em 41% e a pobreza aumentou. A lógica era a da necessidade de tudo isto para curar a doença do excesso de despesa.
No final de 2015, esta experiência chegou ao fim. Um novo governo socialista – com o suporte dos partidos mais à esquerda no parlamento – tomou posse. O primeiro ministro, António Costa, prometeu "virar a página da austeridade" que, como então afirmou, fez o país regredir três décadas. Os opositores de direita anteviram um desastre, apelidando a mudança de “economia voodoo”: um novo resgate poderia estar a caminho, conduzindo à recessão e a novos cortes.
(...) A lógica económica do novo governo era clara: os cortes na despesa pública tinham como consequência a retracção da procura. Por isso, uma verdadeira recuperação da economia pressupunha o seu relançamento. O governo aumentou o salário mínimo, reverteu o aumento regressivo de impostos, repôs os salários e as pensões nos níveis anteriores à crise (...) e reintroduziu os quatro feriados eliminados pelo anterior governo. A proteção social das famílias mais pobres foi aumentada, ao mesmo tempo que se aplicou uma taxa de luxo a casas com valor superior a 600.000 euros.
A profecia do desastre não se concretizou. No outono de 2016 – um ano depois de chegar ao poder – o governo podia orgulhar-se de um crescimento sustentado e de um aumento em 13% no investimento das empresas. E em 2017 os números mostram uma redução do défice para mais de metade (2,1%, o valor mais baixo em quarenta anos de democracia). Pela primeira vez, Portugal passava a cumprir as regras da zona euro, com a economia a crescer há treze trimestres consecutivos.
(...) A austeridade na Europa tem sido justificada com o mantra do "não há alternativa", numa lógica de submissão dos povos: no fim de contas temos que ser adultos e encarar a realidade. Mas o caso português permite rejeitar veementemente esta lógica. E por isso a Europa deve inspirar-se na experiência portuguesa para remodelar a União Europeia e pôr fim à austeridade em toda a zona euro.»


Excertos do artigo imperdível de Owen Jones no The Guardian de ontem, com uma frase de destaque que sintetiza o essencial: «Durante anos disseram-nos que apenas cortes profundos na despesa podiam salvar a nossa economia. Em Portugal, o governo liderado por socialistas provou o contrário». Ou seja, o «TIA» («There Is No Alternative») tirou o tapete ao TINA. Sim, confirma-se: há alternativas à austeridade e à «economia-do-pingo-que-nunca-pinga», por mais que as pessoas e os países empobreçam.

Já agora, e ainda a propósito de pensamento único e de alternativas, parece que o Prof. Cavaco Silva vai participar na Universidade de Verão do PSD. Para tema da sua intervenção, escolheu «Os Jovens e a Política: Quando a realidade tira o tapete à ideologia». Considerando que estamos perante o economista humilde, que «nunca se engana e raramente tem dúvidas», talvez não seja difícil imaginar a motivação e o fio condutor do discurso. Mas devemos ceder à tentação e esperar. Para já, ficámos a saber que uma coisa é a realidade e outra é a ideologia. O que já não é pouco.

35 comentários:

Anónimo disse...

Um excelente artigo que vai concitar os ódios dos TINA deste e do outro mundo.

Que diacho. Ainda há pouco cantavam hossanas à austeridade e à troika. Pediam, exigiam que a troika ficasse. O diabo estaria para chegar e a venda do país uma inevitabilidade para conforto do seu bolso e do dos credores.

Outros vendilhões da Pátria.Outros amantes da sua realidade ideológica neoliberal e ultramontana

Carlos Guedes disse...


Nuno Serra, tens de deixar de ser parvo.

Antes de qualquer coisa, os jornais estão no fim e aquilo que lá aparece é cada vez mais lixo.

Todos os anos o Estado tem um défice brutal, não em milhões de euros mas sim em vários mil milhões de euros.

Enquanto nos financiarem, Tocó pode ir cantando e rindo, depois disso, só restará a demissão.

A conta virá logo a seguir com nova chamada do FMI.

Jose disse...

A dívida a bombar por conta da TIA!
Enquanto a Tia acreditar que alguém lhe pagará...

