quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Pedalada

As estatísticas do desemprego agora publicadas mostram a continuação da recuperação do emprego em Portugal durante 2016, embora com um ligeiro decréscimo no quarto trimestre de 2016. Esta recuperação do emprego acompanha o ligeiro crescimento económico do ano passado, sobretudo fruto do crescimento do consumo privado, o que pode indicar que o emprego criado tenha sido sobretudo no sector de serviços, mais reactivos ao consumo e mais dependentes da força de trabalho na sua resposta à evolução do mercado. De facto, se a ligeira queda do emprego no 4º trimestre não surpreende, pois acompanha o que tem acontecido nos últimos trimestres, é notório que esta sazonalidade do emprego afecta sobretudo as regiões mais dependentes de serviços, como o turismo. A Área Metropolitana de Lisboa e, sobretudo, o Algarve são as únicas zonas onde o desemprego cresce neste trimestre.

Sem uma recuperação robusta do investimento, este crescimento do emprego revelar-se-á demasiado frágil no futuro, como é sublinhado pela continuada diminuição da população activa durante 2016. Com uma força de trabalho disponível em contínuo recuo, acompanhada por níveis de investimento insuficientes para manter a capacidade produtiva disponível, a recuperação económica e do emprego parecem muito limitadas no futuro. O relançamento do emprego continua urgente já que, não obstante o seu recente crescimento, encontramo-nos ainda muito abaixo do nível existente no início de 2011 (menos 131 mil postos de trabalho).

Nuno Teles no Público de hoje.

11 comentários:

Jose disse...

Tudo por arames, sem fôlego nem visão.

Anónimo disse...


(menos 131 mil postos de trabalho). E´ obra!
Lembrar que Durão Barroso disse que Portugal estava de tanga, e que António Guterres saiu do governo pela porta dos fundos. Dos PEC.s – Sócrates nem lembrar.
Desde as autoestradas, pontes e CCB de Cavaco Silva que o país faz navegação a´ vista, foi «um tal fartar vilanagem», claro que alguém tinha de pagar a conta e calha sempre por sorte aos mais desfavorecidos. Para além dos campos de futebol X milhões, autênticos elefantes brancos às moscas. Depois os miseráveis 4 anos de Passos e Portas com gestão da Troika.
E´ muito difícil senão impossível retomar a normalidade com um País sem soberania, altamente endividado, com produção precário e de baixos salários.
O desemprego continua altíssimo, Vieira da Silva fala em baixar para menos de 10% mas ainda assim serão cerca de 400.000 trabalhadores sem remuneração certa. A precaridade laboral que já atingiu todos os limites, ate’ na função pública proliferou.
Estou duvidoso que se saia desta situação sem mais perdas para quem trabalha. De Adelino Silva

João P Ferreira disse...

Esqueceu-se por acaso de mencionar, que segundo um relatório da OCDE, que o governo "tem algures numa gaveta" e que não publica, aponta para que a descida no desemprego se deve à reforma laboral do anterior governo, que tornou o código do trabalho mais flexível. Ou acha que o Costa faz milagres, considerando que o crescimento económico, o motor do emprego, nunca esteve tão mal?

Anónimo disse...

A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) conclui que as reformas laborais aplicadas em Portugal durante a era da troika estão a ter resultados positivos na evolução do mercado do emprego e defende que se deve ir mais longe (...). Uma das medidas propostas é a facilitação do despedimento individual e a redução das diferenças na proteção legal entre os trabalhadores permanentes e os temporários.

Esta avaliação ao impacto das alterações à lei laboral introduzidas entre 2011 e 2015 foi feita a pedido do Governo português, durante o Executivo de Passos Coelho, e paga pelos contribuintes. O documento com as conclusões já foi entregue ao Executivo socialista há vários meses, pelo menos seis, mas não foi divulgado.


E esta?

helena Andrade disse...

anónimo das 13.13 qual é a fonte do que transcreve?

Anónimo disse...

A OCDE ?

