quinta-feira, 5 de maio de 2011

Custos

As medidas de liberalização do que se convencionou chamar "mercado de trabalho" continuam. A taxa de desemprego, com despedimentos mais fáceis e recessão, vai também continuar a aumentar, chegando, de acordo com previsão que está provavelmente destinada a ser revista em alta, aos 13%, em 2013. Não se trata de criar emprego, até porque o desemprego não se deve a qualquer "rigidez", e muito menos de reduzir as desigualdades salariais entre trabalhadores, que com estas medidas tenderão a aumentar, trata-se de reduzir os salários, sobretudo na base, de tratar o trabalho como se fosse uma mercadoria, um mero custo a conter. Foi este modelo, segundo um estudo do FMI, que esteve na origem da crise...

4 comentários:

+cultura disse...

Curiosidade: um livro em inglês tem o título "23 things they never told you about capitalism" ; em português o resultado é..."23 coisas que nunca lhe dizem sobre economia" .
Pergunta: será que no texto a palavra capitalismo terá sido substituída pela palavra economia?
Tempos de auto-censura em prol do marketing... e do engano.

PR disse...

No texto é mesmo capitalismo o termo utilizado.E vale mesmo a pena ler o livro.

Anónimo disse...

És um poeta e lírico!

Alexandre Cotovio Martins disse...

Prossegue o movimento de desconvencionalização inaugurado com o «novo espírito do capitalismo». A tendência para romper com as equivalências convencionais de ordem geral que articulam, por exemplo, tempo de trabalho e salário, prossegue. Assim, pretende-se a total «flexibilidade», isto é, a capacidade de definir localmente, sem um padrão geral, o valor, neste caso, do trabalho. Quanto a mim, uma receita para a desgraça.

É por outro lado fantástico o que pudemos observar ultimamente: a atribuição ao trabalho de grande parte da responsabilidade pelos efeitos negativos de uma crise financeira e, mesmo, de uma responsabilidade moral pela mesma aos consumidores. Curioso capitalismo, este, que ao mesmo tempo que afirma que a economia não tem nada que ver com a moral - como se de física se tratasse (Oh Meu Deus!) - faz discursos tão moralistas como os de certas religiões do passado, pregando morais da austeridade. Vamos bem encaminhados...