Anónimo disse...

Segundo a lógica deste post, também ficou provado que a TINA à renegociação da dívida era falsa. É isso?

Anónimo disse...

Voltei de férias e estive a dar uma vista de olhos pelos últimos posts. O "Jose" não falha um, e sempre a dizer palermices. O "Ladrões de Bicicletas" tem um bobo residente :P

Jose disse...

Ó das 14:02, que dizes a sair do teu cobarde anonimato para eu poder seguir os teus seguramente brilhantes contributos - qualquer pseudónimo serve.

Dias disse...

Um artigo baseado em factos. Mas a deixar-nos nauseados, sempre que vem à tona o período tenebroso da PàF e de Passos Coelho. Eles que vão para o diabo!

Unabomber disse...

A situação economico-financeira de Portugal em 2010/2011 era muito diferente da 2015:
- Em 2011 a economia (publica e privada) Portuguesa não conseguia obter financiamento no mercado financeiro internacional a taxas de juros aceitáveis, e o défice da balança corrente era muito elevado.
- Em 2015 a situação já era bastante diferente: já havia algum acesso ao mercado financeiro internacional e a balança corrente estava praticamente equilibrada.

Por isso, em 2011 não havia alternativa à austeridade, que começou com o governo de Socrates - mesmo se tivessemos optado por incumprir na divida e sair do euro, tal não nos iria livrar da austeridade.

Geringonço disse...

Passos Coelho, Cavaco, Portas, Durão e os restantes vigaristas neoliberais podem ir para o diabo, mas eu preferia que fossem para algo tangível, como a cadeia, pelo o mal que fizeram e continuam a fazer!

Anónimo disse...

Unabomber e a defesa austeritária quando o neoliberalismo irrompia em toda a força, cobrando a sua imensa quota à riqueza nacional e aos trabalhadores.

Serviu ao saque e continuará a servir se não tivermos os cuidados adequados

Anónimo disse...

Herr jose confirma a perturbação citada. Pavlov podia tê-lo utilizado como animal de experimentação.

Ainda há pouco cantava (ainda canta mas em surdina, esperando por melhores tempos) "hossanas à austeridade e à troika. Pedia, exigia que a troika ficasse. O diabo estaria para chegar e a venda do país uma inevitabilidade para conforto do seu bolso e do dos credores".

Agora saracoteia-se a bombar em torno da TIA, algo que parece um pouco estranho. Fazendo lembrar um bufo, exige a identificação de alguém para o poder seguir.

Outros tempos... Mas que saudades, não é mesmo herr jose?

Unabomber disse...

"Nem no plano interno, nem no externo havia atenuantes.
A decisão de fundo de seguir o curso da austeridade – primeiro tomada pelos socialistas ainda em 2011, depois executada pela coligação de direita – teve a ver com o contexto drástico em que o país, um pequeno país da zona euro, se encontrava.
O objectivo geral era reconquistar o acesso da República ao financiamento regular pelo mercado.
Quando Portugal saiu do programa da troika em 2014, o contexto já era outro:
primeiro, o país reconquistara um grau significativo de liberdade face aos credores que emprestaram sob condições; a economia começara a dar sinais de vida em 2013; depois, e isto é muito importante, o Banco Central Europeu já tinha agido para travar a desagregação do euro, contribuindo de forma decisiva para comprimir as taxas de juro da dívida soberana (e as taxas de juro para a economia).
O preço foi pago em recessão, sangria brutal no emprego, aumento da pobreza ou da privação, emigração – o que por cá bem conhecemos."
"Quando o PS assumiu o poder já em 2016 – após ter apeado o governo PSD/CDS e ter conseguido o apoio inédito do PCP e do Bloco – o contexto era muito diferente do de 2011: o efeito BCE anestesiava o mercado de dívida e eliminava a pressão sobre o governo; a economia saía de dois anos de crescimento; o défice excluindo a banca, pouco acima de 3%, estava às portas de sair da lista negra de Bruxelas.
Havia, por outras palavras, espaço para repor rendimentos: e foi a tomada de consciência de que esse espaço existia que motivou a esquerda dura a unir-se ao PS para afastar um detestado líder da direita".
(Bruno Lopes)

Anónimo disse...

