domingo, 12 de dezembro de 2010

Não há economia que sustente este sistema financeiro

A Moody's, depois da Standard & Poor's, colocou “sob vigilância” os bancos portugueses - BPI, BCP, BES, CGD e Santander. Diz que estão demasiado dependentes do Banco Central Europeu e que ficarão mais frágeis com as "medidas de austeridade por parte do Governo e o seu impacto na qualidade dos activos bancários".

Isto é, a Moody's acha que os cortes salariais, a redução das prestações sociais e dos serviços públicos, podem fazer com que muitas famílias portuguesas, endividadas ao limite com os seus créditos à habitação, entrem em incumprimento junto dos bancos. Acha também que os bancos ao executarem as hipotecas (os tais activos de qualidade duvidosa) irão lançar no mercado casas em excesso e com isso fazer descer o preço das habitações ao ponto de não conseguirem recuperar o valor do crédito concedido.

A Moody’s tem portanto dúvidas, diz o DN, “quanto ao futuro dos negócios dos bancos portugueses” e, para completar o bolo com a cereja que falta, admite mesmo a “necessidade de um apoio estatal” aos bancos. Desta forma, a situação dos bancos torna-se numa boa razão não só para descer a notação dos bancos, como a da própria dívida soberana.

Aqui temos, um porta voz “dos mercados” que descobre que as medidas de austeridade, por serem recessivas, reduzem a credibilidade dos bancos e do Estado português. Será que ainda nos falta assistir a um governo português (este ou o próximo) que, a pretexto da restauração da credibilidade, nos venha com uma nova factura de bancos “grandes demais para falir”? Não é possivel, pois não?

4 comentários:

Anónimo disse...

Qual é a solução que o JMCC propõe?

Incumprimento da dívida, restauração do escudo com saída do Euro e provavelmente da UE por destruirmos a moeda única? Portugal, aos olhos dos mercados só deve ser salvo porque os credores da nossa dívida pública são bancos espanhóis. O nosso default é o default deles.

José M. Castro Caldas disse...

Quem propõe e impõe a “solução” da austeridade recessiva tem de explicar-se. Ninguém entende. A austeridade recessiva conduz inevitavelmente ao default e à saída do euro de grande parte dos países membros. E terá de explicar porque razão recusa propostas que poderiam ser parte de uma solução (e que já não somos só nós a propor): emissão de divida europeia (eurobonds), reforço do fundo de emergência, correcção dos desequilíbrios comerciais na UE e, sim, responsabilização dos credores (e não só dos devedores) pela dívida.
Há soluções que ainda podem salvar o euro e o projecto europeu, mas o tempo passa... depressa.

Tripalio disse...

Se reparar os banqueiros, e a oligarquia do regime, acobarda-se toda sob o manto do prof. cavaco silva.
portanto, todos eles melhor que ninguém sabem o que aí vem.
não ficou surpreendido se o prof. cavaco em concertação com o futuro primeiro ministro passos coelho virem declarar como patriótico injectar dinheiro no BPI; BES; BCP e por fim na CGD ( que absorveu o BPP e o BPN).
Porque seria "uma vergonha" os portugueses perderem as suas casas.

A ver vamos.

José M. Castro Caldas disse...

… se ainda fosse para evitar para que os portugueses perdessem as suas casas… Mas na realidade seria para evitar que os credores internacionais dos bancos e os seus accionistas tivessem perdas.