Este rumo era previsível a partir do momento em que o poder político, pressionado pelo poder financeiro, enveredou pelas medidas austeritárias. Mais previsível ainda se tornou quando o governo e todo o arco da austeridade, reagindo à escalada da pressão transformada em sequestro, convidaram o sequestrador a assumir as rédeas da governação. A crónica deste sequestro da democracia era anunciada desde que, com a mais recente crise internacional, a especulação se virou para as dívidas dos Estados periféricos da Zona Euro, com economias mais vulneráveis. Só a construção de entendimentos entre esses países periféricos, acompanhada pela recusa, no plano nacional, de transferir para os cidadãos o pagamento de uma crise originada na esfera financeira e na captura dos recursos públicos pelos interesses privados, poderia ter permitido trilhar um caminho alternativo.
Sandra Monteiro, Democracia sequestrada.
Destaque ainda no número deste mês para o editorial de Serge Halimi e para o artigo do economista Nuno Ornelas Martins, mobilizando Keynes e Sen para argumentar que o crescimento das desigualdades na distribuição de rendimentos é responsável pelos défices de procura efectiva e que a prioridade democrática tem de ir, também por isso, para a sua redução. No meu artigo faço um ponto da situação da intervenção externa e da desunião europeia.
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