Ao pequeno comentário sobre o comentário de Unabomber e que rezava assim:

"Unabomber e a defesa austeritária quando o neoliberalismo irrompia em toda a força, cobrando a sua imensa quota à riqueza nacional e aos trabalhadores.
Serviu ao saque e continuará a servir se não tivermos os cuidados adequados"

Unabomber responde, respigando o texto dum tal Bruno Lopes, seu provável inspirador nas palavras escolhidas para o seu comentário da defesa do processo austeritário

Bruno Lopes , escriba do Sábado e que se atira assim que nem gato a bofe a este texto.

"A demagogia, o irrealismo e os erros factuais não ganham credibilidade só porque passam a ser escritos em inglês – ou porque têm a chancela de um reputado jornal internacional, o The Guardian. Owen Jones, colunista do jornal, produziu uma prosa cheia de erros e de conclusões à medida das suas convicções, amplamente partilhada em Portugal – esta difusão, a credibilidade do jornal e o facto de o artigo repetir a mesma demagogia que aqui ouvimos sobre um episódio recente e traumático em Portugal tornam interessante responder"

Apressa-se o Lopes a responder. E da forma assaz interessante como o indicado acima.

Ora temos uma notícia interessante para o Lopes/Unabomber

A demagogia, o irrealismo e os erros factuais não ganham credibilidade só porque passam a ser escritos em português. Bruno lopes, colunista do jornal, produziu uma prosa cheia de erros e de conclusões à medida das suas convicções, que quer amplamente partilhada em Portugal – esta difusão, e o facto de o artigo repetir a mesma demagogia que aqui ouvimos sobre um episódio recente e traumático em Portugal tornam interessante responder"

Só a credibilidade do jornal é que não se confirma. O Sábado é apenas um pequeno pasquim, com honrosas excepções

Pedro disse...

Caro unabomber.

As tuas teorias são giras.

Mas eu lembro-me de, no auge da orgia de austeridade da direita, a direita dizer que os cortes eram para sempre, ou para 20 anos etc. Alguns mais entusiastas da austeridade falavam em reduzir substancialmente o salário mínimo ou até aboli-lo de vez.

Depois, no ano de eleições deixaram de ser para sempre ou para tanto tempo, que isto afinal estava a ficar mesmo bom e até iam devolver a sobretaxa - disponibilizaram um sistema no site das finanças para cada um ver o que lhe ia ser devolvido e tudo.

Quando pensaram que tinham ganho e iam ser governo, ai que que afinal era engano e já não iam devolver nada e afinal eram esperados ainda mais cortes...

Mas quando ficaram agarrados com a geringonça, o PS começa a devolver e volta outra vez a conversa da direita que estava a ficar bom e era afinal era mesmo para devolver, que eles também iam devolver e tal.

É só filmes em que endrominam toda a gente e ora dizem uma coisa ora dizem outra.

No meu tempo, aos meninos mentirosos lavava-se a língua com sabão.

Anónimo disse...

Chega a ser quase comovente o esforço esforçado do Lopes para justificar o processo austeritário português. "Sem atenuantes", dirá naquela voz que se adivinha de fuinha de TINA encartado.

O comovente tem a ver com aquele tom dramático com que empesta o seu discurso ao falar no preço pago. Porque quase se adivinham as lágrimas do Sábado, o choro hipócrita do Lopes e as tremuras sentidas de ambos.

É a versão hodierna dita "compreensiva" dos TINA.


Curiosamente ( ou talvez não), o contexto em Portugal era mesmo outro.

Um contexto completamente diferente. E a diferença radicava sobretudo em algo que o Lopes cala. ´

É que a trampa do governo de passos /Portas tinha derrapado nas eleições. Os pafistas não tinham tido a maioria.

O contexto era decididamente outro. O Lopes é que se "esqueceu" deste pormenor

Anónimo disse...

O "esquecimento" do pormenor da mudança do contexto é todavia gerido com mão de traste.

Sim , o lopes para além de TINA é um traste. Ou se calhar todos os TINA o são e Lopes não faz mais do que cumprir o seu destino de traste servidor.

