«Não poupemos nas palavras. Um ano após ter tomado posse e definido uma estratégia que foi claramente mais longe do que aquilo que estava acordado com a troika, o Governo está à beira de um falhanço colossal em matéria do Orçamento de Estado. (...) Se fosse outro Executivo, cairia o Carmo e a Trindade com acusações de incompetência e incapacidade para travar o despesismo do Estado. (...) Não, não douremos a pílula. Este descalabro não resulta de alterações dramáticas da conjuntura internacional, que tenham desvirtuado drasticamente as bases em que assenta o Orçamento de Estado de 2012. Este descalabro resulta do profundo desconhecimento de como funciona a economia portuguesa, reduzida a uma folha de Excell onde qualquer medida X terá sempre o resultado Y.»
Nicolau Santos («A caminho de um falhanço colossal»)
«Esfuma-se, assim, a cada dia que passa, o mito de que "vamos sofrer, mas vamos conseguir". Não, não vamos conseguir. A meta dos 4,5% de défice em 2013 - discutível em si mesma e, mais do que tudo, nas perversões sociais e económicas que alimenta - não vai ser alcançada senão com novo e agravado pacote de austeridade. E essa é a mentira com rabo de fora que o ilusionismo governamental já não consegue esconder mais. (...) E o próximo Orçamento do Estado, se não for antes, encarregar-se-á de cumprir o desígnio de mais austeridade, mais recessão, mais diminuição de receita, mais aumento de despesa. Mais irresponsabilidade, portanto, mais incompetência, mais afundamento do País. Uma lógica infernal que só não viu, desde o início, no memorando com a troika quem não quis ver.»
José Manuel Pureza («O fim da ilusão»)
«Sobre Portugal, ninguém pode usar o subterfúgio que se usa para explicar o desastre grego. Nós estamos a cumprir tudo. E é por isso mesmo que está a correr tão mal. Não basta continuar a tentar destruir qualquer alternativa que surja com o discurso preguiçoso da "inevitabilidade" e do "bom aluno" que tenta agradar à Alemanha e aos "mercados". É preciso aceitarmos, de uma vez por todas, que o que está a ser feito faz parte do problema e não da solução. Só depois de o compreendermos nos esforçaremos para, coletivamente, encontrarmos alternativas. Antes que seja tarde demais. Como é para a Grécia.»
Daniel Oliveira («A troika faz mal às contas públicas»)
«É óbvio que o falhanço do governo é apenas aparente. O executivo não quis resolver a crise económica, o seu objectivo foi usar a crise económica para fazer uma autêntica revolução conservadora, baixando abruptamente salários e destruindo o pequeno Estado Social existente. A manutenção da crise vai ser usada para forçar ainda mais esta mudança. Os nossos governantes contam, para isso, com a internacionalmente elogiada “paciência com que os portugueses estão a suportar os sacrifícios”. Ao contrário do que nos garantem, este estado de inacção será mais responsável pelo nosso desastre do que pelo nosso progresso.»
Nuno Ramos de Almeida («O silêncio dos condenados»)
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1 comentário:
Eu concordo com o Daniel Oliveira, este fracasso é apenas aparente, os laranjas queriam mesmo isto, queriam este fracasso, este é o seu sucesso porque é o sucesso desta política, o sucesso das suas políticas e do seu pensamento...Enfraquecer os direitos sociais, retirar valor aos salários, destruir o Serviço Nacional de Saúde, repor desigualdades, fazer retornar Portugal aos anos 70, regressar as velhas teorias educacionais, impor o respeitinho pelos senhoritos, fazer do País uma coutada das velhas e senhoriais famílias...Para cumprir Portugal só falta a legitimação do Dom Duarte Pio João Miguel Gabriel Rafael de Bragança e temos o caldinho todo pronto!...
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