A ocde zo ex- ministro Álvaro que foi contratado para o cargo bem remunerado como boy da OCDE?

A ocde , a prova provada que os abutres nos rondam como o atestam alguns?

Anónimo disse...

"Tudo por arames, sem fôlego nem visão."

Em Outubro de 2012, esbracejando e espadeirando a favor da existência da inevitabilidade da existência de ricos e de pobres, o das 22 e 57 berrava desvairado:

"Que grande lamechisse!
Treteirice piegas e alienante!
Se algum dia deixar de haver ricos e pobres haverá alfas e gamas, e posso garantir que não haverá igualdade".
( reconhecem-lhe o estilo? Há mais de 4 anos...)

Tal comentário tinha a firmeza de qualquer arame de um qualquer dos campos concentracionários e mostrava a "visão" e o fôlego" que lhe aquecia ( e aquece ) as entranhas.

Tem saudades.

Anónimo disse...

É de fazer chorar as pedrinhas da calçada verificar a sensibilidade extrema de um anónimo perante um relatório da OCDE.
Parece tirado do "observador", a tentar replicar os relatórios da troika à época e expostos à opinião pública como se novas tábuas divinas se tratassem.

Empenhados no saque neoliberal eram tidos e venerados pelos media do regime e trauteados até à náusea pela falange. Pela falange de apoio aos vende-pátrias no poder.

E esta?

Anónimo disse...

Vejamos mais profundamente o relatório da OCDE:

"Álvaro Santos Pereira, ministro da Economia do anterior governo PSD/CDS, entre Junho de 2011 e Julho de 2013, é, desde 1 de Abril de 2014, director da divisão de estudos das economias dos países da OCDE, responsável pelo mais recente estudo económico sobre Portugal feito por esta organização.

Na sua passagem pelo anterior governo, para além de ter sido um dos principais interlocutores da troika nas suas visitas trimestrais ao nosso país, ficou ainda conhecido pela defesa acérrima da exportação do nosso pastel de nata, como produto genuíno da nossa pastelaria, o que levou muitos a considerá-lo o embaixador do pastel de nata.

Ao fazermos a leitura deste estudo da OCDE sobre a evolução recente da nossa economia não podemos deixar de levar em conta o papel que nele certamente teve o ex-ministro da Economia do anterior governo.

Só assim se percebe que neste relatório da OCDE se constate o óbvio: a nossa economia está a recuperar após o mais longo período de recessão de que há memória, que nos conduziu para níveis reais do PIB do início deste século, níveis de investimento de finais dos anos 80 do século passado, níveis de desemprego nunca antes registados e níveis de emigração sem paralelo, nem mesmo nos anos 60. Mas se esqueça do papel das mudanças de política, encetadas com a entrada em funções do novo governo e a assinatura das posições conjuntas entre o PS e os partidos à sua esquerda, na continuação da retoma económica registada em 2016 e nomeadamente no contributo que a melhoria do rendimento das famílias teve no crescimento do consumo privado.

Só assim se percebe que este relatório atribua às famosas reformas estruturais que o anterior governo levou a cabo, nomeadamente o ministro Álvaro Santos Pereira, que tutelou directamente no seu ministério a «reforma da legislação laboral», a coberto do acordo com a troika (BCE/UE/FMI) e como contrapartida pelos cerca de 78 mil milhões de euros de financiamento concedidos entre 1.º semestre de 2011 e o 1.º semestre de 2014, o mérito pelo início da recuperação económica, quando esta só se iniciou após uma queda acumulada de cerca de 7% do PIB. Pode mesmo dizer-se que a retoma só se iniciou depois da nossa economia ter batido no fundo e quando novas eleições legislativas se aproximavam a passos largos"
(cont)

Anónimo disse...