Vejam na forma como ele embrulha as coisas para servir de presente aos seus donos, perdão "leitores":

"Havia espaço para repor rendimentos: e foi a tomada de consciência de que esse espaço existia que motivou a esquerda dura a unir-se ao PS para afastar um detestado líder da direita".

Lopes, temos uma má notícia para si. Não foi a tomada de consciência de tal "espaço (negada, abjurada, desmentida pelos TINA e por toda a quadrilha que fazia o seu serviço ao serviço dos dito) que motivou a esquerda dura a unir-se ao PS. Basta ir consultar as fontes e os dados.

Foi isso sim a necessidade de mudar de rumo. Dum outro caminho que passasse pela revisão de algumas das maiores pulhices do governo que este tipo tenta justificar. O " espaço " que o Lopes diz existir, era o espaço que os TIA há muito reivindicavam e não foi a sua tomada de consciência parida desta forma de quem escreve folhetins romanescos como se fossem factos que motivou o afastamento do tal detestado líder.

O adeus ao líder foi uma medida higiénica. A mudança higiénica do país poupou o país ao cumprimento do programa pafista, todo ele centrado no "tal espaço", onde cabia por exemplo mais um corte de 600 milhões de euros nas pensões.

Lopes enfim que prove que foi a tomada de consciência da existência do agora designado espaço do Lopes que motivou a esquerda a fazer o que fez. Duma forma tão substantiva com substantivas são as suas afirmações deste jaez

Anónimo disse...

Mas Lopes é a versão "intelectual" , pseudo-justificativa de TINA, envergonhado mas confesso. Com o seu quê de trauliteiro é certo. Mas isso é também pecha daquela qualidade de intelectuais

Não vale a pena falar no troll de serviço de nick name jose.( Mais ou menos, acho). Mas falo dum tal Carlos Guedes que do alto da sua jactância interpela Nuno Serra da forma revelada aí em cima:

"tens de deixar de ser parvo".

Taxativo ( e ai faz lembrar o Lopes e as mudanças do contexto) afirmará que os "jornais estão no fim ( outra má notícia para Lopes?). E daquela forma habitual entre os "intelectuais" de direita tenta convencer que por estarem no fim aquilo que lá aparece é lixo.

O lixo não será pelo seu conteúdo. Será por aparecer onde aparece, ou seja nos jornais, que estarão no fim. Ou pelo facto dos jornais serem lixo por estarem no fim?

Mais outra má notícia para o Gaspar, aspirante intelectual a homem do lixo e verdadeiro TINA de fina água.

É que o que define a qualidade de um texto não é o material que lhe serve de suporte.
É mesmo o seu conteúdo. Mesmo após a morte do seu autor, aquele não é perdido. Claro que sempre houve tipos que tentaram alterar as coisas também de forma definitiva, alterando, manipulando , queimando os textos que não do agrado.

Mas isso são coisas que todos nós sabemos. Até o Gaspar malcriado


Anónimo disse...

Mas o "intelectual" do Guedes, como verdadeiro TINA, tem preciosidades particulares.

Não quando repete o faduncho do nosso financiamento, quase que a verter lágrimas pelo lucro obtido pelos nossos credores

Mas sim pela chamada ao palco de um Tocó. O que será isto? Quem será? Os tiozorros pafistas dos TINA agora têm esta linguagem codificada de idiotas com trejeitos de queques?

Mas há pormenores lixados que revelam mais do que ocultam

O tal cantando e rindo faz adivinhar a idade do cantante. Terá cantado e rido ao som de outras marchinhas e a idade começa a desbotar-lhe o brio ?

Todavia parece que o que há a esperar é a "demissão".

Isto está assim tão mau que as eleições já não são o cenário apropriado para as mudanças defendidas?

E estará assim tão mau que se não consegue ocultar as ânsias de servidor de TINA a gritar pelo FMI e pela troika e pelo reino troikista?

A lembrar os tempos em que tudo o que era banqueiro, grande capitalista, economista de serviço, comunicação social regimental, boy em actividade, sacana sem lei, pedia o FMI, queria FMI, exigia FMI, chorava FMI para seu proveito político, social e vampiral?

