
Adicionalmente, não será de rejeitar o contributo de um corpo de dirigentes e funcionários formados num quadro teórico impecavelmente ortodoxo, segundo o qual os problemas de desemprego à escala europeia se devem não a uma insuficiência da procura agregada resultado de políticas económicas contraccionistas, mas à famosa, ainda que não corroborada por estudos empíricos sérios, «rigidez» do mercado de trabalho europeu.
Como a teoria económica, mesmo quando errada, pode contribuir para instituir a realidade que descreve, aqui temos a manutenção de níveis de desemprego elevados a servir como mecanismo disciplinar que facilita as reformas neoliberais no «mercado de trabalho» preconizadas pelo BCE e pelos governos. Perante isto, o poder político democrático, pela voz do Ministro das Finanças, limita-se a lamentar a prisão que ele próprio criou: «É de facto um aspecto negativo que está para além do poder de intervenção do Governo». Há poucas coisas que corroam mais os fundamentos da democracia do que esta impotência consentida.
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