quarta-feira, 4 de maio de 2011

Economia com Futuro

Economia com Futuro é uma rede de investigadores e professores de economia e de outras ciências sociais que procuram contribuir para a renovação do pensamento e discurso económicos, para o melhor conhecimento acerca da economia portuguesa e dos seus problemas e participar, em diálogo no espaço público, na descoberta de soluções com futuro.

O objectivo imediato desta rede é a preparação da Conferência “Economia Portuguesa: uma Economia com Futuro”, que terá lugar a 30 de Setembro de 2011 na Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa.

No apelo e compromisso constitutivo pode ler-se:

“… a crise das periferias aprofundou-se e Portugal viu-se envolvido na voragem dos resgates. O novo programa de austeridade e de “ajustamento estrutural” associado aos empréstimos do FEEF/FMI, orientado para a salvaguarda dos interesses do sector financeiro à custa dos rendimentos salariais e da prestação de serviços públicos de acesso universal, traduzir-se-á, a exemplo do que está a acontecer na Grécia e na Irlanda, em aumento do desemprego e da pobreza e em agravamento das desigualdades sociais e territoriais. Originando mais recessão, e não o crescimento que promete, poderá falhar na necessária consolidação orçamental e não reduzirá a dívida nem o fardo dos seus juros. Portugal sairá do novo programa mais debilitado e em piores condições para fazer face aos problemas colocados pelo aumento da dívida.
Agora, mais do que nunca, é necessário mobilizar o conhecimento económico e de outras ciências sociais para a invenção e proposta de soluções com futuro. Há perguntas que pedem uma resposta urgente.

Sabemos que não há lugar para uma conciliação entre medidas de austeridade violentas (exclusivamente orientadas para a consolidação orçamental e a redução da dívida externa no imediato) e crescimento capaz de equilibrar o orçamento e reduzir a dívida a prazo. Ao nível da UE há soluções possíveis (eurobonds, intervenção do BCE no mercado primário da dívida), mas parece não existirem condições políticas para as fazer vingar. Por isso mesmo, a reestruturação da dívida tem sido sugerida por quadrantes de opinião muito diversos como uma solução a encarar. Será uma reestruturação agora preferível a uma reestruturação tornada inevitável no futuro por uma recessão profunda e prolongada? Quais as implicações, benefícios e custos de uma tal reestruturação? Como deve ser concebida e negociada?

A manterem-se a actual arquitectura da zona euro e as respectivas orientações estratégicas, e mesmo que os problemas do défice e da dívida se resolvam de uma forma ou de outra, Portugal continuaria a ter de viver com uma moeda que é forte, como os sectores exportadores de tecnologia complexa desejam, mas que é demasiado forte para uma economia como a portuguesa. Essa é uma das causas do défice externo que Portugal viu crescer na década do euro. Mesmo com todo o investimento em ciência verificado nos últimos anos, Portugal não deu o salto tecnológico, económico e social necessário para competir no quadro da zona euro. Que espaço existe para Portugal na zona euro tal como ela existe? O que seria uma Eurozona com lugar para Portugal e outras economias periféricas? O que fazer se não for possível reformá-la?

A premência dos problemas do momento não pode fazer perder de vista os disfuncionamentos estruturais do actual modelo de desenvolvimento global e os dilemas a ele associados. A prioridade ao emprego e ao desendividamento a prazo aponta para a necessidade de crescimento. Este desiderato tem conflituado, não raro, com imperativos de sustentabilidade ambiental e coesão social. O “sucesso” das economias emergentes acentua os riscos de exaustão dos recursos e a pressão sobre o ambiente. Por outro lado, apesar da redução da pobreza para milhões de seres humanos verificada nos últimos anos naquelas economias, a distância entre os mais ricos e os mais pobres à escala mundial e no interior da maior parte dos países não cessa de aumentar. Como resolver o problema do emprego, do desendividamento e do desenvolvimento num quadro de reconhecimento das restrições ambientais e da necessidade de salvaguarda da coesão social?

O resto do texto e o nome dos promotores encontra-se aqui.

2 comentários:

João Carlos Graça disse...

Caro José Maria,
Quanto à Eurozona, e tão sinteticamente quanto possível: ou se consegue a assunção do pleno emprego como objectivo prioritário de política económica - com tudo o que isso implica, desde a qualidade democrática das nossas sociedades, até (no fim do dia) à respectiva saúde mental (só é estranha a aparente dificuldade dos círculos dirigentes em perceber isso), passando por trivialidades (ou que o deviam ser) como controlo dos movimentos de capitais, políticas redistributivas, etc. - ou mais vale assumir desde já, e com clareza, a possibilidade, se não já a necessidade, de saída pura e simples.
Um mês volvido, a convicção está cada vez mais "entranhada"...

E agora para algo con pateta mente diferencial disse...

Agora, mais do que nunca, é necessário mobilizar o conhecimento económico


e de outras ciências sociais
porquê as ciências sociais?
a sociologia até agora além de tachos para pouco serviu
Um matemático um físico um farmacêutico ou um médico empresário como o da Bial
não são portadores de conhecimento
válido para a transformação económica da sociedade?


para a invenção......
note-se o termo


e proposta de soluções com futuro.
demagogia
soluções com passado seriam mais interessantes já teriam funcionado anteriormente



Há perguntas que pedem uma resposta urgente.

Mas não há respostas....

Um tradicionalista com pensamento linear

seria de esperar de quem selecciona itens sem interesse para uma geração que os despreza

resumindo um arrazoado sem ponta por onde se lhe pegue

1º Quais as consequências imediatas da reestruturação (mesmo que fosse possível)para as empresas

para uma pessoa que vivia no pós 25 de Abril e que provavelmente (duvidoso dado o nível socio-económico)teria empréstimos com taxas anteriores a 74

1975 a 1985 foram bons anos para os devedores

foram péssimos para os credores que tinham emprestado a taxas fixas

investir em Portugal era um risco

num país que não se esforça para pagar nada

uma banca com uma rentabilidade miserável e que não capta investidores externos

enquanto a brasileira quase tem de empurrá-los com uma pá

reestruturar a dívida só é bom para aqueles que têm capitais fora da união

união que provavelmente não resistirá a esta década

e é pena o euro foi um sestércio de amanhãs que cantam

boa sorte para o escudo a competir com o yuan ou com a pataca macaense

um médico cubano trabalha por semana 40 a 50 horas a troco de?

é um mercado de procura e oferta

e a europa está envelhecida empobrecida e egoísta

vê-se que nunca trabalhou a tempo inteiro fora da eurozona nem o terá de fazer no futuro