Anónimo disse...

"O afastamento da direita do poder no seguimento das eleições de 4 de Outubro e a construção de uma solução governativa em que o PS em minoria, tem governado de forma estável ao longo dos últimos 20 meses, com base numa posição política conjunta com os partidos à sua esquerda, permitiu que a nossa economia, após um primeiro ano de 2016 em que foram já visíveis no 2º semestre do ano nítidas melhorias resultantes do início da reposição de direitos e rendimentos para muitos trabalhadores, registasse finalmente nos dois primeiros trimestres de 2017, um ritmo muito aceitável de crescimento de 2,8%, como não se verificava desde o início deste século.
Provou-se ao longo deste período que ao contrário do que a direita e os seus ideólogos defendiam e defendem, era possível pôr a economia a crescer a um ritmo muito aceitável com a reposição direitos e rendimentos, incentivando a procura interna, sem por isso pôr em causa a aposta nas exportações e não agravando os nossos défices estruturais.
Provou-se finalmente que era possível fazer-se tudo isto reduzindo o desemprego (menos 145 400 desempregados entre o 1º semestre de 2016 e o 1º semestre de 2017) não através do recurso à emigração mas através da criação de novos empregos (mais 151 mil empregos neste período).
Foi possível ao longo destes últimos 20 meses travar um longo período de ataques a direitos e conquistas dos trabalhadores, ataques este que atingiram com o último governo PSD/CDS e com a intervenção da troika níveis nunca antes vistos.

(cont)

Anónimo disse...

"Valorizando muito positivamente a evolução económica e social verificada com o afastamento da direita do poder é importante não esquecer as muitas limitações que o crescimento económico recente não esconde:
Em primeiro lugar e como os dados recentemente divulgados pelo INE referentes ao inquérito ao emprego do 2º trimestre mostram, se é verdade que desde o 1º semestre do ano passado foram criados 151 mil empregos (mais 3,3%), também é verdade que grande parte desta criação de emprego se concentra no sector dos serviços, em particular no turismo e imobiliário e no sector da construção, mantendo-se praticamente inalterável o emprego nos sectores produtivos (agricultura e industria), como é verdade que grande parte deste emprego criado é precário e com baixos salários (cerca de 30% dos trabalhadores por conta de outrem auferem hoje salários líquidos mensais inferiores a 600 euros).
Estes mesmos dados divulgados pelo INE mostram que o desemprego que tem vindo a registar uma quebra considerável, atinge ainda em termos reais perto de 1 milhão de portugueses, considerando para além dos trabalhadores desempregados em sentido restrito, todos aqueles que estando disponíveis para trabalhar a tempo inteiro só conseguem empregos a tempo parcial ou desistiram de procurar emprego.
Em segundo lugar os resultados económicos mais recentes mostram no 1º semestre do corrente ano um ritmo de crescimento das importações superior ao das exportações como resultado da aceleração do consumo, do investimento e das exportações e da incapacidade do nosso aparelho produtivo de responder às suas necessidades de produção.
A destruição do nosso aparelho produtivo a que conduziram as políticas de direita, prosseguidas pelos sucessivos governos nas últimas décadas, faz com que uma aceleração do ritmo de crescimento da nossa economia provoque de imediato um agravamento do saldo da nossa balança de mercadorias, senão forem implementadas medidas de política económica que contrariem o livro funcionamento do mercado, como defende o pensamento neoliberal.
Dados divulgados na semana passada semana também pelo INE, referentes à balança de mercadorias no 1º semestre do ano, mostram isso mesmo, um agravamento no saldo desta balança a preços correntes de 26,3%. Enquanto no 1º semestre de 2016 o saldo a preços correntes da nossa balança de mercadorias era deficitário em 5 027 milhões de euros, no mesmo período do corrente ano esse défice subiu para 6 349 milhões de euros (um agravamento de 1 321 milhões de euros). Os bons resultados da nossa balança de serviços e em especial da balança de turismo têm permitido nos últimos anos cobrir parte deste défice crónico, mas há limites para tudo.
São cada vez mais claros os sinais de que a política económica tem que intervir activamente no reforço da capacidade do nosso aparelho produtivo, na implementação de medidas de incentivos à substituição de importações por produção nacional e na aposta na promoção de exportações com elevado valor acrescentado nacional.
Deixar nas mãos dos mercados a resolução destes cada vez maiores desequilíbrios externos da nossa economia, como defende a política de direita e como defende o pensamento neoliberal, teve os resultados recentes que conhecemos no nosso país, um longo período recessivo com destruição de centenas de milhares de empregos, mais de milhão e meio de desempregados, perto de 600 mil portugueses forçados a emigrar e cortes nos direitos, nos salários e nas pensões de milhões de portugueses. Esta não foi, nem será no futuro a solução que os trabalhadores e o povo português desejam para os problemas económicos do nosso país.
Agora que a nossa economia cresce a bom ritmo é a altura ideal de o governo intervir activamente na defesa da nossa produção nacional, das nossas empresas e dos nossos trabalhadores, tal como outros fazem por essa Europa fora e por esse Mundo".

