segunda-feira, 22 de julho de 2019

E se a Europa tivesse uma política comum para acolher refugiados?

De acordo com dados recentes, os países europeus acolheram cerca de 1 milhão de refugiados entre 2015 e 2017, passando a 2 milhões o número médio de refugiados a residir na Europa neste período. Com uma população a rondar os 525 milhões, existem portanto na Europa cerca de 19 refugiados por 5 mil habitantes.

Quando aferido nas regiões mais próximas, este indicador ilustra bem o exíguo contributo do literalmente velho continente europeu para acolher a recente vaga de pessoas que enfrentam o risco da morte para fugir da guerra, de perseguições e da miséria. De facto, neste mesmo período são cerca de 98 os refugiados por cada 5 mil habitantes no Médio Oriente, e cerca de 25 no norte de África. Apenas os países do leste europeu não membros da UE assumem um valor mais baixo, na ordem dos 6 refugiados por 5 mil habitantes.

As diferenças a este nível tornam-se aliás mais evidentes quando se compara a repartição da população residente nestas regiões com a percentagem de refugiados que cada uma acolheu entre 2015 e 2017. A Europa, onde reside cerca de 40% da população total considerada, acolhe 20% dos refugiados. O Médio Oriente, que acolhe cerca de 65% do total de refugiados que se deslocaram para estas áreas do globo, representa apenas 25% da população que nelas reside.

As discrepâncias não se ficam todavia por aqui. Quando se olha para a distribuição do contingente de refugiados acolhidos pela União Europeia, assiste-se a uma distribuição profundamente díspar, reveladora da completa ausência de uma política comum nesta matéria.

Países como a Suécia (com 108 refugiados por cada 5 mil habitantes), Malta (84), Áustria (54) e Chipre (49), por exemplo, registam níveis de acolhimento bem acima da referida média europeia (19 refugiados por 5 mil habitantes). Ao mesmo tempo que 12 dos 28 países membros recebem menos de 3 refugiados por 5 mil habitantes. Aliás, a Alemanha, a França e a Suécia concentram, só por si, quase 2/3 do número médio de refugiados registado entre 2015 e 2017 (quando estes países representam apenas cerca de 1/3 da população residente na UE).

Ou seja, para que existisse uma resposta proporcional e equitativa dos 28 Estados membros no acolhimento de refugiados (considerando a população residente em cada um deles), países como a Espanha, Polónia e Reino Unido deveriam ter acolhido, para além dos que efetivamente receberam, um número de refugiados superior a cem mil, permitindo assim reduzir os níveis de acolhimento registados, por exemplo, em países como a Alemanha e a Suécia (em cerca de menos 350 mil e menos 178 mil, respetivamente), no período considerado.

Ou seja, em flagrante e indisfarçável contraste com a recorrente proclamação da defesa intransigente dos «valores europeus», da solidariedade europeia e dos direitos humanos, a UE28 não só regista índices de acolhimento que ficam muito aquém dos verificados na maior parte dos países do Médio Oriente e do norte de África como se releva, a nível interno, manifestamente incapaz de adotar uma política coerente, concertada e consequente de acolhimento de refugiados.

8 comentários:

Geringonço disse...

E se os EUA e a Europa parassem de destruir os países de onde vêm os refugiados?

E se os EUA e a Europa levassem os seus criminosos de guerra a tribunal pelos seus hediondos crimes?

Acho que estas questões faltam quase sempre quando falamos de refugiados...

Jose disse...

O papel da Europa parece ser o de centro de acolhimento de toda a desgraça que ocorra no mundo.

Logo me dirão que é muito justamente assim porque a Europa, para manter os seus cidadãos ao mais alto nível - de que eles obviamente se dão por insatisfeitos - é causador principal dessas desgraças.

Para completar o quadro da melhor coerência em política externa, se a Europa pode mandar tropas para servir o status quo nesses países, não pode neles intervir politicamente e economicamente para que as desgraças possam manter o seu curso, no total respeito, blá, blá, blá.

Pedro disse...

Isto é fantástico.

Durante anos anos fui alvo de "marcação cerrada" pelo troll residente deste blog, com o aplauso de alguns participantes, sem que os moderadores tenham feito nada.

Recentemente apelei aos moderadores e não fizeram nada.

Resolvi então fazer uma experiência.

Fiz uma dezena de repostas no estilo do troll E NEM UMA PASSOU PELO "MODERADOR" ou devo dizer censor ?

Mas já depois disso o troll voltou a postar mais meia dúzia de "respostas" no mesmo estilo E ESSAS JÁ PASSARAM.

CLARO.

Obrigado pelo esclarecimento do que é realmente a esquerda.

Não posso dizer que não me tinham avisado…

Censurem agora esta.

Anónimo disse...

