terça-feira, 30 de agosto de 2022

Fugas e falta de coragem

Mais uma vez, a direita não tem coragem de dizer ao que vem. Questionado - após a demissão da ministra da Saúde - sobre qual a mudança de política que o PSD defende para o SNS, o seu vice-presidente Miguel Pinto Luz disse em conferência de imprensa que essa resposta... cabia a António Costa dar. 

Recorde-se que, aquando da discussão para a sua criação, o PSD votou contra a criação do SNS. E desde aí, a política do PSD - quando esteve em maioria absoluta no Parlamento - foi a de dar corpo a uma Lei de Bases que colocou o Estado a incentivar o... sector privado da Saúde, ao mesmo tempo que foi asfixiando financeiramente o SNS, suborçamentando-o. Isso aconteceu tanto nos anos 80, no mandato de Cavaco Silva, como no mandato do Governo Passos Coelho/Paulo Portas, tendo como elemento coordenador secretário de Estado adjunto Carlos Moedas e apoiado no Parlamento pelo seu líder Luís Montenegro.

Mas recorde-se igualmente que o PS, embora afirmando-se como o grande criador do SNS (omitindo o papel de outras forças políticas e sindicais), tem tido contudo uma política em zigue-zague, muitas vezes comprometida com os grupos privados na Saúde, que consolida a deriva da direita e que o impediu de resolver o problema da suborçamentação do SNS (ditado pelos constrangimentos neoliberais impostos ao nível da UE), que se reflectem na acentuação dos problemas de desarticulação de serviços e equipas, da ausência de carreiras aliciantes para os seus profissionais, obrigando o SNS a ir cedendo posições aos operadores privados que vão imponto as suas regras e a sua influência na esfera política. 

Há décadas, mas sobretudo nos últimos anos que à esquerda do PS se critica esta hesitação. Esse foi o tema que esteve na base da posição do Bloco e do PCP na inviabilização do anterior governo PS. Ainda há cinco dias, o PCP alertava para a situação que politicamente se estava a criar, com a tentação governamental para a privatização do SNS. 

Resta, pois, conhecer que condições a ex-ministra afirmou que "deixou de ter para se manter no cargo". Nomeadamente, saber as razões aventadas para a demissão da ministra durante a madrugada de hoje, às 1h15, aceite em comunicado do gabinete do PM... às 1h30


1 comentário:

Anónimo disse...

A resposta mais ridícula de um psd mais paupérrimo de ideias, desde que existe.