(José Alberto Lourenço)

Unabomber disse...

Caro Pedro:

Era possível em 2011 (repito 2011) aplicar a actual politica? Era possível (em 2011) não tomar nenhuma medida de austeridade? Era possível (em 2011) não cortar nos rendimentos da população?

Se o amigo considera que tudo isto era possível (em 2011) então deve explicar o como: nomeadamente explicar onde ia obter o dinheiro (em 2011) para pagar as importações e o refinanciamento das dividas (publica e privada) externas.
........

Anónimo disse...

Era possível em 2011 aplicar as medidas adequadas para o pais.
Sem nos sujeitarmos nem à troika nem ao saque.

Não eram as medidas esperadas nem pelo Unabomber nem pelo Lopes.Nem pelos TINA da altura e de agora.

E os rendimentos a cortar seriam muito diferentes. E penderiam mais exactamente para o lado dos que lucraram com a austeridade imposta pela troika. E por Passos/Portas

Pedro disse...

Caro unabomber.

Era possível, por exemplo, não chumbar o pec 4, aceitando o programa menos duro que a europa nos propôs, em vez de sabotar esse programa fazendo tudo para que a troika viesse.

Já agora também era possível não ir além da troika.

Também tinha sido possível não apoiar a 100% a ideologia austeritária, incentivando os alemães a castigar ainda mais os povos do sul.

Também tinha sido possível, se amam assim tanto a troika e os alemães, ir mais além do que a troika no único ponto em que vocês não só não foram mais além como até desafiaram a troika não cumprindo nada - cortar nas rendas ás grandes empresas.
Nisso vocês, em tudo o mais uns lambe botas do alemães, já foram uns rebeldes, defendendo as rendas dos grandes empresários.

Possível teria sido também não baixar os impostos ás grandes empresas enquanto duplicaram os impostos á classe média.

Possível também era não passarem uma série de medidas gravosas para os trabalhadores com o pretexto da crise.

Vocês tiraram aos pobres para continuar a dar aos ricos.

Anónimo disse...

Basta agora Unabomber/Lopes sairem da sua zona de conforto e irem procurar as alternativas apontadas na altura.

Os TINA retiraram-se temporariamente do discurso dum presente TINA. Falam agora dum "contexto" outro.

O que lhes resta?

Falar que, se o contexto hoje é outro, o outro contexto, o que motivou o pretexto para a hipoteca do país, esse sim era TINA. Embora verdade seja dita, Unabomber seja muito cauteloso com o que avança ( seria possível não tomar "nenhuma" medida de austeridade, dirá)

Mais uma vez a TINA apresentada como TINA embora duma forma um pouco mais sofisticada.

A pergunta que se coloca é esta, entre várias.

Descoberta a treta do TINA e dos TINAS no presente contexto, porque motivo acreditar que não haveria outras alternativas para a situação da época?

E havia.

Basta consultar os programas na altura de partidos de esquerda. Mas ir mais longe. Consultar quem apresentava propostas concretas dentro das diversas áreas envolvidas.
Basta consultar por exemplo o histórico dos LdB, aqui, nos meses que precederam à traição troikista assinada pela coorte neoliberal

E quando começarem a tentar questionar as medidas e as propostas apresentadas na altura é favor lembrarem-se de toda a raiva, todo o ódio, todos os insultos, todos os meios informativos contra quem ousava questionar o caminho único neoliberal.

