segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Exit, Brexit, Lexit


Enquanto se aguarda o último livro – um argumento de esquerda contra a União Europeia – de um dos mais relevantes economistas políticos actuais, veja-se o vídeo de uma entrevista (infelizmente, ainda sem legendas). Nesta entrevista, Costas Lapavitsas, regressado à School of Oriental and African Studies da Universidade de Londres depois da breve experiência política na Grécia, avalia o estado da integração, defendendo que o mercado único e a moeda única são a principais encarnações institucionais do neoliberalismo neste continente, bloqueando quaisquer políticas socialistas dignas desse nome.

No contexto britânico, como já tinha argumentado em artigo, Lapavitsas é consequentemente a favor do Brexit, o que só pode significar a saída do mercado único, o que agora se chama, de forma manipuladora, um Brexit duro, não deixando de diagnosticar o processo em curso: da fraqueza do Estado britânico às inacreditáveis defesas por parte de gente que se diz de esquerda deste pilar institucional do neoliberalismo, passando pela incompetência (na melhor das hipóteses) revelada pelos conservadores ou pela atitude prepotente de uma UE baseada na chantagem e no medo. E, na mentira, já agora.

Quem é que disse que mentira, chantagem e medo, combinadas com resiliência institucional, poder de classe e preferências adaptativas, não são capazes de aguentar a mais poderosa máquina de liberalização jamais inventada? Está máquina jamais se auto-destruirá. O seu desmantelamento pelo menos parcial terá de ser desejado, dando origem a uma devolução de poderes aos Estados, a uma integração de geometria muito mais variável; a menos integração, melhor integração.

31 comentários:

Anónimo disse...

Muito bom

Jaime Santos disse...

Qual chantagem? O simples facto de que a UE se recusa a dar ao RU um acesso ao mercado único a la carte? Quando se abandona um clube, João Rodrigues, não se pode querer impor uma mudança das suas regras para ficar com um pé dentro e outro fora.

Se os britânicos querem um 'hard-Brexit' que se preparem para ele (não parecem estar a fazê-lo e o Labour assobia para o lado, dividido como está, tal como os Tories, com o eurocético nunca assumido Corbyn a fazer-se de morto).

Já lhe expliquei muitas vezes que quem quer esticar a corda deve preparar-se para que ela se parta. Mas planos com medidas concretas e com contas bem feitas são bem mais difíceis do que o agit-prop e a demagogia descarada, que não custam nada, mesmo que embrulhados em racionalizações marxistas que provavelmente fariam Marx rugir de raiva...

Continuo pois à espera, desde de 2012, que o PCP diga mais do que 'é preciso estudar a saída do Euro'. Quem deverá estudar tal coisa? Mário Centeno? Tenha juízo...

Jose disse...

Eu não cesso de me espantar como estes caramelos esquerdalhos - num país endividado e dependente de crédito, improdutivo com balanças deficitárias - se querem fazer sozinhos a um mundo povoado de Putin, Trump, Xi-qualquer-coisa, uma África corrupta e uma América Latina povoado de totós e confusão.

Só vejo como razoável que seja o efeito dessa velha crença que por tantas gerações alimentaram de que sempre haveria um mando estrangeiro a que se acolhessem e que lhes sustentaria o poder, que sempre acreditam lhes advirá da miséria do país.
Qual seria hoje esse mandante? Acho que qualquer serviria desde que lhes sustentasse o poder.

Anónimo disse...

Muito bom mesmo. A vida para a esquerda está muito complicada.

Aleixo disse...

Fico deveras sensibilizado com este paternalismo serôdio, dos "conscientes" da "coisa"...

Sem MOBILIZAR a vontade do Soberano,

o poder de classe "instalado" e o fatalismo imprimido nas preferências adaptativas, será cada vez mais,

um eficaz processo de protecção da "coisa".

Anónimo disse...

Tão bom post que se apressaram logo a salivar contra ele alguns dos crónicos esclerosados
Na mouche.

José Fontes disse...


