sexta-feira, 9 de julho de 2021

Aprender com a Islândia

A experiência islandesa de redução do horário de trabalho, de 40 para 35 horas semanais, entre 2015 e 2019, foi considerada um sucesso. Ao contrário do que o pensamento económico dominante, bem presente entre nós (lembram-se dos feriados, por exemplo?) supõe, não se registou «qualquer quebra de produtividade durante esse período». Aliás, em muitos casos a produtividade até aumentou.

O ensaio inicial, circunscrito a Reykjavik, envolveu cerca de 2.500 trabalhadores de diferentes setores. Com a redefinição do modo como certas atividades eram desenvolvidas, a introduçao de turnos e a eliminação de tarefas desnecessárias, foram garantidos os níveis de serviço normais e mantidos os valores dos salários. E entretanto foi-se assistindo, desde 2019, à redução generalizada dos horários de trabalho em todo o país, abrangendo hoje 86% dos trabalhadores, «que conseguiram trabalhar menos horas ou o direito a negociar essa possibilidade com os seus empregadores».

Mas os ganhos não ficam por aqui: registou-se também (porque isto anda tudo ligado) uma redução do stress e um aumento do bem-estar dos trabalhadores, que passaram a conseguir conciliar melhor o trabalho com a vida familiar, graças à semana de quatro dias. Como referiu Will Stronge, «outros governos podem aprender alguma coisa» com a Islândia, nesta que é a «maior experiência do mundo na redução da jornada laboral no setor público».

Estes resultados confirmam, uma vez mais, o despropósito de associar a produtividade à ponderação linear do valor do PIB pelo número de horas de trabalho, como tem feito recentemente a Pordata (chegando ao ponto de associar esse resultado ao «desempenho dos trabalhadores»). Vá, experimentem lá aplicar essa fórmula simplista - fruto mais ou menos consciente da obsessão com o «fator trabalho» - ao caso Islandês. E reparem como a produtividade pode de facto aumentar ao mesmo tempo que diminui o número de horas de trabalho.

3 comentários:

TINA's Nemesis disse...

Na Islândia os banqueiros que arruínam a economia são levados à justiça e vão para a cadeia.
Na Islândia aprova-se legislação que melhora inequivocamente a vida de quem trabalha.
A Islândia é um país periférico, contudo, tem dos mais elevados padrões de vida do mundo.
Coitados dos islandeses vivem em plena ditadura "socialista", os EUA e seus aliados deviam impor sanções à Islândia, bloquear como fazem a outra ilha/país das caraíbas e planear uma invasão para a libertar da ditadura "socialista".

A Islândia não faz e não quer fazer parte da distopia União Europeia, nem a Islândia nem a Suíça! E fazem muitíssimo bem estes povos em desconfiar das "boas" intenções europeístas!
Imaginem se a Islândia estivesse na anti-trabalhador União Europeia o que diria a Comissão Europeia desta medida anti "mercado-livre"?
Ambos os países vão sobreviver à União Europeia e vão poder dizer "nós escapamos a esta ditadura".

Outros povos por mais porrada que levem do europeísmo, por mais que vejam as suas democracias a ser degradadas pelo mesmo ainda o toleram e é por isso que vão continuar a sofrer e degenerar...

estevesayres disse...

Assim exigimos:
. Contrato individual ou colectivo de trabalho para todos os trabalhadores.
. Salário nunca inferior ao salário mínimo regional.
. Semana das 35 horas de trabalho.
. Aumento do salário mínimo regional.
. Pagamento de todas as horas extraordinárias.
. Descanso semanal ao sábado e domingo.
. Segurança Social para todos os trabalhadores.
. Férias de 25 dias úteis por ano.
. Proibição do trabalho precário e do pagamento por recibo verde.
. Reforço da actuação da Autoridade para as Condições do Trabalho junto de todas as fábricas, empresas, do comércio, turismo, restauração e hotelaria, e unidades agrícolas, agro-pecuárias e agro-alimentares. Nota: Fez parte do programa do MRPP para as eleições dos Açores

brancaleone disse...

Sem o € é possivel fazer muitissima coisa.
Mas a "esquerda" cor de rosa e arcoiris ainda não percebeu bem o assunto.

A Grécia aumentou a carga horaria de trabalho para 10/dia.