Interessante análise quantitativa. Embora sabemos como estes números são discutíveis.
É natural que Países com cultura e etnicidade afins à dos refugiados ou potenciais imigrante, apresentem números mais significativos.
Analizar a quantidade de refugiados ou imigrantes que, infelizmente, necessitam de ajuda descorando a sua origem
etnica e cultural é ignorar o que tem mais significado quanto ao acolhimento, assimilação ou mesmo simplesmente ajuda.
Descurar estas realidades tem-se mostrado ser fonte de graves convulsões sociais nos Países de acolhimento.

Anónimo disse...

E se a Europa tivesse uma política externa comum que não criasse refugiados?

Anónimo disse...

Pedro Calimero Pimentel afirma: É uma injustiça!

https://www.youtube.com/watch?v=77HpxfMTJL8

Diz o maior agente de desinformação destas caixas de comentários.

Anónimo disse...

"porque a Europa, para manter os seus cidadãos ao mais alto nível"

O que este quer dizer é a Europa querer manter as suas elites, os seus banqueiros, os seus donos disto tudo, ao mais alto nível

O resto é o blablabla habitual, em que quase se adivinha o "para Angola e em força".

Para manter o status quo da ordem

pvnam disse...

--» Porquê cagar para o pendura europeu?!
--» Ora, os futuros donos da demografia também irão cagar para a doutrina do pendura europeu; de facto, OS FUTUROS DONOS DA DEMOGRAFIA SABEM MUITO BEM QUE O PENDURA EUROPEU SE ESCONDE NO RACISMO-XENOFOBIA; isto é: o pendura europeu não quer trabalhar para a sustentabilidade demográfica-e-financeira: ele vai naturalizando salvadores da demografia, e vai vendendo tudo o que puder a estrangeiros endinheirados.
RESUMINDO: URGE A MOBILIZAÇÃO PARA O SEPARATISMO-50-50:
1- por um planeta aonde sejam Todos Diferentes, Todos Iguais... isto é: todas as Identidades Autóctones devem possuir o Direito de ter o seu espaço no planeta -» inclusive as de rendimento demográfico mais baixo, inclusive as economicamente menos rentáveis.
2- os 'globalization-lovers', UE-lovers. smartphone-lovers (i.e., os indiferentes para com as questões políticas), etc, que fiquem na sua... desde que respeitem os Direitos dos outros... e vice-versa.
-»»» blog http://separatismo--50--50.blogspot.com/
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Anexo 1:
O pessoal do racismo-xenofobia (o pendura europeu e outros) ESTÁ EM CONLUIO com os maiores criminosos de ódio da História: os economic-nazis.
{os economic-nazis destilam ódio/intolerância para com Intenções Identitárias... pois... Intenções Identitárias prejudicam investimentos}
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1. Os «grupos rebeldes» (daesh e outros) não possuem fábricas de armamento... no entanto, máfias do armamento fornecem-lhes armas... para depois terem acesso a recursos naturais (petróleo, etc) ao desbarato...e para depois... deslocarem refugiados para locais aonde existem investimentos interessados em mão-de-obra servil de baixo custo.
Ora, o pessoal do racismo-xenofobia (tal como os economic-nazis) não condena os países aonde a máfia do armamento possui as suas fábricas... em vez disso fazem uma outra coisa: querem que sejam decretadas sanções contra os países que não permitem a chegada de mão-de-obra servil ao desbarato (refugiados) aos investimentos interessados em tal.
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2. O pessoal do racismo-xenofobia (tal como os economic-nazis) procuram implementar um sentimento de culpa no mais pacato dos cidadãos... tendo em vista a implementação da seguinte doutrina: a ajuda aos pobres deve ser efectuada por meio da degradação das condições da mão-de-obra servil... e não... por meio da introdução da Taxa-Tobin.
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3. O pessoal do racismo-xenofobia (tal como os economic-nazis) acusam os Identitários de serem fascistas/nazis... ora, os Identitários não estão interessados em ocupar novos territórios, apenas procuram sobreviver pacatamente no planeta... PELO CONTRÁRIO... muito pessoal do racismo-xenofobia tem uma ATITUDE NAZI: procuram pretextos para negar o Direito à Sobrevivência de outros, e procuram ocupar e dominar novos territórios.
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Anexo 2:
O armamento convencional é absolutamente insuficiente!
A máfia do armamento brinca com isto!
Veja-se o caso da Síria: a máfia do armamento sabe aquilo que vende às entidades oficiais... depois, pela porta do cavalo... fornece a «rebeldes» um armamento superior.
-» UMA COLIGAÇÃO DE POVOS AUTÓCTONES VAI TER QUE TER AO SEU DISPOR ARMAS DE ALTA TECNOLOGIA.