"Reformas estruturais que mais não significaram do que ataques aos direitos dos trabalhadores, com o congelamento do salário mínimo nacional durante quase quatro anos, com o congelamento das reformas e pensões e com o congelamento e redução das remunerações na administração pública, com cortes nas indemnizações por despedimentos, nos montantes e condições de concessão do subsídio de desemprego, no pagamento das horas extraordinárias e trabalho suplementar, com a redução do emprego na administração pública, com a suspensão parcial dos subsídios de férias e de Natal dos trabalhadores da administração pública, reformados e pensionistas, com a criação da sobretaxa extraordinária de IRS em 2011 e a sobretaxa de IRS a partir de 2013, a revisão e limitação dos benefícios fiscais em sede de IRS, as alterações dos escalões e aumento das taxas do IRS, o aumento da taxa normal de IVA para 23%, a sujeição do consumo de electricidade e gás natural à taxa normal de IVA e as reestruturações das taxas de IVA.

Reformas estruturais que mais não significaram do que cortes nas prestações sociais não contributivas (abono de família, complemento solidário para idosos e rendimento social de inserção), aumento das taxas moderadoras, cortes nas despesas com Saúde e cortes nas despesas com Educação.

Reformas estruturais e políticas de austeridade que ao mesmo tempo que significaram uma redução dos rendimentos do trabalho de cerca de 3,4 mil milhões de euros entre 2011 e 2015, corresponderam a um aumento do excedente bruto de exploração (lucros, juros e rendas) de cerca de 4 mil milhões de euros.

Objectivamente da aplicação do chamado programa de assistência económica e financeira (programa da troika) o que resultou foi o agravamento da distribuição do rendimento nacional em detrimento dos rendimentos do trabalho e a favor dos rendimentos do capital.

Quando nas suas principais recomendações para a economia portuguesa a OCDE insiste em falar na manutenção das reformas estruturais e no prosseguimento da consolidação orçamental, não resisto a citar o Tribunal de Contas no seu parecer sobre a Conta Geral do Estado de 2014 (pág. 153, caixa 5 – implementação do programa de assistência económica e financeira 2011/2014): «o ajustamento orçamental efectuado entre 2011 e 2014 com o programa de intervenção da Troika foi essencialmente suportado por operações de natureza pontual – a transferência dos fundos de pensões, as reprivatizações e concessões e a regularização de dívidas fiscais e à segurança social – e por medidas reversíveis – as reduções remuneratórias e a suspensão dos subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos, reformados e pensionistas, as sobretaxas em sede de IRS, a contribuição sobre o sector bancário e a de solidariedade e as alterações na tributação directa e no regime do IVA. Não se identificam medidas suficientes que apontem para alterações de natureza estrutural».

(cont)

Anónimo disse...

"Fica claro que para a OCDE só será possível prosseguir a consolidação orçamental transformando em irreversíveis medidas que o governo anterior começou por vender aos portugueses como reversíveis logo após a saída da troika, mas que para o fim do seu mandato já só defendia lá mais para a frente, em 2018, 2019 e 2020.

No fundo, para o pensamento neoliberal omnipresente na OCDE falar em medidas estruturais significa aprofundar os ataques aos direitos laborais e sociais, e falar em consolidação orçamental significa redução da presença do Estado na economia e na sociedade ao mínimo indispensável, para que o funcionamento dos mercados do trabalho, dos bens e serviços se faça «livremente».

Assim sendo não deu mesmo jeito nenhum que um Governo PS minoritário tenha sido forçado em 2016, por acordos à esquerda, a repor feriados e salários e horários na administração pública, a reduzir as restrições à contratação de pessoal na administração pública, a reduzir as taxas moderadoras, a reduzir o IVA na restauração, a introduzir a cláusula de salvaguarda do IMI, a iniciar o fim da sobretaxa de IRS, a iniciar o combate à precariedade do trabalho na administração pública e a iniciar a travagem do combate à destruição dos serviços públicos.

Para a actual azia do secretário-geral da OCDE e dos seus adjuntos, o pastel de nata não é solução, mas existem umas pastilhas que talvez ajudem"

(José Alberto Lourenço)

Percebe-se a choraminguice de alguns em torno do citado relatório.