quinta-feira, 28 de junho de 2007

O poder e o humor

Primeiro foi o processo disciplinar (com direito a suspensão preventiva não fosse o senhor recair) sobre um funcionário por este ter dito a um colega uma piada ou, consoante as versões (como se isso fosse relevante) ter feito um comentário ofensivo sobre o primeiro-ministro. Agora, é a directora do centro de Saúde de Vieira do Minho que é exonerada por alegadamente não ter retirado, com a celeridade que se impunha, uma fotocópia afixada na parede das instalações por um médico, que reproduzia um artigo de jornal, com o seguinte comentário: «Façam como o ministro [da Saúde], não venham ao SAP [Serviço de Atendimento Permanente]». «A utilização de declarações do ministro da Saúde em termos jocosos, procurando atingi-lo» terá justificado a demissão.

A falta de sentido de humor costuma ser um dos sintomas do poder autoritário. Mas não é apenas o humor que está em causa, mas sim a liberdade de expressão, pois este tipo de atitudes têm um efeito intimidatório, criando um clima de auto-censura dentro da administração pública. Com estas e outras que estão para vir do poder socrático, os funcionários públicos vão aprendendo a estar calados...

2 comentários:

Setora disse...

..."os funcionários públicos vão aprendendo a estar calados"

A maioria dos funcionários públicos faz jus ao nome. São funcionários. Já há muito estavam calados.

Talvez agora uma parte desta maioria aprenda a falar.

Pablo Pichasso disse...

Já percebemos que actualmente o nosso emprego pode estar em risco quando nos entretemos a fazer piadas ou a contar anedotas que envolvam membros do governo.
Devemos por isso procurar encontrar novas estratégias com vista a despistar as autoridades e mesmo a “bufaria”.
Há já quem sugira recorrermos ao velho sistema utilizado pela espionagem ou mesmo pelas organizações civis e politicas em tempos de ditadura e fascismo, ou seja, usarmos nomes de código. Existe mesmo uma proposta inicial.