O Jaime Santos disse que continuava «à espera, desde de 2012, que o PCP diga mais do que 'é preciso estudar a saída do Euro'. Quem deverá estudar tal coisa?»
Eu penso que talvez deva estudar o assunto quem perceba dele.
Quando ouço os dirigentes do PCP a debitarem a homilia, vê-se bem que não são capazes de o estudar, pois não percebem o mundo em que vivem.
As religiões são criadas em certos momentos e têm uma validade muito curta, todo o resto do tempo passam-no a viver um anacronismo doloroso: como os comboios que chegam sempre atrasados a cada estação, aumentando o atraso em relação aos que chegam sempre a horas.
Vejam o que se passa com o celibato ou com a IVG na Igreja Apostólica Romana, por exemplo.
A Bíblia do Marxismo vem de meados do século XIX e nós, qualquer dia, estamos em meados do XXI.
E entretanto caiu o Muro de Berlim, a URSS, Cuba (já admite o crime que é a propriedade privada e outros devaneios capitalistas, o Vietnam e a China são comunisto-capitalistas, o Laos, de Pol Pot, matou 2 milhões, a Venezuela está a sangrar por todas as fronteiras, a Coreia do Norte é um imenso Gulag para onde nenhum actual comunista dos países capitalistas quer ir viver).
Portanto, Jaime Santos, é melhor esperar sentado.

Al disse...

João, na ultima frase inventaste o slogan que precisamos para combater o marketing político dos eurototos. Diz o que é preciso e é irrebativel.

Anónimo disse...

"Quando se abandona um clube"

Estamos "nisto"

No "clube". Jaime Santos oculta que, neste clube, as regras variam na razão directa da influência dos seus membros.

Talvez JS se tenha esquecido das "ofertas" do directório europeu ao Reino Unido antes do Brexit. Mais privilégios especiais, conferidos à elite do clube.

Ou à França, que obviamente é a França.

Nós ainda não nos esquecemos

Anónimo disse...

Para que se torne claro a Jaime Santos:

"Brexit, só pode significar a saída do mercado único, o que agora se chama, de forma manipuladora, um Brexit duro"

Como é "natural", JS repisa no dito "hard". Dirá :"não parecem estar a fazê-lo e o Labour assobia para o lado, dividido como está, tal como os Tories, com o eurocético nunca assumido Corbyn a fazer-se de morto".

Vamos repescar o diagnóstico, sobre o processo em curso, de Lapavitsas (por interposta pessoa):
"da fraqueza do Estado britânico às inacreditáveis defesas por parte de gente que se diz de esquerda deste pilar institucional do neoliberalismo, passando pela incompetência (na melhor das hipóteses) revelada pelos conservadores ou pela atitude prepotente de uma UE baseada na chantagem e no medo. E, na mentira, já agora.

JS passou totalmente ao lado da acusação à "gente que se diz de esquerda" e que apoia "o pilar institucional do neoliberalismo". Tal como da acusação da incompetência dos conservadores ( será só "incompetência"?). Tal como da acusação frontal à atitude da UE, baseada na chantagem, no medo e na mentira.

JS, que gosta de rodriguinhos historicistas, que geralmente não conduzem a nada ( embora sejam citados nas fontes do establishment), reduz a questão a uma "divisão" dos tories e do Labour. Primeiro do Labour, evidentemente. E a finalizar, não resiste a falar sobre Corbyn, nos termos depreciativos como o faz, "com o eurocético nunca assumido Corbyn a fazer-se de morto".

Dado como morto foi como JS já por várias vezes definiu Corbyn. Tem falhado sistematicamente na data da certidão de óbito do líder trabalhista. Como também JS tem manifestado o rancor sempre presente para com Corbyn. A diferença entre o partido trabalhista de Corbyn e o da dita terceira via é abissal.
Geralmente não se perdoa a quem desmascarou a traição da social-democracia e sobreviveu, com apoio popular.

À esquerda e pela esquerda

claudio disse...

insultos á parte, claro que os ingleses fizeram asneira da maneira como lidaram com as coisas. eu estava la. e o cameron disse que o referendo so ia ser para 2018. a pressao dos media e de outros sectores da sociedade fez com que ele recuasse dois anos. wrong! e como estava na esperança k as sondagens eram fiáveis, nao houve planos para o caso contrario. agora sofrem as consequências. e eu sou a favor do brexit. a uk no globo consegue sobreviver tal como a Noruega, mesmo nao estando nos top das most powerfull economies. claro que o caso de PT é diferente. morríamos sem a Europa. mas isso nao invalida de sermos sérios no diagnostico: a Europa e o euro sao criacoes diabólicas e deficientes nas quais é preciso reformar. apesar de o foco dos populismos extremistas serem os imigrantes. o que é certo e que eles sempre la estiveram. sempre houve muslims e polacos e o raio nas grandes capitais da Europa, mas vivíamos em relativa paz e prosperidade económica nos inicio do euro. foi só nos anos da crise que esganaram os países todos, inclusive Alemanha, e semearam o discurso do ódio ao outro: they took our jobs! este é o diagnostico serio que tem que ser admitido por todos. a esquerda ja o fez, mas a direita nao. europeia. a portuguesa é só servil. nao contribui com nada. o PCP já tem o seu dossier de estudo para um colapso do euro. ainda bem. adorava que ganhasse votos com isso. porque mais uma vez. PT nao sobrevive sem euro nem Europa, mas e se o euro sair de PT? tal como os ingleses nao há planos de contingência!! wrong!

