sábado, 14 de julho de 2007

A não perder



Via Arrastão e Zero de Conduta vi estes 12 minutos do documentário de Michael Moore sobre os cuidados de saúde nos Estados Unidos da América. Este resumo deve ser visto por todos os sociais-democratas que vivem deslumbrados com as virtuosidades do mercado, para que percebam para onde nos dirigimos quando fazemos o caminho da progressiva mercantilização dos cuidados de saúde.

Ausência de serviço público e universal de cuidados de saúde não significa maior racionalidade nos gastos com saúde. Os EUA gastam com saúde 15,4% do seu PIB (sendo que desta despesa total, 44,7% é despesa pública e 55,3% é despesa privada) enquanto que em Portugal a despesa total com saúde é de 9,8% (71,6% despesa pública e 28,4% despesa privada). Acrescente-se a estes dados o facto de Portugal apresentar melhores resultados, em termos dos indicadores de saúde da Organização Mundial de Saúde, do que os EUA.

Obviamente que se a comparação for feita entre os EUA e os países mais desenvolvidos da Europa a distância é ainda maior. Portanto, os EUA gastam mais do que os países da UE com saúde para obterem resultados mais fracos. Neste sector, mais mercado não garante mais racionalidade na despesa. Neste sector, mais mercado significa desperdício de recursos. Já agora para os liberais: financiamento e provisão pública dos cuidados de saúde também são garantia de mais liberdade para os cidadãos. É preciso explicar?

2 comentários:

Diogo disse...

Este filme constitui um bom golpe para os fanáticos da «mão invisível». É a consagração do laissez faire, laissez mourir.

João Dias disse...

Os neo-liberais também costumam dizer que o mercado livre encontra o seu equilíbrio, se isto é o equilíbrio...então...coiso.

A privatização da saúde é como um doce para uma criança (uma criança neo-liberal..claro), eles prometem que se portam bem, mas mal se apanham com a guloseima não há quem os segure.

Acho que tanto em relação à saúde como em relação a outras iniciativas de privatizações as pessoas têm de começar a ter mais sentido crítico. Por exemplo, perguntem-se porque é um chefe de governo diz que o Estado gere mal a saúde e é preciso entrega-la aos privados que, por sua vez, gerem bem...afinal temos o nosso chefe supremo do Estado a dizer que gere mal a saúde. E então demite-se? Não, pois não.
Eu não vejo muitos patrões dizerem que são maus gestores e a entregarem as suas empresas ao Estado? E se há maus gestores em Portugal...