Em declarações ao Financial Times, a chefe de uma das maiores empresas das indústrias de guerra norte-americanas apela aos governos ocidentais para que haja um “claro sinal de procura”: afinal de contas, precisam de garantias sobre a “sustentação” da guerra na Ucrânia para que os stocks de armas sejam repostos, com grandes lucros naturalmente.
Ainda no Financial Times, discute-se a “situação impossível” do BCE, ou seja, a situação de uma zona euro disfuncional. Impossível é mas é a situação das classes populares, em particular nas periferias. A imprudente escalada sancionatória e a ausência de apostas diplomáticas não ajudam nada.
Perante a decisão política de subida das taxas de juro, parte de um plano perverso mais vasto, insisto:
A recessão e o desemprego que resultam de uma política ao serviço dos credores atingirão os elos mais fracos, ou seja, os países endividados como Portugal e em particular as suas classes trabalhadoras. Para estas classes, o conselho das instituições europeias e dos governos que lhes são submissos é o mesmo de sempre: aguenta, aguenta.
No euro, os salários são a variável de ajustamento, seja em contexto deflacionário, seja em contexto inflacionário. É para isso que serve o desemprego promovido pelas mais difíceis condições de crédito e pela austeridade que inevitavelmente se seguirá.
O espectro da “fragmentação”, ou seja, de grandes discrepâncias entre as taxas de juro pagas pelo centro e pela periferia, é a declinação financeira de uma zona euro marcada pela instabilidade, intrínseca à opção de não garantir a solvência da dívida através do Banco Central.
Para compensar, o BCE garante que tem um misterioso instrumento, a revelar oportunamente em data não definida, para evitar a fragmentação. Sabemos qual é: ou compra dívida e segura os juros da periferia ou nada feito. Na Alemanha, onde os credores têm mais poder, há quem não goste desta política.
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