Anónimo disse...

Já aqui foi há dias demonstrado que o agit-prop de JS se afunda na mediocridade e na aldrabice:

https://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2018/08/caminhemos.html


Já também foi dito que quem sistematicamente abraça o ideário neoliberal, sendo no mínimo cúmplice com tal ideário, se deve abster de citar Marx, como se este pudesse algum dia ser conivente com a trampa actual e com os seus cultores.

Provavelmente o que faria rugir Marx (de raiva) seriam estas tentativas de utilização do seu (bom) nome, nestas mixórdias sem ponta por onde se pegue.

Não acha mesmo?


Uma última nota.

Porque motivo JS insiste sistematicamente em solicitar a autores deste Blog (neste caso João Rodrigues) posições e esclarecimentos, como se estes fossem representantes partidários ou seus porta-vozes? É para ver se cola e se se cala o blogger?

Anónimo disse...

Jose "não cessa de se espantar".

O que obriga o imperativo da sua agit-prop ( de acordo com as palavras de Jaime Santos) para assim fazer estas figuras?


Jose muda parcialmente de vocabulário. Mantém o "esquerdalho". Acrescenta o "caramelo"

Suprema ironia. Um dos cultivadores do "orgulhosamente sós" salazarento, vem atribuir a mesma ideia como se no presente fosse, esconjurando-a nesta sua pirueta.

Não dá uma para a caixa. Dirá "Sempre haveria um mando estrangeiro a que se acolhessem".
E propõe acolher-se junto da UE que serve quem serve, território que insiste em ser "nacional"

Como qualquer vende-pátrias vulgar?

Não lhe entra na cabeça outra coisa que "isto". A panela de barro a procurar proteger-se junto da panela de ferro. Que como se sabe, está a cada dia que passa mais ferrugenta.

Por isso não encontram a Finlândia no mapa.
Nem querem ouvir falar que a união faz a força

Anónimo disse...

" A vida para a esquerda está muito complicada" dirá também um anónimo, sabe-se lá com que estremecimentos.

A vida está muito complicada para quem trabalha. Para os povos que são assim massacrados.

Mas, para além dos tempos perigosos que atravessamos, que dizem respeito ao rufar dos canhões do império que fenece, a coisa já esteve mais preta.
O dogma do euro que não se discutia, como "deus, pátria e autoridade do ancien regime", está a cada dia que passa mais trémulo.

E o espectáculo dado pela "direita" é simplesmente apoteótico. De Barroso a Passos, passando pelo Rio e por Cristas. Com Santana como bolo em cima da cereja e Cavaco como zombie que tenta de quando em quando regressar

estevesayres disse...

Aproveito para enviar uma posição democrática e de esquerda, resposta essa ao presidente da CMCL, que se diz Socialista e de esquerda!!!

Dos passes sociais, apenas um terço do preço deve ser pago pelos usuários; o restante deve ser pago pelas entidades que beneficiam do trabalho e da actividade dos detentores dos passes: universidades, empresas, serviços do Estado e instituições de solidariedade social"!

agora:Assino por baixo

Anónimo disse...

José Fontes espera sentado

Infelizmente diz asneiras. A partir do momento que fala que as religiões têm uma validade muito curta, vemos que estamos no reino da farsa

Da mediocridade

Dava-lhe jeito à cassete que tinha que debitar Só lhe saem destas coisas. Não ver tal anacronismo ê que é verdadeiramente doloroso

O resto nem tem ponta por onde se pegue tal qual uma missa do sétimo dia que não se realiza por falta do morto

No meio dos seus améns ao mundo presente, Fontes até fala em Pol Pot. O aliado dos seus amigos ianques? Que o Vietnam teve de derrotar?