Até há bem pouco tempo. O diabo viria a cavalgar novos telefonemas da Troika e seria já em Setembro.

Depois foi o que se viu e vê.

O diabo, o verdadeiro diabo (mas para muitos dos TINA) é que outro caminho lhes iria provocar necessariamente "austeridades" que não lhes eram admissíveis.

Jose disse...

Então?
Não falemos mais em TINA, já passou!
Agora é tempo de ressacar da miséria; não em todo o lado, naturalmente, mas naquele a quem mais devemos a nossa felicidade passada, presente e futura,nos servidores públicos entre todos os mais generosos dos portugueses, e que definitivamente romperam com a exploração capitalista (não esquecendo naturalmente os reformados, esses valorosos depositários das mamas de Abril).

Está aberto o concurso de propostas para o ano de 2018 e, entre carreiras, contratações e aumentos, para o ano poderemos orgulharmo-nos de termos mais servidores felizes e confiantes no futuro para nos cobrirem com as bênçãos das orientações geringonças.
Tudo vai muito bem encaminhado para alguns, e são muitos!

Anónimo disse...

"Era possível, por exemplo, não chumbar o pec 4, aceitando o programa menos duro que a europa nos propôs, em vez de sabotar esse programa fazendo tudo para que a troika viesse"
Aceitando o programa menos duro da europa?
Mas qual europa e qual programa? O dos PEC 1 e 2 e 3 apoiados por toda a direita?
Sob a batuta de Sócrates a negociar às escondidas com Coelho?
Ora quem chamou a troika não foi o PS e o PSD e o PP?

Pedro disse...

Caro anónimo.

Cheira-me ao ignorante do costume.

Se você está sempre aqui porque é que não usa um nick ?

Toda a gente sabe que o PS fez tudo para não chamar a troika e que acabou por o fazer obrigado pela aliança parlamentar do PCP-Bloco-PSD-CDS que chumbaram o pec.

Temos de agradecer os anos de troika a essa gente toda.

Unabomber disse...

Caro Pedro:
As opções que apresenta representam uma alternativa com MENOS austeridade: não representam, portanto, uma alternativa SEM austeridade.
Concordo que seria preferível ter-se optado (em 2011) por MENOS austeridade: mas,tal seria possível e suficiente? não sei, e duvido de quem tem a certeza absoluta que teria sido possível.

- Nota: eu não posso ser enquadrado no "vocês" da ultima frase, pois, pertenço há muitos anos ao partido daqueles que não votam em nenhumas eleições (são 40% do eleitorado), por não se reverem nas MENTIRAS políticas de ambos os lados (esquerda e direita).
E, obviamente que é uma grande MENTIRA dizer que (em 2011)havia alternativa à austeridade em PT.

Pedro disse...

Caro Unabomber.

Sim, era impossível não haver austeridade. Mas tudo indica que era possível haver muito menos austeridade e a que houvesse fosse muito melhor repartida. Podia ter sido um período menos bom em vez de um desastre.

Como poderemos ter a certeza ? Não podemos, precisamente porque o PSD-CDS sabotou a alternativa.

A sua lógica é a de que nunca saberemos se um náufrago se teria afogado à mesma se em vez de um pedregulho lhe tivessem lançado uma bóia. Sim, se calhar afogava-se à mesma, mas tinha muito mais hipóteses do que com o pedregulho...

Entretanto, você até pode não votar, mas adoptou a propaganda toda do PSD-CDS.

Jose disse...

Tudo acima parte do pressuposto que o Estado tem capacidade de regular com precisão os acontecimentos. NÃO TEM.
Provavelmente a austeridade teve maior impacto porque os consumidores travaram 'às quatro rodas' o consumo e provavelmente pensou-se que só travariam muito menos.
E como a economia estava montada no consumo o desemprego disparou.
Culpa do governo ou culpa de quem criou uma economia sem credibilidade que toda a gente sentia que era ficção que haveria de ter um fim?
E a geringonça vai pelo mesmo caminho: a poupança a baixar e a dívida a aumentar.

