segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Chegou a hora de negociar


A Rússia até pode conquistar Kiev e outras cidades à custa de um banho de sangue, mas não vai conseguir instalar na Ucrânia um governo fantoche. Talvez para surpresa de Putin, a feroz resistência que a Rússia está a enfrentar mostra que a Ucrânia não será uma nova Bielorrússia. 

 Chegou a hora de negociar. Se a Ucrânia admitir o estatuto da Finlândia, o da neutralidade militar fora da NATO, a Rússia terá conseguido o que sempre quis. 

Numa negociação que pare esta tragédia, as partes terão de ceder em alguma coisa importante para que o acordo seja duradouro. O ressentimento anti-Rússia, esse ficará para sempre, será transmitido de geração em geração e será o cimento do patriotismo dos ucranianos democratas, qualquer que seja a sua língua. 

Oxalá não demorem muito a entender-se porque uma guerra atómica é um risco que não podemos admitir.

12 comentários:

Anónimo disse...

É inacreditável como o Jorge Bateira ainda não percebeu que não se negoceia com neonazis. Aqueles que estão a negociar com a delegação russa em Minsk devem assegurar primeiro que o seu exército necessita de ser desmantelado. Isso significa o fim do neonazismo armado que neste momento ainda luta em Mariupol.

Será que é necessário pedir para que veja o reveja o excelente documentário do alemão Mark Bartalmai, «Ukranian Agony»? Pode ver aqui: https://www.youtube.com/watch?v=kIuFdMqWfzA

Não se negoceia com neonazis. A Ucrânia deve garantir à Rússia que não voltam a existir nazis com armas no seu país.

Para além da negociação, será que o Jorge Bateira já entendeu como a operação militar russa está a correr bem? Caso os nazis sejam afastados, é caso para a agradecer à Rússia ou vai continuar a condená-los? Eles estão a fazer um grande favor a todos aqueles que não querem o nazismo ressuscitado mesmo às portas da Rússia.

Anónimo disse...

Isso mesmo, Jorge Bateira. Muito equilibrado, na sua análise e opinião. Muito bem, no distanciamento do expansionismo imperialista atlantista e do expansionismo oligárquico russo. Ambos inequivocamente condenáveis. E por si, e por mim, inequivocamente condenados. Pobres ucranianos, qualquer que seja a língua em que se exprimem (ucraniana, russa, outra), apanhados nessa tenaz. Cessar fogo; suspensão (e erradicação) das hostilidades e agressões, externas e internas; negociação; compromissos de parte a parte. Paz!

Jaime Santos disse...

Concordo inteiramente, mas para isso é preciso que a Rússia dê garantias de segurança à Ucrânia, o que quer dizer que terá que lhe fazer concessões, e não se arrogue apenas ao direito de poder invadir vizinhos mais ou menos indefesos quando lhe dá na real gana (o que tem um nome e se chama imperialismo).

De outro modo, não é de admirar que eles corram para os braços de alianças que a Rússia considera hostis (parece que agora mais de 50% dos finlandeses defende a entrada desse País na NATO).

Se um País deseja ter uma boa relação com os vizinhos, incluindo com Países membros da NATO, o melhor que tem a fazer é propor medidas que permitam o desarmamento mútuo e a verificação do mesmo. Se a Rússia o fizer, então mostrará que está de boa fé.

Quanto à acusação de que um Governo liderado por um judeu é neonazi, ela merece a boa gargalhada que é devida à propaganda nascida do ressentimento russo relativo ao nacionalismo ucraniano.

Mas a defesa do direito à autodeterminação é uma condição sine qua non para alguém que se diz de Esquerda, a não ser que defenda que há povos mais iguais do que outros, mas aí claro, deixa de ser de Esquerda e não passa de um fascista hipócrita.

Aliás, a violação das fronteiras de Estados Soberanos, como agora fez a Rússia, é uma característica comum do nazi-fascismo e do imperialismo soviético (no caso da partição da Polónia, fizeram-no aliás juntos)...

Tavisto disse...

Também me parece a melhor solução negociada. Só loucos ou ressabiados podem esperar que algo positivo possa sair com o prolongamento deste confronto.

Miguel disse...

Concordo.

Anónimo disse...

"O ressentimento anti-Rússia, esse ficará para sempre"
E provavelmente não só na Ucrânia mas em toda a Europa.

khaostik disse...

Pondo a questão ao contrário. Consegue provar que existe alguma força militar no mundo que não tenha neo nazis? Uma parte não faz o todo.

Anónimo disse...

Parece que a Rússia o que pretende é um vizinho neutral, tal como previsto nos acordos americano-soviéticos aquando da queda do Muro de Berlim. Aliás cumprindo a não expansão da NATO para leste, algo já violado 12 vezes. Os ucranianos deviam perceber que ser vizinho de uma potência nuclear exige certos cuidados, como foi demonstrado na crise dos misseis em Cuba. Quanto à Europa parece destinada a ser um Estado-vassalo dos EUA, bloqueando a economia russa e, a partir de agora, melhor cliente do armamento dos EUA para que estes, mais tranquilamente, tentem controlar a China e o Pacífico.

Anónimo disse...

A Ucrania tem que perceber que sendo vizinho de uma potencia nuclear não pode ter relações previligiadas com potenciais inimigos desse vizinho. Foi assim com Cuba/EUA con a questão dos misseis. O que a Russia parece pretender é um estado vizinho neutro como a Finlândia. E sobre as tropelias da NATO, lembrar que após a queda do muro de Berlim houve um acordo de não expansão da NATO para leste (docs desclassificados mostram isso). Neste momento a Europa melhor fazia empromover a paz em vez de se passar por estado-vassalo dos EUA e futuro grande cliente de armamento americano.

Miguel disse...

Discurso de Jean-Luc Mélenchon na Assembleia Nacional Francesa

https://www.youtube.com/watch?v=H5tRHt2UW0E

José Cruz disse...

Gostaria de partilhar o optimismo do Jorge Bateira,de que é chegada a hora da negociação.A resistência ucraniana está longe de dar sinais de estar esgotada e distantes os indícios de capitulação perante o poderio do exército russo.Qualquer negociação que sente à mesa os dois lados, arrisca-se a ser arrastada como as operações militares,com a ancestral paciência eslava,a pautar um jogo de sombras à mesa, enquanto se contabilizam avanços e recuos no terreno.Um diplomata americano durante uma conversa privada com Putin em encontro oficial, há muitos anos,contou que o actual presidente russo terá dito que os russos,ao contrário dos ocidentais,negoceiam com todo o armamento, de que dispõe cada uma das partes,em cima da mesa e na sala de reuniões e concluia ele que o medo era o principal elemento da negociação.Estamos muito longe de assistir a uma negociação séria,honesta e que honre a liberdade de ucranianos e o respeito pelo Direito Internacional,sobretudo se não existir uma mediação credível e com autoridade que seja participante e actuante.

Mozgovoy disse...

Pois é... chegou a hora de negociar... Acontece que um daqueles que negociou por parte da Ucrânia já deixou, de forma violenta, o mundo dos vivos a 5 de Março de 2022 e não o fez pela mão dos tenebrosos russos: levou um tiro na cabeça e quem lho deu (em Kiev, nas proximidades - pasme-se!- de um tribunal) foram os magníficos rapazes do SBU (a polícia secreta ucraniana) que o acusaram de "traição".
Há que reconhecer que a "justiça" democrático-neonazi-banderista da Junta de Kiev é de uma celeridade espantosa: acusação, julgamento e execução da pena em menos de cinco (cinco!!!) minutos... E nem no tribunal entraram...