Paz à alma e às certezas místicas de Fontes

Anónimo disse...

Parece que Jaime Santos não está sozinho no "rancor" a Corbyn:

https://www.rt.com/op-ed/437593-anti-semitism-israel-uk-corbyn/

José Cruz disse...

Segundo Lapavitsas,citado pelo JR,o mercado unico europeu e o euro seriam os responsáveis pela ausência de políticas socialistas nos países europeus.Admitindo,como correcta esta ideia,seria de imaginar que as políticas implantadas no Reino Unido,seriam dinâmicas e vanguardistas,desenvolvidas em favor de políticas sociais,já que não estão espartilhados pelo euro e,na verdade,sempre cavalgaram o mercado,nas áreas financeiras e do investimento transnacional.O que é a pura das verdades é que o noliberalismo,na ilhas britânicas ,é o sistema de eleição e de culto e confundir,a vaga nacionalista e contra a emigração, que o brexit representa,com algo mais do que a defesa dos interesses dominantes é um sintoma de miopia,em estado irreversível.

Anónimo disse...

José Magalhães está míope

Ele que explique o silogismo lógico que permite relacionar este post de denúncia de JR sobre o euro e o que se passou e passa no RU?

Ó sr Magalhães não se lembra das cedências feitas ao RU pelo directório europeu em vésperas do brexit?

Ó sr Magalhães mas quem lhe diz que o brexit foi apenas um voto xenófobo?

Ó Sr Magalhães e quem lhe diz que os interesses dominantes da City e da finança estavam no brexit e não no remain?

O sr Magalhães está miope? Será irreversível?

José Fontes disse...

José Magalhães:
Não insista, não vale a pena, as cassetes são muito primárias e não suportam updates.
Tudo o que sair daquelas pistas de magnetos implantados nas pequenas fitas (e gastos pelo tempo) provoca um ruído ensurdecedor e o mensageiro não consegue ouvir a mensagem.
Em tempo não demasiado recuados, circulava outra cassete, entretanto guardada para melhor oportunidade, de que o euro não permitia crescimento: nós crescemos recentemente a 2,7% como euro, que é uma das maiores taxas desde 2000 (senão, mesmo, a maior).
Portanto, cada um acredita na homilia da sua igreja,e tem todo o direito a isso.
Não pode é querer que todos nós sigamos o missal.

Anónimo disse...

José Magalhães:
"o mercado unico europeu e o euro seriam os responsáveis pela ausência de políticas socialistas nos países europeus.Admitindo,como correcta esta ideia,seria de imaginar que as políticas implantadas no Reino Unido,seriam dinâmicas e vanguardistas,desenvolvidas em favor de políticas sociais,já que não estão espartilhados pelo euro"

Porque a admissão da primeira ideia implica "imaginar" a segunda ideia?

Porque não esta?
"o mercado unico europeu e o euro seriam os responsáveis pela ausência de políticas socialistas nos países europeus.Admitindo,como correcta esta ideia,seria de imaginar que as políticas implantadas nos USA, seriam dinâmicas e vanguardistas,desenvolvidas em favor de políticas sociais,já que não estão espartilhados pelo euro"?

Francamente. Que idiotice

Anónimo disse...

José Fontes:
"Não insista, não vale a pena, as cassetes são muito primárias e não suportam updates."
"Tudo o que sair daquelas pistas de magnetos implantados nas pequenas fitas (e gastos pelo tempo) provoca um ruído ensurdecedor e o mensageiro não consegue ouvir a mensagem."

Isto é um argumento para José Fontes?

Qual verdadeira cassete e etc. Os termos ofensivos são apagados para não se ficar ao mesmo nível de Fontes

Anónimo disse...

José Fontes:
"Em tempo não demasiado recuados, circulava outra cassete, entretanto guardada para melhor oportunidade, de que o euro não permitia crescimento: nós crescemos recentemente a 2,7% como euro, que é uma das maiores taxas desde 2000 (senão, mesmo, a maior).

Falso. (Falsa a cassete referida por Fontes, que parece seguir uma sua cassete, mas adiante)

Mas falsa a questão de guardar o que quer que seja para uma outra oportunidade.
E para que conste e para que se saiba e sem qualquer problemas em o afirmar: o euro como está desenhado, limita o nosso crescimento. E com ele não vamos mesmo longe.
É ler o Ladrões mais vezes.

