quinta-feira, 4 de julho de 2024

Azul para todos


No verão da minha infância os dias eram sempre quentes e longos. Era o tempo do campismo, dos grelhadores, da pele macia e brilhante, da praia que se estendia até ao cair da noite, das noites infindáveis sem ruído e que, ainda assim, traziam o som da vida nas árvores, nas gargalhadas e nas bolas que batiam livres sobre o asfalto. Era o tempo das sestas e das festas a cheirar a sardinhas e a farturas no meio das vilas e das cidades onde todos tinham lugar. (...) Creio que já o disse por aqui por mais de uma vez, mas não me cansarei de o repetir: não regresso ao verão da minha infância por nostalgia, mas pela esperança de voltar a ver um país em que o ar é de todos, em que não é preciso entrar em propriedade privada para ver as estrelas ou sentir o mar nos dedos dos pés.

Assim começa e acaba mais uma crónica de Jorge C.. A excelência não é função da visibilidade.

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