segunda-feira, 15 de julho de 2019

Ferreirinhas, Lagardes e feminismos


A propósito da celebração das herdeiras deste país e das novas líderes europeias, lembrei-me de um recente manifesto de três feministas marxistas já traduzido para português. Ainda que o contexto seja norte-americano, há uma ideia válida para qualquer contexto: a emancipação feminina, isto é, a libertação dos papéis de género, é uma luta de classes, uma luta pelo trabalho com direitos e pela desmercadorização e socialização da reprodução social.

A chamada paridade nos lugares de topo pouca ou nada significa se não se lutar com sucesso por salário condigno e com direitos, serviços públicos universais, apoio à infância e à terceira idade, educação e saúde de qualidade para todos e habitação realmente acessível. Caso contrário, a emancipação permanecerá restrita às que pertencem ao grupo dos 1%, às que conseguem adquirir estes serviços no mercado, na generalidade prestados por, senão mesmo à custa das, outras mulheres.

A celebração das mulheres que não ocupam lugares de topo não é sexy, não vende. Mas façam-me um favor: se querem falar de feminismo, arranjem outras protagonistas e outros temas. O pornoriquismo em versão feminina é ainda mais pernicioso: gera uma falsa ilusão de igualdade quando a asfixiante degradação dos serviços públicos torna a vida das mulheres trabalhadoras cada vez mais difícil.

11 comentários:

Jose disse...

«pela desmercadorização e socialização da reprodução social»

A placenta artificial vem aí, e vai ser um sucesso comercial; o admirável mundo novo da libertação das mulheres alpha!

Jaime Santos disse...

Há um interessante ensaio de Orwell 'Linguagem religiosa', creio que se chama, em que este chama a atenção de que os problemas dos socialistas começam quando as pessoas têm a barriga cheia. Talvez daí a insistência dos marxistas numa espécie de socialismo de miséria onde todos são iguais e todos são pobres (isso para além do ascetismo do revolucionário).

A filosofia é afinal uma coisa que só preocupa quem é ocioso...

O problema, Ana Santos, é que a ocupação de lugares de relevo, na vida política e económica, nas forças armadas, etc, pelas mulheres, reflecte a aceitação progressiva da igualdade de género na sociedade em geral. E isso não é apenas do domínio do económico, também é do domínio do simbólico, do reconhecimento pelos outros do estatuto e da autonomia de cada indivíduo.

E isso conta muito, contrariamente ao que parece afirmar, como lhe explicará o seu colega marxista João Rodrigues que não se cansa de sublinhar o carácter irredutível dessa entidade que dá pelo nome de Nação (mas só quando ela serve para avançar com uma ideologia da qual ele gosta, pelos vistos)...

Isso não quer dizer que a igualdade de oportunidades e o direito de todos e todas a uma vida digna não seja importante. Mas pensar que a luta pela equidade se reduz a uma mera conta de deve e haver no domínio económico também explica porque a Esquerda Tradicional perdeu o apoio das minorias oprimidas.

E só com a classe operária, já ninguém ganha eleições...

Anónimo disse...

Já se percebeu.

O jose é um complexado macho beta

Anónimo disse...

Quanto a jaime santos continua a mostrar uma falta e verticalidade e de princípios. E um ódio de estimação a tudo o que não lhe aconchegue a ideologia e a sua classe.

Independentemente do que diz no comentário que faz ao post ( com o simbólico e o pos-simbólico e outras filosofices baratas de quem tem a barriga cheia), o que custa perceber em JS é também esta atitude de insultar outros e não pedir sequer desculpa e reconhecer que foi longe demais

E depois vir dar recados a quem insultou. E fazê-lo em posts alheios.

É uma atitude cobarde e desonesta.

O "ir morrer longe" desejado por ele é também uma marca da sua classe

Jose disse...

Soltaram outra vez o Cuco!
Paciência...

Jose disse...

Não cessa de me espantar a ânsia da esquerda de ver as mulheres plenamente submergidas na engrenagem exploradora do capitalismo.
Apelam à imigração, venha ela donde vier, para que as mulheres fiquem libertas dos horrores da maternidade e disponíveis para serem mão-de-obra competitiva, reputada e crescentemente responsabilizada nos processos da exploração.

Será uma subliminar deriva asexual uma componente progressista?
Será que o poder da autonomia financeira sobreleva os valores da cooperação que são essenciais ao processo reprodutor?
Será que o descrédito do núcleo familiar é essencial ao poder do Estado e das suas elites dirigentes, vulgo queridos-líderes?

Anónimo disse...

Será senilidade?
Já?

Mas onde diabo o pobre jose vê "a ânsia da esquerda de ver as mulheres plenamente submergidas na engrenagem exploradora do capitalismo."?

Isto é pura demagogia. E paleio para encher espaço

Anónimo disse...

Mas as pérolas continuam com o tom cómico que caracteriza o disparate que ultrapassa um determinado limiar:

"Deriva assexual" uma componente progressista?

A sexualidade do jose, sexual ou assexual, não interessa para nada.A sua invocação nestes termos é até suspeita.

Mas agora tal deriva ter uma componente progressista?

Como?

Anónimo disse...

Continuemos na senda do progressivismo do jose:

"O processo reprodutor..."

Isto não cheira aos tempos de chumbo do fascismo e do namoro Salazar-Cerejeira em que só era lícita actividade sexual reprodutora?

Este progressivismo do jose afinal cheira a mofo e a bolor

Anónimo disse...

Pérola final:

"Será que o descrédito do núcleo familiar é essencial ao poder do Estado e das suas elites dirigentes, vulgo queridos-líderes?"

Descrédito do núcleo-familiar? Porquê. A mãe apaixonou-se por um qualquer cuco e o filho ficou com um complexo de Edipo? E tal destronou a família?

Há famílias e famílias e nem todas são assombradas por cucos e afins


E o descrédito do núcleo familiar foi essencial ao poder do estado fascista, onde medravam tão bem as famílias do regime?


E as elites dirigentes, os donos de Portugal, que se perpetuaram após o 25 de Abril, não se transformaram nos casos que todos conhecemos, uns autênticos queridos-lideres?

A porca torce o rabo onde? É que este jose andou a fazer poemas e a cantar hossanas precisamente a estes queridos-lideres e aos banqueiros terratenentes. E de forma um pouco rasteira e muito pouco digna.




Anónimo disse...

Soltaram outra vez o cuco???

Quem será o cuco?E isso não serão reminiscências dos tempos em que um vulgar capo da legião ficava incomodado com essas coisas de liberdade?