Anónimo disse...

"O INE, divulgou a informação desagregada que permite avaliar os vários contributos na óptica da despesa e da produção para a variação registada no PIB no 2º trimestre de 2018. Nos dados agora publicados o INE divulga ainda informação sobre a evolução trimestral do emprego, na óptica das Contas Nacionais.
Estes dados confirmam a estimativa rápida divulgada no passado dia 14 de Agosto que apontava para um crescimento do PIB no 2º trimestre de 2,3% em termos homólogos e de 0,5% em relação ao 1º trimestre do ano (variação em cadeia).
Confirma-se assim que a economia portuguesa há 8 trimestres consecutivos que cresce acima de 2%, situação que não se verificava desde final do século passado e ainda, que o 2º trimestre de 2018 regista uma evolução ligeiramente mais positiva do que o 1º trimestre do ano.
Para o crescimento de 2,3% registado em termos homólogos, o INE considera que o contributo da procura interna, constituída pelo consumo privado, consumo público e investimento, foi de 2,9 pontos percentuais (p.p.), enquanto a procura externa líquida, constituída pelas exportações menos as importações contribuiu negativamente com -0,7 p.p.. No 1º trimestre de 2018 estes contributos tinham sido respectivamente de 2,6 p.p e -0,6 p.p., enquanto no 4º trimestre de 2017 tinham sido de 2,5 p.p. e -0,1 p.p.
A procura externa líquida, crescimento das exportações menos crescimento das importações, nos últimos quatro trimestres tem tido um contributo negativo para o crescimento do PIB, em termos homólogos, o que deve ser assinalado com alguma preocupação.
Entre as várias componentes da procura interna de referir que enquanto o consumo público registou uma variação homóloga positiva de 0,4%, já o consumo privado cresceu neste trimestre 2,6%, depois de no trimestre anterior ter crescido 2,1%, e o investimento cresceu 6,4% desacelerando o seu ritmo de crescimento, depois de no trimestre anterior ter crescido em termos homólogos 7,1%.
Do primeiro trimestre de 2018 para o 2º trimestre de 2018, a aceleração de 0,2 p.p. verificada no PIB em termos homólogos, resultou do melhor comportamento da procura interna, que de um contributo positivo de 2,6 p.p. no 1º trimestre de 2018, passou para 2,9 p.p. (+0,3 p.p.), enquanto a procura externa líquida acentuou o seu contributo negativo de -0,6 p.p. do 1º trimestre, para -0,7 p.p. no 2º trimestre de 2018.
A análise mais pormenorizada das exportações e das importações de bens e serviços agora divulgadas, quer a preços correntes, quer a preços constantes de 2011, mostra-nos que as importações e as exportações continuam a crescer a ritmo elevado registando mesmo uma aceleração do 1º para o 2º trimestre de 2018.
No 2º trimestre do corrente ano o crescimento real das importações de bens e serviço, supera o crescimento das exportações, apesar das exportações de serviços, graças ao sector do turismo, continuarem a crescer acima das importações. Chama-se, no entanto, à atenção para a grande desaceleração que se verificou no crescimento das exportações de serviços neste 2º trimestre de 2018, comparativamente ao mesmo período de 2017 (agora cresceram 6,7%, em igual período do ano passado tinham crescido 13,5%).
Dos dados agora divulgados, consta ainda informação sobre a forma como o crescimento do PIB neste trimestre se repercutiu no crescimento dos vários sectores económicos. O Valor Acrescentado Bruto Total cresceu em termos homólogos 1,9%, destacando-se dentro deste o sector dos serviços com um crescimento de 2,2% e o sector da construção com um crescimento de 1,8%. A indústria e a agricultura tendo também crescido neste período e em termos homólogos, cresceram apenas 0,7% e 0,8%.

Anónimo disse...

