terça-feira, 21 de junho de 2011

Estados

O aumento do número de reclusos, recentemente noticiado, aponta para uma ideia em que temos insistido, alinhados com alguma investigação de economia política: o desmantelamento do Estado Social que nos propõe a utopia de mercado não é o início do reino da liberdade, mas sim o início do Estado Penal, do Estado que encarcera os pobres e excluídos ou que promove a administração de paliativos caridosos que não passam de incentivos à subordinação e ao preconceito, maus substitutos dos direitos sociais. A escolha nunca inteiramente confessada do neoliberalismo é clara: estruturação política das instituições por forma a dirigir recursos para os mais ricos e repressão para os mais pobres. A austeridade entusiástica da direita poderá bem ter como contrapartida o aumento do número de polícias, já muito acima da média europeia, a continuação da prosperidade da indústria da segurança privada e uma maior propensão para transformar problemas sociais em problemas de repressão. Há todo um Estado que engorda para que outro emagreça...

2 comentários:

Anónimo disse...

Sempre o mesmo problema, uns perdem(de forma irremediável) para os outros ganharem. Quanto tempo iremos tolerar esta lógica? Haverá uma outra forma de nos redimirmos do mal infligido aos outros que não assegurar uma vida livre a todos os que pertencem à nossa "janela de existência"?

jorge mateus disse...

caro João, como guarda prisional preocupa-me a instabilidade social provocada pela ganância neoliberal, todos sabemos que as cadeias estão cheias de tudo menos de criminosos, esses vagueiam suportados por C P P feitos para os protegerem, nas cadeias estão principalmente "miseráveis" que não tem como sobreviver. preocupa-me bastante a ideia da entrada de segurança privada nas cadeias não, por motivos coorporativistas mas porque só um Estado de direito tem o poder legitimo da execução de uma condenação.