sábado, 17 de dezembro de 2011

Negociata máxima




O Negócios e a Máxima atribuíram o Prémio Mulher de Negócios 2011 a Isabel Vaz, presidente da comissão executiva da Espírito Santo Saúde, que, ao que parece, chegou a ser convidada para Ministra da Saúde deste governo. Negócios máximos, rendas máximas, até porque melhor negócio do que a saúde, como já assinalou Vaz à RTP, só mesmo a indústria de armamento, por sinal um outro negócio bem imbricado politicamente.

Um lindo sinal dado por esta imprensa com este prémio. Um sinal da fronteira da acumulação possível por expropriação de recursos públicos e por aproveitamento lucrativo de todas as vulnerabilidades humanas, de todas as assimetrias contratuais, de todos os governos submissos, de toda a captura de pessoal político. Uma sordidez sem fim. Uma sordidez com muito futuro se depender deste governo: das ruinosas, para o Estado, claro, parcerias público-privadas até a brutais aumentos das taxas moderadoras, co-pagamentos na realidade. O seu principal objectivo é criar barreiras no acesso universal aos serviços públicos de saúde e incentivar o recurso à saúde privada, a melhor forma de aumentar a injustiça social e a ineficiência na área de saúde, já que só serviços públicos de acesso universal, gratuitos para o utilizador e financiados por impostos progressivos, garantem bons cuidados para todos; quanto maior a percentagem de despesas a cargo do paciente, piores tendem a ser os indices de saúde dos países.

Enfim, na mesma rubrica do Negócios onde saúda Isabel Vaz, que prospera à custa da ineficiência e da iniquidade, Helena Garrido acusa Pedro Nuno Santos de ser um "perigoso populista", assim mostrando como anda desorientada a bússola ético-política. "Perigosa" é mesmo uma "mulher de negócios" que compara a saúde ao armamento. Assim, o epíteto de populista só pode ser um elogio: o capital financeiro predador tem mesmo de se pôr fino...

3 comentários:

carl marx disse...

Reparem na linguagem gestual que ela não conseguiu evitar ao reconhecer que o negócio da saúde é, juntamente com o do armamento, o que dá mais lucros a nível mundial. Corou, desviou o olhar para o chão, tosse constrangida e surge um sorriso revelador de que, por um instante, é apanhada nos seus truques, naquilo que esconde, na sua mentira: estou-vos a enganar, estou a ludibriar-vos e vocês, tontinhos, caiem que nem patinhos...

j.delgado rodrigues disse...

Entendo que a senhora escolha os negócio mais lucrativos. Como certamente não tem jeito para passar pistolas escondidas no casaco ou munições no soutien,a saúde é o segundo melhor. Mas o que mais me interessa é a pista que ela nos deixa. Se o negócio é tão parecido com o das armas, então os métodos que eles usam também não devem ser muito diferentes. Sugiro ao DCIAP que comece a usar na investigação das zonas nebulosas destes negócios os mesmos métodos que usam na investigação do tráfico de armas. Prevejo grande sucesso nesta alternativa!

jota ponto disse...

Entendo que esta senhora escolha os negócios mais lucrativos que puder. Como certamente não tem jeito para passar pistolas escondidas no casaco ou munições no soutien, escolheu a "second to the best". Para além da sua genuína confissão, interessa-me a pista que ela nos abriu. Se os negócios das armas e da saúde são assim tão igualmente bons, imagino que muitas similaridades existam nos seus métodos para que sejam tão similarmente eficazes. Assim, atrevo-me a sugerir ao DCIAP que nas investigações de ligações nebulosas neste negócio usem os mesmo métodos que dão sucesso na investigação do tráfico de armas. Aguardemos os resultados