"O INE informa ainda que o emprego total no conjunto dos ramos de actividade da nossa economia, corrigido de sazonalidade, cresceu em termos homólogos no 2º trimestre de 2018, 2,1%, enquanto no 1º trimestre esse crescimento tinha sido de 3,1%. Em termos numéricos isto significa que em termos homólogos e na óptica das Contas Nacionais foram criados entre o 2º trimestre de 2017 e o 2º trimestre de 2018, 101 900 empregos.
Pode afirmar-se que 2018 registou no 2º trimestre do ano um bom ritmo de crescimento na actividade económica, superando o ritmo do 1º trimestre do ano, o que é indissociável da nova fase da vida política nacional, iniciada com o afastamento do PSD e CDS do Governo e das políticas que tem sido desde então possível prosseguir, de devolução de rendimentos a trabalhadores, pensionistas e reformados, de melhoria nos apoios sociais, de subida contínua do salário mínimo, de redução da carga fiscal sobre os rendimentos do trabalho, interrompendo-se um longo período de recessão e estagnação da nossa economia e colocando-se o nosso país a crescer a um ritmo anual um pouco acima dos 2% ao ano. O crescimento do consumo das famílias e o seu impacto na melhoria do investimento impulsionaram a aceleração da actividade económica, com forte impacto quer na Procura Interna, quer na Procura Externa.
Assinale-se no entanto que a procura externa líquida tem nos últimos 4 trimestres tido um contributo negativo para o crescimento do PIB como resultado de um ritmo de crescimento em volume das importações superior ao das exportações.
Os resultados agora obtidos devem no entanto ser avaliados com alguma cautela, não apenas porque o PIB do nosso país em termos reais se encontra ao nível de 2008 (10 anos atrás), enquanto o investimento está ainda ao nível de 1997 (21 anos atrás), o que facilita a subida em termos homólogos, mas também porque dado o grau da destruição do nosso aparelho produtivo, a desejável aceleração da procura interna, por via do consumo e do investimento e o aumento das importações, estão inevitavelmente a conduzir ao novo desequilíbrio da nossa Balança Corrente.
A nossa Balança Corrente constituída por quatro balanças parcelares: a balança de bens ou mercadorias, a balança de serviços, a balança de rendimentos primários e a balança de rendimentos secundários, viu o seu défice agravar-se em 837 milhões de euros no 1º semestre do ano (+53,2%), comparativamente com igual período de 2017, o que não pode deixar de ser motivo de grande preocupação!!
Enquanto a balança de bens ou mercadorias se agravou no 1º semestre do ano em -1 062 milhões de euros, a balança de serviços viu o seu excedente crescer 662 milhões de euros. Para o agravamento da balança de bens ou mercadorias contribuíram fundamentalmente o agravamento registado no saldo das rubricas seguintes: máquinas e aparelhos, combustíveis, produtos químicos, plásticos e borrachas, metais comuns e produtos agrícolas. Em contrapartida a balança de serviços beneficiou uma vez mais da melhoria registada na rubrica das viagens e turismo cujo saldo passou de 3 953 milhões de euros no 1º semestre de 2017 para 4 637 milhões de euros no 1º semestre de 2018.
Ao agravamento da balança conjunta de bens e serviços no 1º semestre do ano, juntou-se o agravamento do défice da balança de rendimentos primários em 451 milhões de euros, que a ligeira melhoria da balança de rendimentos secundários em apenas 15 milhões de euros não conseguiu contrabalançar. Enquanto o agravamento da balança de rendimentos primários espelha o efeito conjunto da redução de dividendos recebidos do exterior, com o aumento dos dividendos pagos ao exterior entre Janeiro e Junho do corrente ano - só neste período saíram do nosso país por esta via 7 078 milhões de euros –, a ligeira melhoria da balança de rendimentos secundários deve-se ao contributo positivo das remessas de emigrantes na Balança Corrente."

Anónimo disse...

"Em síntese podemos dizer que no 1º semestre do ano a nossa balança corrente agravou-se consideravelmente porque, a melhoria registada na actividade económica que as Contas Nacionais Trimestrais do 2º Trimestre de 2018 agora divulgadas mostram, levou ao crescimento das importações a um ritmo superior ao das exportações, quer de mercadorias, quer de capitais, neste último caso bem visível no maior volume de saída de lucros e dividendos distribuídos.
Nada que não fosse previsível, dado o estado de destruição do nosso aparelho produtivo e a sua incapacidade de dar resposta às necessidades de consumo e investimento do país e, dado o domínio dos grandes grupos económicos das áreas dos serviços e comércio, do sector financeiro e das telecomunicações e transportes, por grandes investidores estrangeiros.
Não tenhamos ilusões, esta será uma tendência que ir-se-á aprofundar se ao nível da nossa política económica não foram adoptadas medidas de política económica de defesa da produção nacional, de substituição de importações por produção nacional, de promoção de exportações com elevado valor acrescentado e de retoma por parte do Estado do domínio dos principais sectores económicos.
Não é sustentável, mesmo que permaneça a conjugação de todos os factores favoráveis até agora verificados (preços matérias primas, desvalorização do euro, juros baixos e mercados externos a crescerem), a manutenção deste ritmo de crescimento para além do curto prazo, sem que consequentemente a nossa Balança Corrente se desequilibre e as nossas necessidades de financiamento do exterior voltem a acelerar fortemente".