Unabomber disse...

Amigo Pedro:

No meu primeiro comentário (dia 25 às 19:40) apenas digo que o contexto economico-financeiro de 2011 era diferente do actual, e que em 2011 não havia alternativa à austeridade.
No ultimo comentário acrescentei que seria preferivel menor austeridade: mas não sei se tal seria possível.
Ora, perante apenas isto, é manifestamente exagerado afirmar que eu adoptei a propaganda do PSD-CDS - (se assim fosse, então o amigo, ao concordar que não havia alternativa à austeridade em 2011, também esteve a fazer propaganda ao PSD-CDS).
......
A utilização do pedregulho e da boia também me parece manifestamente exagerada: talvez seja mais adequado colocar a situação ao nível da cirurgia em que cortam as duas pernas para salvar o doente, quando o corte de apenas uma talvez fosse suficiente.
.......
Desde 1983 sei que, os politicos rascas a atribuir culpas ao grau de intensidade da austeridade vai variando consoante se esteja dentro ou fora do governo, a saber:
- Quando da intervenção do FMI de 1983 o governo Soares/Mota Pinto teve de aplicar a austeridade, foram os cavaquistas a aproveitar para propagandear que a mesma tinha sido em excesso,
- Quando o governo de Socrates teve de aplicar a austeridade em 2010/2011, dizia então o PSD/CDS que bastava cortar nas gorduras do Estado, não era preciso austeridade.
- Quando o PSD/CDS virou governo, então vem o PS e restante esquerda a dizer que foi em excesso.
- Se Eventualmente, numa proxima vez, tiver que ser o PS a aplicar nova austeridade, já sabemos quem vai dizer que foi em excesso.
.....
Por ultimo acrescento aqui que, sou daqueles que pensam que foi um grande crime economico não ter sido aprovado o PEC-IV (mesmo que não resultasse, não se teria perdido nada com a tentativa) - isto, não obstante acreditar (sem certezas) que a aprovação do mesmo bastaria para evitar a troika, pois somente a intervenção do BCE/Dragui em 2012 evitou que a troika fosse passear para mais paises.

Anónimo disse...

Afirma Pedro que lhe cheira ao ignorante do costume

Afirma mal. Afirma patetices.Burrices.
Pelo que primeiro arrumamos este assunto

Se o olfacto do Pedro detectar a sua própria ignorância ele que o aspire e depois que faça dele o que quiser.

Mas se o papá ou a mamã não o ensinaram, pode crer que aqui não se deixa passar malcriadices nem sem balde nem debalde




Anónimo disse...

Posta esta questão prévia pode-se dizer que os factos contrariam o pedro

O PS não fez tudo para impedir a vida da troika. O PS, pela mão de Sócrates e com o apoio explicito de PSD e PP, assinou o chamado memorando de entendimento

Percebe-se que isso lhe cause engulhos. Mas os factos são tramados

"Toda a gente sabe que o PS fez tudo para não chamar a troika" é uma afirmação sem sentido quando a seguir se explicita que afinal o acabou por fazer " obrigado pela aliança parlamentar do PCP-Bloco-PSD-CDS que chumbaram o pec".

Alguém apontou uma arma ao PS para o fazer?

Porque não se aliou à esquerda na altura?

E porque a direita apoiou o PS no PEC 1 e 2 e 3?
Parece que os únicos coerentes foram mesmo os partidos à esquerda do PS.

Temos que agradecer toda esta austeridade aos partidos troikistas. Mais à troika. O resto é conversa da treta.

Anónimo disse...

O diálogo entre Unabomber e Pedro é por demais elucidativo. Já lá iremos se se tornar necessário

Mas o que ressalta é este pio interesse de Unabomber em defender Dragui e o BCW

Afirma entre o ameaçador e o solene:
"somente a intervenção do BCE/Dragui em 2012 evitou que a troika fosse passear para mais paises"

A troika ia passear por onde quisesse. Mas a resistência às troikas iria aumentar e exponenciar-se.

Um mau negócio para Dragui e para os europeístas convictos.

Pedro disse...

Este blog já está a fazer censura ?