(José Alberto Lourenço)

S.T. disse...

@ jose magalhaes

As escolhas partidárias num país não são transponíveis para outro país na forma simplista como caracteriza os "remainers" e os "brexiters". Hoje mais do que nunca existem nos sistemas políticos nacionais linhas de fractura que além de não seguirem as divisões políticas clássicas são múltiplas e interceptan-se.

Se reparar, embora aparentemente o brexit predomine entre os tories há uma boa fatia de tories que são remainers. Também o labor não é um bloco homogéneo. E se há boas razões para um brexit "de esquerda" também há muito boa gente, inclusive no campo da economia que são remainers. O assunto está longe de ser simples tanto politica como economica e sociológicamente.

O contexto actual é uma maioria parlamentar tory que já não existe nas intenções de voto do eleitorado segundo as sondagens.

Corbyn espera sábiamente que a maioria tory apodreça mais um pouco e termine bem ou mal o brexit. Pegar nos dossiers e na negociação do brexit nesta altura, a quase meio ano da data seria suicidário.

Não se diz que os faisões pendurados só estão bons para cozinhar quando estão tão macerados que até caem do penduradouro? :) :) :) :) :)

Esta maioria aplicou a receita neoliberal em todo o esplendor: Cortes, redução das protecções sociais, etc.. Isto mesmo quando a economia "geme" por uma política mais expansiva. A diferença é apenas que se no euro essa política mais expansiva é "verboten" pela ganga tratado-regulamentar ao serviço das elites neoliberias da EU, no UK essas políticas mais expansivas são anátema porque representariam uma forma de transferência de ganhos das elites para a "populaça" trabalhadora.

Em suma, os "mix" políticos tories são maioritáriamente pró-brexit mas na mesma neoliberais e danosos até para o crescimento da economia do UK.

S.T.

Álvaro Cunhal disse...

É evidente que o neoliberalismo é uma marca e consequência das políticas europeias impostas pelo mercado e pela banca, considerando que os eleitores europeus nas eleições para o Parlamento Europeu, elegem maioritariamente partidos comunistas e congéneres ao Bloco de Esquerda. Este neoliberalismo é assim anti-democrático.

Sair do Euro e da UE é pois imperativo para seguirmos políticas soberanas de esquerda. Basta ver que no Reino Unido abominam a ganância dos mercados e que na Mãe Rússia o sonho socialista ainda pulsa no coração de muitos oligarcas.

Políticas socialistas e patrióticas contra a ingerência externa ajudar-nos-iam a singrar e melhorar a vida dos cidadãos. Vede a quantidade numerosa de migrantes que fogem do Brasil, essa miséria capitalista liderada pelo facínora Temer, em direção ao sonho venezuelano liderado pelo camarada Maduro, que calorosamente ama o seu povo.

Camaradas, Avante!

Álvaro Cunhal disse...

Bem verdade fala José Alberto Lourenço, basta ver que na Venezuela, com uma lei laboral que protege o proletariado (a mais protectora de todos os países da OCDE), com total soberania monetária e vasto controlo por parte do estado dos sectores estratégicos do país, o país próspera e a economia cresce.

Anónimo disse...

Já percebemos João Pimentel Ferreira.
Foi na mouche Lolol

Compreende-se. A realidade é lixada. Há que fazer ainda maior figura de Pimentel

Mas confessemos. Assim tão rasca?

Anónimo disse...

O pobre do joão pimentel ferreira está desesperado.

Agora disfarça-se de Cunhal revelando quiçá e sem o querer uma atracçáo sentimental pelo antigo líder do PC?

A minha querida amiga Nádia já percebeu que afinal só lhe saiu um "duque"

E desta forma já sublinhada. joão pimentel ferreira a enfronhar-se na Venezuela e a dar o seu apoio a temer

Chegar a esta forma de "argumentar" é sinal de falência cognitiva. E de impotência perturbadora